Jade
Jade não sabia se já estava bêbada demais ou estava vendo coisas na sua frente. Todos no baile estavam olhando para a entrada, as luzes pareciam ter se focado em um ponto só. Até a música tinha parado. Ela não acreditava no que estava vendo, apesar de estar feliz por Austin estar ali.
Austin estava parado na entrada do ginásio interno onde estava acontecendo o Baile de Boas Vindas. Seu irmão estava vestido com um lindo terno, e ao seu lado estava Emily, também com um vestido incrível.
Jade não conseguia acreditar. Uma semana atrás e ela estava vendo seu irmão ser preso no meio de uma rua no Hoboken.
– Austin? – ela disse.
Austin entrou ao lado de Emily, atraindo olhares de todos da festa. Muitos olhares desconfiados.
– Oi, irmã. – ele sorriu. – Vamos aproveitar a festa.
ANTES
Ela estava literalmente no chão. As lágrimas caiam, borrando toda a sua maquiagem. Mason pegou em seus braços, murmurando coisas que ela não conseguia ouvir, seus gritos estavam mais altos.
– Jade, vamos… – ele disse.
Austin tinha sido preso. O carro da polícia já tinha o levado, apesar de Jade ainda escutar o som da sirene ecoando em seus ouvidos. Ela se levantou, olhou para Mason e balbuciou algumas palavras:
– O que…precisamos fazer alguma coisa!
– E vamos! – disse Mason. – Precisamos ir pra casa.
Ele a levou para casa. No caminho ele ligava para Victoria, enquanto Jade tentava se recompor.
– Droga, ela não atende. – disse Mason. – Você tem o telefone de algum advogado? Precisamos agir rápido antes que essa informação vaze.
– Não – Jade mantinha a cabeça encostada na janela do carro, chorando novamente. – O que vamos fazer, Mason?
– Austin não vai ficar preso para sempre, Jade. – ele disse, dirigindo com a testa franzida. – Seus advogados não vão deixar.
Victoria estava no trabalho quando percebeu o tanto de ligações que recebera de Mason. Ela correu para casa e se deparou com toda aquele caos. Mason, como sempre, foi o primeiro a falar:
– Austin foi preso. Tentativa de homicídio e lesão corporal. Precisamos dos seus advogados.
– Mas que merda! – Victoria gritou e socou a parede de sua sala, assustando o mordomo e a governanta que aguardavam por ordens. – Vocês, liguem para os advogados. – ela apontou para os dois empregados.
– Sim, senhora. – o mordomo assentiu e se retirou.
– Que droga. – disse Victoria, sentando-se no sofá com as mãos sobre a cabeça. – Isso é péssimo. Alguma coisa vazou?
– Por enquanto, não. – disse Mason, que reparou o olhar assustado de Jade, no outro lado da sala.
Jade estava olhando o Instagram. As páginas de fofocas já anunciavam a prisão de Austin e principalmente a página do TMX. Ela se levantou e entregou o telefone para Mason.
– Eles já sabem.
– Merda. – disse Mason. – Ok, vamos ter que reagir o mais rápido possível.
– Vou ligar para Morgan. – Victoria olhou para a filha. – Infelizmente, seu pai vai ter que voltar de viagem para resolver as merdas do seu irmão.
– Você pode resolver isso. – disse Jade. – Você é a mulher dele.
– Ah, querida. – Victoria riu. – Posso sim. Mas não tenho o poder que seu pai tem em conduzir essas situações.
Jade e Mason ficaram em silêncio. O mordomo voltou trazendo a notícia que o advogado estava a caminho.
– Certo. – disse Victoria. – Podemos esperar então.
– Sim, sem envolver o papai nisso. – Jade suspirou.
O dia passou, dois advogados chegaram até a casa dos Evans e conversaram sobre o que havia acontecido. Eles contataram a polícia, assim como Mason começou a fazer seu trabalho para organizar as informações que iriam para a mídia.
E não adiantou. Toda conversa que os advogados tiveram com a polícia, as visitas que eles fizeram até a delegacia onde Austin estava preso temporariamente, nada adiantou.
– Eles dizem que há uma denúncia, na verdade, uma notícia que Austin tenha matado sua ex-namorada. – um dos advogados disse. – E ele vai continuar preso até finalizarem as investigações.
