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Episódio 13 – Traição

J.J

 

Antes que Emily agredisse Maria, dois inspetores surgiram onde eles estavam e os levaram para a sala do Diretor Hopper. J.J e Sam protestaram mas como estavam no meio da confusão, acabaram indo junto com as duas. No caminho, ele viu a quantidade de alunos que os encaravam com um olhar curioso na cara, entre eles estavam Jade e Austin Evans, espantados.

– Incrível que tudo começou a dar errado no momento em que vocês três chegaram nessa escola. – disse o diretor Hopper quando os quatro chegaram em sua sala, olhando sério para J.J, Maria e Sam.

– Diretor. – disse Maria, trêmula. – Eu não sou o Anônimo!

– Que história é essa? Comecem do início. – ele ergueu as mãos.

J.J olhou para Sam, os dois estavam em pé enquanto as duas meninas se sentaram nas duas poltronas em frente à mesa do diretor. J.J engoliu em seco, tinha medo do rumo que aquela história poderia levar.

– Diretor, se me permite. – disse Sam. – Eu, Maria e J.J estávamos no corredor quando recebemos a mensagem do Anônimo. – ele entregou o celular para o diretor.

Hopper parecia ficar mais assustado a cada palavra que lia da mensagem do anônimo, ele entregou o telefone quando terminou e ficou um longo minuto olhando sério para sua mesa. Emily estava soluçando, Maria tentava conter seus tremores cruzando os braços.

– Emily, que dívida é essa? – ele disse. – “Drogas podem te matar um dia”. Você por acaso está gastando sua mesada com drogas, Emily?! –  agora aos gritos.

– É tudo mentira!! – gritou Emily. – Como o senhor pode duvidar de mim?! Ela inventou essa história!

– Eu já disse que não sou o anônimo! – Maria também gritou.

– Por que você tem tanta certeza que ela é o anônimo? – Hopper virou-se para Emily, retomando a calma. – Por que ela inventaria essa história?

Emily parecia que ia sufocar, agora era ela quem tremia mais. Maria franziu a testa e olhou para o rosto da garota.

– Diz. – Maria disse, ofegante.

J.J não estava entendendo nada daquela história, e parecia que Sam também não.

– Eu contei a ela que tive um caso com Ben. Apenas isso. – Emily abaixou os olhos. – E só ela sabia dessa história. Eu contei pra ela no baile, quando estava bêbada. E eu não tenho dívida alguma.

– Essa história do álcool… – Hopper cerrou o punho. – E por que ela inventaria essa dívida? E a história das drogas?

– Ela é louca! – gritou Emily. – Ela quer acabar comigo! Somente ela sabia dessa história, tudo indica que ela é a droga do anônimo!

Maria estava chorando, Sam colocou a mão em seu ombro. Hopper olhou para os dois garotos.

– E os dois? – ele perguntou.

– Estávamos apenas lá. – disse J.J. – Não sabíamos de nada disso.

Hopper se encostou na cadeira e deu um suspiro profundo. Maria começou a secar as lágrimas e olhou para o diretor:

– Não sou o anônimo, diretor. Isso tudo não passa de um mal entendido.

– Olha, senhorita…

– Emily realmente me disse do caso com Ben. Mas eu juro que não contei a ninguém, nem mesmo aos meninos…- ela se virou para J.J e Sam. – Eu juro por tudo que é mais sagrado nessa vida.

Hopper cerrou os dois punhos e olhou sério para a filha, que soluçava cada vez mais. Ele balançou a cabeça e esfregou as mãos nas bochechas.

– Olha, eu não quero envolver a polícia ainda mais nessa história. Morgan já me disse que eles estão investigando, ainda sem resultados mas estão trabalhando.

– Pai…- Emily sussurrou.

– Eles vão achar o culpado uma hora. Não sou capaz de culpar alguém por uma história tão mal resolvida como essa. – Hopper ergueu a mão para calar a filha. – Estão dispensados. Menos você, Emily, ainda não terminei com você.

O rosto de Maria se iluminou. J.J e Sam respiraram bem aliviados, eles foram saindo da sala até ouvirem a voz do diretor:

– Vou estar sempre de olho em vocês três. – ele disse. – É melhor que não se metam em mais encrencas.

J.J virou para encarar o diretor, bem sério, enquanto Sam segurava o braço de Maria levando-a para a saída.

– Pode deixar, senhor diretor. – J.J disse. E saiu da sala.

