Sam
Sam não conseguia mexer um músculo. Ele abriu a boca para responder ao mordomo, que o encarava com o rosto impassível, transbordando de desconfiança. Ele não sabia o que responder sem ser menos suspeito.
– O que me diz? – o mordomo perguntou.
– E-Eu não estava escutando a conversa de ninguém. – Sam gaguejou. – De onde o senhor tirou isso?
O mordomo franziu a testa enrugada. Bem provavelmente ele havia conseguido chegar a tempo de pegar o garoto escutando a conversa de Morgan e seus sócios. A verdade era que Sam não sabia se eles eram sócios ou capangas do pai de Jade, as informações ainda pipocavam dentro da sua cabeça.
– O que está acontecendo? – a voz de Jade surgiu por trás dos dois, trazendo uma onda de alívio imensa a Sam. Ele virou-se para olhar a garota, que parecia muito aborrecida.
– Errr…nada! – disse Sam. – Estava no banheiro e ele veio me fazer umas perguntas.
– Que tipo de perguntas? – Jade se aproximou dos dois. – Você demorou muito. – ela olhou para o namorado, desconfiada.
– Pois é. – Sam riu, nervoso. – Dor de barriga.
– Porque não foi no banheiro do segundo andar, bobinho? – Jade riu, olhando desconfiada para o mordomo.
– Acho que tinha gente. – Sam pensou rápido. – Não consegui abrir a porta, então vim correndo para o terceiro andar. Aliás, preciso ir embora…não estou me sentindo bem.
– Sério? – Jade ficou séria. – Pensei que iríamos passar a noite juntos. Posso arranjar um remédio para a sua barriga. – ela olhou para o mordomo. – E o que faz aqui, Ernesto?
O mordomo deu um pigarro e ergueu as sobrancelhas, como se tivesse acabado de lembrar de alguma coisa. Ele deu um breve sorriso e disse:
– Bom, senhorita Jade, vim até o terceiro andar para ver se seu pai precisava de algo. Fiquei preocupado pois o jantar estava prestes a ser servido e nada dele retornar. – ele olhou para Sam. – Logo vi que havia alguém passando mal no banheiro, e lá estava o seu namorado. Eu estava apenas perguntando se ele estava melhor.
– Isso. – Sam concordou. – Foi isso.
– Ah. – Jade disse. – Bom, obrigada pela preocupação. Pode ir, meu pai está lá no primeiro andar.
O mordomo assentiu e caminhou de volta às escadas, deixando Jade e Sam sozinhos. A garota olhou para o rosto do namorado, ainda preocupada. Sam estava pálido demais e suas roupas ainda estavam grudando de tanto suor.
– Você está péssimo. Tem certeza que quer ir para casa?
– Sim. – Sam disse, segurando as mãos de Jade. – Preciso muito ir. Te ligo depois, ok?
– Tudo bem. – ela sorriu.
Sam desceu as escadas o mais rápido que pode, e quando chegou no primeiro andar, foi lentamente em direção ao elevador para que ninguém percebesse sua presença. Corria muito risco estando ali, gostava nem de pensar no que poderiam fazer com ele. Aqueles caras não estavam ali de brincadeira.
Foi quando finalmente chegou na rua que o desespero e o medo lhe encontraram com toda força. Ele corria perigo. Aquela família tinha muita coisa escondida por baixo dos tapetes, e fariam de tudo para acabar com qualquer um que ousasse entrar em seu caminho. Morgan Evans não era o cara bondoso que muitos pintavam por aí, por trás daquela máscara ele escondia uma face muito diferente. Mas será que todos os ricaços eram assim?
Se Morgan tinha uma rede de contatos por toda a cidade, principalmente na política e na própria polícia, como o anônimo ainda não tinha sido pego? Ou será que tudo era uma invenção dos Evans e seus comparsas?
– Eles demoliram a escola… – Sam estava andando sem rumo pelas ruas, agora desertas. – Para fazer uma base? O que eles são? Uma organização criminosa?
Sua cabeça parecia que iria explodir de tanta informação. Ele precisava desabafar com alguém, mas mesmo assim achava muito perigoso. Eles sabiam quem ele era, e o mordomo ainda o tinha pego escutando toda a conversa.
Seria o seu fim, fato. Estava certo disso. Não iria demorar para Morgan e os outros irem atrás dele, ou até mesmo de sua família.
Sam não conseguia dormir de jeito nenhum. Seus olhos não queriam descansar, sua mente ainda estava a todo vapor. Se seus pensamentos se tornassem realidade, Morgan iria arrumar um jeito de ir atrás dele nas próximas horas. E ele não sabia se sairia vivo de toda aquela situação, mas sabia que tinha que compartilhar aquela informação com alguém, ou deixar por escrito, para que eles não saíssem impunes dos crimes que cometeram.
Sam pensou em escrever uma carta, ou enviar uma mensagem. Porém, escrever uma mensagem era muito arriscado. E se seu telefone estivesse sendo vigiado pelo anônimo? Era óbvio que ele não iria hesitar em divulgar a informação e Sam seria morto no mesmo instante. Outra coisa, em quem ele podia confiar? E se J.J e Maria fossem o anônimo?
– Isso é loucura. – Sam colocou as mãos sobre os olhos.
Ele se jogou na cama e cobriu a cabeça com o cobertor, esperando que tudo aquilo não passasse de um pesadelo.
Harry
Harry não sabia o que dizer a Mason, tinha medo de soltar qualquer palavra e acabar sendo insensível com o rapaz. Os dois estavam sentados na recepção do hospital, enquanto a tia de Mason resolvia as papeladas para a liberação do corpo da irmã. Provavelmente ela seria enterrada no dia seguinte.
Mason mantinha seus olhos fixos no piso da recepção, dando leves fungadas por conta das lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Harry olhava para ele pelo canto do olho, pensando no que poderia dizer para reconfortar o garoto.
– Pode ir para casa, Harry. – Mason murmurou, enxugando o nariz. – Obrigado.
– Mason, eu…- Harry franziu a testa.
– Como foi parar lá em casa? – ele olhou para Harry, o interrompendo. Seus olhos estavam bem vermelhos.