– Esses bandidos deviam estar investigando a merda desse anônimo. – disse Jade.
– Isso é ruim. – disse Victoria, andando pela sala. – Muito ruim.
Na escola, faltando poucos dias para o baile, todos comentavam sobre a prisão de Austin. Todo aquele burburinho estava incomodando demais Jade, muitas vezes ela preferia se isolar ou mudar de assunto quando alguém vinha lhe perguntar.
Emily estava arrasada, ela não conseguia acreditar no que havia acontecido. Jade estava começando a ignorar os choros e o desespero da amiga, já estava ficando irritada com todo aquele drama.
Até mesmo o diretor Hopper precisou conversar com Jade, tentou acalmá-la dizendo que tudo seria resolvido. Ao ouvir as palavras do diretor, Jade suspirou e tentou não chorar.
– Quero que saiba que posso ajudar com o que quiser. – disse Hopper. – Advogados, o que for. Seu pai já está sabendo disso?
– A esta altura, sim. – disse Jade. – Mas obrigada, diretor.
– Pode contar comigo.
Ela assentiu e saiu da sala. Já era quinta-feira, e o Baile seria no sábado. Era para ela estar animada e ajudando na organização, mas ela não tinha clima algum para festa. Mason acabou entrando mesmo no grupo de organização do Baile, que seria no ginásio interno.
– Está tudo muito lindo. – disse Jade, quando visitou o ginásio na sexta-feira.
– Tem notícias do Austin? – Mason perguntou, ele estava suado e com o rosto coberto de purpurina dos enfeites do baile. – Novas dos advogados?
– Não. Continuam conversando com a polícia, mas eles ainda estão investigando sobre a morte de Kelly e… – ela fechou os olhos. – É isso, Mason, acabou. O anônimo finalmente conseguiu destruir minha vida.
– Não. – disse Mason, limpando o suor da testa. Ele olhou para os lados para ver se ninguém estava os escutando. – E seu pai?
– Ele já sabe. Ligou para minha mãe, dizendo para ela ter calma.
– Calma? O filho dela está preso!
– Ele só disse isso. – Jade franziu a testa.
– Tem algo de errado aí.
Na sexta-feira a tarde, Austin tinha sido transferido da delegacia em Manhattan para uma prisão a poucos quilômetros de Nova York. E as investigações continuavam, os policiais visitaram a casa dos Evans, fizeram um interrogatório imenso, buscaram pistas pela casa inteira e no quarto de Austin.
Tudo aquilo era apavorante.
– Isso está passando dos limites. – disse Victoria, surrando no ouvido de Jade, enquanto os policiais faziam as investigações.
Seu pai, Morgan Evans, chegara em casa durante a noite daquela sexta-feira. Jade e Mason estavam na sala, conversando sobre o baile e a roupa que ela usaria. Mason havia começado aquele assunto para distrair Jade e também por que era realmente importante, a maioria da imprensa estaria na Harper durante o baile de boas vindas.
Mas logo foram interrompidos por Morgan, ele sentou ao lado da filha, que começou a chorar e o abraçou.
– Está tudo bem, querida. – ele disse. – Os advogados estão trabalhando pra resolver todo esse problema.
– O senhor o visitou? – Jade perguntou, secando as lágrimas.
– Sim. – ele suspirou. – Ele está em uma sela reservada, sabe…particular. Mas primeiro, quero que sempre que acontecer algo…quero que falem comigo.
– Desculpe, sr. Evans. – disse Mason. – Ficamos preocupados com a sua reação.
– Não tinham que ficar preocupados com a minha reação. – Mason disse, sério. – E sim com Austin e a propagação dessa notícia. Não foi legal saber da prisão de Austin pela mídia.
– Me desculpe. – Jade disse.
– Não se preocupe com isso no momento. – Morgan se levantou e olhou para os dois. – Vocês tem uma festa na escola, certo? Se preocupem em mostrar resiliência perante os jornalistas que estarão lá. – e nesse momento, ele olhou nos olhos de Mason, que engoliu em seco.
Sam
– Sabe, não sei se vou conseguir um terno decente pro baile. – disse Sam.