Emily

 

O pai de Emily ainda lhe olhava com uma expressão terrível no rosto. A garota não parava de soluçar.

Ela tinha certeza que Maria era a responsável por todas aquelas mensagens, quem mais seria? Ben não seria burro em se expor daquela maneira, e a única pessoa que sabia da história naquele momento era a própria.

– Eu não engoli essa história, Emily. – disse Hopper. – Se você está metida com drogas eu…

– Eu não estou envolvida com drogas, pai! – Emily ergueu o rosto para encarar o pai, e logo se arrependeu. Hopper estava vermelho de tanto ódio.

– Não acredito em você.

– E acredita nesses idiotas? Essa garota quer acabar com as nossas vidas, pai!

– Não! – ele gritou, socando a mesa. – Não comece com essa história de novo.

A porta do escritório de Hopper abriu fazendo um barulho tremendo, os dois levaram um susto. Era Travis.

– O que faz aqui? – Emily resmungou.

– O que está acontecendo? Lá fora está um caos! Somos os próximos da lista do anônimo? – Travis se sentou na poltrona ao lado de Emily, olhando da irmã para o pai com o rosto confuso.

– Travis. – Hopper revirou os olhos e esfregou novamente as mãos no rosto. – Por favor, não piore as coisas.

– Como assim? Que história é essa de dívida com Ben Parker? Desde quando ele vende drogas? – Travis disse.

Emily ficou ainda mais nervosa, ela estava acostumada em mentir para os pais, mas com Travis era diferente. Hopper explicou a situação para o filho, fazendo ele criar também uma expressão de espanto para a irmã.

– Por que você contou isso pra ela? – Travis perguntou. – Pirou?

– Eu estava bêbada! Por um momento se passou na minha cabeça que eu podia confiar nela…agora ela criou essa mentira. – Emily chorou.

– Ela não tem certeza de nada. – Hopper disse. – Não pode culpar as pessoas dessa maneira.

– E daí?! – Travis abriu os braços. – Precisamos fazer alguma coisa! Se não esse anônimo vai vir atrás da nossa caveira assim como fizeram com Austin!

– A polícia já está resolvendo isso, Travis. Não posso culpar uma estudante desse jeito.

– É um absurdo. – disse Travis. – Criar uma mentira dessas e sair impune.

Hopper massageou as têmporas, estressado. Travis segurou a mão da irmã, que chorou ainda mais.

– Vamos resolver isso. – Travis disse.

– Não. – Hopper disse, sério. – Não vão fazer nada contra aquela garota. Deixe que a polícia resolva e traga o culpado. Precisamos nos preocupar com outra coisa.

– O que? – Emily perguntou.

– Você estar envolvida com drogas. E outra, Ben Parker.

– Eu não estou… – Emily começou.

– O que tem ele? – Travis a interrompeu. – O que o senhor vai fazer?

Hopper deu um longo suspiro e olhou nos olhos dos dois filhos:

– Vocês logo vão saber.

Emily e Travis franziram a testa, não entenderam o que Hopper queria dizer com aquilo. Ele iria expulsá-lo? Eles não sabiam.

– Agora, saiam da minha sala. – Hopper pegou o telefone que estava ao lado de sua mesa e discou um número.

Os dois irmãos saíram da sala do pai, de volta ao caos que estava nos corredores.

Maria

 

Os planos que Maria estava começando a bolar para ajudar Emily acabaram indo por água à baixo. Ela não iria mexer um dedo para ajudar aquela garota, depois do que tinha acabado de acontecer na sala do diretor, ela queria distância de todos eles. Ela não sabia como a história tinha vazado, não sabia mesmo. Não tinha contado para ninguém, e também achava que Ben não seria tão burro em expor os negócios de sua família desta forma. Apesar de tudo, os Parker tinham um nome consideravelmente poderoso na elite nova iorquina.

Sam e J.J estavam tendo deixar a garota mais calma, em um corredor vazio. Como já estava no final do dia, alguns dos alunos já estavam arrumando suas coisas e a maioria já tinha ido para casa.

– Eu não entendi nada dessa história. – disse Sam, colocando as mãos na cintura. – Vai explicar ou não?

– Essa garota é completamente surtada. – disse Maria. – Vou contar, acho que vocês merecem uma explicação nesse momento. – J.J havia lhe dado um pouco de água, ela ainda estava tremendo.

– Acha? É claro que precisamos, Maria. – disse J.J.

Maria terminou de beber um pouco da água, ela estava sentada no chão, com as costas na parede do corredor vazio. Os dois meninos estavam de pé, J.J não parava de andar em círculos.

