Sam
– Tá, agora me fala o motivo de todo esse surto. – Sam disse.
Os dois caminhavam pelas ruas ao lado da Times Square que estavam um pouco iluminadas pelo rastro das intensas luzes dos painéis luminosos. Eles tiveram que ir para um lugar mais calmo por causa da quantidade de pessoas e paparazzis tirando fotos e fazendo perguntas.
– Meus pais querem que eu case com Max. – disse Jade, sussurrando, colocando as mãos nos bolsos do sobretudo. – Eles…eles sabem que nós dois juntos recebemos bastante atenção da mídia e ganharíamos dinheiro, trabalhos, essas coisas.
– Isso é um absurdo. – Sam franziu a testa. – Não podem fazer isso. – ele mordeu um pedaço da língua, precisava falar logo sobre a visita de Max à mercearia de seus pais.
– Na verdade, eles podem. Mas agora não mais. – Jade virou-se para ele, sorrindo. – Agora a pouco eu juntei o útil ao favorável. Você não percebeu?
– Como assim?
– Ser vista com você em plena Times Square, lotada de gente com celulares e paparazzis. Não vai demorar para que todos saibam de nós dois. O Twitter deve estar fervendo a essa hora.
– Então aquilo tudo foi uma encenação? – Sam parou e encarou Jade, ela arregalou os olhos e abriu a boca. – Para a mídia?
– Me deixe terminar. – Jade disse. – Com a notícia que eu estou com outra pessoa, sem ser Max, eles não podem me obrigar a do nada voltar com ele. Vai ficar estranho, sabe? As pessoas vão começar a investigar. Hoje em dia tudo vira assunto para uma thread no Twitter. E…bom, a parte favorável é que eu realmente gosto de você, Sam.
Sam respirou aliviado. Por um momento ele tinha pensado que estava sendo usado por Jade, para que seus pais não a obrigassem a se casar com aquele idiota.
– Então, realmente estamos namorando. – ele disse. – De verdade?
– Você disse que topava. – ela se aproximou dele, suas bocas ficaram bem próximas. – Já aviso que não é fácil ser namorado de Jade Evans.
– É claro que eu topo. – Sam riu. – Eu aguento o tranco.
Os dois se beijaram novamente. Para Sam, aquilo tudo ainda parecia um pouco surreal. Talvez por que tinha acontecido rápido demais e ainda havia uma leve desconfiança que Jade poderia estar lhe usando para afastar Max. Mas ele também achava que poderia ser paranoia da sua cabeça.
– Também preciso contar uma coisa. – ele disse, percebendo que o celular de Jade não parava de vibrar em sua bolsa. – Aconteceu hoje. Max foi na mercearia dos meus pais, sabe, eu trabalho lá depois da escola.
– Ele foi fazer o que lá? – ela arregalou os olhos e segurou no braço de Sam.
– Bom, ele me ameaçou. Falou para eu manter distância sua e da sua família. – ele ficou sério. Estava pensando de mencionava o fato de Max estar armado.
– Ele é um idiota. Não ligue para o que ele diz.
– Sim. – Sam assentiu. – Eu disse umas poucas e boas pra ele, sabe?
Jade sorriu e beijou-o novamente.
– Fique tranquilo que ele não vai mais nos perturbar. Espero.
– É. – Sam retribuiu o beijo. – Espero.
Emily
Emily sempre gostou de ser o centro das atenções. Mas não daquela maneira.
Ao chegar na Harper, ela percebeu os olhares direcionados a ela e alguns cochichos e risinhos. Ela deu um longo suspiro e continuou caminhando pelos corredores, tinha muito o que fazer naquele dia.
– Ei. – disse Bridgit quando Emily passou por ela, próximo à estante repleta de troféus que ficava exposta no corredor. – Pode nos dar um pouco de atenção?
Bridgit estava acompanhada por Jade, que olhava Emily com uma certa frieza. A jovem encarou o rosto das duas amigas e assentiu, ela realmente precisava desabafar com alguém.
– Precisa nos explicar tudo. – disse Jade. – Austin já falou com você?
