Samael escorregou no último degrau da escada. Algo puxara seu pé ou era impressão? Ele não sabia precisar. O tombo fez com que a faca cortasse seu punho, bem no centro de suas veias. O sangue espirrou nas paredes da casa e no carpete do corredor.

_ Leve o lixo para fora, querido. Não quero moscas na cozinha.

Ele tirou o lixo antes de matá-la? Também não sabia precisar.

No canto esquerdo da sala avistava-se à lareira e o  relógio. Marcava-se 23:30.

Com medo de não vê-lo chegando, se aprumou na cadeira em frente à poltrona que fora do seu sogro. Esperava ansioso pelo rangido na porta, pelos passos calmos e o assobio irritante. Há tempos não o via. Uma eternidade, para dizer a verdade. O que constuira longe dele deixaria qualquer um de queixo caído. Desafiá-lo não era para qualquer um. Isso deixava Samael apreensivo. Sempre há uma represália, por mais esforço que se faça para agradá-lo. A despeito do que fora sua vida longe dele, dava de ombros para o que aconteceria depois da invocação. Queria voltar. Precisava sentir o cheiro do súlfur novamente.

O assobio veio das serranias da fazenda. Os passos calmos dançavam ao som da música vinda do pios das corujas. Um rangido preguiçoso na porta fez com que o  coração de Samael acelerasse. Faltavam 25 minutos para à hora morta. Ele se adiantara. Isso não era novidade. Sempre gostava de conversar antes de dar o seu veredicto.

Sem se importar com Samael, o anjo caminhou pela sala de olho na escada. Pela cara que fez,  parecia satisfeito. Não tinha como saber. Foi sobre os pilares da dissimulação que construira seu império.

_ Como tem passado, Samael? _ Perguntou o Demônio ao vê-lo na sala.

_ Já tive dias melhores, Mestre – a faca continuava nas suas mãos.

_ Eu imagino. São tempos difíceis _ Lúcifer sentou na poltrona, de frente para à lareira. Não havia chifres nele, e muito menos uma carranca monstruosa. Via-se o semblante de um homem bonito nas roupas de um jovem. _ Você me deu trabalho, cara!

_ Sinto muito, Mestre.

O riso do anjo aliviou o clima entre os dois. Depois que conferiu às horas no relógio, puxou um cigarro do bolso. Samael esboçou um suspiros, mas a fumaça o fez tossir.

_ Então desejas voltar para o Inferno?

_ Fiz todo o possível para agradá-lo. Creio que me saí muito bem.

_ Continua sendo um diabo muito presunçoso, Sam. Não sou fácil de agradar.

_ Conheço seus gostos _ Samael abaixou a cabeça para demonstrar sua resiliência. _ Nunca me fiz de rogado para saciá-lo.

_ Admito que me serviu muito bem enquanto esteve no Inferno. Só não entendo o motivo de ter me abandonado.

_ Eu me apaixonei por uma terrena. Isso acontece.

Dessa vez o sorriso da besta foi silencioso.

_ Por isso a matou com essa faca? _ O Demônio apontou as mãos de Sam. 

_ Como disse: não me faço de rogado em agradá-lo.

_ Hum … entendi … _ Lúcifer continuou fumando seu Malboro mentolado. _ … precisou matar a moça para provar seu amor por mim?

_ O que mais poderia fazer por ti, que não fosse de sacrificar o meu amor para ter de volta o seu?

O olhos do Demônio ficaram incandescentes através da fumaça do cigarro.

_ Tornou-se uma lenda, Sam. E lendas são um problema para o Inferno _ ele jogou o toco do cigarro no chão, para acender outro. _ Já ouviu falar da Hora Morta? Uma das nossas mais proeminentes lendas?

Lúcifer limpou a barra da calça. Havia folhas no seus sapatos. Ele tirou-as com as palmas das mãos.

_ Todos no Inferno conhecem a história. São repassadas pelas gerações de diabos. Fiquei sabendo por Anamalech.

