CENA 01. HOSPITAL. CORREDOR. INT. DIA.

=== SONOPLASTIA: TENSÃO ===

Socorristas levam Miguel na maca. Miguel geme de dor. César acompanha preocupado até a porta da sala de emergência.

SOCORRISTA (a César)
O senhor fica aqui.

A porta é fechada. César fica mais nervoso. Logo pega o celular e telefona para Lilian.

CÉSAR
Alô? Lilian?

LILIAN (V.O., telefone)
Oi, César.

CÉSAR
Estou aqui no hospital e/

LILIAN (V.O., telefone, tensa)
No hospital? O que aconteceu?

CÉSAR
Atropelei uma pessoa. Vem pra cá rápido.

LILIAN (V.O., telefone)
Atropelou quem? Me fala.

CÉSAR
O Miguel.

LILIAN (V.O., telefone)
O quê? Tô indo pra aí. Me espera.

CÉSAR
Vem logo.

César desliga o celular e anda de um lado pra outro, agitado.

=== SONOPLASTIA OFF ===

CORTA PARA

CENA 02. CASA DE MIGUEL. SALA. INT. DIA.

Norma varre a sala. O telefone toca, e ela atende.

NORMA
Alô? (tempo) Ah, é você? O meu marido não… O quê? (tempo) Sabia que isso um dia ia acontecer. (tempo) Onde ele está? (tempo) Miguel nunca teve um pingo de juízo. Tá, te espero aqui.

Ela desliga o telefone. Guilherme entra em casa e dá um beijo no rosto de Norma.

GUILHERME
Que cara é essa?

NORMA
Seu pai, pra variar. Tá no hospital. Aquela mulherzinha com quem ele anda na praça ligou e disse que ele foi atropelado.

Guilherme fica surpreso.

CORTA PARA

CENA 03. APARTAMENTO DE MÁRCIO. SALA. INT. DIA.

Lilian vem da janela até o sofá, fechando a bolsa, mas não se senta.

LILIAN
Vocês não vão acreditar no que aconteceu.

PEDRO
O que houve?

LILIAN
O César. Ele atropelou o Miguel.

MÁRCIO
O filho do Ruggero?

LILIAN
Ele mesmo. Pedro, vem comigo pro hospital. A gente tem que agir como ele como se não soubesse de nada.

PEDRO
Claro.

MÁRCIO
O Miguel está vivo mesmo. Não consigo acreditar.

Lilian e Pedro se entreolham.

CORTA PARA

CENA 04. APARTAMENTO DE RAÚLA. SALA. INT. DIA.

Raúla entra contente e se senta no sofá. Pega o celular na bolsa e lê uma mensagem de Lilian: “Amiga, tô indo pro hospital. O Miguel foi atropelado na praça. Me liga”. Raúla fica chocada e começa a discar para Lilian, quando a campainha toca. Ela deixa o celular no sofá e atende à porta.

ENTREGADOR
Boa tarde! Dona Raúla Negri?

RAÚLA
Eu mesma.

ENTREGADOR (dá um buquê de flores)
São pra senhora.

RAÚLA
Obrigada.

ENTREGADOR (passa um caderno e uma caneta)
Assina aqui, por favor.

Raúla assina a entrega, agradece novamente e fecha a porta. Ela admira as flores e as coloca sobre a mesa. Pega o cartão do buquê e lê.

RAÚLA (V.O.)
Sonho todos os dias em te conhecer pessoalmente. Enquanto não venço minha timidez, fico com você na imaginação. Não sou capaz de viver sem tua presença. Te amo muito. Seu admirador secreto.

Raúla suspira, sorri e leva as flores pra dentro.

CORTA PARA

CENA 05. HOSPITAL. CORREDOR. INT. DIA.

Lilian, Norma, Guilherme e Pedro vêm em direção a César, que está sentado num banco, muito preocupado. Este se levanta e abraça Lilian.

LILIAN
Oi, César!