– Isso não vem ao caso. – Harry disse. Não queria contar sobre o anônimo, não naquele momento. – Eu não sei o que te dizer…eu sinto muito.
– Não precisa. – Mason sorriu. – Não preciso de palavras de conforto, não vai ajudar. Não vai trazer minha mãe de volta. – o sorriso sumiu. Ele fungou e continuou: – Mas pode ir para casa, obrigado pelo apoio.
– Eu quero ficar com você. – Harry segurou a mão de Mason. – Por favor.
Mason piscou e encarou o garoto. Não entendia o motivo de Harry ainda continuar ali, qual era o problema dele? Sua presença não iria ajudar em nada.
– Ok. – Mason concordou. Seu corpo relaxou um pouco.
– Como tudo isso aconteceu? – Harry perguntou, se odiando por fazer uma pergunta tão insensível naquele momento. – Digo…
– Minha mãe tinha câncer. – Mason disse, suspirando. – O tratamento estava perto do fim, mas não tinha nenhuma melhora. Os médicos não sabiam mais o que fazer para parar a evolução da doença. Ela já sabia, a gente já esperava. Aconteceu.
– Sinto muito.
– Eu sei. – Mason riu. – Todos sentem, não é? – sua voz se tornou mais obscura.
– Me desculpe, Mason. – Harry franziu a testa. – Eu só queria ajudar, eu sei que não vou conseguir. Mas o que custa tentar?
– Tá tudo bem. – Mason disse. – Não precisa se preocupar comigo.
– Eu me preocupo.
A tia de Mason foi até eles com as mãos cheias de papéis, ela tinha o rosto extremamente cansado e pálido. Mason soltou a mão de Harry rapidamente, fazendo o garoto ficar extremamente desconfortável.
– A funerária vai cuidar das coisas a partir daqui. – ela disse. – Amanhã de manhã vamos organizar o funeral. Podemos ir para casa.
Mason assentiu. A tia abaixou os olhos cheios de lágrimas, ela também parecia não saber o que dizer a Mason naquele momento. Harry se sentia péssimo, ele encarou a mulher e decidiu permanecer calado.
– E..quem é você? – a tia perguntou a Harry, seus olhos marejados pousaram sobre o garoto.
– Ah, sou um amigo de Mason. – Harry disse. – Acabei passando por acaso pela casa de vocês quando vi a ambulância.
– Ah, sim. – a tia disse. – Que coincidência, não é? Obrigada pelo apoio. – ela se voltou para o sobrinho. – Agora, vamos. Amanhã será um longo dia.
Os dois se levantaram e caminharam até a saída do hospital. A tia foi em direção ao seu carro no estacionamento, deixando os dois um pouco para trás. Mason parou no meio do caminho e virou-se para Harry.
– Obrigado. – ele disse. – Mais uma vez. Quer uma carona? Ou sabe o caminho de casa?
– Sei. – disse Harry. – Vou de metrô, melhor deixar vocês irem. Sabe que pode contar comigo para o que precisar.
– Sim, eu sei. – Mason concordou e abriu um pequeno sorriso. – A gente se vê então.
– É. – Harry franziu a testa. – Ah! E sobre o funeral…
– Eu te mando uma mensagem. – Mason virou-se de costas e caminhou até o carro da tia.
Harry assentiu e encarou os dois partirem do estacionamento do hospital. Ele suspirou e olhou ao seu redor, não tinha se dado conta que tinha ido parar bem longe de casa naquela noite. A sorte era que o metrô não era tão distante dali.
Ele começou a caminhar pelas ruas desertas e viu que o sol estava prestes a nascer. Como que iria levantar para ir a escola, ele não sabia. Ainda tinha que enfrentar a fúria de sua mãe por estar na rua tão tarde da noite.
Ele bufou e olhou para o céu novamente, a mensagem do anônimo agora parecia tão pequena diante de todo o problema com Mason. Sua mente parecia ter esquecido da sua existência.
Harry entrou no metrô, agora com várias pessoas já indo ao trabalho, e pegou o celular para ler a mensagem novamente. Ele repetiu a leitura várias vezes, como se quisesse memorizar cada palavra. Parecia que as suas suposições estavam se concretizando, e nada fazia ele pensar diferente daquilo. Quem além de Sam e Mason sabiam sobre sua sexualidade? Era mais que óbvio. Era a verdade.
Maggie era o anônimo.
Seu corpo parecia relutar para levantar da cama, todos os seus membros pareciam pesar o dobro do normal. Seus olhos mal conseguiam se manter abertos enquanto ele escovava os dentes e colocava o uniforme da Harper.
– Vamos conversar depois da escola, rapaz. – disse a mãe de Harry, quando ele desceu as escadas para o café. Ela já estava de saída e parecia bastante irritada.
– Desculpe. – Harry disse, sonolento. – Tive um problema com um amigo.
– Não aceito as suas desculpas. – ela disse. – Vamos resolver isso quando eu chegar em casa.
Ela saiu de casa, batendo a porta com força. Harry revirou os olhos e começou a preparar seu café da manhã. Tinha problemas maiores do que o sermão que iria receber de sua mãe, sua maior dúvida era como as pessoas da escola iriam recebê-lo depois da mensagem do anônimo. Só de imaginar o rosto de Austin e dos outros caras do time, sua barriga chegava a embrulhar.
– E aí. – Sam disse, quando os dois se encontraram no segundo quarteirão antes da Harper. Eles agora combinavam de sempre se encontrar ali para caminharem juntos até a escola. – Como estão as coisas?
– Bem mal. – disse Harry. – Esse anônimo está querendo ferrar com a minha vida.
– Como assim? – Sam arregalou os olhos.
– Você não recebeu a mensagem? – Harry perguntou.
Sam franziu a testa e pegou o celular no bolso do uniforme, Harry queria acreditar que apenas ele tinha recebido a mensagem.
– Você pegou a Bridgit?! – Sam gargalhou.
– Idiota. – Harry revirou os olhos. – Então todo mundo recebeu mesmo. Sim, e hoje vai ser o pior dia da minha vida na Harper. Obrigado por tudo, anônimo.
