CENA 01. HOSPITAL. CTI. INT. NOITE.
=== SONOPLASTIA: SUSPENSE ===
Continuação imediata do capítulo anterior.
Zu chora abraçada a Ciro, que olha atentamente para Pedro. Sons de BIPES.
CORTA PARA
CENA 02. SÃO PAULO. EXT. DIA.
=== SONOPLASTIA: Love You Like a Love Song – Selena Gomez ===
Amanhece. Imagens de pontos da cidade com pouca movimentação de pessoas e veículos: avenidas Presidente João Goulart, Santos Dumont, Tiradentes e a marginal Tietê.
CORTA PARA
CENA 03. CASA DE BENJAMIN. SALA. INT. DIA.
=== SONOPLASTIA OFF ===
Benjamin, Miguel e Lilian tomam café da manhã à mesa.
LILIAN
E aí, Miguel? Preparado?
MIGUEL
O que acha? Nem sei por onde começar, como vai ser… Capaz de ele mandar me matar.
BENJAMIN
Não diga isso. Ele pode ser um monstro, mas não vai te fazer nada.
MIGUEL
Se ele já acabou com a minha vida quando morava com ele, imagina depois de tudo que fiz.
LILIAN
Eu também tô insegura… mas é o que tem que ser feito. Não tem mais volta.
MIGUEL
Tanta coisa aconteceu pra, no final, voltar ao que era antes. Se bem que nunca deixou de ser uma droga. Maldita a hora em que tirei a Norma da rua e levei pra casa.
LILIAN
Como assim? Ela era moradora de rua?
MIGUEL
Garota de programa. Não tinha nem onde cair morta. Vivia num muquifo sujo da Boca do Lixo. Me viu tocar e me procurou. Queria que eu a levasse pra um programa, mas… Paguei um prato de comida pra ela e, dias depois, levei pra morar lá em casa. Ela tava grávida.
BENJAMIN
Grávida? Pelo jeito, o bebê não vingou, porque depois/
MIGUEL
Vingou, sim. (pausa) O Guilherme é filho dela com um ex-cafetão. Eu só registrei e criei como se fosse meu.
LILIAN
E ele ainda te trata assim, como se fosse um resto de trapo?
MIGUEL
A Norma fez muito a cabeça dele. Sempre foi revoltada com a pobreza, e agora vocês sabem o porquê.
LILIAN
E o divórcio? Como é que vai fazer?
MIGUEL
A gente só morava junto. Na verdade, eu nunca casei.
BENJAMIN
De qualquer maneira, ela tem direito à metade do que você herdar do Ruggero.
MIGUEL
Se eu herdar. Querer, eu não quero. Não preciso do dinheiro dele.
LILIAN
Pensa bem. O Ruggero nunca foi bom pra você nem pra ninguém, mas você pode transformar tudo que ele fez pra melhor.
BENJAMIN
Só quem é bom de coração pode limpar todo o mal.
MIGUEL
Quem disse que eu sou bom?
LILIAN
Eu. (segura a mão de Miguel) Se fosse outro, ficava lá vendo o Jairo me maltratar e talvez até ajudasse. O que você fez por mim e pela Norma não tem preço. Você me protegeu; deu um lar digno pra ela; registrou o filho. São poucos os que agem assim. O machismo ainda é muito grande no Brasil. Todo dia, um caso de marido matando mulher por um vestido que ela usa, por um batom, por um rompimento…
BENJAMIN
Isso é verdade. Meus filhos contam muitos casos assim nos bastidores. A Raúla está sofrendo com o admirador. Tem ficado assustada.
LILIAN
Mais um machista se aproveitando de uma mulher.
A conversa segue em FADE.
CORTA PARA
CENA 04. HOSPITAL. CORREDOR. INT. DIA.
Zu e Ciro sentados no banco. Raúla se aproxima. Os primeiros se levantam e cumprimentam Raúla.
RAÚLA
Como é que ele tá?
ZU
Na mesma.
CIRO
Não está reagindo.
ZU
Rah, esse é Ciro, irmão do Pedro. (a Ciro) Essa é a/
CIRO
Raúla Negri. Já vi de longe. (a Raúla) Obrigado por ter vindo.