– Não. – Emily sussurrou. – Podemos ir para algum lugar mais reservado?
As três foram até o banheiro feminino mais próximo. Bridgit vasculhou se tinha alguém nas cabines e acabou encontrando uma novata que participava da banda da escola. Ela levou um susto quando a líder de torcida abriu a porta da cabine e a expulsou de lá.
– Ok. – Bridgit disse. – Estamos sozinhas. Agora, do início. – ela encarou Emily, que sentou sobre a bancada de mármore onde ficava as pias.
– Eu e Ben tivemos um caso no ano passado. – Emily disse, já querendo chorar. – Eu e Austin não estávamos juntos oficialmente. – ela reparou o olhar de Jade.
– E essa história da dívida? O que você está devendo a ele? – Bridgit perguntou. Jade e ela se entreolharam.
– É tudo mentira. – Emily disse, balançando a cabeça. – Aquela maldita da Maria inventou tudo aquilo pra…
– Fale a verdade, Emily. – Jade se aproximou da garotas com os braços cruzados. – Ben está envolvido com drogas, não está? E você também.
– O que? – Emily arregalou os olhos. – Não! Isso é invenção da Maria! Ela é o anônimo!
Jade sorriu e revirou os olhos. Bridgit abaixou a cabeça e encarou seus sapatos. Emily estava tensa demais.
– Não acreditam em mim. – Emily disse, com os olhos cheios de lágrimas.
– Olha, Emily – disse Bridgit. – A gente viu você usando…lembra aquela festa? – ela olhou para Jade.
– Sim. – Jade disse. – Te encontramos no banheiro. Suas pupilas pareciam que iam explodir de tão dilatadas.
Emily arfou, não lembrava disso. Realmente, em uma festa durante as férias, Jade e Bridgit encontraram Emily passando mal no banheiro. Ela tinha ido além da conta naquele dia.
– Não…eu… – Emily não tinha escapatória.
– Ben está envolvido com drogas, não é? – Bridgit concluiu. – Você está devendo dinheiro a ele. Diga a verdade.
Emily suspirou, as lágrimas finalmente caíram sobre seu rosto. Uma aluna entrou no banheiro nessa hora, seus olhos foram diretamente para Emily e depois para as duas amigas. Dessa vez foi Jade que gritou para que ela fossem embora.
– Sim. – Emily sussurrou. – A gente ficava praticamente para se drogar…eu paguei ele com o dinheiro da minha conta. Acabou tudo. – ela olhou para as amigas. – Paguei com meu corpo.
– E agora ele está te cobrando. – Jade balançou a cabeça. – Desde quando?
– Pessoalmente, no baile. Mas ele vivia me mandando mensagens. Austin nunca descobriu.
– Ele está realmente abalado. – Jade disse. – Não está ruim só para você. Tem que deixar claro que não o traiu.
– Sim. – Bridgit concordou. – Quando você iria pedir ajuda? Quando ele te matasse? Essa gente que lida com drogas não está de brincadeira, Emily!
– Eu não queria que soubessem. – Emily arfou.
– Mas contou para a bolsista. – Jade ergueu uma sobrancelha. – O que você tem na cabeça?!
– Ela é está por trás dessas mensagens. Precisam investigar a vida dessa garota…ela vai acabar com todos nós!
Bridgit e Jade se entreolharam novamente. Elas não pareciam acreditar muito na hipótese de Maria ser o anônimo, ela parecia um tanto inofensiva.
– Pode ser. – disse Bridgit. – Mas não dá pra colocar ela na fogueira assim, né?
– Sam ficou de descobrir. – Jade disse. Emily e Bridgit deram risinhos xoxos. – O que é?
– Você e Sam West, hein? – riu Bridgit.
Jade ficou vermelha. As três amigas riram em conjunto, havia muito tempo que elas não riam daquela maneira.
– É. Aconteceu. – Jade murmurou, sonhadora.
– O que foi aquele beijo na Times? A internet toda está comentando. – Emily disse.
