CENA 01. HOSPITAL. CTI. INT. DIA.

Continuação imediata do capítulo anterior.

=== SONOPLASTIA: DRAMÁTICA ===

Ciro por trás do vidro que dá pro CTI. Pedro morto no leito. SOM ininterrupto do monitor. Ciro chora. Um médico e uma enfermeira vêm correndo e entram no CTI. Aproximam-se de Pedro, mas veem que não há mais o que ser feito. O médico se junta a Ciro e tenta consolá-lo.

CORTA PARA

CENA 02. MANSÃO DE RUGGERO. SALA. INT. DIA.

=== SONOPLASTIA OFF ===

Continuação da cena 20 do capítulo anterior.

Ruggero encara Norma. Miguel, Melita, Lilian e Arnaldo de pé.

RUGGERO (tom)
O que significa isso na minha casa?

NORMA
Teu filho não te contou?

MELITA (tom)
Vai embora, Norma!

NORMA
Agora eu vou até o fim. (se aproxima de Ruggero) Eu sou a esposa do seu filho. Ele não falou pro senhor, não é mesmo?

LILIAN
Norma, ele já passou por muita coisa hoje/

NORMA
E vai passar por mais, se depender de mim. (a Ruggero) Sou sua nora e vim atrás dos meus direitos. Exijo que meu marido volte a reconhecê-lo como pai/

RUGGERO (tom)
Você não exige nada. Sai daqui, ou chamo a polícia.

MELITA
Ouviu, né?

NORMA
Pode chamar quem quiser, mas antes o senhor vai ter que me escutar.

LILIAN
Ele não tem que/

NORMA
Por que não cala a boca? (a Ruggero) Meu nome é Norma e sou casada há vinte anos com o seu filho. Até semana passada, eu não sabia que ele era um Fontana. Ele me obrigou a viver na miséria com o nosso filho, sabia? Tudo porque ficou com birra do papai.

MELITA
Já está passando dos limites.

NORMA
Pois você já passou há muito tempo. (a Ruggero) Estou disposta a ser a nova senhora Fontana. Aliás, o Guilherme é neto do senhor.

RUGGERO
Guilherme? Que Guilherme?

NORMA
Aquele que o senhor contratou na semana passada.

RUGGERO
É verdade isso, Lilian?

LILIAN
É, sim. Ele é filho da Norma.

MIGUEL
Só dela/

NORMA
Meu e do Miguel. É seu neto, sim. Puxou muito do senhor: a ambição, a garra…

MIGUEL
Tudo aquilo que eu mais desprezo num ser humano. Lilian, vamos embora, que já estou ficando com nojo. (olha atravessado para Norma) Por mim, não volto mais aqui.

Miguel sai com Lilian. Arnaldo os segue. Norma faz pouco caso.

MELITA (a Norma)
A porta da rua é a serventia da casa.

RUGGERO
Ela fica.

MELITA
Ruggero, ela é uma oportunista.

RUGGERO
Mas é minha nora. (a Norma) Vamos conversar a sós… no escritório.

Norma sorri cínica para Melita. O tabelião entra com uma empregada pela porta.

EMPREGADA
Doutor, o tabelião.

RUGGERO (a Norma)
Nossa conversa fica pra outra hora. Preciso resolver um assunto.

MELITA
Quer que chame o Ciro, meu marido?

EMPREGADA
Nossa! Foi bom falar nele. O doutor Ciro não vai poder vir porque o irmão dele acabou de morrer.

MELITA (triste)
Meu Deus! Um rapaz tão jovem…

RUGGERO
Melita, chama o doutor Jacques, então. Norma, volte quando quiser.

NORMA
Sim, meu sogro. (a Melita) Cuida bem dele. Agora é como se fosse meu pai também. (sai)

O tabelião segue Ruggero pelo corredor; ambos saem de cena.

MELITA
Só falta agora o meu marido querer agradar a essa mulher no testamento.

EMPREGADA
Ela não me cheira bem. Não quero ela como patroa, não.

MELITA
Nem eu. Se por acaso eu sair de casa, te levo junto. Como é que está o jardim lá de cima?

EMPREGADA
Faz tempo que ninguém cuida.