– No baile, eu vi esse tal de Parker falando de uma forma bem grosseira com Emily. Ela ficou muito nervosa na hora. – ela olhou para os dois. – Depois que terminaram de conversar, se dá pra chamar aquilo de conversa, ela foi para o banheiro. Eu vi tudo aquilo de longe, achei muito estranho…odeio quando esses caras maltratam as meninas.

– Não é de hoje que acho ele meio estranho. – Sam perguntou. – Pensei que fosse ciúmes do Austin com ela.

– Pois é. – Maria disse. – Bom, eu fui atrás dela…pra ver se precisava de alguma ajuda. Ela desabafou, falou que os dois tiveram um caso. Estávamos um pouco bêbadas.

– Não eram as únicas. – riu J.J.

– Enfim, eu falei que estaria com ela para o que precisar. Então hoje mesmo, antes disso tudo, ela me chamou nas arquibancadas e desabafou ainda mais! Contou do caso com ele, contou sobre a dívida que tinha e sobre o vício em drogas!

– Espera, então Parker realmente vende drogas? – Sam perguntou. – Caramba!

– Sim! Mas ela não falou para Hopper, é claro.

– E por que você não a desmascarou? Você sabia de tudo, e ela mentindo na cara dura! – J.J abriu os braços.

– Não é assim que funciona, J.J. – Maria balançou a cabeça. – No momento que eu dissesse que Parker vende drogas e que Emily está viciada, o diretor iria tomar providencias para expulsá-lo da Harper.

– E daí? – disse J.J.

– E daí que a família dele é poderosa, cara. – Sam continuou. – Eu entendi tudo, Maria.

– Exato. – Maria se levantou, parecendo mais calma. – Se Parker for expulso, a família dele vai tomar providências para acabar com a pessoa que dedurou seu filho. Entende?

J.J franziu a testa, balançando a cabeça e andando de um lado para o outro. Sam abaixou os olhos e Maria continuou:

– Hopper não iria querer manchar o nome de sua família e da escola. Juntando tudo isso, eu precisei continuar na mentira de Emily. Mas é claro, eu nunca iria mentir sobre ser o Anônimo, isso eu sei que não sou.

– Entendi. – J.J murmurou. – Que ninho de cobras que nós nos metemos.

– Eu até disse que iria ajudá-la a sair daquela situação. – Maria fungou. – Na arquibancada. Não com dinheiro, óbvio. – os meninos riram. – Mas sei lá, dando alguma lição no Parker.

– Deixa isso pra lá, Maria. – disse Sam. – Depois de hoje, deixa que logo as máscaras dos dois vão cair.

– Com certeza. – disse J.J. – Não vejo a hora de ver isso acontecer.

Os três pegaram suas mochilas e caminharam até saída. Maria mal poderia esperar para se ver livre daquela escola pelo menos por algumas horas.

Harry

 

O dia ainda não tinha acabado para Harry, apesar de todo o tumulto, os meninos do time foram obrigados a fazer musculação na academia que ficava nos fundos do campo de futebol da Harper. Todos, menos Travis, treinaram lá por mais ou menos uma hora.

Austin não estava falando muito, como sempre, e isso estava deixando Harry um pouco incomodado. Não se sentia tão confortável com ele como com Sam mas ainda gostava do amigo, das conversas e dos papos idiotas. Mas parecia que Austin estava com o pensamento bem longe dali. Harry não podia julgar muito, ele também estava pensando em outras coisas.

– Loucura tudo isso, né? – Sam sussurrou, quando os dois dividiam um aparelho para treino de pernas. – Quem diria que Ben vende drogas.

– Bizarro isso, cara. – Harry estava vermelho por tamanho esforço no treino. – Será que é verdade?

– Sei lá. – Sam cruzou os braços e se apoiou no aparelho. – Emily desmentiu tudo, mas culpou Maria. Você sabe.

– É. – Harry terminou o exercício. – Sei lá, não sou capaz de julgar se Maria é culpada ou não…

– Tá doido? – Sam sussurrou. – Maria nunca faria isso! Ela é fofoqueira mas nem tanto.

– Eu sei! – Harry disse. – Mas…

– Ei! – o treinador gritou do outro lado da academia. – Atividade, pessoal!

Os dois se separaram e foram para aparelhos diferentes. Ben Parker parou para encarar os dois quando eles passaram ao seu lado, ele parecia calmo até demais.