– Aquilo foi para afastar um encosto da minha vida. – Jade cruzou os braços. – Max voltou. – Emily e Bridgit arregalaram os olhos. – Me pediu em casamento em frente aos meus pais. Papai queria que eu aceitasse.
– Ele… – Emily começou.
– Ele é um manipulador desgraçado. – Jade interrompeu. – Ele e Victoria terão que aceitar meu namoro com Sam e pronto.
– Tem razão. – Bridgit disse, suspirando. – Bom, acho melhor irmos. O treino começa daqui a pouco.
– Calma. Temos que arrumar um jeito de acabar com essa perturbação do Parker. – Jade disse, apontando para Emily.
– Dinheiro. Ele só quer dinheiro. – Emily sussurrou, voltando a ficar nervosa.
Jade franziu a testa e encarou o rosto de Emily. As duas pareciam estar voltando a ficar de bem, apesar de Jade ainda ter raiva de quando ela e Austin chegaram no baile sem avisar.
– Vamos pagá-lo, então. – disse Jade.
– Sério? Eu…eu não tenho dinheiro.
– Bom, eu posso ajudar um pouco. – disse Bridgit. – Posso pedir…
– Não. – Jade interrompeu Bridgit. – Eu pago.
Emily abriu a boca, completamente chocada. Jade lhe lançou um sorriso:
– Só desta vez, Hopper.
– Jade, eu… – Emily franziu a testa. – Muito obrigada.
– Não se preocupe. Apesar das nossas diferenças, somos amigas, lembra? – Jade abriu a porta do banheiro. – Agora, vamos. Alma vai nos matar se chegarmos atrasadas.
Emily estava chorando novamente. Ela concordou e as três saíram juntas do banheiro, em direção ao campo de futebol.
Harry
Estavam no intervalo entre a aula de História e a de Artes. Harry e os meninos Austin, Travis e Sam conversavam na área externa da escola, onde os alunos conseguiam se sentar nos bancos de concreto para pegar um pouco de ar.
Harry não parava de pensar na noite anterior, e em Mason. Ele ainda não tinha respondido suas mensagens. Ele também percebeu que Austin estava um pouco desconcertado, parecia que sua mente estava em outro planeta…e também evitava trocar olhares com Sam.
Todos na escola só comentavam sobre o estranho e surpreendente beijo de Sam West e Jade Evans em plena Times Square. Harry não teve um tempo a sós com o amigo, mas estava doido para perguntar em como e quando isso aconteceu.
– Já falou com Emily, Austin? – Travis perguntou, mastigando o cadarço que fechava o capuz de seu casaco.
– Não. – Austin falou, era uma das poucas vezes em que ele tinha aberto a boca naquele momento. – Vou esperar até o fim do dia.
– Ela deve estar bem abalada. – Sam murmurou. – Tem que falar com ela, cara.
Harry viu que Austin fechou os olhos, suspirou e virou para encarar o rosto de Sam. Ele já sabia o que iria acontecer.
– Não me venha dar conselhos sobre o meu relacionamento com Emily. Eu mal te conheço. – Austin disse.
– Não me conhece? Olha, primeiramente você nem tenta me conhecer. – Sam ergueu o dedo indicador, franzindo a testa. – E agora, vamos ter bastante tempo para nos conhecer. – ele riu. – Já viu as notícias de hoje?
– Idiotas. Por isso que ela saiu daquele jeito. – Austin balançou a cabeça negativamente. – Você arrumou um problemão, West.
– Bom, eu e Jade somos namorados agora. Vai ter que me aturar, Evans. – Sam cruzou os braços e lhe lançou um sorriso largo.
– Como isso aconteceu? – Harry perguntou. – Quando, como, onde…
– Nos conhecemos melhor no baile. – Sam disse, Austin lhe lançou um olhar fulminante. – Depois nos encontramos pela escola, conversamos e…bom, ontem ela me chamou para sair.
– Ela te chamou? – Travis riu. – Caraca, que sorte.
– Qual é a sua? – Austin olhou para Travis, que bateu nos ombros do amigo.