CÉSAR
Até que enfim.

NORMA
Onde ele está?

CÉSAR
Lá dentro. Ainda não falaram nada.

LILIAN
Conta como aconteceu.

CÉSAR
Vim dirigindo sem atenção e, quando vi, já tinha atropelado. Não sei como fui tão irresponsável.

NORMA
Não se culpe por causa do meu marido. Ele vive distraído. Eu sempre avisei, mas/

CÉSAR
A culpa foi minha, sim. Eu que ultrapassei o sinal vermelho. Tava nervoso, e aí/

NORMA
E aí não vai acontecer nada. Notícia ruim corre rápido.

LILIAN
Norma, não fala isso.

NORMA
Falo. Se não fosse por ele sustentar a casa, já tinha me livrado dele. Guilherme tá de prova.

MÉDICA (entra)
Vocês são parentes do Miguel?

NORMA
Sou mulher dele.

MÉDICA
Ele está fora de perigo. Teve só umas escoriações e uma fissura no braço esquerdo. Vai se recuperar.

LILIAN
Graças a Deus.

NORMA
Ainda não foi dessa vez. Posso ver?

MÉDICA
Daqui a pouco. Ele está sendo levado pro quarto agora. A enfermeira vai chamar.

LILIAN
Muito obrigada.

MÉDICA
Com licença. (sai)

PEDRO
Vou ligar pro Márcio pra avisar que ficou tudo bem.

LILIAN

Faz isso, sim. (Pedro sai) César, queria falar com você enquanto a Norma fica com o Miguel. (a Norma e Guilherme) Vocês nos dão licença?

NORMA
Toda.

Lilian e César se afastam pelo corredor.

NORMA
Ela me dá uma raiva! Quem ela pensa que é? A mulher do seu pai sou eu.

GUILHERME
Mãe, aqui não é lugar.

Norma olha para Lilian com raiva, enquanto esta e César saem de cena.

CORTA PARA

CENA 06. HOSPITAL. CANTINA. EXT. DIA.

Lilian e César se sentam a uma mesa.

CÉSAR
Eu não tive culpa. Não fiz pra me vingar de ele ficar com você, você sabe disso.

LILIAN
Eu sei que não. Não fica assim, se acalma.

CÉSAR
Daqui a pouco vou pra delegacia prestar esclarecimento.

LILIAN
E vai dar tudo certo. Se quiser, vou com você. O Miguel tá bem, e duvido que esteja com raiva.

CÉSAR
A Norma vai encher a cabeça dele. Não viu como ela tratou a gente?

LILIAN
Ele tá vacinado. Sabe a mulher que tem. (pausa) Você ficou assim por causa de eu trabalhar com o Ruggero, não foi?

CÉSAR
Você sabe o que penso dele.

LILIAN
Não, sei não. Se você me contar, eu posso te ajudar. Não é porque tô na casa dele, que vou ser igual.

CÉSAR
Até ele fazer tua cabeça.

LILIAN
Ninguém faz minha cabeça. Se fosse assim, a mulher dele seria um nojo de pessoa; e a Melita é um amor. Foi até namorada do Benjamin quando eram adolescentes. Ele diz que ela nunca mudou.

CÉSAR
Não sei.

LILIAN
Descobri uma coisa que pode acabar de vez com a reputação do Ruggero.

CÉSAR
Por acaso, não tá investigando a minha vida/

LILIAN
Não tem a ver com você, fica tranquilo. Mas, se me ajudar, aí vamos ter mais uma evidência contra ele.

CÉSAR
O que pretende com isso?

LILIAN
Mostrar que Ruggero Fontana também tem seus podres. Vou descrever ele como um ser humano e não como uma estátua no pedestal. Uma coisa que meu pai sempre me ensinou foi escrever a verdade. Ruggero está à beira da morte. Uma pessoa nesse estado fica em parafuso com a consciência; não quer levar pro caixão todo o peso. Ele não fala, mas é exatamente como está agora. Já ouviu falar que ele teve um filho que morreu há quarenta anos?