O Senhor do Submundo se ajeitou na poltrona.

_ Esqueça Anamalech. Vai ouvi-la da minha boca _ o sorriso de Lúcifer fez com que Samael se encolhesse na cadeira _ Não me oferece uma bebida?

***

Lúcifer provou um pouco do uísque que Samael lhe dera. A cara que fez foi no mínimo deselegante.

_ Fiquei conhecendo as histórias da Hora Morta através de meu pai.

A voz do Demônio soava tão tranquila quanto a de um anjo.

_ Quando de bom humor, Deus reúne seus filhos ao redor de uma imensa fogueira.

Samael olhava para o relógio com angústia.

_ Ele gosta de contar histórias. Às vezes fala sobre suas criações, outras sobre a vida terrena. Mas quando reverbera sobre o oculto, ficamos com as orelhas em pé. Naquela época, eu era muito jovem e não conhecia nada da vida. Sentia medo como todo mundo.

Lúcifer cruzou as pernas para colocar as mãos sobre o joelho. 

_ Acredite, Sam, já fui uma criança impressionável. Um pouco rebelde, admito, mas extremamente impressionável.

O sorriso do Demônio atiçou o fogo da lareira. Samael olhava para o cigarro na sua mão direita. Seus olhos vermelhos contrastavam com a cor creme das paredes da sala.

_ Nada me assustava mais do que as histórias da Hora Morta. Acreditávamos que Deus controlava tudo. Jamais imaginaríamos que não fora capaz de enfrentar um simplório demônio que habitava à bruma da meia-noite.

Um carcará pousou no alto da montanha.

_ Bem antes de me entregar as chaves do Inferno, Deus ouviu um chamada da Terra. No começo achou que fosse bobagem, mas a insistência fez com que descesse dos Céus para ajudar seu povo. Havia uma igreja aos pés de uma serrania, com um pasto verde e  um pequeno vilarejo mais ao sul.

Lúcifer olhou para o relógio. O tempo sempre fora um problema para o Demônio.

_ O chamado vinha das chagas de uma criança. Deus encontrou-a deitada num dos ofertórios da Igreja. Havia estigmas em seus braços e pés. Ele caminhou entre os fiéis, sem que percebessem sua aura celestial. Muitos se mutilavam diante do ofertório, oferecendo pedaços de seus corpos para a besta; outros mantinham a cabeça baixa e olhos voltado para o chão. A criança estendeu seus braços para que Deus a recebesse. Só que meu pai não conseguia alcançá-la. Não naquele momento.

A gargalhada do Demônio espantou o carcará.

_ Imagine a cara do meu pai quando descobriu ser incapaz de controlar o mundo?

Samael soltou um ligeiro muxoxo.

_ Deus não se atentou para o adiantado da hora. Não existia Inferno, cultos à meia-noite e muito menos o Demônio. Meu pai desconhecia a magia negra; aquilo que quase o fez perder o trono. A criança que o chamara em orações, padecia aos pés de uma força desconhecida, até então, improvável.

Samael perguntou:

_ O Senhor da Criação não é onipresente e onisciente?

O Demônio franziu a testa desacreditando no que acabara de ouvir.

_ Não se deve acreditar em tudo que se escuta por aí, Sam.

Samael mordeu os lábios. Sabia que seu Mestre sempre cobrava suas prendas. Aquela prosa estava acontecendo por algum motivo.

_ O menino que fora oferecido em ritual começou a regurgitar seus estigmas. Descobrimos a existência da Legião através da Hora Morta de Abaal.

Abaal? Samael desconhecia o nome do Demônio da Meia-Noite.

_ Séculos depois eu os prendi no Inferno, claro. Só que Abaal é de difícil trato. Se recusa a ficar na minha casa, assim como você, Sam.

Um Demônio capaz de desafiar Lúcifer dentro do Inferno? Samael olhou para o relógio. Faltavam cinco minutos para a Hora Morta.