Enquanto Harry fazia mais um exercício, viu que o treinador tinha parado para falar com Ben, que o respondia calmamente. O que estava acontecendo com ele? Tinha acabado de ser exposto pelo Anônimo e parecia não sentir nada.

Ben foi o primeiro a sair da academia quando o treino terminou, o treinador lhe disse, bem alto, que o diretor Hopper estava lhe chamando em sua sala. O resto dos garotos arrumaram suas coisas e foram embora, Harry se despediu de todos e foi até seu carro no estacionamento.

– Maria nunca faria isso, cara. – Sam surgiu ao lado de Harry, no caminho até o estacionamento. – Pode me dar uma carona?

– Posso. – Harry murmurou. – Eu não estou falando que ela é culpada, eu nem sei o por que dela ter sido acusada por Emily!

– Ah, esqueci de contar. Bom, primeiro, precisa prometer que não vai contar a ninguém.

– Ah, qual é. – Harry riu. Os dois pararam no meio do caminho, a uns poucos metros do carro.

– Emily contou que teve um caso com Parker para Maria, durante o baile. – Sam sussurrou. – Droga, odeio ser fofoqueiro. Mas foda-se. Então, os dois tiveram um caso e se envolveram com uns problemas aí.

– Que problemas? – Harry perguntou. – Drogas?

– É. – Sam disse, olhando para os lados. – Parker vende drogas.

Harry arregalou os olhos e puxou a manga do casaco de Sam, era melhor que fossem até o carro para não escutarem a conversa. Os dois entraram no velho carro do pai de Harry e ele continuou:

– Emily tem uma dívida com ele. E no baile, Parker veio cobrar essa dívida, saca?

– E como Maria sabe disso? – Harry levantou uma sobrancelha.

– Escuta, porra. – Sam revirou os olhos. – Depois disso, Emily foi correndo até o banheiro, chorando. Maria viu tudo aquilo e correu pra ajudar.

– Nossa.

– Sim. Lá elas conversaram um pouco, Maria a ajudou, etc. Já hoje, as duas se encontraram nas arquibancadas e Emily, que estava desesperada, desabafou com Maria. Contou sobre a venda de drogas, a dívida, o caso com Parker…

– Então veio a mensagem do anônimo. – Harry suspirou. – E daí Emily acha que Maria é quem está mandando as mensagens? Por que ela não pensou em outra pessoa?

– Ninguém sabia dessa história. – Sam levantou as sobrancelhas e sorriu. – Apenas Maria e o próprio Ben. Mas ela logo tirou a hipótese de Ben ser o anônimo, ele não iria se expor dessa forma, iria?

– Cara – Harry tentava processar todas as informações. – então se Maria não é o anônimo, quem pode ser? Quem ouviu essa história?

– Não sei. – Sam disse, franzindo a testa. – Bom, quem quer que seja, confundiu muito bem as nossas cabeças.

Harry estava tentando pensar em alguém que poderia ter escutado a conversa de Maria e Emily. Talvez houvesse alguém no banheiro durante o baile? Mas Emily não tinha contado toda a história para Maria naquela hora. Uma ideia surgiu na cabeça de Harry.

– Onde foi que elas conversaram mesmo? Hoje?

– Nas arquibancadas.

Era claro. Um pouco óbvio talvez. Ele não queria pensar na possibilidade, mas seria bem provável.

– Acho que sei quem escutou essa conversa. – disse Harry.

– Quem? – Sam estava nervoso.

– Mas é claro. – Harry riu. – É claro que é ela. Somente uma pessoa na Harper poderia estar nas arquibancadas, escutando a conversa dos outros.

– Estamos pensando na mesma pessoa? – Sam estava confuso.

– Provavelmente não. – Harry disse. – Mas é um pouco óbvio demais.

– Acho que estamos pensando na mesma pessoa. J.J me contou sobre ela, antes da confusão de hoje. A menina de cabelo roxo?

Harry olhou surpreso para o amigo, realmente estavam pensando na mesma pessoa. Era ela, a que nutria um ódio um pouco surpreendente pela família Evans e a escola Harper.

– Maggie. – disseram, juntos.

 

Mais tarde, Harry estava em seu quarto tentando terminar um trabalho de Biologia. Realmente tentando pois não conseguia parar de pensar na possibilidade de Maggie ser realmente o anônimo. Ele tinha até medo de contar para Austin, pois não sabia qual poderia ser a reação do amigo. Ao mesmo tempo ele queria que ela não fosse a responsável por tudo aquilo, apesar de ser meio estranha, gostava de Maggie.