– Relaxa, Austin. – Travis disse. – Sam é gente boa. Prefere aquele idiota do Max Peterson?
Austin esfregou os dedos nas têmporas. Sam deu um pigarro e voltou-se para Austin.
– Ela me contou.
– Sabia. – Austin disse. – Ir em plena Times Square pra te pedir em namoro, isso não é comum. Nem para Jade.
– O que houve? – Harry e Travis perguntaram, ao mesmo tempo.
– Max Peterson voltou para pedir Jade em casamento. – Austin disse. – Bom, teve toda uma confusão. Logo em seguida ela chamou esse aí pra sair.
– Casamento?! – Harry abriu a boca. – Que cara surtado!
Austin concordou, em silêncio. Harry mordiscou a bochecha, pensando que aquilo de pedir Jade em casamento parecia muito uma tentativa de golpe. Sam continuou falando de Jade como se Austin não estivesse ali, Harry e Travis riam a cada frase que o garoto falava. Austin permaneceu quieto.
O sinal estava prestes a tocar novamente, anunciando que os alunos deviam retornar para a classe. Harry viu Ben Parker e Michael vindo em direção a eles. Ele suspirou e pensou em alguma forma de distrair Austin, mas o amigo já olhava para Ben.
– E aí caras. – Michael ergueu a mão para os garotos. Ben permaneceu calado.
– E aí. – disse Travis, olhando sério em direção a Ben.
Um silêncio extremamente tenso pairou entre eles, Harry torcia para que eles fossem embora logo ou que Sam fizesse alguma piada para quebrar o gelo. Mas em vão.
– Austin, queria falar com você. – Ben murmurou.
– Eu não tenho nada pra falar com você. – Austin se levantou com os punhos cerrados. – Drogado de merda.
– É tudo mentira. Esse anônimo quer foder com a minha vida e a de Emily…
– Não toque no nome de Emily, seu merdinha. – Travis se virou contra Ben. – Se você se meter com a minha irmã novamente, eu acabo com a sua raça.
– Ei! – Michael gritou. – Queríamos só conversar!
– Não se meta, Michael. – Austin apontou o dedo para o garoto. – O assunto aqui é entre nós e Parker. – ele se virou para Ben – Venda suas drogas bem longe daqui. Se eu souber que você anda vendendo suas merdas pela escola, para Emily, para qualquer pessoa…eu transformo a sua vida em um inferno.
– A minha vida já é um inferno, Evans. – Ben praguejou. – Você não pode me julgar. Vive uma vida repleta de luxo mas a sua cabeça não é a das melhores, não é? Vive tendo surtos, foi preso por agressão – ele riu. – …não sei como não se rendeu às drogas como a sua namoradinha. Aliás, fiz bom proveito daquele corpinho de líder de torcida dela.
Travis e Austin partiram para cima de Ben. Harry e Sam seguraram os dois pelos ombros enquanto Michael tentava afastá-los de Ben. Os outros alunos começaram a gritar e alguns pegaram seus telefones para filmar a confusão. Austin parecia um animal descontrolado, Sam não conseguiu mantê-lo preso o bastante e ele disparou em direção a Ben. Em tempo, Michael empurrou o garoto para longe do amigo.
– Chega! – um homem coberto por um moletom da Adidas se meteu entre os garotos. Era o técnico do time de futebol. – O que estão fazendo?!
– Técnico… – Harry tentou falar.
– Não quero saber. – ele disse. – Mais uma briga dessas e estão expulsos do time.
– O que? – disse Austin. – Não pode fazer isso.
– Ah, Evans. – o técnico se virou. – Sim, eu posso. Seu pai tem um poder muito grande até dentro da Harper, eu sei. Mas as decisões do time quem decide sou eu. E apenas eu.
Austin se calou, assim como os garotos. O técnico se virou para o resto dos alunos e os expulsou da área externa.
– Agora, vamos. – ele disse. – Todos para a aula.
No caminho para a aula de Artes, Harry percebeu que Austin desviou o caminho para o corredor onde ficava os laboratórios. Naquele horário, as salas estavam sendo usadas e havia pouco fluxo de alunos.