CÉSAR
Que ele matou, né?

LILIAN
De certa forma, sim. E pra você? O que ele fez?

RAÚLA (se aproxima)
Vocês estão aí?

Lilian e César disfarçam, se levantam e cumprimentam Raúla com beijos no rosto.

LILIAN
Deixamos a Miguel com a família.

CÉSAR
Você não imagina o susto que foi.

RAÚLA
A Lili me falou. Conta como foi.

Os três se sentam à mesa. César fala em OFF.

CORTA PARA

CENA 07. HOSPITAL. QUARTO DE MIGUEL. INT. DIA.

Miguel deitado na cama, com o braço esquerdo na tipoia. Norma e Guilherme de pé, perto dele.

NORMA
Tá aí o preço da irresponsabilidade.

MIGUEL
Se veio pra brigar/

NORMA
Espero que agora crie vergonha na cara e arrume um trabalho de verdade. Já não tá mais jovenzinho pra ficar de aventura na praça. Sabia que seu filho deixou de ser contratado por sua causa?

GUILHERME
Deixa, mãe. Com esse aí não dá pra contar.

MIGUEL
Guilherme, olha como fala comigo.

NORMA
Ele não tem uma namorada por causa do traste do pai dele. Olha pra você: todo desarrumado, mal vestido.

Laura aparece à porta e observa discretamente a conversa.

MIGUEL
Vocês tem vergonha de mim.

NORMA
Enquanto se comportar desse jeito, sim.

GUILHERME
Sabe por que a mãe tá na merda? Porque tá casada com um farrapo humano, um esgoto. Seria muito melhor se tivesse morrido de uma vez. (Miguel chora) Pra muita gente eu digo que meu pai tá morto… que minha mãe não se cuida porque foi maltratada a vida inteira pelo lixo que chamava de marido.

LAURA
(entra; disfarça) Com licença! Miguel, vim te ver. Minha filha falou que tinha sofrido um acidente. (Miguel enxuga as lágrimas) Você deve ser a Norma.

NORMA
Eu mesma. E este é meu filho, Guilherme.

LAURA
Sou Laura, mãe da Lilian. Minha filha é muito amiga do seu marido… e fã também. (a Miguel) Como é que você está?

MIGUEL
Fora as dores, vou indo. Viu a Lilian?

LAURA
Ainda não. Achei que estivesse aqui.

NORMA
Ela tá lá fora com o César Rinaldi.

LAURA
(a Miguel) Fico feliz que não tenha sido nada grave. Volto amanhã pra te ver, tudo bem? (a Norma) Vou deixar ele descansar. Não pode ter aborrecimentos nem se estressar. (a todos) Vou falar com minha filha. Até amanhã! Fiquem bem.

Laura sai. Guilherme e Norma se entreolham. Miguel fica cabisbaixo.

CORTA PARA

CENA 08. HOSPITAL. CANTINA. EXT. DIA.

Lilian chocada com o que Laura disse. César e Raúla à mesa com as duas primeiras.

LILIAN
Como é que é?

LAURA
Disse com todas as letras. Tive vontade de dar uma surra nele ali mesmo. Onde já se viu?

LILIAN
Miguel já tinha me falado que o Guilherme é assim. E o pior é que a Norma incentiva.

RAÚLA
Pobre homem!

LILIAN
É, ele nunca teve uma vida fácil. Mãe, você viu o Pedro? Ele tá demorando.

LAURA
Vi sim. Ele teve que resolver um pepino, mas não disse o que era, e pediu pra te avisar.

LILIAN
Tá bom. Depois eu falo com ele. César, quer ir pra delegacia agora?

CÉSAR
Quero sim.

CORTA PARA

CENA 09. REVISTA DE FOFOCAS. REDAÇÃO. INT. DIA.

Isolda entra. Vê um burburinho entre vários jornalistas em volta de Michele e se aproxima.