_ Quando Deus tentou arrancar o garoto das mãos daquela gente, o chão vomitou uma bruma escura; tão densa quanto às serranias de enxofre do Inferno. Não havia lua naquela noite, o que dificultou o trabalho do pai. A bruma sanguinária abraçou aquela pequena igrejinha, fazendo com que a criança se elevasse até seu teto de alvenaria. Ele parou de chamar pelo pai no exato momento em que o chão começou a tremer.  Um silêncio mortiço veio com o uivo da besta. Deus admitiu anos depois numa conversa reservada comigo que sentiu medo. Papai é corajoso. Não se deve confidenciar coisas desse tipo com o Demônio, certo?

Lúcifer piscou para Samael.

_ Abaal surgiu do solo com sua bocarra cheia de sedimentos e lava. Deus nunca vira nada parecido com aquele monstro. Seu dentes se estendiam por toda a boca, descendo até suas entranhas. Ele se alimentava da carne humana. Aquele que ofertava comida à besta, recebia em troca uma vida cheia de riquezas. Como resistir a tão prestativa criatura? Os seres humanos são suscetíveis à promessas vagas, Sam. Eu sei disso porque alimento o Inferno com elas.

O ponteiro do relógio se aproximava da meia-noite.

_ Claro que papai conseguiu salvar a criança, mas não fora capaz de prender a besta- fera. Passado um minuto da meia-noite – que chamamos de Hora Morta – Abaal voltou para o infortúnio de sua existência. Encontrava-se entre as dimensões, submergindo sempre que chamado. Todos naquela igreja foram devorados pela fome avassaladora do mal. Menos o menino, claro. Meu pai deu de ombros para o povoado, ou talvez não quisesse retomar à prosa. Ele nunca foi claro quanto ao assunto.

Lúcifer se desfez do que sobrara do cigarro para pegar no bolso da calça um canivete.

_ Quando fui apresentado a Hora Morta era apenas uma criança, mas guardei tudo na memória.

Ele cortou o pulso. O sangue do Demônio desceu em gotas até o chão.

_ Quando me deram as chaves do Inferno, fiz questão de fazer novas amizades, se é que me entende.

Samael mantinha à faca nas mãos.

_ O medo também desperta a fome de Abaal. Deveria saber disso, já que é um diabo também.

O click no relógio avisou da meia-noite.

_ A melhor parte sobre a Hora Morta eu ainda não contei. Você sabe para onde vão as almas devoradas por Abaal, Sam?

 

***

O relógio marcava 00:00. O primeiro clock fez com que Samael derrubasse à faca no chão. O segundo se desfez no canto de uma coruja. Lúcifer fumava outro cigarro com os olhos fechados, apreciando o silêncio daquela casa habitada por um Diabo fujão.

No terceiro rugido da hora, Samael sentiu um pequeno trepidar no chão. Ele pensou ver alguém nas escadas, mas fora sua imaginação. Olhou para o relógio novamente, havia se passado 10s segundos da meia-noite. Lúcifer sorriu em meio à fumaça do cigarro. A poltrona em que estava sentado flutuou até o teto.

O chão trepidou, derrubando os utensílios da cozinha no segundo onze da meia noite. Samael tentou fugir tropeçando nos pedaços de pedra que eram cuspidas do solo.

_ Perdoar não faz parte do pacote de viagem do Inferno, Sam. Não permito lendas dentro da minha casa.

A fumaça do cigarro se misturou a bruma escura que subia do assoalho macerado pelo fogo da lava. Abaal submergiu com os sedimentos do Inferno na boca. Samael tentou correr pelas escadas, mas fora puxado por um dos seus pseudópodes.

_ Algumas coisas me fugiram da memória, admito. Vai ser bom relembrá-las. Já havia me esquecido de como é gracioso o abraço da Abaal.

A risada do Demônio atiçou à besta, que minutos antes, escancarara sua bocarra para ele. Samael viu à faca perto do relógio. Seu rosto se transformou numa carranca cheia de dentes. Ele avançou naquilo que o perseguia, fazendo-o urrar de dor.