– Ei! Vamos perder a aula. – Harry disse.
– Venham. – Austin disse. Os 3 garotos se aproximaram.
– Nunca mais façam isso. – Harry olhou para Austin e Travis, os dois arfavam. – Sério.
– Ele pediu. – Travis cruzou os braços. – Eu queria tanto afundar a minha mão na cara dele…
– Esquece o que aconteceu. – Austin suspirou. – West.
Sam arregalou os olhos e encarou Austin.
– O que? – ele perguntou.
– Mais que nunca, o que você descobriu sobre o anônimo? Lembra que te mandei conferir com seus amigos bolsistas?
– Ah. – Sam corou e olhou para os lados. – Bom, realmente eles não são o anônimo. Maria…
– Qual é a dessa Maria? – Travis perguntou. – Emily cismou com ela.
– Bom, Emily e Maria conversaram sobre o caso – ele olhou para Austin e se sentiu incomodado. Harry engoliu em seco. – que ela teve com Ben, antes de namorar com Austin. Apenas Maria sabia sobre o caso dos dois, foi daí que Emily pensou que ela poderia ser o anônimo.
– E Ben não iria se expor dessa forma, vendendo drogas ou não. – disse Harry, ele olhou para Sam. Sabiam que estava na hora de comentar. – Mas há um porém.
– Qual? – Austin perguntou. – Até agora tudo indica que Maria realmente é o anônimo.
– Pode ser. – Harry disse, Sam protestou. – Mas Emily e Maria conversaram sobre o caso em um local específico. Nas arquibancadas.
Os garotos ficaram em silêncio. Austin e Travis franziram a testa e encaravam Harry, não estavam conseguindo acompanhar o raciocínio. E com razão.
– Bom, nos momentos em que eu sumia de vista,– Harry disse, entrelaçando os dedos. – eu estava nas arquibancadas. Fumando um cigarro, lendo um livro…sei lá, era um lugar em que eu gostava de ficar.
– Você é bem estranho, Harry. – Austin disse. – Continue.
– Eu fico em paz lá. – Harry revirou os olhos. – Mas há pouco tempo, descobri que mais alguém habitava e se escondia nas arquibancadas.
– Nem sabia que dava para se esconder lá. – Travis riu.
– Enfim. – Harry disse. – Uma menina, que vocês não devem conhecer.
– Do clube de cinema. – Sam disse.
– Nem sabia que existia um clube de cinema. – Travis disse, Austin riu e concordou.
– E pelas minhas fontes, – Sam disse. Harry deu um risinho. – ele tem um ódio muito grande pelas pessoas dessa escola, e principalmente pela sua família, Austin.
Austin ficou vermelho, agora realmente ele estava acompanhando o pensamento de Sam e Harry.
– É meio óbvio. – Harry disse. – Pode ser, ou não. Uma menina totalmente excluída, invisível aos nossos olhos.
– Ela escutou a história de Emily. – Austin disse. – Q-Qual o nome dela?
Harry suspirou. Ele estava odiando fazer aquilo. Maggie estava sendo uma boa companheira nas horas em que ele ficava isolado nas arquibancadas, além dela ter sido a primeira pessoa que realmente o compreendera. Ele poderia estar com suas hipóteses totalmente erradas, mas era a pessoa mais óbvia em que ele pensava.
– Maggie. – Harry disse.
– Você conversa com ela? – perguntou Austin.
– Às vezes.
– Bom. – Austin suspirou, tentando se acalmar. – Tire o máximo de informação dela, Harry. Por favor.
– Ok. – Harry concordou, abaixando os olhos. – Vou tentar.
Os três ficaram em silêncio por um momento. Harry estava se sentindo muito mal por aquilo, ao mesmo tempo que queria resolver o caso do anônimo, ele não queria fazer mal à Maggie.
– Estamos perdendo a aula. – Sam sussurrou.
– É, vamos. – Austin disse. Os três voltaram, pensativos, ao corredor.