– Mano, isso vai dar muita merda. – Sam balançou a cabeça. Harry reparou que o amigo estava um pouco abatido.
– O que houve? Está um caco. – ele perguntou. Estavam quase chegando no quarteirão da Harper, já conseguia ver os carros luxuosos parando na entrada.
– Longa história. – Sam disse, engolindo em seco. – Passei mal na casa de Jade, mal consegui dormir.
– Que estranho. Tenta ir ao médico. – Harry disse, sem desconfiar de nada.
– É, muito estranho. – Sam disse.
Quando chegaram na escadaria da entrada da Harper, Harry conseguiu ver alguns olhares aflitos ao seu redor. Os alunos sequer disfarçavam seus comentários sobre Harry e a mensagem do anônimo.
– Odeio essa situação. – Harry abaixou a cabeça enquanto caminhava pelos corredores.
– Você pode negar tudo, se quiser. – disse Sam. – Ninguém confia nesse anônimo, não é mesmo?
– Não. – Harry sussurrou. – Não vou me esconder de mais ninguém.
Sam sorriu para o amigo. Os dois continuaram seu caminho pelos corredores até a sala da aula de Inglês, todos os seus amigos estavam lá…e todos pararam suas conversas para encarar o rosto de Harry quando ele entrou na sala.
Entre todos os rostos, um se destacou por tamanha fúria. Era Michael, o namorado de Bridgit, que se levantou e empurrou Harry contra o quadro. A professora ainda não tinha chego.
– Seu merdinha! – Michael gritou. Harry viu alguns vultos surgiram atrás deles dois, havia um falatório intenso. Ele só conseguia encarar o rosto do rapaz, a poucos centímetros do dele. – Eu vou acabar com a sua raça, bichinha de merda.
– Michael! – Sam empurrava Michael, que era o dobro de seu tamanho. – Para com isso, cara!
– Ei! – Harry ouviu a voz de Travis. – Para com isso, Michael! Não pode acreditar nesse anônimo!
Harry abriu um largo sorriso, ele começou a gargalhar, fazendo Michael e os outros franzirem suas testas e encararem o garoto.
– Qual é a sua? – Michael disse. – Está rindo do que?
– Harry, droga…- Sam murmurou, sem entender. – Michael, saia de perto dele.
Michael segurou os ombros de Harry e o balançou, enquanto o garoto ria ainda mais. As costas e a cabeça de Harry se chocaram novamente contra o quadro.
– Do que está rindo?! – Michael estava furioso.
– É tudo verdade, cara. – Harry disse, a barriga doendo de tanto rir. – É…podem filmar, eu sei que estão filmando. – ele olhou para a turma, realmente alguns alunos erguiam seus celulares para filmar a confusão. Ele também viu o rosto preocupado de J.J e Maria. – Sim, eu fiquei com a Bridgit no baile. Eu também fiquei com Mason.
– Cala a boca! – ele ouviu a voz de Bridgit. – É tudo mentira!
Harry encarou friamente o rosto de Bridgit, ela estava desesperada. De alguma forma, seu desespero trazia uma certa satisfação ao garoto.
– Não pode acreditar nele. – Bridgit disse. – O anônimo mente.
– É tudo verdade. – Harry ergueu os braços. – Sua namorada te traiu, Michael.
– Bridgit! – Michael se virou para Bridgit, incrédulo e cheio de fúria. – Você me traiu com ele! Logo com ele!
– É mentira… – Bridgit agora estava em prantos. Emily e Jade surgiram ao seu lado.
– Para com isso, Harry. – disse Jade. – Por favor, para de falar essas besteiras.
– Não é besteira. – riu Harry. – É tudo verdade! O anônimo sempre falou a verdade! Vocês não perceberam?!
Agora ele conseguia ver. Todos os seus amigos estavam ali, alguns nem tão amigos assim, mas todos estavam ali de pé. Michael, Bridgit, Sam, Jade, Emily, Travis, J.J, Maria e até Austin e Ben. Harry deu mais uma gargalhada.
– E se ele for o anônimo? – disse Bridgit. – Ele está tão convicto que o que rolou é verdade…e se ele mesmo inventa essas mentiras?
– Ele não é anônimo. – Sam disse.
– Como pode ter certeza?! – Travis se irritou.
Austin permanecia calado, encarando o rosto do amigo. Emily e Jade tentavam acalmar Bridgit, que tremia da cabeça aos pés.
– Eu não sou o anônimo. – Harry disse. – Mas bem que poderia ser você, não é? Bridgit.
– Eu? – Bridgit arregalou os olhos. – Ele pirou.
– A última mensagem dizia : “assuma as suas merdas, Harry Cooper”. Quem disse isso? Você! – Harry apontou o dedo para a garota.
– Você enlouqueceu. – Emily disse, agora tinha um pouco de nojo em sua expressão. – A responsável pelas mensagens é apenas uma pessoa dessa roda, o nome dela é Maria Santiago.
As pessoas da turma não paravam de falar, comentando cada frase que o grupo dizia. O nome de Harry não parava de ser citado, e agora Maria era o alvo das acusações.
– Eu já disse para você me esquecer. – Maria disse, olhando para Emily. Ela sentiu o rosto e o estômago revirar quando viu o olhar penetrante de Ben Parker se encontrar ao seu.
– É claro que é ela. – Emily continuou.
– Parem com isso. – uma voz surgiu na porta da sala.
Harry virou o rosto para olhar, assim como todos. Era o diretor Hopper, ao lado da professora de Inglês.
– Vocês todos. – ele apontou para o grupo que estava em pé. – Venham comigo até a minha sala.
– Diretor… – Harry tentou argumentar.
– Calado, Cooper. Venham todos.
A sala de Hopper nunca havia recebido tantos alunos de uma vez só. O rosto do diretor era uma incógnita, ninguém conseguia desvendar o motivo dele ter chamado todos ali.
– O que era aquilo no meio da sala de aula? – ele começou, olhando para Michael e Harry.
– Como o senhor sabe, diretor, o anônimo retornou na noite passada. Disse na mensagem que Bridgit me traiu com Harry durante o baile de boas vindas. – Michael disse, apontando para Harry. – E que Harry mantém um caso com Mason Carter.