Seu celular recebeu uma notificação, ele desistiu de terminar o trabalho e foi ver o que era. Seu coração parou na hora em que ele viu de quem era a mensagem. Mason.

 

Mason : Oi. Queria conversar com você. Tem um tempinho?

 

Harry não sabia o que responder. Ele engoliu em seco e pensou em algo que não fosse estranho.

 

Harry : Oi. Tenho sim, aonde?

 

Mason : Pode me encontrar na Brooklyn Bridge? De lá podemos ir para outro lugar.

 

Harry parecia que iria sofrer um ataque cardíaco a qualquer minuto.

 

Harry : Ok. Daqui a 1 hora?

 

Mason : Ok.

 

Harry voou de sua escrivaninha para seu armário como um jato. Ele começou a procurar uma roupa decente, com as mãos tremendo.

– Droga, droga, droga… – ele disse para si mesmo. – Ah, preciso de um banho!

Ele correu para o banheiro, tomou um banho rápido, passou seu melhor perfume e finalmente conseguiu escolher uma roupa. Penteou os cabelos e se olhou no espelho.

– Estou ridículo. – ele correu de volta ao guarda-roupa e se trocou, agora colocando um moletom mais confortável.

A hora passou voando. Harry desceu as escadas agradecendo que sua mãe não estava em casa pra lhe perguntar para onde ele estava indo. Como sua casa não era tão longe da Brooklyn Bridge, pôde ir andando. Porém, pela ansiedade, acabou chegando um pouco cedo demais.

– Que horas são? – ele puxou a manga do moletom e checou as horas no relógio. 10 minutos adiantado. – Legal.

Não demorou muito até ele ver Mason chegar do outro lado da ponte. Harry tentou disfarçar, fingindo que não o tinha visto e olhando para os lados.

– Oi. – Mason disse. – Eu vi você me olhando lá no outro lado da ponte.

– Eu? – Harry engasgou. – Está enganado.

– Sei. – Mason sorriu. – Vamos andar um pouco?

– Ah, vamos. É, andar.

Os dois caminharam pela ponte, indo em direção ao Brooklyn. Estava fazendo um pouco de frio naquela noite, o céu estava estrelado e as pessoas estavam bem agasalhadas.

– Hoje foi um dia bem tenso, né. – Mason disse. – Toda aquela coisa da Emily.

– Sim. Foi bem estranho. – disse Harry.

– Acho que o anônimo está mudando de foco. Foi dos Evans até os Hopper.

– Sim. Quem você acha que está por trás disso?

Mason abaixou a cabeça, pensando bem na resposta. Harry viu que provavelmente ele não fazia ideia, e que provavelmente queria mudar de assunto.

– Não. Tenho nem hipótese. – Mason murmurou. – E você?

– Sei lá. – mentiu. – Pode ser qualquer um, sabe?

– Exato. – Mason concordou, olhando nos olhos de Harry.

Os dois ficaram em silêncio. Harry não sabia em qual assunto tocar naquele momento, então ele se lembrou da mensagem que Mason o mandara.

– Você disse que queria conversar comigo.

– Ah, é. – Mason franziu a testa. – Bom, eu…queria te pedir desculpas por sábado. Eu perdi o controle.

– É, eu também.

– Eu não devia ter feito aquilo. – Mason olhou em seus olhos novamente. – Foi puro impulso.

– É. – Harry concordou. Se odiando demais por aquilo.

Mason franziu a testa e abaixou os olhos, parecia um pouco incomodado. Harry respirou um pouco do ar frio.

– Mas foi bom. – Harry disse, tirando um peso das suas costas. – Foi legal.

– Sério? – Mason levantou o rosto. – Pensei que…

– É. – Harry sorriu. – Sabe, há um tempinho que tenho lutado para identificar quem eu realmente era. Houve algumas pessoas que me diziam, mas eu precisava de alguma coisa para despertar, sabe? Um gatilho, sei lá.

– O que quer dizer?

– Ah, que eu também gosto de… – ele se perdeu nas palavras. – meninos.

– Ah. – Mason riu. – Que bom.

– É. Ainda preciso me acostumar com isso. Mas foi ótimo. – Harry balançou a cabeça, virando o rosto em direção à ponte. – As coisas que me falou naquele dia, no banheiro, foram verdade? Sobre querer me socar.

– Ah. – Mason gargalhou. – Sim! Eu te odiei demais. Mas foi estranho também…senti uma coisa estranha.

