CENA 1/ INTERIOR/ DIA/ CASA DOS OLIVEIRA/ SALA

         Camila entra apressada em casa e estranha ver sua mãe dormindo do sofá. Ela a chama calmamente.

         CAMILA – Mãe? Mãe? O que houve? Tá dormindo aqui/

         Olinda acorda assustada e se senta.

         OLINDA – Oi filha…

         CAMILA – Está dormindo aqui por que?

         OLINDA – (vai se levantando) Oi? É… (pausa) Não quis dormir com o Jurandir.

         CAMILA – (estranha) Hum, por que? Tá com esses machucados por que, parece que ralou em algum lugar…

         OLINDA – Ah filha, eu cai no caminho pro trabalho, esquece. Vamos fazer um café, vem…

         CAMILA – Não foi o Jurandir que fez isso não né, mãe? Por que se foi, eu vou/

         OLINDA – (corta) Claro que não, Camila. Eu já disse que eu cai.

         CAMILA – Mas por que ele te colocou pra dormir no sofá…

         OLINDA – Não foi nada demais… Discussão boba.

         CAMILA – (nervosa) Mãe, isso não tá certo! Ele te colocar pra dormir na sala… A senhora não pode aceitar isso!

         OLINDA – Fica calma Camila, não tem problema nenhum.

         CAMILA – Como não tem problema, mãe? A senhora trabalha o dia inteiro e não pode dormir na sua própria cama. Você não precisa passar por isso, não precisa desse casamento… 

         Olinda olha pra filha por alguns segundos, mas a surpreende.

         OLINDA – Opa, pera aí, que você me deve explicações. Isso é hora de chegar em casa?

         CAMILA – Desculpa mãe, conheci um cara e acabei dormindo com ele.

         OLINDA – Que isso filha, ta doida? Logo na primeira noite? Vai ficar falada!

         CAMILA – Ih, tô nem ai! Eu já conhecia ele. Quer dizer, nem tanto, mas ele é musico igual eu, acabei reencontrando ele na rua… A gente compôs uma música linda…

         OLINDA – Quero saber mais desse cara aí.

         CAMILA – Tá, mas nossa conversa não acabou não… Agora eu preciso correr pro trabalho. O gerente vai me matar! (dá um beijo na mãe e vai pro quarto)

         OLINDA – Chama sua irmã pra me ajudar a arrumar a casa hoje…

         CORTE RÁPIDO PARA/

CENA 2/ INTERIOR/ DIA/ CASA DOS OLIVEIRA/ QUARTO DE CAMILA

         Camila entra e Brenda está sentada na cama, pensativa.

         CAMILA – Ué, já acordou? (dá um beijo na irmã)

         BRENDA – Parece que sim… Por que você não dormiu aqui?

         CAMILA – (arrumando coisas na bolsa, apressada) Depois te conto! A mãe tá te chamando lá, pra ajudar ela a arrumar a casa.

         BRENDA – Ah não…

         CAMILA – Vai lá, anda, que eu preciso ficar sozinha.

         BRENDA – Hum, por que?

         CAMILA – Preciso de silencio pra gravar uma música.

         BRENDA – (vai saindo) Depois quero ouvir.

         Sonoplastia: Não dá pra não pensar (Sandy e Júnior)

         Brenda sai. Camila senta na cama com o violão, pega seu gravador numa gaveta do criado mudo e começa a tocar e cantar a música composta por ela e Bruno.

CORTA PARA/

CENA 3/ EXTERIOR/ DIA

         Continua áudio da cena 2.

         Takes da Ilha do governador. Imagens gerais das ruas onde, em uma delas, há um homem vendendo ingressos para o show de Giselle, até que chega no sobrado de Terezinha e sua padaria. Henrique, amigo de Kaio, caminha até o estabelecimento.

         Fim do áudio em fade out.

         CORTE RÁPIDO PARA/

CENA 4/ INTERIOR/ DIA/ PADARIA DA TERÊ

         Há algumas mesas ocupadas por clientes na padaria. Kaio está e uma delas, Henrique se senta ao lado dele e repara na perna enfaixada.