– E? – Hopper perguntou. – Qual o motivo de toda aquela balbúrdia?
– Michael se descontrolou. – disse Austin. – Ele quis tirar satisfações com Harry.
– Agora você fala. – Harry disse, irritado.
Austin suspirou e ignorou o amigo. Os olhos de Hopper pousaram sobre Harry.
– O que o senhor tem a me dizer? – o diretor perguntou.
– É tudo verdade. – Harry murmurou. – Tudo o que anônimo disse é verdade.
– Hopper. – Austin disse. – Seja breve.
Todos se viraram para Austin, ele mantinha seu rosto impassível. Ninguém conseguia entender o que ele queria dizer com aquilo, nem mesmo Jade.
– Bom. – Hopper disse. – Acho que vocês tem muito o que resolver. Sendo verdade, ou não. Então vou ser breve. – ele fez uma pausa. – Acharam o responsável pelas mensagens anônimas.
– O quê?! – Emily gritou.
– Por favor, sem escândalo. – Hopper ergueu a mão. – A polícia achou o anônimo. Depois de algumas investigações e constatações do senhor Evans…acharam provas no computador da aluna Maggie Westhood. Toda a rede de mensagens, algumas senhas de contas bancárias, senhas de celulares…programas de hacker em geral. Ela estava por trás de tudo.
– Sabia! – Harry ouviu alguém gritar, provavelmente era Bridgit. Ele não queria perder uma palavra que saísse da boca do diretor.
– Enfim, estamos tomando as devidas providências. – Hopper terminou.
– Como o que? – Harry perguntou. Ele sabia que aquela história da polícia era mentira, com certeza a invasão da casa de Maggie trouxera mais resultados do que a investigação policial. – O que vão fazer com ela?
– Está muito preocupado, Cooper. – Michael disse. – Talvez você seja um comparsa dela.
– Chega. – Hopper disse. – Não posso dizer. Segredo institucional.
– Como assim? – Harry elevou o tom de voz. – Como não pode contar o que vão fazer com ela?!
– Terminamos. – Hopper suspirou.
O grupo começou a sair da sala de Hopper, mas Harry não estava satisfeito com aquelas meias palavras. Precisava de mais informações.
– Não! – Harry disse, quando Sam o puxou pelo braço.
– Vamos logo, Harry. – Sam apertou seu antebraço, nervoso.
Os dois foram os últimos a deixar a sala de Hopper. Os outros voltaram para a sala.
– O que você tem na cabeça? – disse Sam. – Enfrentar Michael daquela forma…não pensei que seria assim.
– Eu disse que não iria mais me esconder. – Harry disse, indo até o bebedouro. Afastando alguns alunos que cochichavam sobre ele. – Chega.
– Toma cuidado com isso. – Sam segurou o ombro do amigo. – É sério. Esses caras não estão para brincadeira.
– O que quer dizer? – Harry bebeu um pouco d’água e encarou o amigo. – Que caras?
Sam ficou tenso, seu rosto mudou completamente. Ele abaixou os olhos e suspirou, tinha medo do que podia acontecer caso fosse além.
– Deixa pra lá.
Emily
A verdade sobre o anônimo se espalhou pelos corredores da escola Harper como fogo. Emily estava feliz com o fim daquela perseguição mas um pouco insatisfeita, nada tirava de sua cabeça que Maria Santiago também estava envolvida nas mensagens.
Durante o treino, as meninas não paravam de comentar sobre Harry Cooper e Mason. Jade acabou se irritando com algumas delas e as xingou de todos os nomes ruins.
– Onde está o Mason, afinal? – Jade perguntou, enquanto se alongavam.
– Ele não vem para a escola tem um tempo. – disse Bridgit.
– Que estranho. – disse Emily. – Não tem mantido contato com ele?
– Não. – Jade murmurou, franzindo a testa.
Jade e Bridgit também pareciam bem aliviadas com o fim do anônimo, mas toda hora se perguntavam sobre a motivação de Maggie. Qual o motivo de todo aquele ódio?
– Eu não tenho a mínima ideia. – Jade disse. – Ela sempre foi na dela…nunca fez muitas aulas com a gente.
– Uma vez eu fiz um trabalho de Biologia com ela. – disse uma das líderes de torcida. – Ela é totalmente pirada.
– Deve ser. – Bridgit disse. – Pra inventar tantas mentiras dessas. – e olhou para as duas amigas.
Bridgit preferiu não comentar sobre o caso com Harry, apesar de dizer que tudo não passava de uma mentira do anônimo, Emily e Jade desconfiavam que talvez houvesse um fundo de verdade naquilo.
Jade acabou pagando a dívida de Emily com Ben, que levou uma advertência do diretor Hopper, agora ele estava proibido de falar com Emily. A garota até decidiu bloquear o número do garoto em seu celular, para evitar qualquer problema. Mas tudo mudou nos últimos dias.
Durante o jantar, seu pai começou a falar sobre a relação de Emily com Parker e os motivos que ela deveria ser evitada, apesar da garota continuar a dizer que aquilo tudo era passado e que amava Austin. Hopper parecia não ouvir a filha, deixando o clima do jantar ainda mais tenso, nem mesmo as brincadeiras de Travis tiraram o clima péssimo que estava na mesa.
– Você vai ficar sem mesada. – Hopper disse. – Completamente. Por um bom tempo.
– Oi? – Emily disse, largando os talheres.
– Exatamente o que você escutou. – o pai encarou o rosto da filha. – Vai ficar sem dinheiro até se curar do seu vício. Não vai gastar toda a sua mesada em drogas. – Eu não sou viciada, papai.
– Ok. – Hopper suspirou. – Isso não retira a minha decisão. Vai ficar sem mesada.
Emily estava sem dinheiro. Tinha todo o conforto que sua família lhe proporcionava mas ela não estava satisfeita, ela queria o seu dinheiro para poder gastar com o que quisesse. Travis também estava proibido de lhe dar dinheiro, ou também sofreria da decisão do pai. E ela não queria pedir para Jade ou Bridgit, aquilo seria o cúmulo.