_ Muito bem, Sam! Vejo que não perdeu o jeito.

Lúcifer assistia a tudo com as mãos no queixo, como que assistindo um jogo de futebol.

Samael se arrastou até a arma. O movimento amebóide de Abaal quase o  alcançou pelos pés. Cada investida do diabo no corpo da besta regurgita mais e mais lavas das profundezas do Submundo. Os pseudópodes se multiplicavam no rumo da presa, que mesmo arrancando-os com os dentes, não era capaz de lhe colocar freios.

_ Estou começando a acreditar em você, diabo fujão. Talvez até aposte uns trocadinhos na sua vitória.

Faltavam 10 segundos para que Abaal fosse devolvido para o seu mundo.

_ Deseja uma contagem regressiva, Sam? 10, 9, 8, 7 …. _ O senso de humor de Lúcifer era irritante.

Samael prendeu à faca com os dentes. Faltava pouco, muito pouco. Abaal, que se mostrara cego até então, arregalou um único olho, bem no centro de sua cabeça descomunal. A cor rubra cegou momentaneamente Sam, que não se atentou para os pseudópodos que o puxava pelos braços.

_ Poxa … _ Lúcifer deixou que a poltrona descesse ao chão. _ … estou decepcionado, Sam. É assim que deseja voltar para o Inferno? Preguiçoso e gordo?

A bocarra cheia de dentes de Abaal pegou-o pelas pernas.

_ Ahhhhhhh!!!

O Demônio da Meia-Noite regurgitava à lava na casa, dissolvendo-a ao mesmo tempo em que engolia Samael. Lúcifer assistia a tudo de pernas cruzadas. Não era a primeira vez que via o Demônio da Meia-Noite  em ação.

_E o melhor da história eu ainda não contei!

Lúcifer gritou para dentro das entranhas da besta.

_ Sabe para onde vão as almas devoradas por Abaal?

Samael não conseguiu escutá-lo, estava sendo devorado pela besta.

 

***

Samael despertou num descampado escuro. Estaria preso numa das dimensões do Inferno? Já ouvira falar delas, mas nunca foi capaz de lhes dar crédito. Ouvia-se muitas histórias no Submundo, todas elas repletas de mitos e lendas; a maioria envolvendo Lúcifer e seu ego monstruoso. A despeito disso, Abaal se mostrara bem vigoroso; assim como a Hora Morta.

O diabo que fugira do Inferno para viver um amor, procurou por máculas no corpo. Parecia inteiro. Sua existência dependia da clemência do Demônio. Se arrependera de poucas coisas  na vida, mas a invocação de Lúcifer fora uma delas. Se não fosse seu desejo pelo sangue, estaria agora sobre uma cama quente apreciando o corpo de uma bela mulher. Mas não fora capaz de negar suas origens. Era um Diabo e pertencia ao Inferno. Mais cedo ou mais tarde teria que voltar.           

Sam olhou para à serrania e decidiu caminhar até lá. Com certeza Abaal estaria por perto, ou algo que lhe representasse naquela mundo. O Diabo tinha que ser cuidadoso, atento aos movimentos e cheiros.

A bruma que subia do chão embaçava os olhos de Sam. Havia gêiseres esparramados por toda extensão. O enxofre vinha de lá, com seu cheiro forte e bafo quente. Ele continuou caminhando de quatro pés, atento como uma aranha em sua teia. Algo chamou sua atenção: um barulho seco de galhos sendo quebrados. Sam aprumou os olhos para à serrania e  viu vultos no meio das sombras.

_ Tem alguém aí? _ Perguntou sem saber exatamente para onde ir. 

Passos vinham na sua direção. Ele conhecia o gingado daqueles pés ao tocar o chão.

_ Maria? És tu, esposa?

Sam conhecia os trejeitos da mulher que escolhera na terra. Seus passos na noite o despertaram várias vezes. Jamais esqueceria seu sorriso e coxas grossas. E muito menos o gosto do seu sangue.