ISOLDA
Posso saber que zum-zum-zum é esse aí?

MICHELE
Ainda bem que você voltou. Tá sabendo da última?

ISOLDA
Conta logo, que não gosto de enrolação.

MICHELE
O César Rinaldi jogou o carro em cima de um homem.

ISOLDA
Explica direito isso aí. O César, o Don Juan da Sonho, matou um cara atropelado?

MICHELE
Matar, não matou; mas mandou o coitado pro hospital.

ISOLDA
Ahn, só isso?

LÍGIA
Ultrapassou o sinal vermelho. Quem viu disse que tava todo distraído e não viu ninguém pela frente.

ISOLDA
Tá, mas ele fugiu, não?

MICHELE
Não, ele foi com o homem pro hospital. Como sou muito eficiente…

ISOLDA
Aham, sei.

MICHELE (continua)
Mandei a Jandira e o Nico pra lá. Adivinha quem apareceram pra ficar com o anti-herói?

LÍGIA
Raúla Negri e Lilian Cordeiro.

ISOLDA
Aff! A Lilizinha tinha que aparecer. Peste!

MICHELE
A gente deixa o babado pra você?

ISOLDA
Claro que não! Se ainda tivesse tido sangue, morte… Qual é o nome do sortudo?

LÍGIA
Miguel. É um músico de rua.

ISOLDA
Xi! Sei quem é. (revira os olhos) Se der a louca e ele morrer, me chamam.

Isolda se afasta e vai até a estação de trabalho. Michele e Lígia conversam em FADE.

CORTA PARA

CENA 10. MANSÃO DE RUGGERO. QUARTO DE RUGGERO. INT. DIA.

Ruggero está deitado na cama e conversa com Fausto. Este guarda o estetoscópio na maleta.

FAUSTO
Tem trabalhado demais. Se continuar assim, vai bater as botas na frente de todo mundo.

RUGGERO
Faz tempo que não saio de casa, a não ser pra ir pro hospital.

FAUSTO
Vou fingir que acredito. (pausa) E os pesadelos?

RUGGERO
Melita já foi buzinar no teu ouvido.

FAUSTO
Ela te ama. Fazer o quê?

RUGGERO
Ama meu dinheiro, isso sim.

CORTA RÁPIDO PARA

CENA 11. MANSÃO DE RUGGERO. CORREDOR. INT. DIA.

Melita anda pelo cômodo e ouve a conversa de Fausto e Ruggero. Aproxima-se da porta do quarto.

FAUSTO (V.O., enquanto isso)
Não seja injusto. Se fosse só por isso, talvez ela nem tivesse se casado com você. Melita não me parece o tipo de mulher.

RUGGERO (V.O.)
Todas são, Fausto. Todas são.

FAUSTO (V.O.)
Me fala dos pesadelos.

RUGGERO (V.O.)
Todo dia sonho com um vulto. Ele vem pra se vingar de mim bem longe daqui. No purgatório, no inferno, não sei onde.

FAUSTO (V.O.)
Não seria o seu filho?

RUGGERO (V.O.)
Miguel? Não. Conhecia muito bem meu filho. Ele, eu sei que não é.

CORTA RÁPIDO PARA

CENA 12. MANSÃO DE RUGGERO. QUARTO DE RUGGERO. INT. DIA.

Fausto está sentado na poltrona em frente à cama.

RUGGERO (continua)
Às vezes tenho a sensação de que nunca morreu.

FAUSTO
Do que está falando? Miguel se foi há quarenta anos. Nós dois estivemos no velório, depois no enterro… Por que isso agora?

RUGGERO
Quando você estiver pra morrer, vai saber.

MELITA (entra)
E aí? Como ele está?

FAUSTO
Agitado e rebelde.

MELITA
Eu juro que eu tento ajudar, mas ele é um turrão.

FAUSTO
Se não fosse com você do lado, ele já tinha partido. Pelo visto, os pesadelos são constantes.