E foi na noite anterior, antes da mensagem do anônimo, que ela teve uma decisão. Marcou um encontro, agora em um lugar mais confiável que as arquibancadas, depois do treino das líderes de torcida. Poucos alunos sabiam da existência do terraço da escola, e mesmo que soubessem, quase ninguém conseguiria acessá-lo.
Felizmente, Emily tinha a cópia da chave da porta do terraço. Ela foi a primeira chegar e deixou a porta entreaberta. Não demorou muito para que ela escutasse aquela voz familiar.
– O que você quer? – Ben Parker perguntou.
– Pensei que não viria. – Emily fitou o rosto do jovem. – Como você está?
– Vamos logo, Emily. Não podemos ser pegos aqui, sabe que seu pai me ameaçou de expulsão. – disse Parker.
– Eu sei, eu sei. – ela riu. – Bom, preciso da sua ajuda.
– Ajuda? Depois de tudo o que rolou? Não. Não vou colocar minha família e minha reputação em risco de novo. – ele se virou para ir embora.
Ele era a única esperança de Emily, ela não podia deixá-lo escapar.
– Por favor! – ela gritou. – Eu imploro.
– O que você quer?! – ele disse. – Mais drogas? Vá se tratar, Emily.
– Não. – ela abaixou os olhos, conseguia ver muito bem a movimentação na rua lá embaixo. – Eu quero um emprego.
– Emprego?
– É. – ela virou para Ben. – Posso ser ajudante nas vendas. Sério, eu imploro. Preciso de dinheiro.
– Você? Precisando de dinheiro? – Ben riu.
– As coisas não são o que parecem ser, Ben. – ela se aproximou. – É sério, estou sem dinheiro.
– Conta outra. – ele revirou os olhos e se voltou para a porta.
– Eu faço de tudo. – ela segurou seu braço. – Fala com seu pai, juro que mantenho segredo.
Ben olhou sério para a garota, nunca que iria esperar que ela pedisse um emprego como vendedora de drogas na Harper. Logo a filha do diretor.
– Ok. – ele disse.
– Sério?
– Sim. Você pode me ajudar por aqui. – Ben balançou o braço para que ela o soltasse. – Só desbloqueia o meu número no seu celular. Não dá pra gente falar sobre os negócios com a droga do meu número bloqueado.
– É claro! – Emily riu. – Desculpa por aquele transtorno…e depois o anônimo.
– Tudo bem. Já passou. – ele continuava sério. – Aliás, sobre o anônimo. Você disse que aquela Maria…
– Ainda acho que ela está envolvida com Maggie nas mensagens. – Emily balançou a cabeça.
– Qual o sobrenome dela mesmo? Você disse na sala.
– O dela? – Emily franziu a testa. – Santiago. Maria Santiago.
Ben deu um longo suspiro, seus lábios se contorceram em uma espécie de sorriso sarcástico. Emily não conseguia entender tanta satisfação.
– Bom saber. – Ben disse, por final. Ele virou de costas e abriu a porta para sair do terraço.
Maria
– Park acabou de me dizer. – J.J dizia, enquanto os dois caminhavam pelo corredor movimentado. – Toda essa história do anônimo já está nas redes sociais.
– Meu Deus – Maria disse. – Bom, pelo menos tudo isso terminou.
– É. – J.J disse, franzindo a testa. – E o que você acha que vão fazer com Maggie?
– Não sei. – Maria disse, sua mente estava se levando para outro momento. Ela não conseguia tirar o olhar que Ben Parker lhe lançara durante a confusão na sala. – Mas não deve demorar muito para descobrirmos.
– Somos que nem Sherlock Holmes. – riu J.J. – Desconfiamos da garota desde o início.
– Se acalma aí, Sherlock. – Maria riu. – Ei, o que está acontecendo?
Havia uma confusão mais a frente no corredor, os dois se juntaram à multidão para poder enxergar. Maria conseguiu ver a cabeça de Sam e Harry no meio de todos, e mais a frente estava Austin e sua irmã Jade.
– O que está acontecendo? – J.J perguntou.
– Estão expulsando a Maggie! – um garoto falou ao seu lado. Maria e J.J arregalaram os olhos.
No meio da confusão, estavam três policiais e uma mulher que parecia ser uma inspetora da polícia, além de Hopper. Maggie estava diante de todos eles, mas Maria não conseguia escutá-los.
– Silêncio! Quero ouvir, droga! – Maria gritou.
Foi quando Hopper deu um grito que todos os alunos ao redor se calaram. Os policiais e a inspetora pareciam bastante irritados.
– Maggie, erámos para resolver isso na minha sala. Mas já que se recusou até o último momento… – o diretor disse.
– Eu não tenho nada a ver com isso! – gritou Maggie. – O que estão fazendo é uma injustiça!
– Temos provas, garota. – a inspetora disse. – Por favor, venha conosco.
– Não! Eu não tenho culpa de nada! Armaram para mim! – gritou Maggie. – Plantaram essas coisas no meu computador! Arrombaram a minha casa!
– É uma ordem. – disse um policial. – Se não teremos que levá-la a força.
– Não, senhor policial. Não precisa disso tudo. – Hopper disse, nervoso. – Maggie, por favor, colabore com os oficiais.
Maggie tremia da cabeça aos pés, seus olhos estavam extremamente arregalados, além de borrados de maquiagem por causa de algumas lágrimas que caíam pelo seu rosto.
– Não. – ela retrucou. – Eu me recuso.
– Maggie. – Hopper disse, se aproximando da garota.
– Isso é um absurdo!
– Você está expulsa dessa escola, garota. Vamos, não piore as coisas. – a inspetora perdeu a paciência, ela segurou o braço da garota com força enquanto os policiais se aproximavam.
– NÃO! NÃO! – Maggie gritava.
Os policiais agora conseguiram algemar a garota, que se debatia. Hopper parecia muito incomodado com aquela cena, principalmente depois de ver alguns celulares erguidos, filmando tudo.
– Sem celulares! – o diretor gritou.
– INJUSTIÇA! – Maggie gritou.