_ Maria? _ A bruma impedia sua visão. _ Maria?

O vulto derrubou-o de costas.O riso estridente veio com a explosão de alguns gêiseres.

_ Eu sei o que queres, Mestre _ Sam falou com o Demônio na penumbra. _ Queres ter a certeza de que passarei por mais essa provação.

As entidades desciam às serranias. Eram muitos, como um enxame de abelhas. Seus muxoxos abafavam o respirar profundo do diabo. As sombras das entidades se misturavam a bruma que subia do solo, assim como o cheiro de cadáveres em decomposição. Sam pegou um galho no chão. Ele o empunhou na altura dos ombros, pronto para se defender daquela caçada.

 

***

Sam acertou a entidade que o cercara pela esquerda. Ele os reconheceu pela conversa que tivera com o Demônio. Eram os devotos de Abaal, aqueles que o invocaram pela primeira vez. Seus rosnados lembravam o tic-tac de um relógio. Alguém o puxou pelos ombros, fazendo com que caísse sobre um dos gêiseres. As entidades avançaram sobre ele como gafanhotos no  milharal. O diabo correu para a mata tentando alcançar os picos mais elevados . Algo o derrubou novamente no chão antes que chegasse até lá.

_Ahhhhhhhhhhhhh!

As entidades brotavam do solo como ervas daninhas. Seu braços eram compridos, assim como suas pernas. Havia humanidade nelas? Via-se apenas seus olhos vagos misturados ao soturno da noite. Sam usou seu pedaço de pau para afastá-los. Outros subiram nele, arrancando pedaços de seus ombros.

_ Por Deus!

Sam esmagou o crânio daquele que o dilacerava pela direita, depois desferiu um outro golpe na criatura que se esgueirava pelos flancos. Quando macerados pelos golpes, se desfaziam na penumbra para reaparecerem no descampado à frente.

_ Não vou conseguir, não vou.

Quando perto de alcançar o pico mais alto da serrania, os devotos de Abaal o agarraram pelos pés. Sam despencou na nuvem de zumbis abaixo dele. As criaturas o atacaram como vermes na decomposição.

_ Nãooooooo!!! Clemência, Mestre! Clemência!

O rosto de Maria apareceu entre a bruma. A mulher que matou para invocar o Demônio o encarava com os olhos incandescentes do Inferno.

_ Maria?

A agora filha de Abaal avançou sobre ele.

_ Ahhhhhhhhhh!!!

Lúcifer fumava um cigarro bem ao lado dela. Parecia tranquilo, como o Poderoso Chefão dos filmes sobre à máfia.

_ A melhor parte sobre à história de Abaal eu ainda não contei, Sam _ as mordidas de Maria dilaceravam o pescoço do diabo fujão. _ Na casa dele, A Hora Morta nunca tem fim. As almas que são devoradas ficam presas nela para sempre,  sem redenção ou misericórdia.

_ Mas Maria não foi devorada pela Hora Morta. Como …  _ sussurrou Samael.

_ Eu sei, eu sei. Já que você ofertou à alma dela para mim, achei melhor deixá-los juntos pela eternidade.  Considere um presente para você, Sam. Isso acontece.

_ Desgraçado!!!

Abaal urrou das profundezas da terra junto com Samael. A noite sombria engoliu as entidades assim que Lúcifer apagou o seu cigarro. O silêncio envolveu a dimensão com o findar da meia-noite. Escutava-se apenas o mastigar das bestas.

 

***

O relógio marcava 23:59. Aquele que fugiu do Inferno despertou no mesmo lugar de outrora: num descampado escuro. Ele se aprumou nas pernas, atento ao movimento no mato. Caminhou de quatro pés, desperto como uma aranha na sua teia. Algo chamou sua atenção: um barulho seco de galhos sendo quebrados. Sam endireitou os olhos para ver os vultos no meio das sombras. A Hora Morta se aproximava.

Goiânia, 30 de agosto de 2018.

Sylvana Camello

 

 

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