MELITA
Ele sempre acorda com o coração saindo pela boca.

A conversa segue em FADE.

CENA 13. CASA DE BENJAMIN. FRENTE. EXT. ANOITECER.

=== SONOPLASTIA: Ready To Follow You – Dana Dawson ===

Renato e Haila saem pelo portão e se abraçam. Trocam um selinho.

HAILA
Será que dá tempo de chegar à Sonho?

RENATO
Dá sim. Pego o atalho e saio do engarrafamento na avenida.

HAILA
Olha lá! Vou confiar em você.

RENATO (brinca)
Acho bom. Ou confia, ou a gente não casa.

HAILA
Palhaço! De mim você não foge.

RENATO
Quem disse que eu quero?

HAILA
Se me largar, vou atrás de você nem que seja no fim do mundo.

CAM no outro lado da rua. Renato e Haila trocam selinho e andam até o carro dele, onde entram. O carro parte.

CORTA PARA

CENA 14. APARTAMENTO DE LILIAN. SALA. INT. NOITE.

=== SONOPLASTIA OFF ===

Laura e Milton conversam sobre Miguel no sofá.

LAURA
Tenho pena daquele homem. Se você ouvisse o que tive que escutar da mulher e do filho…

MILTON
Não podemos julgar. Não sabemos o que acontece na casa deles.

LAURA
Pois eu sei muito bem. A mulher é amarga, nunca está do lado do marido. O filho, então, vira a cara pra ele na frente dos amigos, uma coisa horrível. No outro dia, a Norma destratou a minha filha. Só faltou chamar de prostituta.

MILTON
Mesmo assim, não sabemos se ele fez alguma coisa que os magoasse.

LAURA
Não justifica. Se fosse assim, eles não tratariam mal à Lilian, ao Benjamin… Amanhã faço questão de visitar o Miguel de novo.

Lilian entra, coloca a bolsa em cima do sofá e dá um beijo em Laura.

LILIAN
Oi, mãe! (cumprimenta Milton) Tudo bom?

MILTON
Laura, você estava certa. Tem uma filha tão linda quanto você.

LILIAN (sorri)
Eu e mamãe agradecemos.

LAURA (abraça Lilian)
Meu maior orgulho na vida. Não é, filha?

LILIAN
Não fala assim, que fico com vergonha. Tem alguma coisa pronta?

LAURA
Tem sim, é só esquentar.

LILIAN
Dá licença, Milton.

MILTON
Toda. (Lilian sai para a cozinha) Nunca pude ser pai. Hoje me faz uma falta. Depois de sete casamentos, me sinto muito sozinho.

LILIAN
É, só me senti completa depois que a Lilian nasceu.

A conversa continua em OFF.

CORTA PARA

CENA 15. CASA DE CIRO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

Ciro e Pedro jantam à mesa. Ciro se serve de vinho, enquanto Pedro põe refresco no copo. Pedro está tenso.

CIRO
Como vai lá com a Lilian?

PEDRO
Tudo indo. Nada de novo.

CIRO
Nem com a biografia do Ruggero? Pedro, é muito importante: preciso que não me esconda nada. Qualquer informação que possa comprometer meu patrão pode trazer problemas sérios pra nós dois. Não tem nada mesmo?

PEDRO
Não, não tem.

CIRO
E por que essa tensão toda? Não minta pra mim.

PEDRO (mente)
Eu tô assim porque vi um cadáver.

CIRO
Cadáver?

PEDRO
É… uma modelo que foi assassinada pelo noivo num motel. A Nara mandou ir pra lá. Quando cheguei, o corpo ainda estava na banheira, cheio de cortes. Se quiser, pode ligar pra ela.

CIRO
Não, eu acredito. Vamos jantar, que a comida vai esfriar.

Pedro come uma garfada de carne. Ciro desconfiado.

CORTA PARA

CENA 16. MANSÃO DE RUGGERO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

Yoná fala com Ciro ao celular.