         HENRIQUE – Que machucado e esse cara?

         KAIO – Isso aqui foi culpa sua!

         HENRIQUE – Como assim, minha/

         KAIO – (corta) Fui te escutar ontem, acabei bebendo, falei tudo pra Camila e no final ainda fui atropelado.

         HENRIQUE – (surpreso) Que doidera… Mas ó, não vem querer me culpar não.

         KAIO – Culpa sua sim! Sua e da minha mãe.

         Terezinha, que está no balcão, apenas lança um olhar pros dois.

         HENRIQUE – Mas aqui, você contou tudo pra Camila? O que ela disse?

         KAIO – O que você acha? Disse que só me quer como amigo. Mas o pior foi que, depois, ela encontrou um cara na rua, ficou cheia de papinho com ele.

         HENRIQUE – Que barra… Mas cara, desencana, esquece ela, foca nos estudos, arruma outra garota também.

         KAIO – Se tem uma coisa que eu não sigo é conselho seu, Henrique.

         Camila entra nesse momento, deixando os dois sem graça.

         HENRIQUE – (vai saindo) Bom, vou ali na Terezinha, pedir um cafezinho.

         KAIO – Vê se paga dessa vez. (para Camila) Oi, tudo bem?

         CAMILA – (senta onde Henrique estava) Eu que te pergunto né, ontem você sumiu…

         KAIO – É… Acho que tava incomodando, decidi ir embora.

         CAMILA – Como assim, incomodando? E que machucado é esse?

         KAIO – Foi só um pequeno acidente, deixa quieto.

         CAMILA – Olha, eu sei que você ficou imaginando coisas sobre eu e o Bruno, mas ele é só meu amigo.

         KAIO – Igual eu?

         CAMILA – Não, você é muito mais que amigo. Você é praticamente meu irmão! (pausa) Bom, só vim saber se tava tudo bem… (se levanta) Deixa eu ir por que tô mega atrasada, cheguei agora a pouco/

         KAIO – Ué, não dormiu em casa? Tava aonde?

         CAMILA – (desconfortável) É… Na verdade, eu/

         KAIO – Não precisa dizer, já entendi… Dormiu com o tal Bruno. Ah, mas ele é só seu amigo, sei…

         Kaio se levanta e vai até o balcão, onde estão Terezinha e Henrique.

         CAMILA – (sem graça) Depois a gente conversa melhor, Kaio…

         E sai.

         CORTA PARA/

CENA 5/ INTERIOR/ DIA/ SUPERMERCADO DOIS IRMÃOS

         Ao entrar no seu locar de trabalho, Camila é surpreendida pelo gerente, Manoel.

         MANOEL – Isso são horas, Camila? Você tá gerando filas enormes ali nos caixas.

         CAMILA – Mil perdoes seu Manoel, tive uns problemas… Juro que faço hora extra depois.

         MANOEL – Mas isso é o mínimo! Anda, vai vestir seu uniforme.

         CORTE RÁPIDO PARA/

         Camila já está uniformizada, passando as compras de um cliente. Sua colega, GILMARA, está no caixa a frente, e elas conversam enquanto trabalham.

         GILMARA – Vai no show da Giselle Rios hoje ?

         CAMILA – Essa mulher ainda faz show? O último sucesso dela eu ainda era criança…

         GILMARA – Pois é, mas ela tá voltando… Se eu fosse você iria, vai que tu encontra lá o empresário dela.

         CAMILA – Será?

         GILMARA – Na banca aqui na frente tem ingressos…

         Camila pensativa.

         CORTA PARA/

CENA 6/ EXTERIOR/ NOITE

         Sonoplastia: Lady Marmalade (Christina Aguilera, Lil’ Kim, Mya e Pink)

         Anoitece. Takes de diversas áreas do Rio de Janeiro e o movimento na cidade, seguido de imagens da arena onde acontecerá o show de Giselle e o movimento moderado na entrada, com alguns fãs e jornalistas.