MELITA
Então vou chamar o advogado e depois o jardineiro. Aproveita pra dar uma olhada no almoço pra mim.

EMPREGADA
Sim, senhora.

A empregada sai pelo corredor. Melita sobe as escadas e sai de cena.

CORTA PARA

CENA 03. APARTAMENTO DE LILIAN. SALA. INT. DIA.

Lilian entra com Miguel. Laura se levanta do sofá, curiosa.

LAURA
E aí? Como foi lá?

MIGUEL
Péssimo. O velho me tratou como um objeto, um lixo.

LILIAN
Não foi dos melhores encontros, o que já era de se esperar. Mas o pior veio depois.

LAURA
O quê? A Isolda foi lá de novo?

LILIAN
Antes fosse ela.

MIGUEL
A Norma.

LILIAN
Só faltou se esfregar no velho. Os olhões ficaram desse tamanho… (faz gesto com as mãos) Nunca vi ninguém se arrastar daquele jeito por causa de dinheiro.

LAURA
Ela tá iludida com o que o dinheiro pode dar pra ela, vocês não acham?

MIGUEL
É exatamente o que eu acho. Tudo que eu queria era me livrar das correntes, mas lá foi ela querer me prender de novo.

LILIAN
Mas não vai conseguir. Teu pai, daqui a pouco, morre, e ela/

LAURA
…fica com metade de tudo que o Miguel herdar.

MIGUEL
Por mim, não vou herdar um centavo. Que fique lá pro advogado dele.

LILIAN
E se ele mudar o testamento? Agora que você reapareceu…

LAURA
Ah, filha, o César pediu pra você ligar pra ele. Lembrei agora.

LILIAN
Tô com tanta coisa na cabeça, que nem tô dando mais atenção a ele. Obrigada, mãe! Já ligo. (som de notificação no celular) Falando nele… (pega o celular e lê a mensagem; comenta) Ai, não! (triste)

LAURA
O que foi, filha?

LILIAN
A Zu mandou mensagem. O Pedro não resistiu.

MIGUEL
O Pedro é aquele seu amigo do jornal?

LILIAN
Ele mesmo. Foi atropelado. Vou pro hospital. Ligo pro César no caminho.

MIGUEL
Vou com você.

LAURA
Também vou. Se quiser, eu dirijo.

LILIAN
Vou querer, sim.

LAURA
Só vou pegar minha bolsa lá dentro.

Laura sai pelo corredor. Lilian se abraça a Miguel.

CORTA PARA

CENA 04. RUA. CARRO DE LILIAN. EXT. DIA.

Laura dirige. Miguel está no banco do carona, e Lilian fala ao celular no banco de trás.

LILIAN
Uma coisa horrível, César. Tô indo lá pro hospital. (tempo) A Zu tá arrasada, né? (tempo) Ele era um amigão mesmo. Tava me ajudando com as pesquisas sobre o Ru… (tempo) Tô com a mamãe e o Miguel. (tempo) É, encontrou. (tempo) Tenso, viu? Só faltou bater no Miguel. (tempo) Fiquei sabendo. Ela tem fama de louca, né? (tempo) Se ela tentar, já sabe? (tempo) A Mônica? Queria ter assistido ao barraco (ri; tempo) Pelo que a Zu me falou, não vai ter velório. (tempo) Passa lá em casa de noite. (tempo) Beijo. (desliga)

CORTA PARA

CENA 05. HOSPITAL. CORREDOR. INT. DIA.

Zu chora sentada num banco, ao lado de Guilherme, que a consola. Lilian entra e se junta a eles. Zu se levanta, abraça Lilian e chora.

ZU
Lili, foi horrível!

LILIAN
Fala nada, não. Chora, amiga.

GUILHERME
Ela viu o Pedro no chão… veio com ele na ambulância.

LILIAN
É, fiquei sabendo. Teu pai tá lá fora. Quer falar com ele?

GUILHERME
Melhor, não.

=== SONOPLASTIA: TENSÃO ===

Ciro entra pelo corredor interno e se junta a Guilherme. Lilian o olha acusadora. Ciro nota a provocação, mas disfarça e chora abraçado a Guilherme.