YONÁ
É verdade, sim. Passei por ele perto desse motel. (tempo) A moça era amiga da minha irmã; estudavam juntas. (tempo) Do jeito que o doutor Ruggero proíbe tudo, nunca que ele e a Lilian vão descobrir nada, a não ser que ele mesmo conte. (tempo) Medo de quê? Não dá tempo de mais nada. Ele já está moribundo, né? (tempo) Então faz como quiser. (tempo) Hoje não dá. Morrendo de cólica. (tempo) Frescura? Fala isso porque não é mulher. (Melita entra) Deixa eu desligar. Tchau, gato! (desliga)

MELITA
Uau! Está namorando?

YONÁ
Enrolada, isso sim.

MELITA
Igual a mim.

YONÁ
Como você? E o doutor Ruggero.

MELITA
Pois é, o problema é ele mesmo. Antes de ir embora, me ajuda a fazer a lista de convidados pra festa do Ruggero?

YONÁ
Festa? Ele nunca foi disso.

MELITA
Deu na telha de fazer uma festa em pleno velório.

YONÁ
Que horror!

Melita pega Yoná pela mão. Elas saem juntas enquanto conversam.

CORTA PARA

CENA 17. APARTAMENTO DE LILIAN. QUARTO DE LILIAN. INT. NOITE.

Lilian conversa com Raúla por mensagens de voz pelo zap. Lilian sentada na cama.

LILIAN
Graças a Deus, a gente se acertou. O César até topou conversar comigo sobre aquele assunto. Até desmarquei com o Breno depois disso, né? O que tá me inquietando é uma outra bomba do Ruggero. Se eu solto… Menina, é um dinamite. Você nem imagina. (espera resposta de Raúla)

RAÚLA (V.O.)
Não queria estar no teu lugar, amiga. Prefiro meu admirador secreto mesmo.

LILIAN
Será que ele vai querer ficar com você quando descobrir que é empoderada e que não vai se ajoelhar aos pés dele? (espera resposta)

RAÚLA (V.O.)
Ele que já tá ajoelhado aos meus pés. Ah, já tava esquecendo. A Zu falou que a Michele botou no portal a história do César com o Miguel. A Isolda postou depois que praga de mulher traída funciona. Encheu a bola da Mônica e queimou o César.

LILIAN
Deixa elas escreverem o que quiserem. O César fez a coisa certa e nem vai pagar tanto assim. Multa, pontos na carteira e trabalho comunitário. Isolda não cansa de pagar mico.

CORTA PARA

CENA 18. HOSPITAL. CORREDOR. INT. NOITE.

Norma sai do quarto de Miguel e se afasta pelo corredor. Cruza com Márcio, que entra pela mesma porta e se aproxima de uma enfermeira.

MÁRCIO
Com licença. Um grande amigo meu está internado. Não pude vir no horário de visita e preciso muito falar com ele. É Miguel/

ENFERMEIRA
Ah, a mulher dele acabou de sair. É naquele quarto. (aponta)

MÁRCIO
Obrigado.

A enfermeira se afasta. Márcio vai até o quarto de Miguel e entra.

CORTA PARA

CENA 19. HOSPITAL. QUARTO DE MIGUEL. INT. NOITE.

Miguel está deitado na cama, olhando para o outro lado. Márcio fecha a porta.

=== SONOPLASTIA: SUSPENSE ===

MIGUEL
Já voltou? (vira o rosto) Quem é você?

MÁRCIO
Não se assuste. Não vim fazer mal. Estive com a Lilian, e ela me disse que tinha vindo pra cá. (sorri) Há quanto tempo!? E eu achando que você tinha… Não imagina o quanto estou feliz de te ver.

Miguel reconhece Márcio e fica apavorado.

=== SONOPLASTIA OFF ===

Efeito de fim de capítulo: imagem de Miguel congela; efeito de flash de fotografia; imagem fica em preto e branco.

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