Sam, Maria e J.J estavam estudando na biblioteca, na quarta-feira antes do Baile. Eles tinham um teste de Geografia nas próximas horas e Sam teve pouco tempo para estudar. Maria estava tentando fazê-los se concentrar, mas os garotos pareciam mais focados em conversar sobre o Baile.
– Já arrumei o meu. – J.J mordiscava o lápis, olhando para o livro de Geografia. – Comprei, é bem legal.
– Comprou? – Sam rodou na cadeira de rodinhas. – Com que dinheiro?
– Das minhas economias? – J.J corou. – Não se deve fazer essa pergunta. Não interessa…
– Ah, não começa. – disse Sam. – Nós três sabemos muito bem que somos ferrados com dinheiro. E você, Maria?
– Eu só queria estudar um pouco. – Maria deu um pequeno soco na mesa. – Bom, eu arrumei um vestido com minha mãe. É lindo.
– Sortudos. – Sam revirou os olhos.
– Por que não pede um terno pra um dos seus amigos jogadores? – J.J levantou a sobrancelha.
Sam semicerrou os olhos. J.J estava agindo estranho havia alguns dias, ele tinha um tom meio revoltado em tudo que dizia.
– Claro que não vou fazer isso. Eu conheço eles a pouco tempo.
– Você tá bem amigo daquele Harry, né? – J.J cruzou os braços. – Ah, esqueci que tudo faz parte de um plano né.
– Qual é a sua, J.J? – Sam puxou a camisa de J.J.
– A minha? Só estou falando a verdade. – J.J se soltou e olhou para Maria, que fechara o livro abruptamente.
– Desisto! – ela disse. – Se virem!
– Não, Maria! – Sam se levantou, erguendo a mão. – Eu preciso estudar pra esse teste, é sério.
– Se vira! – Maria gritou e foi embora da biblioteca.
Sam olhou feio para J.J, que também se levantou e revirou os olhos. Sam cruzou os braços e olhou para o outro lado enquanto J.J se direcionava até a saída da biblioteca.
– Merda. – Sam olhou para o livro de geografia e suspirou, pensando que seria bastante difícil estudar sozinho.
O teste foi impossível para Sam. A maioria da turma parecia bem satisfeita com seus resultados, já Sam saiu da sala bufando de ódio.
– Ei, cara. – disse Harry, encostado nos armários do corredor. – Foi bem?
– Péssimo. – Sam cruzou os braços. – E você?
– Bem. – Harry riu.
– Alguma notícia do Austin? – Sam perguntou.
– Não. – o rosto de Harry mudou, ele olhou para o chão e suspirou. – Tão investigando sobre Kelly…e o caso do fotógrafo.
– Hm. – Sam franziu a testa. – Bom, acho que logo ele vai ser liberado. Né?
– Não sei. – Harry disse. – Mas, e aí, animado pro baile?
– Cara, tenho um sério problema com esse baile. Tô sem um terno.
Harry acabou levando Sam em um brechó no Brooklyn, na quinta-feira. Os dois ficaram um bom tempo procurando um terno decente e não tão usado para que Sam ficasse pelo menos apresentável no Baile.
– Esse é legal. – disse Harry entregando um terno para Sam, que estava na cabine do brechó, experimentando um terno azul escuro.
– Gostei desse azul escuro. – disse Sam. – O que acha?
– Não. Esse aqui. – e entregou o outro terno que estava em suas mãos.
Sam gostava muito da companhia de Harry. Apesar de se conhecerem a tão pouco tempo, os dois tinham uma conexão incrível.
J.J
Park tinha chegado cedo na casa de J.J naquele sábado. Eles iriam juntos com Maria, que falou milhares de vezes para que não se atrasassem.
– Quem atrasa é ela. – riu Park, ajeitando a gravata e se olhando no espelho do quarto de J.J.
– Vocês estão tão lindos. – Eleonor surgiu com uma cerveja na mão.
Os dois riram. J.J estava tentando dar um jeito no cabelo, ele não estava acostumado a se vestir daquele jeito. E principalmente, participar de um evento repleto de fotógrafos e jornalistas.
– Aliás, esse terno é bem bonito mesmo. – Park disse, olhando para J.J. – Onde arrumou?
– Comprei. – J.J murmurou, olhando para Eleonor. Sua irmã deu um gole na cerveja e sorriu.