         Um carro passa lentamente pela entrada, o vidro abaixa e vemos Ivete Sangalo. Todos correm até o veículo, pedindo autógrafos e fazendo perguntas. O carro para e a artista é simpática com todos.

         IVETE SANGALO – Calma gente! Vou atender todo mundo!

         CORTA PARA/

CENA 7/ INTERIOR/ NOITE/ ARENA/ CAMARIM

         Fim do áudio em fade out.

         Camarim todo branco, com três poltronas, uma mesa com frutas, cartazes de Giselle nas paredes e uma penteadeira iluminada, repleta de produtos de beleza e maquiagem. Estão no local, Laerte, sentado no sofá, ao lado de Rick, e duas cabeleireiras a parte.

         Giselle está maquiada, com seu lindo cabelo loiro ondulado, e vestindo um roupão, muito animada.    

         LAERTE – Tá ouvindo a gritaria?

         GISELLE – Claro! São meus fãs!

         LAERTE – Não, minha filha. Deve ser Ivete que chegou.

         RICK – Não vejo a hora de ver ela, vou pedir um autografo!

         GISELLE – Vai nada! Não quero ninguém puxando saco daquela mulher!

        LAERTE – Mas você devia! Esse show só começou a atrair mais pessoas por causa da participação dela.

        GISELLE – E você faz questão de falar isso toda hora, né? Mas tudo bem, vou ser supersimpática, sou uma ótima atriz! A Cyber TV vive me convidando pra fazer novela/

         Um segurança abre a porta do camarim pra Ivete entrar, interrompendo a conversa.

         GISELLE – (corre pra abraçar Ivete) Ivete Sangalo! Que honra!

         IVETE – (abraça Giselle) Ah honra é toda minha! (olha pra Giselle, de cima a baixo) Mas tá gostosa essa mulher, em?

         GISELLE – Menina, acredita que nem tô fazendo dieta?! Nem na ginastica eu tô!

         Elas riem. Laerte se levanta e cumprimenta a artista.

         LAERTE – É um prazer receber a maior cantora desse país!

         IVETE – Que isso! Quem me dera!

         RICK – (cumprimenta) Ivete, prazer, sou o produtor da Giselle, e muito fã do seu trabalho! Pode me dar um autografo? (Giselle olha pra Rick com olhar de reprovação)

         IVETE – Mas é claro!

         CORTE RÁPIDO PARA/

CENA 8/ INTERIOR/ NOITE/ ARENA/ PISTA

         O público começa a entrar, ocupando metade da pista da arena. Entre as pessoas, vemos Camila, mais distante, com o seu gravador em mãos.

         O palco fica todo iluminado e a banda começa a tocar a introdução da música de Giselle, que surge no topo de uma escada e começa a cantar. Ela veste uma calca prateada, um top decotado da mesma cor e uma bota vermelha.

         GISELLE – Chegou em mim, tentou me conquistar. Fez seu jogo pra fazer eu me entregar. Não conseguiu e acabou na minha não. Oh, oh, bem na minha mão…

         CORTE RÁPIDO PARA/

         Takes de vários momentos do show, com muita dança e trocas de figurinos. O público animado. Camila ao fundo, bebendo e observando.

         Giselle para o show um momento, ofegante.

         GISELLE – Meus fãs! (uma parte do público grita) Muito obrigada pela presença de vocês! Eu agora tenho uma convidada muito especial! Minha amiga, Ivete Sangalo!

         Ela aponta para o fundo do palco, de onde surge Ivete, deslumbrante, com um vestido preto e brilhoso. O público vai ao delírio!

         IVETE – Boa noite, Rio de Janeiro!

         GISELE – Linda! (elas se abraçam)

         IVETE – Que honra dividir o palco com você! Vamos cantar?

         GISELLE – Vamos, lindona! Vai banda!

         A banda começa e elas cantam “Se eu não te amasse tanto assim”. Giselle tenta, a todo momento, ofuscar a voz de Ivete. Camila observa a performance, desaprovando a voz de Giselle.