LILIAN
Zu, vamos lá pra fora? Assim a gente conversa à vontade.

ZU
Tá bom.

Lilian olha atravessado para Ciro e sai abraçada a Zu. Guilherme nota.

GUILHERME
Por que ela tava te olhando daquele jeito?

CIRO
Pra ela, eu matei meu irmão. (chora) Como? Como é que eu poderia ter/ (choro compulsivo)

Guilherme abraça Ciro.

FADE OUT

CENA 06. CENÁRIOS DIVERSOS. PASSAGEM DE TEMPO.

=== SONOPLASTIA: PIANO ===

FADE IN. CORTES descontínuos entre as sequências abaixo, apresentadas na ordem abaixo. Todas as falas em OFF.

CEMITÉRIO. EXT. DIA.
– O corpo de Pedro é enterrado. Apenas um padre, Zu, Ciro e Guilherme estão presentes.

APARTAMENTO DE LILIAN. SALA. INT. NOITE.
– Lilian, Laura, Miguel, Milton e Benjamin conversam. Todos estão tristes. CORTA. Lilian e César se abraçam. Ela chora. CORTA. Lilian, Zu e Raúla se abraçam e choram, sentadas no sofá.

MANSÃO DE RUGGERO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.
Ruggero assina o testamento. O tabelião o guarda num envelope. Jacques e duas testemunhas assistem.

CASA DE NORMA. SALA. INT. NOITE.
– Norma conversa com Guilherme, enquanto assistem à televisão.

APARTAMENTO DE RAÚLA. SALA. INT. DIA.
– Ela entra em casa com um buquê de flores. CORTA. Ela lê a mensagem e chora desesperada. Sai correndo com o bilhete.

CASA DE BENJAMIN. SALA. INT. DIA.
– Raúla chora nos braços de Benjamin. CORTA. Haila, que está perto deles, disca um número no celular.

DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.
– Raúla e Haila denunciam o admirador secreto. Raúla entrega as cartas para o delegado.

APARTAMENTO DE BRENO. SALA. INT. DIA.
– Mônica beija César. Romina os flagra juntos e dá um tapa em Mônica. Uma puxa o cabelo da outra, e a briga continua no chão. César e Breno separam as mulheres, que continuam se xingando.

MANSÃO DE RUGGERO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.
– Ruggero demite Ciro. Ciro ameaça o velho, e Guilherme se coloca entre eles. Ciro sai. Ruggero abraça Guilherme.

MANSÃO DE RUGGERO. FRENTE. EXT. DIA.
– Ciro sai de carro pelo portão. Vários repórteres se aproximam do veículo, mas ele segue direto.

CASA DE BENJAMIN. SALA. INT. DIA.
– Miguel triste com o que Melita conta. Renato se senta ao lado de Miguel no sofá e tenta consolá-lo. Benjamin se abraça a Melita.

GRAVADORA. ESTÚDIO. INT. NOITE
– Renato grava uma nova música, sorridente. Haila lhe assiste do outro lado do vidro, junto com um produtor.

DELEGACIA. CELA DE JAIRO. INT. NOITE
– Mônica visita Jairo. Ela se recusa a beijá-lo, e ele lhe aperta o pescoço com força. O carcereiro separa os dois, e ela vai embora com raiva.

CASA DE CIRO. QUARTO DE PEDRO. INT. NOITE.
– Ciro entra no quarto e olha os pertences de Pedro. CORTA. CLOSE no rosto de Ciro, cujas lágrimas escorrem. Olhar de ódio.

MANSÃO DE RUGGERO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.
– Ruggero conversa com Jacques e começa a passar mal. CORTA. Jacques e Melita desesperados. Ela pega o celular. CORTA. Fausto entra no recinto.

APARTAMENTO DE ISOLDA. SALA. INT. NOITE.
– CAM na tela do notebook. Isolda clica em postar. CLOSE no rosto dela, que sorri malévola.

=== SONOPLASTIA: SUSPENSE ===

CORTA PARA

CENA 07. APARTAMENTO DE LILIAN. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

Lilian lê as notícias do portal de Isolda e fica chocada. Laura entra com uma panela na mão e vê a reação de Lilian, que fala olhando para o notebook.