RAÚLA
A Lili queria vir, mas foi resolver um outro problema com o Ruggero e/
CIRO
Com meu patrão?
RAÚLA (mente)
Acho que é com a biografia. A Melita tentou me explicar, mas não entendi direito.
ZU (a Ciro)
Quer aproveitar que ela veio, pra descansar um pouco?
CIRO
Não. Não saio de perto do Pedro até ele acordar. Vão vocês.
ZU
Tá bom. Tô morrendo de fome. A gente já volta.
RAÚLA
Se ele acordar, liga pra gente.
Ciro confirma com a cabeça. Zu e Raúla se afastam em direção à saída. Ciro se senta e fica pensativo.
CORTA PARA
CENA 05. MANSÃO DE RUGGERO. FRENTE. CARRO DE LILIAN. EXT. DIA.
Lilian e Miguel dentro do carro parado em frente ao portão.
LILIAN
Pronto, chegamos. Como tá se sentindo?
MIGUEL
Péssimo.
LILIAN
Eu também, mas é o que tem a fazer. Vou ligar, pra confirmar que teu pai já tá pronto. (pega o celular e liga para Melita) Alô? Oi, Melita, já estamos aqui na frente. Tá tudo pronto aí? (tempo) Em cinco minutos, a gente entra. (tempo) Boa sorte pra todos nós. (desliga)
CORTA PARA
CENA 06. REVISTA DE FOFOCAS. SALA DE NARA. INT. DIA.
Nara conversa com Isolda à mesa.
NARA
Você fez um grande de um estrago. O Washington ligou pra cá e disse que o irmão do Ciro não reagiu nada bem; foi até atropelado e está entre a vida e a morte.
ISOLDA
Pelo visto, não conhecia o irmão mesmo.
NARA
E nem você a consequência do que estava fazendo.
ISOLDA
Eu só estava cumprindo com meu dever.
NARA
E deixou a ética de lado. Dizem que o pai da secretária tá uma arara com você, que quer te processar…
ISOLDA
Quem mandou ela se esfregar nele e fazer o serviço sujo?
NARA
Isso aí, é a polícia que vai ter que provar e não a gente.
ISOLDA
Tô nem aí. Se eles quiserem espernear, eu boto cada um no seu quadrado. Falando nisso, teu ex sumiu mesmo.
NARA
Tá em home office, adiantando os capítulos da novela. Falando nisso, acho que a gente devia fazer o mesmo. Ficar em casa, bem longe dessa doença louca. Taí: está todo mundo liberado pra trabalhar em casa a partir de agora. Temos que dar o exemplo.
Nara e Isolda se levantam. Nara pega a bolsa e sai com a jornalista.
CORTA PARA
CENA 07. CASA DE SÉRGIO. SALA. INT. DIA.
Sérgio conversa com Breno no sofá. Eles tomam café.
SÉRGIO
Quem diria? Foi só conseguir a casa, pra ficar preso nela.
BRENO
Eu também devia ficar, mas é tanta coisa pra resolver… E ainda me aparece a romena pra complicar ainda mais a vida do nosso amigo.
SÉRGIO
O César parece que foi feito de açúcar.
BRENO (ri)
Não é? A Mônica tá pegando fogo pelas ventas.
SÉRGIO
Só não torço pela Romina porque tem a Lilian. Você tem visto ela?
BRENO
Não. Essa é outra que tá enrolada com o livro do Ruggero. Deve estar doida pra acabar logo.
SÉRGIO
Ela tá se expondo, né? Ele tem mais de oitenta anos, é vítima potencial do corona.
BRENO
Nem me fala. O Júlio é outro que continua rodando de boate em boate, pegando todas…
SÉRGIO
Esse nunca teve juízo mesmo. Só não pegou AIDS porque teve muita sorte. Lembra do Aníbal, aquele modelo que tentou ser ator? Júlio ficou de olho, marcou encontro… Ainda bem que o Aníbal passou mal e foi pro hospital bem na hora.
BRENO
Morreu, não?