Mason
A internet estava em chamas, literalmente. Controlar as redes sociais de Jade nunca tinha sido tão difícil, não parava de chegar mensagens e e-mails das marcas nas quais ela era garota propaganda.
– Olha, Jade, você é louca. – disse Mason, quando eles saíram do treino. – Assistir às aulas, participar do treino e monitorar suas redes…não sei se consigo.
– É claro que consegue. – Jade sorriu. – Sempre conseguiu.
Mason não havia contado sobre sua mãe para as amigas, ele preferia deixar de lado esses detalhes de sua vida. Nem para Harry ele havia contado. Aliás, o relacionamento com o garoto permanecia em segredo.
– Você precisa postar uma foto com Sam. – Mason disse, quando eles guardavam seus uniformes no armário. – É o que o momento está pedindo! A foto que o TMX publicou de vocês se beijando em plena Times Square já passou de 600 mil curtidas!
– Vou postar um storie. – Jade pegou o celular e arrumou os cabelos. – Estou bem?
– Sim. Coloca um efeito, vai disfarçar as olheiras. – riu Mason.
– Olha quem fala! – Jade disse. – Não sou a única com olheiras. O que tem aprontado, Mason?
Mason riu. Não podia comentar sobre Harry, então precisava inventar alguma desculpa.
– Dever de casa.
– Estou com vários atrasados. Vou ter que pedir que faça alguns para mim, te dou um aumento depois.
– Ah – ele disse, dando um sorriso amarelo.– Tudo bem!
Estavam no final do dia quando recebeu a mensagem de Harry. Ele pediu para que Mason fosse até as arquibancadas, o lugar onde ele tanto falava. Ao chegar lá, se surpreendeu ao perceber que o garoto realmente tinha um esconderijo, e o lugar realmente estava deserto.
– Por isso que gosta tanto daqui. – disse Mason. – Que silêncio.
– Me ajuda a pensar. – Harry sorriu.
Os alunos estavam realizando as suas atividades finais do dia então não seriam perturbados naquele momento, e quando o sinal tocasse anunciando o final das aulas, estariam finalmente livres daquele lugar.
– Ninguém vai nos ver aqui? – disse Mason.
– Bom, não sei. Esse lado das arquibancadas não é muito movimentado. – Harry se sentou de frente para Mason. – Mas não sou o único que fica aqui. Descobri isso há poucos dias.
– Como assim? – Mason se sentou ao lado dele. – Isso são cigarros?
Mason olhou para baixo e viu que havia uma sacola plástica escondida abaixo do assento da arquibancada. Na sacola, estavam alguns maços de cigarro e livros nos quais ele não conseguiu ler o título.
– É, eu fumo um pouco aqui. – Harry riu. – E leio.
– Lê o que? – Mason olhou para ele. – Vamos fumar, então.
Harry retirou um dos maços da sacola e acendeu dois cigarros, um para ele e outro para Mason.
– Leio de tudo. – Harry disse. – Livros de autoajuda, de história, ficção.
– Bom saber. – riu Mason. – Posso te dar uns livros de presente.
– Eu adoraria. – Harry sorriu e olhou nos olhos de Mason. – Por que não respondeu minhas mensagens?
– Se você soubesse da quantidade de trabalho que tive depois que Jade decidiu pedir Sam West em namoro…
– Ah – Harry concordou. – esqueci que você trabalha para Jade. Como aguenta?
– É isso ou não trabalhar. – Mason disse. – Eu gosto. Me deixa bem informado, sabe? Conheço pessoas influentes.
– Hm. – Harry semicerrou os olhos. – Já descobriu alguma coisa sobre o anônimo?
– Esse seu tom de desconfiança. – Mason fez uma pausa. – Está desconfiando de mim, Harry Cooper?
– Não! Jamais! Na verdade, eu queria te pedir um favor.
– Pode falar. – Mason franziu a testa, estava estranhando aquele assunto do nada.
– Conhece Maggie? Do clube de cinema.
Mason conhecia aquele nome de algum lugar, mas não conseguia lembrar da aparência de Maggie.