Maggie começou a caminhar até a saída da escola enquanto um dos policiais a arrastava pelo corredor. A multidão de alunos os acompanhava, enquanto a garota gritava.
– HIPÓCRITAS! MENTIROSOS!
– Calada! – gritou a inspetora.
– VOCÊS TODOS SÃO MENTIROSOS! SE ESCONDEM POR TRÁS DESSAS VIDINHAS PERFEITAS! O ANÔNIMO ESTÁ CERTO!
– Maggie! – Hopper disse, agora eles estavam no final do corredor.
– ESPERO QUE TODOS VOCÊS PAGUEM PELOS CRIMES QUE COMETERAM! – Maggie se esgoelava de tanto gritar, os policiais estavam perdendo a paciência, eles a puxavam mais rápido. – EU JURO! EU JURO QUE UM DIA VOU VER TODOS VOCÊS APODRECENDO NA CADEIA!
Os policiais levaram Maggie para além da porta de saída da escola, e além do que todos podiam enxergar. Houve um silêncio torturante logo após um longo grito de Maggie ecoar pelo portão da Harper.
O diretor Hopper arfava e se apoiava em um armário. Os alunos começaram a falar sem parar, Maria não acreditava no que tinha acabado de assistir. J.J parecia tentar enxergar para onde estavam levando a garota, que agora já estava dentro do carro da policia em direção a alguma delegacia.
– Meu Deus. – J.J disse. – Isso foi terrível.
– Não podiam ter feito isso com ela. – Maria disse. – Isso é humilhação.
– Humilhação foi o que essa vadia nos fez passar. – Emily ouviu enquanto passava ao seu lado. Hopper agora fazia os alunos voltarem para suas atividades.
– Foi humilhação, sim. – J.J se meteu. – Gostaria que fizessem isso com você?
– Vocês parecem simpatizar demais com Maggie. – Travis surgiu atrás de Emily, a irmã sorriu para o irmão. – Pode ter certeza que nenhum de nós nos submeteríamos a essa situação. Qual o seu nome mesmo?
– Jonathan. – J.J disse, debochado. – Submeteríamos é uma palavra bem difícil de se dizer, hein. Parabéns, Travis, jurava que não tinha esse tipo de palavra no seu vocabulário.
– O que você disse? – Travis se aproximou de J.J. Maria se interpôs entre os dois.
– Ei! O que está havendo? – Sam surgiu, Harry estava ao seu lado. – Por favor, chega de brigas por hoje!
– Ele me provocou, West. Não venha defender o seu amiguinho bolsista. – Travis desdenhou.
– Vou defender sim. – Sam o encarou. – Qual o seu problema com meus amigos bolsistas, Travis? Já não ficou bem claro que eles não tem nada a ver com Maggie?
– Isso é o que veremos. – disse Emily.
Os dois irmãos Hopper saíram andando pelo corredor. Sam se voltou para Maria e J.J, Harry permanecia calado.
– Valeu. – Maria disse. – Está tudo bem?
– Sim. – Sam disse. – Meio chocado com o que aconteceu, né.
– E você? – Maria disse a Harry. – Parece abatido.
– Dia difícil. – Harry sorriu.
– É, não dá para te julgar muito. – J.J disse, rindo. – Mas tudo se resolveu, eu acho.
– É. – Harry sorriu para os três. – Espero que sim.
Jade
Com o fim das atividades do dia, todos os alunos voltaram para suas casas ainda um pouco assustados com toda aquela confusão na expulsão de Maggie. Jade teve pouco tempo para conversar com Sam sobre o que tinha acontecido, apesar de Emily ter resmungado com ela por causa de sua atitude ao defender os amigos bolsistas.
Jade não podia fazer muita coisa naquele momento, Sam era amigos de todos ali, mas ele conhecia aqueles dois bolsistas há muito tempo.
– Ele precisa escolher qual lado ele quer ficar. – Emily disse.
– Emily, esqueça isso. – Jade disse. – Acabou. A história desse anônimo terminou.
Ela chegou em casa ao lado de Austin, que não tinha aberto a boca durante todo o trajeto. A atitude dele irritava a irmã profundamente, ele parecia não se aborrecer com nada ao seu redor.
– Vê se perturba outro, Jade. – Austin disse, quando Jade quis saber se havia algum envolvimento dele na investigação sobre Maggie.
O final da tarde passou lentamente. Morgan não estava em casa e Victoria organizava algumas papeladas do seu café no escritório, e Austin decidiu dar uma volta enquanto a mãe estava ocupada. Jade pediu um lanche à governanta, enquanto mandava várias mensagens para Sam. O rapaz não estava respondendo.
– O que acha que deve estar acontecendo? – Jade perguntou para a governanta, quando ela surgiu da cozinha até a mesa com o lanche. – Sam não está me respondendo.
– Ora, senhora Evans, não sei se sou a melhor pessoa para te responder.
– Teodora, você é a única pessoa dessa casa disponível no momento. – Jade sorriu. – Obrigada pelo lanche.
– Ele pode estar fazendo o dever de casa. – Teodora, a governanta, disse. – A senhora não deveria fazer o seu?
– Mason faz para mim. – Jade mordeu o sanduiche. – Aliás, ele é outro que está sumido. Talvez Sam esteja trabalhando…mas ele responderia as minhas mensagens.
Depois de terminar o lanche, Jade subiu para seu quarto. E lá se passaram longas duas horas até ela finalmente receber uma notificação, que não fosse de trabalho, em seu celular.
Sam : Oi, gata. Foi mal, estive meio ocupado aqui na mercearia. Preparei uma surpresa para você. Que tal um jantarzinho? Já deixei tudo combinado com seu motorista, ele vai te buscar às 21h.
Jade abriu um largo sorriso. Então ele esteve sumido para fazer uma surpresa a ela! Ela olhou o relógio e viu que já era 20:15 da noite.
– Droga, preciso me arrumar! – ela pulou da cama e foi tomar seu banho.
Ela demorou um bom tempo para escolher uma roupa para o jantar, já que Sam não havia avisado que tipo de restaurante eles iriam. E Jade não poderia ser vista na rua com qualquer roupa. O relógio bateu 21h e a governanta Teodora surgiu na porta de seu quarto.