SÉRGIO
Não. Hoje ele vive bem, toma todos os remédios… Tem uma situação boa, o que facilita.
BRENO
E com a Nara?
SÉRGIO
A audiência foi adiada. Ainda tenho esperança de ela voltar pra mim.
BRENO
Esquece essa mulher. Ela tá muito bem com o Nando. Já falou até em morar junto.
SÉRGIO
Da boca pra fora. Sei que logo ela vai mudar de ideia e voltar pra mim. Ela vai ver quem é a Isolda de verdade.
CORTA PARA
CENA 08. MANSÃO DE RUGGERO. SALA. INT. DIA.
=== SONOPLASTIA: TENSÃO ===
Lilian e Miguel entram e andam até o sofá, mas não sentam. Ele está pálido e trêmulo. Lilian se coloca de frente a Miguel e segura as mãos dele.
LILIAN
É agora.
MIGUEL
Não sei se posso.
LILIAN
Pode sim. Vou ficar aqui torcendo.
MIGUEL
Não sei o que vai ser de mim a partir de hoje.
LILIAN
O mesmo Miguel de sempre. Tenho fé.
MIGUEL
Era essa fé que eu queria ter.
LILIAN
Vai tranquilo, que eu coloco fé por nós dois.
Lilian beija Miguel no rosto. Ele solta as mãos e anda lentamente até sair pelo corredor. Melita entra ela porta principal e se junta a Lilian. Expectativa. As duas mulheres se dão as mãos.
MELITA
Que seja o que Deus quiser.
CORTA PARA
CENA 09. MANSÃO DE RUGGERO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.
Porta entreaberta. Ruggero sentado à mesa, com expressão fatalista. Suspense. Miguel, com cabeça baixa, entra devagar e assim anda até estar de frente a Ruggero. Miguel ergue a cabeça e encara o outro.
CORTA PARA
CENA 10. APARTAMENTO DE NARA. SALA. INT. DIA.
=== SONOPLASTIA OFF ===
Nara entra e fecha a porta. Coloca a bolsa em cima do sofá. Nando entra de roupão e beija Nara.
NARA
Oi, amor!
NANDO
Você em casa a essa hora?
NARA
É. Resolvi mandar todo mundo trabalhar em casa. Aproveitando bem a folga?
NANDO
E como… Tava vendo um filme ali no quarto. Ah, chegou uma carta pra você. Tá ali. (aponta para a mesinha de canto)
NARA
Deixa eu ver. (pega a carta e vê o remetente) É anônima. Que estranho!
NANDO
Abre pra ver o que é.
NARA
Vou mesmo. Tô curiosíssima. (abre e lê; comenta) Nada demais. É só um engraçadinho tentando passar trote. O Sérgio deve ter falado alguma coisa na Sonho, e esse irresponsável veio de gracinha. (amassa a carta) Vou até jogar fora.
NANDO
O que tava escrito?
NARA
Nada. Só falando mal da Isolda e que era pra eu abrir o olho com ela.
NANDO
Se foi isso, eu concordo. Ela gosta de manipular as pessoas e depois tirar o rabo da reta.
NARA
Não comigo. Ela tem sido uma grande amiga desde que/
NANDO
Ela não é amiga de ninguém. Ela puxa o teu saco, te manipula/
NARA
Nando, eu não vou discutir com você e não te dou o direito de questionar minhas amizades. Entendido? Vou lá jogar essa merda fora e ponto final.
NANDO
A escolha é sua.
Nara sai pelo corredor. Nando se senta no sofá.
CORTA PARA
CENA 11. APARTAMENTO DE LILIAN. SALA. INT. DIA.
Ninguém na sala. O telefone de mesa toca duas vezes.
LAURA
(O.S.) Já vai. (tempo; ela vem do corredor; atende) Alô?
CÉSAR (V.O.)
Alô? Laura? É o César.
LAURA
Oi, César.
CÉSAR (V.O.)
A Lilian está. Queria falar com ela.
LAURA
Ela foi resolver uma coisa na rua e deve demorar um pouco.
CÉSAR (V.O.)