– Cabelos púrpura, gótica. – Harry gesticulou com as mãos.
– Ah, sei. – Mason disse. – Eu trabalhei com ele sobre o documentário sobre o time de futebol mas houve alguns desentendimentos. Ela é bem…estranha?
– Sim. – Harry encarou Mason. – Ela é quem também fica por aqui. Nas arquibancadas.
Mason franziu a testa. Não conseguia entender onde Harry queria chegar e qual seria o favor que ele iria lhe pedir e a relação com Maggie.
– Ah. Vocês são amigos? – Mason disse.
– Um pouco. Ela que…ela que conversou comigo sobre minha sexualidade. – Harry abaixou os olhos. Mason deu um risinho. – Mas o que eu quero dizer que…eu e Sam levantamos essa hipótese.
– Uma hipótese. – Mason riu. – E qual seria?
– A história de Maria e Emily. – Harry gesticulava mexendo as mãos sobre o assento, como se as informações fossem peças de um jogo. – Emily contou sobre o caso com Ben para Maria aqui nas arquibancadas.
– Entendi aonde você quer chegar. – Mason ergueu a mão. – Maggie é o anônimo.
– Calma. E de acordo com Sam, J.J lhe disse que Maggie tem um ódio imenso pela Harper e pelos Evans.
Mason engoliu em seco. Até que as suposições de Harry faziam sentido, mesmo ele sendo meio cismado com tudo e com todos.
– Ok. E o que eu tenho a ver com isso?
– Queria que vasculhasse um pouco da vida de Maggie na internet. Você é bom nisso, não é?
Mason sorriu, ele realmente o conhecia. Harry nem precisou terminar de falar para ele já descobrir aonde aquela conversa iria chegar. A vida de Maggie na internet.
– Não é meio óbvio? – disse Mason. – A menina nerd desconhecida e invisível querendo acabar com os famosos e riquinhos da escola?
– Sim. – Harry concordou. – Mas precisamos eliminar algumas peças, certo? Eliminar no sentido de não ter provas contra…
– Eu entendi. – Mason assentiu e olhou para o garoto. – Me chamou só para isso?
Mason percebeu que Harry corou um pouco. Ele adorava deixa-lo sem jeito.
– Eu…
– Tudo bem, idiota. Só estou brincando com você. – Mason se aproximou de Harry, que recuou um pouco.
– Não acha perigoso…alguém pode nos ver.
Mason fechou a cara. Ele recuou e encarou o rosto de Harry com a expressão vazia.
– Uma hora vai ter que contar, Harry.
– Eu sei. – disse Harry. – Mas não agora. Por favor.
Mason suspirou e assentiu. Ele se levantou e jogou o resto de seu cigarro no assento e pisou para apagá-lo.
– Vou fazer o que mandou. – Mason disse, muito sério. – Até mais.
– Ei, não fique assim. – Harry segurou sua mão. – E obrigado.
Mason assentiu e caminhou até a saída das arquibancadas. Harry abaixou a cabeça e encarou o cigarro de Mason, apagado e amassado. O garoto soltou a fumaça pela boca e cobriu os olhos com as mãos, pensando em quando e como iria se explicar para sua mãe e seus amigos.
Emily
O céu de Nova York começava a escurecer quando Emily chegara no imenso apartamento dos Evans para conversar com Austin. Ao chegar, logo percebeu que a ideia tinha sido péssima pois Victoria e Morgan Evans estavam enfurecidos. O casal não parava de falar ao telefone e gritar entre si, e por pouco que Emily quase passara despercebida pelos dois. Não havia sinal de Jade pela casa, pelo jeito estava com Sam.
Austin a recebeu na porta de seu quarto, com o rosto sério e firme. Emily entrou silenciosamente em seu quarto e fechou a porta, parando logo na entrada para encarar o namorado.
– Austin, eu… – ela começou.
– Emily. – ele estava de costas, próximo a sua cama. – Por qual motivo você foi se meter com essa gente? Sabe que os Parker não prestam.