– O motorista já está aqui. – ela disse
Jade estava linda. Vestia um vestido dourado e uma tiara prateada em seus cabelos castanhos, e em seu rosto havia uma leve maquiagem que realçava seus olhos esverdeados. Ela desceu as escadas e acompanhou o motorista até o subsolo do edifício, lá eles entraram em um dos carros dos Evans e partiram para o trânsito caótico de Manhattan.
Sam : Está chegando? Estou muito ansioso. Espero que goste do que preparei para nós.
Jade : É claro que eu vou gostar.
O trânsito se manteve até mais leve depois da mensagem de Sam. Jade suspirou e encostou a cabeça no vidro, não aguentava mais esperar para ver seu namorado. Era uma das primeiras vezes, ou se não a primeira, que eles saíam para jantar. Ela esperava que não houvesse jornalistas para estragar a noite dos dois.
Estavam fazendo um caminho um tanto estranho. Jade percebeu isso quando viu que o motorista não estava indo em direção a nenhum centro urbano ou polo gastronômico da cidade, agora ela só conseguia ver ruas mal iluminadas prédios baixos e mal cuidados.
– Onde estamos indo? – Jade disse, preocupada.
– Ao endereço que o seu namorado me passou, senhorita. – o motorista murmurou, parecia um pouco impaciente.
Jade encostou a cabeça no encosto do assento do carro. Achava muito estranho Sam a convidar para um restaurante no meio daquelas ruas estranhas, um pouco longe demais da cidade. A cada minuto eles adentravam ainda mais na escuridão, agora ela mal conseguia identificar qualquer coisa lá fora.
– Que lugar escuro. – Jade disse. – Estamos no caminho certo?
– Sim, senhora.
– Que bairro é esse?
– Não sei dizer, senhora.
Jade franziu a testa. Que tipo de brincadeira era aquela? O que Sam queria a convidando para um lugar tão estranho? Se seus pais soubessem onde tinha se metido…
O motorista desacelerou o carro, parando no meio fio ao lado do que parecia ser um grande edifício abandonado. Jade olhou pelas janelas sem entender.
– O que é isso?
– Chegamos.
A porta do lado que Jade estava se abriu, ela viu uma figura vestida em um elegante terno na sua frente.
– Vamos? – a figura abaixou e Jade conseguiu enxergar quem era, apesar da pouca luz.
– Austin?! – Jade gritou. – Que merda é essa? O que está acontecendo?
– Não estraga a droga do plano do seu namorado, merda. – Austin pegou no braço de Jade. Ela saiu do carro e encarou o rosto do irmão, ele parecia bem diferente. Seus cabelos estavam molhados e bem penteados para trás.
– Plano? Que plano é esse?
– A surpresa que Sam preparou, Jade. – Austin puxou o braço da irmã até um pequeno portão para o térreo do edifício abandonado.
– Que surpresa? Que lugar é esse?
Austin revirou os olhos e abriu a porta. Os dois entraram no que parecia ser o saguão, que parecia não ver um espanador havia séculos. Ele continuou a guiar a irmã o final do cômodo, onde havia um elevador bem antigo.
– Austin. – Jade sussurrou. Ela não estava com uma boa impressão do lugar.
– Droga, o seu namorado não pode fazer uma surpresa pra você? – o irmão disse. – Ele quis fazer algo diferente.
– Diferente? Aterrorizante!
O elevador parou no térreo. Austin abriu a porta e os dois entraram no cubículo que começou a estalar e ranger enquanto subia, após ele apertar o botão com o número 6.
– Aonde vamos? – Jade perguntou, mais uma vez.
– Fica quieta.
O elevador parou no sexto andar. Austin empurrou a porta e se depararam com um pequeno corredor, havia uma porta semiaberta no final. Uma luz fraca, que parecia ser de neon, emergia da fresta da porta. Austin segurou a mão de Jade e a levou até a porta.
– Pode entrar. – Austin abriu, seu rosto iluminado pela fraca luz de neon.
Jade encarou o rosto do irmão, como sempre uma incógnita, e entrou no quarto.
Ela pensava que seria recebida com uma linda mesa de jantar, apesar de todo assombro do edifício, ainda tinha esperanças de ser surpreendida por Sam. Mas não era o que ela esperava. As paredes estavam manchadas de infiltração, havia fios e muita sujeira espalhada pelo chão, não tinha móveis, apenas uma imensa janela de vidro em uma das paredes. O cheiro de mofo era terrível, Jade não conseguia caminhar mais adiante.
– Que lugar é esse? – Jade sussurrou, olhando de volta para a porta do quarto. – Cadê o Sam? – seu irmão não estava mais lá.
Jade começou a tremer, ela não fazia ideia do que estava acontecendo. Estava rezando para tudo aquilo não passar de uma maldita brincadeira de mal gosto. Ela adentrou ainda mais no cômodo, e viu no fundo uma pessoa sentada em uma única cadeira de plástico.
A pessoa tinha as mãos amarradas por cordas e um saco de pano escuro cobrindo sua cabeça. Jade começou a chorar, ela tinha a péssima impressão de que conhecia aquele corpo. Aquela roupa.
– Austin! – Jade gritou.- Austin! – ela voltou em direção à porta.
A porta se abriu novamente. Dela surgiu uma dúzia de homens vestidos com o mesmo terno de Austin, mas agora Jade não conseguia ver seus rostos, diversos tipos de máscaras cobriam suas faces.
– Quem são vocês?! – ela gritou.
Dois dos homens, um com uma máscara de palhaço e outro com máscara do que parecia ser um vampiro, seguraram os braços da garota e a colocaram em uma posição que ela pudesse prestar bastante atenção na pessoa sentada na sua frente. Os outros se posicionaram ao redor do quarto, enquanto apenas um andava no meio de Jade e o rapaz.
– Jade! Que bom que topou a nossa surpresinha! – o homem que andava entre os dois disse, ele usava uma máscara que parecia ter saído de um anime. – Preparamos tudo com muito carinho.