– Foi um presente. – Eleonor disse. – Recebi um aumento e acabei comprando pra ele.
– É. – disse J.J.
Aquele terno foi realmente comprado, mas por J.J. Com o dinheiro que recebera de Miranda, ele conseguiu quitar algumas dívidas do apartamento e comprar um terno novo para o baile. Porém Park não podia saber, pelo menos por enquanto, sobre onde e como ele tinha conseguido aquele dinheiro. E dependendo do tal anônimo, J.J iria receber muito mais do que mil dólares.
– Uau. – sorriu Park. – El, pode dar uma ajudinha nessa gravata?
Eleonor riu e foi ajuda-lo. J.J desistiu de arrumar os cabelos e deu um suspiro forte, se observando no espelho. Ele queria muito que seus pais o tivessem visto daquela forma, bem vestido e estudando em uma escola boa. Infelizmente, morreram cedo demais.
– Bom, vamos? – Park disse. – Já terminou aí?
– Já. Melhor irmos antes que Maria surte. – J.J deu um último ajuste na sobrancelha e olhou para o amigo.
J.J decidiu pagar um táxi até a casa de Maria, invés de irem de metrô. Seria bem mais confortável e não iriam amassar suas roupas. Park achou muito estranho, J.J quase nunca tinha dinheiro pro metrô, imagine para um táxi.
Os dois chegaram 10 minutos atrasados na casa de Maria. Ela morava em uma casa imensa, porém humilde, na qual ela dividia com praticamente toda a sua família. Eles foram recebidos pela tia de Maria, que pediu para que entrassem mas eles decidiram esperar a amiga na rua mesmo.
– Idiotas. – disse Maria, descendo as escadas. Ela estava realmente muito bonita, vestia um longo vestido vermelho e seus cabelos estavam arrumados em cachos bem modelados. Bem diferente de como naturalmente se vestia.
– Uau. – disse Park. – Você tá…
– Diferente. – disse J.J, abismado.
– Ora, é claro. – ela revirou os olhos. – Queriam que eu fosse de uniforme?
– Não – J.J riu. – você tá bonita, é isso.
Maria arregalou os olhos e corou.
– Valeu.
– Vamos logo. – disse Park. – Quero conhecer essa escola que vocês tanto falam.
A entrada da Escola Harper parecia o tapete vermelho do Oscar. E realmente tinha um tapete vermelho até os portões da escola, e lá estavam os muitos fotógrafos e jornalistas sedentos por uma foto e uma entrevista com a nova elite de Nova York. Os flashes iluminavam toda a entrada, enquanto os alunos passavam pelo tapete e parando para as fotos.
Os três chegaram e ficaram um tempo tomando coragem de passar pelo tapete vermelho.
– Meu Deus. – disse Park. – Isso é…
– Estranho. – disse J.J.
– Aquele é o Sam? – perguntou Maria. Sam estava posando para os fotógrafos com as poses mais toscas possíveis.
– Putz. – riu J.J. – Ele é corajoso.
– Vamos logo. – disse Maria. – Não pode ser tão ruim assim.
Eles pensaram que quando passassem, os fotógrafos iriam ignorá-los. Mas muitos começaram a tirar fotos e perguntar seus nomes. Maria foi puxada por um jornalista que pediu uma pequena entrevista.
– Como é a rotina de uma bolsista na escola Harper? – perguntou ele.
– Bom, é gratificante estudar nessa escola tão renomada. Minha rotina é simples.
– E sobre as mensagens que vocês recebem? O que pode me dizer sobre Austin Evans?
Maria franziu a testa, ela ficou meio incomodada com a afobação do jornalista. Além dele, muitos outros tentavam colocar o microfone perto da garota.
– Não sei de nada. – ela não queria se envolver com esse tipo de gente.
Maria deu as costas para o jornalista. J.J estava próximo da confusão e muitos jornalistas tentavam chamar sua atenção para uma entrevista. Ele voltou seu olhar para Maria, que puxou seu braço e o de Park, que acenava para os fotógrafos.
– Idiotas. – ela disse. – Só querem saber da droga dos Evans.