– Eu juro, Austin. Eu não te traí. E…me desculpe, eu errei demais.
– Traiu. – Austin virou-se para encarar a namorada. – Na época não tínhamos nada oficial mas…estávamos juntos. E o pior…é que você me traiu por causa de drogas! Uma sensação momentânea de prazer…você ainda tem coragem de mentir que não se envolveu com ele por causa de drogas.
– Eu estava viciada, Austin! – Emily gritou. – E outra, se eu abro a droga da minha boca e falo que Parker vendia drogas para mim, meu pai iria expulsá-lo de cara. E assim, a família dele iria atrás de mim!
– Conversa fiada. – Austin murmurou. – Você sabe que iríamos te proteger.
– Não pode me proteger sempre. – Emily se aproximou dele. – Eu te amo, Austin. Não se esqueça disso.
Austin fechou os olhos e segurou Emily pelos braços. A garota estava mais firme do que nunca, nenhuma lágrima escorria pelos seus olhos.
– Eu não sei se consigo. – ele disse. – É muita coisa para mim. Preciso de um tempo.
Emily semicerrou os olhos, agora ela estava começando a ficar irritada. Como que ele podia agir daquele jeito depois de tudo que ela havia passado durante o seu tempo na prisão.
– Austin, eu sempre te defendi. Sempre te apoiei. – ela disse.
– Está jogando na minha cara? – ele argumentou.
– Como pode me abandonar nesse momento mais…mais delicado da minha vida? Você tinha que ser um dos primeiros a me defender!
– Eu te defendi. Por pouco não acabei com Parker hoje. – Austin murmurou. – Mas eu estou dizendo que nós precisamos dar um tempo. Preciso pensar.
– É isso? – Emily não acreditava no que estava ouvindo. – Depois de tudo?
– Emily, por favor. – Austin sentou-se na borda de sua cama e cobriu o rosto com as mãos. – Por favor, me dê um tempo.
Emily abaixou os olhos e assentiu. Talvez seria bom para os dois dar um tempo, ela também estava cansada de toda aquela tensão.
– Eu sempre vou te apoiar. – ela sussurrou. – Lembre-se disso. Sua irmã me apoiou, você devia fazer o mesmo.
– Jade e eu somos diferentes. Eu fui traído, não ela.
– Eu não te traí! – Emily gritou novamente.
– Chega! – ele se levantou e gritou. – Por favor. Não quero repetir.
Emily assentiu novamente, os olhos enfurecidos. Ela voltou-se para a porta, abriu e foi em direção ao corredor que dava acesso às escadas.
– Eu te amo, ok? – Austin estava atrás dela. – Eu…eu só preciso…
– Eu entendi. – ela murmurou, agora estava chorando.
Emily e Austin desceram as escadas até a sala onde Victoria e Morgan não paravam de falar sobre Jade e Sam. Parecia que a notícia ainda estava bem fresca em seus ouvidos.
– O que houve? – Victoria se virou para o filho e Emily.
– Longa história. – Emily secou as lágrimas. – Boa noite, senhor e senhora Evans.
– Boa noite, querida. – Morgan ergueu a mão, a outra segurava o celular contra seu ouvido.
Nesse momento, quando Emily virou-se para ir até o elevador, viu que duas pessoas tinham acabado de chegar ao apartamento dos Evans.
Jade, ainda de uniforme da Harper, caminhava lentamente até os dois, acompanhada por um rapaz mediano de cabelos negros. Emily reparou quem era, e lhe lançou um sorriso nervoso.
– Jade! – Victoria gritou na sala. – Onde estava? Você está proibida de sair para outros lugares além da escola, lembra? Não atendeu o telefone, não respondeu as mensagens… – a mãe parou de falar na hora, quando viu o rosto sorridente de Sam West, parado no meio da sala de estar. – Quem…
– Boa noite, senhor e senhora Evans. – Sam sorriu.
– Mãe e pai, como vocês já devem saber, houve uma incrível mudança de planos. – Jade disse, com um tom extremamente debochado. – Apresento a vocês : Sam West. Meu namorado.