         CORTA PARA/

CENA 9/ INTERIOR/ NOITE/ ARENA/ CAMARIM

         O show terminou. Rick em pé, perto da porta do camarim, Laerte no sofá e Giselle no centro do camarim, ainda eufórica e suada.

         RICK – Giselle, foi o melhor show da sua carreira toda! O público vibrou com os sucessos antigos.

         LAERTE – Parte do público. E só com os sucessos antigos, por que a música nova parece que não vingou…

         GISELLE – Ai pai, custa falar alguma coisa boa? (pausa) Bom, não preciso te pedir mais nada, por que amanhã já tenho um almoço com Aristóteles.

         LAERTE – Esse é o nome no empresário?

         GISELLE – Isso mesmo. Ele já empresariou artistas de sucesso, lá em Portugal…

         LAERTE – Quero ver ele conseguir renovar seu contrato com a “Rio Records”/

         Nesse momento, entra Ivete, acompanhada de seu segurança, que contém os jornalistas na porta.

         IVETE – Não podia ir embora sem me despedir!

         GISELLE – (abraça Ivete) Não mesmo! Foi um prazer viu?

         IVETE – Foi massa! Quero você no meu trio no carnaval ano que vem em.

         GISELLE – Com toda certeza eu vou!

         IVETE – Beijo pra todos! (para o segurança) Vamos Jorge!

         Atraindo quase todos os jornalistas, Ivete sai, mas a porta do camarim fica um pouco aberta. Giselle muda a feição após a partida de Ivete.

         GISELLE – Ah, que mulher insuportável!

         Ela caminha até sua penteadeira, no fundo do camarim. Laerte e Rick no sofá. Um jornalista estende sua mão com um gravador na porta entre aberta.

         GISELLE – Imagina, eu! Naquele trio dela, aquela pulação, gente suada, pobre, mijando na rua. Até arrepio! Nordestinos nojentos!

         RICK – Que isso, Giselle! Deixa de ser preconceituosa!

         GISELLE – Mas é verdade, ué! Aquele carnaval lá é só vulgaridade! Só tem piranha e viado! E eu tenho pra mim que essa Ivete ai é sapatão! Viu como ela me olhou?

         LAERTE – Tenho horror de carnaval também.

         CORTE RÁPIDO PARA/

         Do lado de fora do camarim, o jornalista que estava gravando a conversa vai saindo.

         JORNALISTA – Eu tenho ouro nas mãos!

         CORTA PARA/

CENA 10/ EXTERIOR/ NOITE/ ARENA

         Camila está na entrada da arena, em meio a jornalistas e fãs, no lugar onde saem os carros. O carro de Ivete passa e mais uma vez, ela abre o vidro para conversar com todos. Camila tenta falar com ela.

         CAMILA – Ivete! Ivete! Me dá um autografo. (ela chega até a cantora e dá uma folha pra ela assinar) Sou muito sua fã! Meu sonho é ser uma cantora famosa igual você!

         IVETE – Você vai conseguir, minha linda! Mas saiba usar a fama da melhor forma!

         Ivete atende outras pessoas. Seu carro sai e logo atrás vem o de Giselle. Laerte sentado no bando da frente, ao lado do motorista, com o vidro aberto.

         JORNALISTA – Laerte! Laerte rios! A Giselle pode dar uma palavrinha pra imprensa!?

         LAERTE – Infelizmente não querido…

         Camila se mete no meio dos jornalistas com seu gravador na mão e tenta chegar até Laerte.

         CAMILA – Laerte, Laerte! Eu sou cantora, queria te mostrar meu trabalho.

         Laerte não presta muita atenção. Um dos jornalistas encosta na mão de Camila, o gravador dela vai ao chão, e é destruído pelo pneu do carro, que vai embora. Ela põe a mão na cabeça, decepcionada.

 

FIM DO CAPÍTULO

No próximo capítulo…

Camila encontra Bruno. Giselle se revolta com a repercussão de seu show. Tarcísio surpreende Terezinha e Kaio com sua chegada antecipada. Camila e Jurandir discutem. Marisa recebe uma notícia que a deixa chocada.

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