De relance, J.J viu uma figura conhecida no meio dos jornalistas. Era Miranda, só que agora ela usava um óculos vermelho bem diferente. A jornalista percebeu o olhar de J.J e piscou um olho para o garoto, ele arregalou os olhos e ignorou a jornalista.
– Sam, seu idiota, entra logo na festa. – Maria socou o ombro de Sam, que continuava a posar para os jornalistas.
– Ei! – Sam se assustou. – Não atrapalhem o meu momento.
Dentro da escola, estava um amontoado de alunos conversando e brincando. Os corredores estavam todos decorados com faixas douradas e prateadas com os escritos “SEJAM BEM-VINDOS A UM NOVO ANO LETIVO”. Até mesmo os professores estavam presentes, conversando entre si no meio dos corredores. A treinadora Alma e o técnico do time de futebol pareciam bem ocupados em uma discussão frenética sobre o campeonato desse ano.
Os quatro seguiram para o ginásio interno, no qual já dava para se ouvir a música nas alturas.
– Uau. – disse Park, abobalhado, olhando os corredores da Harper. – Aqui é bem legal.
– É. – Sam surgiu atrás deles. – É incrível. – e olhou sério para J.J.
J.J ignorou a presença de Sam, ele realmente não se importava com seu plano aproveitador. Contando que ele não atrapalhasse seu plano de informar Miranda, pagar suas contas eram sua prioridade naquele momento.
O ginásio estava surpreendente. A equipe de organização do baile havia escolhido o prata e o dourado como cores principais para a decoração do baile, estava tudo muito lindo. Além de faixas e luzes, havia imensos balões prateados e dourados que flutuavam pelo ginásio e também um palco repleto de luzes, onde um DJ estava tocando uma música eletrônica.
– Uau. – disse Park, novamente.
– Realmente. – Maria disse. – Estou chocada.
– Ei, sejam bem-vindos! – uma voz surgiu ao lado deles, na entrada do ginásio. Era Mason. – Vocês, principalmente, já que são os novos bolsistas da Harper.
– Ah, valeu. – disse Maria.
– Valeu. – disse J.J.
– E aí! – Sam deu um soco no ombro de Mason, que recuou e arregalou os olhos, sorrindo.
– Oi. – Mason semicerrou os olhos, ainda com um sorriso no rosto. – Qualquer coisa que precisarem, me chamem. Sou o líder da equipe de organização do baile.
– Pode deixar. – disse Maria. – E parabéns pelo trabalho, está tudo lindo.
Eles entraram e foram em direção à mesa onde estava sendo servida o jantar e também as bebidas.
– Isso tem álcool? – perguntou Park, cheirando o copo cheio de ponche.
– Não. – disse Sam. – Por enquanto.
– Oi? – Maria parou de se servir de ponche, olhando sério para Sam. – O que disse?
– Nada. – Sam riu. – Preciso dar um volta. Falou.
Sam foi embora, e Maria olhou séria para J.J, que deu um leve sorrisinho.
– O que foi o que eu ouvi? – ela perguntou.
– Sei lá. – ele deu de ombros.
Harry
Harry não tinha muita paciência para tudo aquilo de fotógrafos e tapete vermelho. Ele decidiu não parar para fotos, apesar de ouvir alguns gritos por seu nome. Ao entrar na Harper, percebeu que os seguranças não estavam sendo muito rigorosos e sentiu um breve alívio.
Ele foi direto até as arquibancadas, os corredores estavam tão cheios que ninguém percebera. No lugar onde ele tinha como um santuário nas arquibancadas, ele pegou as garrafinhas de vodka que ele havia escondido. Maggie parecia não ter descoberto das bebidas escondidas, e também não parecia estar ali naquele momento. Mas ele não podia duvidar da garota, ela poderia surgir a qualquer momento.
Voltando para a escola, ele acabou encontrando Travis saindo do banheiro.
– E as bebidas? – ele perguntou.
– No bolso do meu terno. – Harry abriu o terno e lá estavam as três garrafinhas de bebida.
– Essa festa vai ser incrível. – riu Travis.
Não demorou muito para que ele, Travis e Sam se reunissem para discutir o plano para derramar vodka no ponche.
– Temos que esperar as pessoas saírem um pouco da mesa. – disse Harry. – Tem muita gente querendo comer agora.
– Sim. – disse Travis. – E as câmeras.