É, tentei ligar pra ela, mas só dá fora de área.
LAURA
Ela teve que desligar. Foi levar o Miguel pra se encontrar com o Ruggero. Nossa! Tô uma pilha de nervos por eles.
CÉSAR (V.O.)
Não tenho falado com ela, então não soube que era hoje. Quando ela voltar, pede pra ela me ligar, por favor.
LAURA
Peço, sim. Como estão as coisas com você?
CÉSAR (V.O.)
Vão indo. As gravações foram interrompidas, então tenho ficado em casa mesmo.
LAURA
Eu também. Morta de preocupação com a Lilian, claro, mas estou protegida. Pode deixar, que eu peço pra ela te ligar. Até mais!
CÉSAR (V.O.)
Obrigado, Laura. Até!
Laura desliga o telefone e sai pelo corredor.
CORTA PARA
CENA 12. HOSPITAL. CORREDOR. INT. DIA.
Ciro e Guilherme conversam de pé. Zu volta e se junta aos dois homens.
GUILHERME
Oi, Zu. Você por aqui?
CIRO
Foi ela que trouxe o Pedro pra cá.
ZU
E aí? Alguma coisa?
CIRO
Ainda não. O médico disse que continua instável. Se meu irmão morrer/
ZU
Ele vai sair dessa. Confia em Deus.
CIRO
Não acredito em Deus.
ZU
Tá, então acredita que o teu irmão vai sair dessa. (pausa) É o que mais quero.
Zu chora e se abraça a Guilherme. Ciro apreensivo. Um bando de jornalistas entra e se aproxima de Ciro.
REPÓRTER 1
Doutor Ciro, como está seu irmão?
REPÓRTER 2 (ao mesmo tempo)
Ele vai sobreviver?
REPÓRTER 3
Zuleide, você viu o atropelamento?
CIRO (tom)
Não vamos dar entrevistas. Respeitem.
REPÓRTER 1
Mas, doutor, o público de casa precisa saber o que aconteceu.
Clima tenso de algazarra no recinto. Guilherme se afasta, levando Zu pelo braço.
CORTA PARA
CENA 13. MANSÃO DE RUGGERO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.
Continuação da cena 09.
Silêncio. Suspense. Miguel treme, enquanto Ruggero o encara.
RUGGERO
Sabia que ia voltar com o rabo entre as pernas. E eu pensando que estava morto.
MIGUEL
Pai/
RUGGERO
Ingrato! Cuspiu em tudo que te dei e sumiu no mundo, e agora vem com essa cara/
MIGUEL
Por mim, eu não voltava. (pausa) Foi a Lilian que insistiu.
RUGGERO
Porque tem juízo. Trouxe o filho pródigo pra dentro desta casa. Eu tinha tantos planos pra você/
MIGUEL
Ser uma cópia sua. Se dependesse do senhor, eu não teria vida/
RUGGERO
A vida de um herdeiro é seguir os passos do pai.
MIGUEL
A minha, não. Se quiser, pode me deserdar e dar tudo pro teu cão fiel. Não é assim que chama o Ciro? Não preciso do seu dinheiro. Aliás, o que eu precisava, o senhor nunca pôde me dar: afeto, valores.
RUGGERO (se levanta)
Tudo balela que o crápula do Seixas viveu enfiando na tua cabeça. (se aproxima) Um homem de verdade é feito de ferro, de garra, de ambição/
MIGUEL
Conheço esse discurso desde que me dou por gente. Já chega. Eu não vou pôr a mão em nada que o senhor tenha tocado. Está tudo infectado/ (Ruggero levanta a mão pra bater em Miguel, mas este segura) O senhor nunca mais vai me encostar a mão, ouviu bem? Eu não sou mais aquele moleque frágil de dezoito anos. O senhor vai ter que me respeitar, queira ou não. (solta a mão de Ruggero) Pode não gostar, mas tenho muito orgulho do que faço.
Ruggero olha Miguel com ódio.
CORTA RÁPIDO PARA
CENA 14. MANSÃO DE RUGGERO. SALA. INT. DIA.
Melita e Lilian preocupadas com o que ocorre no escritório.