LAURA
Algum problema, filha?

LILIAN
Todos. (pausa) A Isolda…

LAURA
Não me diga que ela resolveu contar o segredo de todo mundo.

LILIAN
Foi isso mesmo. (olha para Laura) Tudo sobre o Ruggero, o César, o Miguel… Ela colocou pra quem quiser ver. Até o passado do Benjamin apareceu.

LAURA (enquanto põe a panela sobre a mesa)
Deixa eu ver, que ainda não estou acreditando.

LILIAN
Começa aqui em cima. (ajeita a tela)

Laura lê rapidamente e fica pasma.

LAURA
Meu Deus! O que ela fez é muito sério. (pausa) Que Deus não me ouça, mas, depois dessa, a Isolda pode aparecer morta a qualquer momento. Ela cutucou muita gente.

LILIAN
Até eu tô com medo. Muita coisa, fui eu que descobri. Meu nome tá aí.

LAURA
Mas foi ela que jogou pra quem quiser ver. (pausa) Vou dar uma saída.

Laura sai. Lilian se desespera e segue a outra.

CORTA RÁPIDO PARA

CENA 08. APARTAMENTO DE LILIAN. SALA. INT. NOITE.

Laura e Lilian vêm do corredor.

LILIAN (enquanto isso)
Aonde é que você vai, mãe?

LAURA
Resolver uma coisa que tá entalada faz tempo.

LILIAN
Não vai fazer besteira.

LAURA
Eu vou resolver uma, isso sim. Termina de arrumar as coisas e janta, que eu já volto. (beija Lilian na testa e sai)

LILIAN
Mãe?!

Lilian vai até o corredor, mas tem uma ideia. Volta, pega o celular sobre a mesinha de centro, tira-o da tomada e disca um número.

CORTA PARA

CENA 09. MANSÃO DE RUGGERO. SEGUNDO ANDAR. CORREDOR. INT. NOITE.

Fausto sai do quarto de Ruggero e se junta a Melita.

MELITA
Como é que ele está?

FAUSTO
Muito mal.

MELITA
Não é melhor levar pro hospital.

FAUSTO
Não vai adiantar. (pausa) De hoje não passa.

MELITA
Não fala isso, doutor.

FAUSTO
Infelizmente é verdade. (Melita chora) O Ruggero só quer falar com uma pessoa, e você sabe quem é.

MELITA
Não sei se devo.

FAUSTO
Deve. É a última vontade do seu marido. Dê esse presente a ele.

Melita olha Fausto incrédula. Suspense.

=== SONOPLASTIA OFF ===

CORTA PARA

CENA 10. APARTAMENTO DE NARA. SALA. INT. NOITE.

Nara abre a porta para Laura.

NARA
Você por aqui?

LAURA
O assunto é muito importante.

NARA
Se for pra falar da sua filha/

LAURA
Não, eu vim falar de outra pessoa.

NARA
Se o assunto é o Sérgio, pode dar meia volta/

LAURA
Já leu o blog da sua funcionária exemplar hoje?

NARA
Não, não li.

LAURA
Imaginei. Pegue o seu lindo celular e veja você mesma. Enquanto isso, eu vou me sentar naquele sofá e esperar a sua reação.

NARA
Não estou gostando do seu tom.

LAURA
Nem eu do que a Isolda acabou de fazer.

NARA
Senta lá, que eu vou ver o que você quer e provar que a Isolda nunca deixou de ser profissional e qualificada.

LAURA
Ou o contrário. Com licença.

Laura entra e se senta no sofá. Nara fecha a porta e pega o celular. Abre o portal de Isolda no navegador e lê.

=== SONOPLASTIA: SUSPENSE ===

NARA (chocada)
Mas isso é muito grave!

LAURA
Pelo visto, não estava sabendo mesmo.

NARA
Ela expôs um monte de segredos do Ruggero Fontana.

LAURA
Ela colocou espiãs pra ouvirem as conversas da minha filha com a Zu e com o Pedro, que Deus o tenha.

NARA
Como assim que Deus o tenha?

LAURA
Para uma jornalista, você está bastante desinformada. O Pedro morreu anteontem. (Nara consternada) Atropelado. Fugiu das maldades do Ciro. Pelo menos isso você leu no portal, não leu?