– Isso é tranquilo. – Sam riu.
O diretor Hopper subiu ao palco, interrompendo o DJ, para dizer o texto de boas vindas aos alunos. E assim, todos os alunos acabaram indo em direção ao palco, e foi a melhor oportunidade para os garotos.
– Vamos. – Sam sussurrou.
Enquanto Travis jogava a vodka na imensa tigela de ponche, Sam e Harry ficavam ao seu redor para tampar qualquer visão que as câmeras poderiam ter. Os três não paravam de rir.
– Vamos misturar. – disse Harry, pegando a conha e mexendo o ponche. – Isso deve estar muito forte.
– Que nada. – Sam pegou a concha e se serviu de ponche. – É…tá bizarro.
Jade
– Você sabe da Emily? – perguntou Jade a Bridgit. As duas estavam ouvindo o diretor Hopper falar em cima do palco. Ela não teve notícias de Emily desde o dia anterior.
– Ela falou que provavelmente não viria. – Bridgit murmurou. – Por causa do Austin.
– Hm. – Jade franziu a testa. Não suportava o drama de Emily.
– Não sei como você conseguiu vir, Jade. – Bridgit olhou para a amiga. – Sério.
– Meu pai disse que eu precisava vir. Mostrar resiliência.
Passar pelo tapete vermelho não foi uma tarefa fácil para Jade. Os fotógrafos não paravam de tirar fotos e os jornalistas quase disputavam uma guerra para chamar sua atenção. Ela simplesmente ignorou a todos os chamados, posando apenas para as fotos. Ouvir as perguntas sobre Austin foi a pior parte para Jade, ela tentou se segurar para não derramar uma lágrima.
– Você é muito forte. – Bridgit disse. – Eu não conseguiria vir.
Jade tentou focar nas palavras do diretor Hopper, que agora falava sobre serem fortes quanto aos tempos difíceis que poderiam ter que enfrentar.
– Isso é sobre as mensagens, certeza. – Bridgit sussurrou.
Jade engoliu em seco, já não conseguindo conter as lágrimas. Ela se odiou muito naquele momento.
– Eu vou tomar um ponche.
Jade foi até a mesa, serviu-se de ponche. Ela viu Harry, Travis e aquele garoto, Sam, saírem de perto da mesa com um enorme sorriso no rosto. Ela suspirou, como que eles conseguiam sorrir enquanto Austin, o melhor amigo deles, estava preso e sofrendo em uma cela a quilômetros dali.
– Idiotas. – ela murmurou, bebendo o ponche. Logo ela descobriu o motivo das risadas, o gosto de vodka estava bem evidente naquele ponche.
Jade fechou os olhos, sentindo o gosto da bebida. Ela só queria aquilo no momento, se embriagar para esquecer dos problemas.
– Ai você me deixa ali sozinha. – Bridgit chegou, reclamando. – Esse ponche está bom? – e se serviu do ponche.
– Uma delícia. – Jade sorriu.
Mason
Tudo estava saindo como planejado. Mason estava muito satisfeito com o sucesso que estava sendo aquele baile. Apesar de algumas pessoas estarem parecendo levemente alteradas.
Tinha passado uma hora depois do início da festa, Mason caminhava pelo ginásio e percebia as risadas descontroladas e danças estranhas de alguns alunos. Principalmente de Jade, que estava sentada com Bridgit e os meninos do futebol. O grupo parecia um pouco alegre demais para quem estivesse bebendo apenas aquele ponche água com açúcar.
– Oi, pessoal. – disse Mason, chegando na mesa onde eles estavam sentados.
– Senta aí, cara! – aquele Sam West disse.
– É, senta aí, Mason! – Bridgit gritou.
– Ei, calma. – Mason franziu a testa e olhou para Jade, que estava dando uma golada no ponche. – Está tudo bem com vocês?
– Tudo ótimo. – sorriu Travis.
– Onde está Emily, Travis? – Mason perguntou, ainda sem tirar os olhos de Jade.
O garoto reprimiu um arroto comprimindo a mão sobre a boca, ele deu uma risada e respondeu:
– Ela não tava se sentindo no clima. Sabe, por causa do Austin.
– Sei. – Mason semicerrou os olhos. Ele duvidava daquela história. – Vai tudo se resolver logo.