MELITA
Como será que está lá dentro?
LILIAN
Não faço a menor ideia.
MELITA
Só espero que o Ruggero não faça nenhuma besteira.
LILIAN
Dá vontade de entrar lá… mas a gente não pode interferir.
MELITA
É isso que me mata por dentro.
LILIAN
Se eles conseguirem conversar, já tá de bom tamanho. A gente sabia que eles não iam se reconciliar num primeiro encontro, né?
CORTA RÁPIDO PARA
CENA 15. MANSÃO DE RUGGERO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.
Ruggero encara Miguel.
RUGGERO
Minha vontade era de chamar a polícia e te entregar por se passar por morto.
MIGUEL
Por que não faz?
RUGGERO
Porque é a droga do meu filho.
MIGUEL
Ou porque tem medo de descobrirem sua podridão? A única pessoa que tive que matar fui eu mesmo. Já o senhor…
RUGGERO
Você não pode provar.
MIGUEL
Tem razão. Eu não tenho. Mas a Lilian tem. O senhor acha o quê? Que ela nunca investigou as pilantragens que o senhor fez durante toda a vida? Foi por causa de uma delas que ela descobriu que eu era a droga do seu filho. Antes disso, eu era só o músico da praça; e eu preferia assim. Longe do velho que me humilhou, me ignorou, me pisou todo santo dia, com a ajuda da mamãe. Ela era tão submissa… assim como aquela mulher que está lá fora com a Lilian.
RUGGERO (tom)
Não fala da Melita!
MIGUEL
Dela, eu não falo. Eu falo do senhor. Como é que acha que me senti por todos esses anos, vendo que aquele que deveria ser meu herói era na verdade o vilão, um exemplo pra não seguir? O senhor nunca parou pra pensar que eu tinha meus próprios sonhos, minha própria vida, e que estava me impondo um destino cruel… porque o que me fez passar foi cruel. Mas hoje eu não preciso mais do senhor, de nada que está aqui.
RUGGERO
Porque é um ingrato, um inconsequente. Meu dinheiro pode salvar a sua vida de miséria; pode te tornar um homem de verdade;
MIGUEL
Isso, eu sou, e não é com seu dinheiro. (dá as costas)
RUGGERO
Querendo ou não, ele está no seu sangue. Você é um Fontana di Capri, entendeu?
MIGUEL (se vira de frente)
Infelizmente é uma mancha que eu não posso tirar da sua história. Meu nome vai aparecer no seu livro contra a minha vontade. (sai)
RUGGERO (grita)
Volta aqui, Miguel!
=== SONOPLASTIA: DRAMÁTICA ===
Ruggero anda até a cadeira e se senta. Fica abatido.
CORTA RÁPIDO PARA
CENA 16. MANSÃO DE RUGGERO. SALA. INT. DIA.
Miguel vem apressado do corredor em estado de choque. Lilian olha pra ele e depois corre em direção ao escritório. Miguel se senta no sofá e chora compulsivamente. Melita fica penalizada com o que vê. Senta-se ao lado de Miguel. Ela tenta falar algo, mas vê que é inútil.
CORTA PARA
CENA 17. MANSÃO DE RUGGERO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.
Lilian entra e vê Ruggero aos prantos, debruçado sobre a mesa. Ela se aproxima lentamente.
LILIAN
Ruggero/
RUGGERO
Me deixa sozinho.
LILIAN
Tá bom. Outra hora, eu volto.
Lilian anda até a porta. Olha Ruggero rapidamente e depois sai. Encosta a porta por fora.
CORTA RÁPIDO PARA
CENA 18. MANSÃO DE RUGGERO. SALA. INT. DIA.
Lilian entra pelo corredor e vê Melita ao lado de Miguel, que continua chorando. Arnaldo entra pela porta principal.
ARNALDO
Dona Melita?
LILIAN (calma; a Arnaldo)
Vamos lá fora? Quero te perguntar umas coisas sobre o doutor.
ARNALDO
Pois não.
Lilian e Arnaldo saem juntos. Miguel inconsolável.