NARA
Não, mas a Isolda me contou. Meu Deus! Pedro era um rapaz tão promissor…

LAURA
E o seu casamento com Sérgio também. Isso, a Isolda também matou… mas você pode ressuscitar.

NARA
Por que está falando de novo do meu casamento?

LAURA
Nara, já tentei te falar outras vezes, mas você nunca me ouviu. Então serei obrigada a revelar um segredo; na verdade, um boato. Cabe a você investigar.

NARA
Não entendo.

LAURA
O Wilson, seu cunhado, que Deus também o tenha, teria tido um caso com a Isolda, e o Ruggero teria descoberto. Tempos depois, ele apareceu morto.

NARA
E o Ruggero é o principal suspeito.

LAURA
Seria… se ele não tivesse passado todo aquele dia em entrevista com meu marido. Luciano, atento que era, não notou nada de estranho no Ruggero, tanto que comentou comigo e com Sérgio algum tempo depois.

NARA
O que não prova nada.

LAURA
Deixa eu completar meu raciocínio. (pausa) Quando foi há quinze dias, mais ou menos, eu cheguei a uma conclusão que penso ter sido a do Sérgio. (pausa) Quem, além do Ruggero, poderia querer a morte do Wilson?

NARA
O Sérgio.

LAURA
Ele nunca ia querer a morte do Wilson. Eles eram agarrados, e você lembra disso. (pausa) Você também não… Eu e minha filha, muito menos. Sobra quem?

NARA
Você está querendo insinuar que a Isolda… Não acredito numa palavra do que tá me falando.

LAURA
E se ela percebeu que o Sérgio desconfiava dela e passou a odiá-lo com toda a força, a ponto de acabar com o seu casamento?

NARA
Não faz o menor sentido. Se fosse assim, ela dava um jeito de matar o Sérgio.

LAURA
A Isolda é mais calculista que isso. Ela não é Ruggero, nem Mônica, nem Ciro… Pensa, Nara. Como o Sérgio não pode provar nada contra ela, Isolda está só fazendo intriga contra vocês. Se ele abrir a boca, toda a opinião pública se volta contra ele. Por que ela mataria ele, se só com isso ela o derrota? (pausa) Não sei se você chegou a ler, mas ela acusa o Ruggero veementemente da morte do Wilson. É bem mais fácil colocar a culpa no velho do que provarem que a autora, na verdade, foi ela.

=== SONOPLASTIA OFF ===

NANDO (entra; as mulheres disfarçam)
Oi, amor!

NARA
Como foi lá?

NANDO
Bem… (vê Laura) Por aqui a essa hora?

LAURA (se levanta)
Pois é. Vim fazer uma visitinha pra minha amiga, e já vou indo. Minha filha tá morta de preocupação. Uma boa noite.

NANDO (abre a porta para Laura sair)
Boa noite.

LAURA
Nara, pensa bem no que te falei.

Laura sai. Nando fecha a porta e se aproxima de Nara.

NANDO
O que houve?

NARA
A Isolda… (pensa) Amanhã bem cedo vou ter que conversar com ela.

NANDO
Algum problema?

NARA
Olha o que ela postou no blog.

Nara entrega o celular a Nando, que se senta no sofá. Ela se levanta e se aproxima da janela, preocupada e pensativa. Nando chocado com o que lê.

CORTA PARA

CENA 11. APARTAMENTO DE RAÚLA. SALA. INT. NOITE.

Raúla e Haila conversam no sofá sobre o admirador secreto.

HAILA
Pelo menos você já fez o principal, que era denunciar esse louco.

RAÚLA
Tô com medo! Ainda bem que a agência me dispensou pra quarentena, se não eu ia ficar igual uma louca dentro da caverna. E se ele vier me matar?

HAILA
Ele não vai nem chegar perto. Por isso que falei pro Renato que vou ficar morando com você por um tempo, até esse monstro ser descoberto.

RAÚLA
Mesmo assim. E se eu abrir a porta e ele vier com um facão? (chora)

HAILA
O porteiro segura ele lá embaixo. Ele é treinado pra casos assim. Nada vai te acontecer.