– Eu também! – Harry riu. – Um aperto no peito.

Mason concordou, os dois se olharam ao mesmo tempo, fazendo Harry corar um pouco.

– Quer ir em um lugar mais reservado? – Mason disse.

Harry arregalou os olhos e engoliu um pouco de saliva. Mason parou de andar e encarou seu rosto.

– Ok. – Harry sorriu, um pouco nervoso.

Mason o levou para um café duas quadras depois da Brooklyn Bridge. Harry respirou aliviado, pensou que o garoto iria o convidar para sua casa. Eles pediram seus cafés e se sentaram em duas poltronas.

– Está esfriando. – disse Mason.

– Demais. – Harry esfregou os braços cobertos pelo moletom. – E aí, como é trabalhar para Jade?

– Trabalhoso. – Mason riu. – Administrar as redes sociais dela não tem sido fácil, principalmente nos últimos dias.

– É, realmente te admiro, não deve ser fácil.

Harry viu os olhos de Mason brilharem por um momento, ele bebericou um pouco de seu café sem tirar os olhos dele.

– Pois é. – Mason murmurou. – Mas vale a pena.

Harry sorriu e bebeu seu café. Estava ficando sem assunto. Lembrou-se repentinamente do baile.

– Não fique mal por causa da bebida no baile. Como eu repeti várias vezes, foi muito bom.

– Ah, já superei. – Mason riu. – Foi bom que eu te conheci. Sabe, conheci melhor.

Harry corou novamente, ele não sabia como responder a um flerte daqueles.

– É. – Harry gaguejou, o peito em brasas. – Acho que você não me conhece tanto assim, na verdade.

– Como? – Mason ia beber seu café, mas parou no meio do caminho.

Como estavam próximos, apenas separados por uma mesinha circular feita de madeira, Harry agarrou o casaco de couro de Mason e lhe deu um beijo. Mason levou um susto tremendo.

– Nossa. – Mason disse, quando se soltou do beijo de Harry. – Eu não esperava isso.

– Foi mal. – Harry disse, com vergonha. – Não fiz por mal.

– Tá tudo bem, Harry. – Mason colocou a mão em seu ombro. – Quer sair daqui?

Harry virou o rosto para encarar Mason, que tinha um sorriso extremamente malicioso estampado no rosto.

Jade

 

Jade cogitou em fugir do motorista de sua família para ir ao shopping depois da aula. Ela queria muito comprar alguma coisa, para tirar o estresse e comemorar que o anônimo tinha escolhido um alvo diferente daquela vez. Não que ela gostasse de ver Emily naquele estado, talvez só um pouquinho, mas não ser o alvo da vez tinha um gostinho de vitória. Mas infelizmente, ela e Austin tiveram que sair da escola e ir direto para casa.

– Ah, dane-se. – Austin revirou os olhos. – É melhor irmos para casa mesmo. Estou de saco cheio de tudo.

Austin estava muito abalado. Ele não conversou com Emily após a mensagem, simplesmente a ignorou e foi para seu treino. Os dois foram levados pelo motorista até em casa.

– Você precisa falar com ela. – disse Jade. – Ela é a sua namorada.

– Eu não quero saber, Jade. – Austin disse. – Não quero pensar nisso agora.

A ideia de ter sido traído parecia martelar a cabeça de Austin, ele estava sem paciência até de conversar com a irmã.

Ao chegarem em casa, Jade levou um susto quando viu sua mãe e seu pai em pé no meio da sala de estar. Pareciam conversar com alguém.

– Papai. – disse Jade. – Está em casa. Que bom! Pode me explicar melhor sobre…

– Jade. – Morgan se virou para encarar a filha. – Tem alguém que precisa falar com você.

– Q-Quem? – Jade levou um susto. Victoria olhava séria para a filha.

Morgan abriu espaço para a pessoa com quem estavam conversando. Jade não queria acreditar no que estava acontecendo.

– Oi. – ela reconheceu aquela voz.

– O que está fazendo aqui? – Jade olhou para os pais. – O que ele está fazendo aqui? Eu fui bem clara…

– Eu vim conversar com seus pais. E vim pedir… – ela odiava tanto aquele rosto.

– Como você tem coragem de vir na minha casa… – disse Jade, o interrompendo. Morgan e Victoria pediram que ela se acalmasse.

– E vim pedir a sua mão em casamento. – disse Max Peterson, erguendo um anel de noivado.

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