=== SONOPLASTIA OFF ===
CORTA PARA
CENA 19. DELEGACIA. CELA MASCULINA. INT. DIA.
Dez presos nas três celas que aparecem na cena. Jairo divide a do meio com outros dois homens. Um carcereiro entra e leva Isolda até Jairo.
CARCEREIRO
Dez minutos.
ISOLDA
Não vou levar nem cinco. Pode contar. (o carcereiro se afasta)
JAIRO
Até que enfim! Você demorou.
ISOLDA
Tá pensando o quê? Que eu só tenho você na minha vida? Melhor se nem te conhecesse. Fiquei sabendo que tentou abusar da Lilizinha.
JAIRO
E aquele músico desgramado apareceu bem na hora.
ISOLDA
Quem mandou brincar com fogo?
JAIRO
Me ajuda a sair daqui.
ISOLDA
Nananinanão! Sem chance. Reincidente tem que ficar é preso mesmo.
JAIRO
Tá bom. Já é, vacilona.
ISOLDA
Vacilona, não. Eu sou mais eu. Bem diferente.
JAIRO
Então me faz outro favor.
ISOLDA
Se eu estiver a fim…
JAIRO
Dois favores. Chama a Mônica. Quero ver a gostosinha.
ISOLDA
Posso tentar, mas não sei se ela vai te querer de novo. Tá muito ocupada com a gringa que tá rondando a vida do César. Qual é o outro?
JAIRO
Mete o malho no músico de pau de arara. Conta tudo que sabe sobre ele.
ISOLDA
Esquece. A Nara me proibiu.
JAIRO
Proibiu, uma ova. Ou você conta, ou eu conto pro primeiro que aparecer o teu lance com o marido dela.
=== SONOPLASTIA: TENSÃO ===
ISOLDA
Que lance? Não tem lance nenhum.
JAIRO
Não? E o irmão do Sérgio é o quê?
ISOLDA
Cala essa boca!
JAIRO
Ficou putinha, foi? Anda logo, traz a Mônica aqui e queima o anjinho da guarda da Lili, ou já sabe.
ISOLDA
Você me paga, desgraçado!
Isolda cospe na cara de Jairo e vai embora. Ele fica com raiva.
CORTA PARA
CENA 20. MANSÃO DE RUGGERO. SALA. INT. DIA.
Miguel se levanta do sofá, ainda depressivo. Melita o consola. Norma entra nervosa, seguida de Lilian e Arnaldo.
NORMA
Eu quero falar com meu sogro.
LILIAN
Norma, ele não pode.
NORMA (vê Miguel)
Ah, você tá aí? Veio com o rabo entre as pernas ver o papai?
MIGUEL
Norma, me deixa em paz.
MELITA
E vai embora, que aqui você não é bem-vinda.
NORMA
Não sem antes falar com o pai do meu marido.
MIGUEL
Que marido? A gente se separou. Enfia na tua cabeça, Norma. (chora) O que eu fiz pra merecer isso.
LILIAN (a Norma)
Eu só não te meto a mão na cara porque não é minha casa.
MELITA
Pode meter, que eu deixo.
RUGGERO (entra; tom)
Posso saber que confusão é essa na minha casa?
CLOSES alternados entre Norma, Lilian, Melita, Miguel e Ruggero. Tensão.
CORTA PARA
CENA 21. HOSPITAL. CTI. INT. DIA.
PLANO MÉDIO. Ciro vê Pedro no leito, por trás do vidro. Sons de BIPES. Pedro abre os olhos lentamente.
CLOSE em Ciro, que fica mais feliz ao ver Pedro acordar.
PLANO MÉDIO. Pedro olha pros lados. Quando vê Ciro, tem um surto. Os batimentos se descontrolam. Ciro se desespera.
CIRO
Doutor? Algum médico? Socorro!
Após poucos segundos, a crise termina e Pedro morre. Som característico no monitor.
CLOSES alternados entre Pedro e Ciro; este à beira de chorar.
=== SONOPLASTIA OFF ===
Efeito de fim de capítulo: imagem de Ciro congela; efeito de flash de fotografia; imagem fica em preto e branco.