– Tomara. – Harry olhou nos olhos de Mason. – Conhece nosso novo amigo Sam?
Sam olhou para Mason, que o olhou de cima a baixo. Ele não confiava muito naqueles novos alunos.
– Sim. – Mason sorriu. – Seja bem-vindo.
– Já me disse isso, cara. – Sam gargalhou. – Quer um pouco de ponche?
– Ok, é sério. – Mason colocou a mão sobre a mesa e se aproximou deles. – O que colocaram na droga desse ponche?
Todos riram, inclusive Jade. Travis puxou o ombro do paletó de Mason e sussurrou:
– Um pouquinho de alegria nessa festa de merda.
Mason suspirou e deu as costas para o grupo. Ele não acreditava que aqueles idiotas tinham colocado bebida no ponche, isso poderia arruinar todo o baile e ainda arrumar encrenca para os organizadores.
– Ei. – Mason sentiu uma mão em seu ombro. Ele virou-se e era Harry. – Não escuta o Travis, ok?
– O que você quer? Você deve ser cumplice dessa merda toda.
– Sim, eu sei. – Harry riu. – Mas nada disso foi pra acabar com o baile. Foi só pra…
Nesse momento, o DJ começou a tocar uma música diferente. Era um som de trombetas anunciando algo. Mason sabia que música era aquela, já estava na hora de anunciar o rei e rainha do baile. Ele tinha se esquecido totalmente dessa parte.
– Tenho que ir. – Mason foi em direção ao palco. Ele era o responsável em fazer o sorteio.
O Rei e Rainha seriam escolhidos a partir de um sorteio onde os alunos colocaram seus nomes, ou o nome do casal. Mason subiu as escadas até o palco e viu o diretor Hopper conversando com o DJ.
– É hora do sorteio, diretor. – Mason o lembrou. Hopper parecia estar discutindo com o DJ.
– Ah. – ele disse. – Eu falei para ele parar de palhaçada com essa música…
– Não. – Mason riu. – Foi combinado.
Mason pegou o microfone que estava a sua frente, enquanto duas meninas da equipe de organização subiam com uma caixa colorida onde estava os nomes dos alunos.
– Boa noite, Escola Harper! – Mason disse. – Me perdoem por interromper a música de vocês, sei que estão curtindo bastante o baile. – vários alunos gritaram “SIM!”. – Bom, é um dos momentos mais esperados da noite. Iremos realizar o sorteio do Rei e Rainha do baile de boas vindas!
Todos aplaudiram, inclusive o diretor Hopper que parecia meio incomodado com toda aquela situação.
– Vocês colocaram seus nomes aqui dentro desta urna. – Mason apontou para a caixa de papelão colorida. – Muitos querem ter a honra de serem sorteados. E não fiquem chateados se não forem, haverá mais bailes no decorrer do ano. Certo, diretor?
Os alunos gritaram, Hopper deu um sorriso amarelo e assentiu com a cabeça.
– Bom, vamos ao sorteio. – Mason foi até a urna, colocou a mão e sacudiu os pedaços de papel que estavam lá dentro. – Uau, quanta gente.
Todo o baile fez silêncio, até mesmo os alunos que estavam mais animados do que deviam. As luzes do ginásio se concentraram em Mason, ele começou a ficar um pouco nervoso com toda aquela atenção.
Ele sentiu um papel no fundo da urna, o prendeu em seus dedos e puxou.
– O que? – disse Mason ao ler o nome do casal escrito no papel. – Austin e Emily?
– Como? – Hopper pegou o papel da mão de Mason.
– Eles devem ter se inscrito antes dele ser… – uma das meninas disse.
Todos do baile começaram a comentar, não tinha como eles dois serem o Rei e Rainha já que não estavam presentes. Mason pegou o papel de volta e disse pelo microfone:
– Bom, Austin e Emily não estão presentes no momento. Vamos sortear outro casal…
– Mason… – Hopper começou.
E naquele momento, Mason virou o rosto para o diretor que tinha o olhar fixo no outro lado do ginásio. Os holofotes sobre o palco se voltaram para a entrada, onde duas pessoas estavam paradas, sorrindo.
Era Austin e sua namorada, em um lindo vestido prateado, Emily.