– Me soltem… – Jade resmungou, os dois homens apertaram ainda mais os seus braços.
– Quieta. – disse o homem da máscara de palhaço.
– Hoje é uma noite muito especial, caso não tenha percebido. – o homem do centro continuou. – Além de você, temos outro convidado não menos importante! – ele foi até a pessoa com o saco na cabeça e o puxou.
– NÃO! – Jade gritou.
Era Sam. Ele estava desacordado, sua cabeça pendia inconscientemente e seu rosto tinha várias marcas de agressão. Jade começou a gritar sem parar. Quem era aqueles caras? O que fizeram com Sam? O que queriam?
Um dos homens engravatados surgiu por trás da garota e amarrou uma mordaça ao redor de sua boca, ela tentou gritar ainda mais alto mas acabou sufocando com pano.
– Que deselegante. – o homem do centro continuou. – Bom, deixe eu explicar o que aconteceu até você chegar aqui. Tivemos noção que seu namorado, o incrível Sam West, começou a investigar…ou até mesmo se meter onde não é chamado…enfim, ele começou a levantar suspeitas que estaria investigando as nossas atividades. Um erro gravíssimo. Mas acho, em minha singela opinião…que o erro começou quando ele se infiltrou na nossa família.
Família? Que diabos aquele homem estava falando? Jade se movimentou, querendo escapulir dos braços daqueles homens.
– Família…é, família é algo muito importante. Não se deve mexer com a família de um homem de bem. Não, não deve. – ele continuou. – As coisas não devem ter ficado claras, não é? Muita informação talvez. – colocou a mão sobre a máscara. – Talvez isso esclareça bastante.
O homem retirou a máscara, revelando seu rosto. Jade arregalou os olhos e começou a respirar com mais dificuldade. O homem mascarado era ninguém mais ninguém menos que seu pai, Morgan Evans.
– É, querida. – Morgan sorriu. – Acho que já é hora de lhe contar algumas coisas. Mas antes de tudo, vamos voltar ao seu namorado! – ele segurou os cabelos de Sam e balançou sua cabeça. – Sammy, vou chamá-lo assim se não for incômodo, querida…Sammy errou a partir do momento em que ele entrou na nossa família. Eu tinha outros planos para você, querida, ah tinha…
Morgan largou a cabeça do rapaz. Jade viu que Sam começou a abrir os olhos, um pouco atordoado. Morgan caminhou pelo cômodo e arrancou a máscara de um dos homens do canto direito, revelando o rosto de Max Peterson.
– Planos maiores e melhores! – gritou Morgan. – Seu casamento com Max já estava bem planejado…seria ótimo para a família. Mas não, você escolheu o caminho mais doloroso.
Max agora encarava o rosto de Jade com uma expressão de puro deleite do rosto.
– Não demorou muito para Sammy descobrir sobre sua antiga escola. Sim, querida…eu mandei demolir aquela espelunca. Oh, nosso convidado acordou! – Morgan bateu palmas quando viu Sam acordado.
– Jade… – Sam sussurrou.
– Que bom que você acordou, rapaz. Pode contemplar o meu discurso sobre você. Bom, continuando…Sammy ainda mantinha aquela pulga atrás da orelha. Mesmo com algumas ameaças, não é, Max? – Morgan disse, andando em círculos. – Até o dia da nossa grande reunião. Ontem, o fatídico dia anterior…
– Eu…Jade… – Sam sussurrou.
Morgan balançou o punho e deu um soco no rosto de Sam, fazendo sangue jorrar de sua boca.
– Respeite o meu discurso. – Morgan murmurou. Jade tentava gritar e se desvencilhar dos homens. – Sammy, Sammy…ao receber o seu convite, querida, o rapaz se viu tentado a escutar uma conversa completamente particular no escritório. E como sempre, Sammy se metendo onde não deveria.
– Vocês são nojentos. – Sam disse, a boca cheia de sangue.
– Sammy escutou muitas coisas. Não o bastante, acho. Mas o suficiente para arranjar problemas. – Morgan fez um sinal para um de seus homens. – Como disse, querida, você preferiu o caminho mais doloroso.
Um dos homens levou até Morgan um pequeno saco de tecido, de onde ele retirou um revólver prateado. Jade gritou, ela mal conseguia enxergar por causa das lágrimas que embaçavam sua visão. Ele não podia fazer aquilo, ela não acreditava que Morgan poderia fazer uma coisa dessas.
– Tudo o que eu faço é para proteger você, querida. – Morgan disse, examinando o revólver prateado. Com um movimento, ele destravou a arma. – Tudo o que eu faço é pela família. – e apontou a arma para o rosto de Sam.
Sam tentava se soltar das amarras da cadeira, fazendo Max soltar uma gargalhada, assim como os outros.
– NÃO, POR FAVOR! – a mordaça se soltou da cabeça de Jade. Ela se movimentou com mais força, fazendo um dos homens acabar soltando seu braço.
Jade conseguiu dar um passo em direção ao pai e Sam, que agora chorava e xingava Morgan e todos os homens ao seu redor.
– Não, por favor!! – Jade gritou novamente. – Por favor!
Outro homem agarrou o braço livre de Jade, imobilizando-a novamente. Não tinha escapatória.
– Sammy é um problema para a nossa família. – Morgan disse, o dedo no gatilho. Sam tentava desviar seu rosto da pistola. – Sam West sabe demais.
– NÃO! – Jade gritou. Tarde demais.
Morgan apertou o gatilho com um imenso sorriso estampado em seu rosto.
Uau!!!! Incrível season finalle. Eu nunca acreditei na Maggir como o anonimo. Isso com certeza é armação. E que gancho de temporada incrível. Com muita ação e com um suspense!!! Há quero á segunda temporada hahaha. Parabéns s2
Caramba muito obrigado!! Fico muito feliz que tenha gostado!
Uau!!!! Incrível season finalle. Eu nunca acreditei na Maggir como o anonimo. Isso com certeza é armação. E que gancho de temporada incrível. Com muita ação e com um suspense!!! Há quero á segunda temporada hahaha. Parabéns s2
Caramba muito obrigado!! Fico muito feliz que tenha gostado!