RAÚLA
Me abraça.

Haila protege Raúla, que treme de medo.

CORTA PARA

CENA 12. APARTAMENTO DE LILIAN. SALA. INT. NOITE.

Laura entra e acende a luz.

LAURA
Lili? Tá em casa?

Laura fecha a porta e coloca a bolsa em cima da mesinha de centro. Ali encontra um bilhete de Lilian: “Mãe, tive que dar uma saída. Não demoro. Beijo. Lili.”. Laura pensativa.

CORTA PARA

CENA 13. MANSÃO DE RUGGERO. SEGUNDO ANDAR. CORREDOR. INT. NOITE.

Arnaldo espera Melita sair do quarto de Ruggero. Ela se aproxima do mordomo.

ARNALDO
Dona Melita, a pessoa que o doutor mandou chamar já chegou.

MELITA
Vou falar pro Fausto deixá-lo sozinho, e você manda a pessoa subir.

ARNALDO
Sim, senhora. (se afasta)

Melita fica apreensiva. Junta as mãos em oração silenciosa.

CORTA PARA

CENA 14. APARTAMENTO DE ISOLDA. SALA. INT. NOITE.

Ninguém na sala. Alguém toca a campainha insistentemente. Isolda vem da cozinha.

ISOLDA
Será que não posso ficar em paz a essa hora da noite, caramba?

Isolda abre a porta. Ciro força a entrada e encara Isolda. Ela tenta falar, mas Ciro a esbofeteia com força.

CIRO
Assassina!

ISOLDA
Epa! Pera lá! Assassina, não!

CIRO
Você matou meu irmão, sua vadia desgraçada.

ISOLDA
Eu não matei ninguém. Você, sim. Foi bom enganar o coitadinho a vida toda, né? E agora ele descobriu. Que peninha!

CIRO
Você é uma cobra!

ISOLDA
Igual você. Advogadozinho safado, pilantra, que queria meter a mão na fortuna do velhote, né? Só não contava com o retorno triunfal do filho morto, né?

CIRO
Então é verdade?

ISOLDA
A Lilian escondeu direitinho de você, não foi? Pensei que fosse mais perspicaz.

CIRO
O testamento já está pronto, e sou eu que vou herdar tudo. Não tem músico de rua, não tem mulher escandalosa, não tem jornalista que tome o que é meu.

ISOLDA
É aí que você se engana. O doutor mandou chamar um tabelião, sabia? Mudou tudo. O netinho não te contou? Sei que vocês estão tão agarrados um com o outro…

CIRO
Netinho?

ISOLDA
Xi! O Guilherme não te contou? Ele é neto do doutor Ruggero. Está tão de olho na fortuna quanto você. Ele vai ganhar… já você… te cuida, pra não ir pro mesmo lugar que o teu irmãozinho querido.

CIRO
Não antes de você.

=== SONOPLASTIA: TENSÃO ===

Ciro pega o revólver da cintura e aponta para Isolda. Ela se assusta.

ISOLDA
Peraí. Guarda essa merda. Vamos conversar.

CIRO
Já conversamos demais. Chegou a tua hora, maldita.

=== SONOPLASTIA OFF ===

CORTA PARA

CENA 15. MANSÃO DE RUGGERO. QUARTO DE RUGGERO. INT. NOITE.

Ruggero agoniza, deitado na cama. Fala com fraqueza. Melita de pé perto da porta, triste e mórbida.

MELITA
Posso mandar entrar?

RUGGERO
Pode.

Melita sai do quarto e deixa a porta entreaberta. Segundos. CAM em Ruggero. SOM de porta fechando.

RUGGERO
Que bom que veio. (pausa) Chega mais perto. (Ruggero segue a pessoa com o olhar) Senta aqui.

Segundos de expectativa.

Efeito de fim de capítulo: imagem de Ruggero congela; efeito de flash de fotografia; imagem fica em preto e branco.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Publicidade

Inscreva-se no WIDCYBER+

O novo canal da Widcyber no Youtube traz conteúdos exclusivos da plataforma em vídeo!

Inscreva-se já, e garanta acesso a nossas promocionais, trailers, aberturas e contos narrados.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo