“Perseguindo Carros”

 

[CENA 01 – CASA DE ALICE/ SALA/ DIA]
VERÔNICA – Eu sei que não sou bem-vinda nessa casa, mas, isso quando Felipe estiver aqui. E, suponho que ele esteja na empresa agora.
PAULO – Mesmo assim, eu sendo o segundo mais velho, tenho que fazer valer as decisões do meu irmão.
VERÔNICA – Deixa de conversa fiada, Paulo. E vai logo avisar a sua mãe que eu estou aqui.
PAULO – Desculpa, mas isso não será possível.
VERÔNICA – Como não?
VIVIANE – (descendo as escadas) Você não é bem-vinda aqui, Verônica!
VERÔNICA – (caminha até ela) Viviane, querida! (a abraça) Vim visitar minha velha amiga. Já que praticamente, me esqueceram.
VIVIANE – Você sabe que Felipe proibiu de você vim aqui. Principalmente de se aproximar da Alice.
VERÔNICA – Sim, eu sei. Só que nenhum dos dois estão aqui no momento. Acredito que Alice esteja no colégio, assim como o Felipe deve está na empresa.
VIVIANE – Estão, só que mesmo assim se meu filho souber que você veio aqui, ele poderá ficar chateado com a gente.
VERÔNICA – Bem, ele não precisa saber que eu vim.
VIVIANE – Eu não irei mentir para o meu filho.
VERÔNICA – Não me venha com essa, Viviane. Sem muito bem que essa não será a primeira vez que você esconde algo do Felipe.
VIVIANE – Eu sei que escondi muitas coisas dele, só que agora é diferente. Prometi para mim mesma jamais esconder algo dele.
VERÔNICA – (ri) Você está de brincadeira, né?
VIVIANE – Não estou brincando!
PAULO – E mesmo assim, se a minha mãe não contasse eu contaria.
VERÔNICA – De você eu não duvido, Paulo. Tenho certeza que assim que Felipe chegasse em casa, você seria o primeira a fofocar para ele.
VIVIANE – O fato é que você que não é bem-vinda aqui, Verônica. Então… (caminha até a porta) …se deseja conversar comigo, a gente pode marcar um encontro em um outro dia e em um outro lugar.
VERÔNICA – Então vai ser assim? Muito bem, só saibam que isso não ficará dessa maneira. Vocês ainda ouviram falar de mim. (caminha até a porta, sem se despedir de ninguém e vai embora. Viviane fecha a porta e retorna para perto de Paulo)
PAULO – Será que essa aí vai voltar novamente?
VIVIANE – Conhecendo a Verônica como conheço, essa aí não é de desistir fácil assim.

[CENA 02 – COLÉGIO ESTADUAL OLIVEIRA SANTOS/ PÁTIO/ DIA]
(Ana continua conversando com Pedro, esperando uma reação dele após a notícia que acabou de revelar de Dácio)
PEDRO – E o que isso tem a ver?
ANA – Como o que isso tem a ver? Ele é gay!
PEDRO – Sim, eu ouvi da primeira vez.
ANA – Você não acha isso errado?
PEDRO – Ana, na verdade eu estou surpreso por você pensar assim.
ANA – Eu só não acho certo que dois homens fiquem juntos. É contra a natureza.
PEDRO – Dácio é meu amigo, independente se ele gosta de homem ou de mulher. Isso não muda nada o que eu penso sobre ele. E eu esperava que isso não interferisse com você também.
ANA – Eu não consigo olhar para ele, o imaginar beijando outro homem e dizer que é comum, que é o certo.
PEDRO – Dácio é nosso amigo, Ana. E mesmo que não fosse, o que ele faz ou deixa de fazer só pertence a ele. E estou decepcionado com você, por pensar dessa maneira em relação as outras pessoas. (Pedro volta para a mesa, e senta-se ao lado de Dácio, propositalmente olhando para Ana. Ana, chateada vai para dentro do colégio)

[CENA 03 – CASA DE OTÁVIO/ SALA/ DIA]
(Silvana continua olhando para Saulo, não acreditando no que tinha acabado de ouvir)
SAULO – Será que a gente poderia marcar um encontro, para conversarmos melhor?
SILVANA – Tá, pode ser. Agora não dá, porque tenho que fazer algumas costuras na casa de uma cliente.
SAULO – Pode ser outro dia, sem problema.
SILVANA – Pode ser naquele bar?
SAULO – Sim, pode.
SILVANA – Amanhã?
SAULO – Ok. (os dois ficam em silêncio, apenas olhando um para o outro) Então, acho melhor eu ir indo. Não quero atrasar você. Tchau!
SILVANA – Tchau. (Saulo dá um leve sorriso e vai embora em seguida. Silvana fecha a porta, caminha até o sofá, senta-se, apreensiva)

[CENA 04 – HOSPITAL/ Q. DE PAULA/ DIA]
(após Paula abrir os olhos, Luana rapidamente chamou o médico e enfermeiras. Após consultarem ela, perceberam que Paula continua ainda sem reação em seus sentidos, inclusive, voltou a fechar os olhos novamente)
LUANA – Mas ela abriu os olhos. Eu estava ao lado dela quando isso aconteceu.
MÉDICO – Eu sei, isso deve ser alguma reação do corpo dela, querendo melhorar. Mas, no momento, ela ainda continua no mesmo estado.
LUANA – Mas como ela pode continuar em coma, sendo que ela abriu os olhos minutos atrás?
MÉDICO – O coma é um estado prolongado de inconsciência, mesmo que ela tenha aberto os olhos, o cérebro dela ainda pode está inconsciente. Pode não está emitindo atividade nenhuma.
LUANA – O pai dela vai ser avisado ao menos?
MÉDICO – Sim, vai.
LUANA – Eu virei aqui com mais frequência, está bem?!
MÉDICO – Ok. (Luana se aproxima de Paula novamente, o médico sai do quarto)

[CENA 04 – PENSÃO/ PÁTIO/ DIA]
(Daniel empurra sua vizinha com jeito, se afasta dela)
DANIEL – O que foi isso?
VIZINHA – Um beijo! É que desde que você chegou aqui, eu tenho me interessado em você.
DANIEL – Desculpa, mas não podemos ter nada.
VIZINHA – Por que? Você tem namorada?
DANIEL – Tenho. Por isso não pode acontecer nada.
VIZINHA – (fica sem jeito) Desculpa, eu não sabia, de verdade. Ah, que vergonha.
DANIEL – (caminha até a pia) Relaxa, não precisa se preocupar.
VIZINHA – Mesmo assim, o que eu fiz foi muita ousadia. Eu devia ter perguntado se você estava em algum relacionamento antes.
DANIEL – Esses pequenos erros acontecem, não precisa se preocupar. (os dois ficam em silêncio por algum tempo, a vizinha caminha até a pia, pega as peças de roupas que havia trazido para lavar)
VIZINHA – Bem, eu lembrei que tenho que resolver um assunto, então vou lavá-las depois. Com licença! (sai apresada para dentro da pensão. Após a saída dela, Daniel para de esfregar uma camisa, e fica pensativo)

Anoitecendo…

[CENA 05 – CASA DE ALICE/ Q. DE PEDRO/ NOITE]
(Pedro está sentado em sua cama, tocando seu violão. Alice bate na porta do quarto, entrando)
ALICE – Posso entrar?
PEDRO – Você já entrou!
ALICE – (caminha até a cama, senta-se ao lado dele) Tocando alguma música específica para o programa?
PEDRO – Não, só tocando mesmo.
ALICE – Estou compondo uma música, queria saber se você poderia me ajudar.
PEDRO – Estou ocupado no momento.
ALICE – Pode ser uma outra hora, sei lá. Só é um pretexto para cantar uma música com você.
PEDRO – Alice, não me faça ser duro com você. Eu já te falei que…
ALICE – Não quer nenhuma aproximação comigo, eu sei. Mas, eu gosto de cantar com você. Quando estamos cantando, sinto às vezes que nos conectamos. Que somos apenas um, em corpo e voz. (Pedro para de tocar e olha para ela)
PEDRO – Eu sentia isso, quando nos conhecemos. Mas, a Alice que eu conheço agora, não me faz mais sentir isso.
ALICE – Eu continuo sendo a mesma Alice. Aquela que você cantou pela primeira vez na lanchonete do Ivo.
PEDRO – Não é.
ALICE – (segura as mãos dele) Então me ajuda a mudar! Eu sei que às vezes cometo erros, faço coisas que não são tão boas. Mas, quando eu estou com você, eu não sinto vontade disso. É como se eu me conectasse com uma outra Alice dentro de mim. (Pedro a observa) Me dê uma chance. Acredite em mim só mais uma vez. (Pedro olha para o violão por alguns segundos, depois começa a tocar)

[CENA DE MÚSICA – CHASING CARS (SNOW PATROL)]

[PEDRO]
We’ll do it all everything, on our own 1
We don’t need anything, or anyone

If I lay here, if I just lay here
Would you lie with me
And just forget the world

[ALICE E PEDRO]
I don’t quite know how to say how I feel 2
Those three words are said too much
They’re not enough

[ALICE]
If I lay here, if I just lay here 3
Would you lay with me
And just forget the world
Forget what we’re told
Before we get too old
Show me a garden
That’s bursting into life

[PEDRO]
Let’s waste time chasing cars 4
Around our heads
I need your grace
To remind me, to find my own

[ALICE E PEDRO]
If I lay here, if I just lay here 5
Would you lie with me
And just forget the world?
Forget what we’re told
Before we get too old
Show me a garden
That’s bursting into life

All that I am, all that I ever was
Is here in your perfect eyes
They’re all I can see, I don’t know where
Confused about how as well
Just know that these things will never
Change for us at all

[PEDRO]
If I lay here, if I just lay here 6
Would you lie with me
And just forget the world?

1. Pedro começa a tocar olhando apenas para o violão. Alice o observa sorrir. Pedro olha para Alice e a ver sorrindo.
2. Alice começa a cantar junto com Pedro, ambos continuam se olhando.
3. Pedro volta a olhar para o violão, assim que Alice começa a cantar. Pedro volta a prestar atenção em Alice.
4. Alice e Pedro cantam juntos, ainda continuam se olhando. Embora Alice esteja estampando um sorriso, Pedro continua cantando sério. Ao longo dos últimos trechos da música, Alice vai se aproximando de Pedro.
5. Alice fica próximo ao Pedro, séria dessa vez, olhando no fundo dos olhos dele. Pedro dessa vez se aproxima dela, também olhando diretamente nos olhos. A música se encerrar, os dois continuam se encarando, se aproximam e se beijam.

[CENA 06 – CASA DE OTÁVIO/ SALA/ NOITE]
(Otávio está tocando algumas notas aleatórias em seu piano, Silvana o observa, e apesar de está curtindo a música que Otávio está tocando, Silvana continua preocupada com o futuro de seu filho)
SILVANA – (campainha toca, Otávio para a música no piano, Silvana levanta do sofá e vai atender) Oi, Eduardo. Boa noite.
EDUARDO – Boa noite, Silvana. (Eduardo entra e os dois vão para a sala, Otávio levanta do piano e cumprimenta Eduardo)
OTÁVIO – (o abraçando) Pensei que não daria tempo de você vim.
EDUARDO – Estou vindo do trabalho na verdade. Como você disse que sua mãe estava aqui, não queria perder a oportunidade.
SILVANA – Vocês querem conversar comigo?
EDUARDO – Sim. Fiquei sabendo que Otávio nunca foi à praia. Então, estava pensando em leva-lo para conhecer um dia desses, claro, se você autorizar.
SILVANA – Só vocês dois?
OTÁVIO – A senhora pode vim junto também, sem problema.
SILVANA – Eu não tenho tempo filho. Sabe como está minha agenda de costura pela cidade.
OTÁVIO – Eu sei mamãe, mas em uma dessas folgas, a senhora pode vim com a gente.
SILVANA – (olha para Eduardo, e sente que podia confiar nele) Quando vocês pretendem ir?
EDUARDO – Isso depende do melhor dia para o Otávio.
OTÁVIO – Por mim pode ser até amanhã mesmo.
SILVANA – (pensativa) Bem, eu autorizo com a condição de você tomar cuidado, filho. De não sair do lado do Eduardo, em hipótese alguma.
EDUARDO – Pode ficar tranquila, que estarei com o Otávio sempre.
SILVANA – Então vocês podem ir. (Otávio comemora) Me avisem assim que chegarem, por favor.
EDUARDO – Vamos avisar sim.
OTÁVIO – (caminhando até sua mãe) Obrigado, mamãe. (a abraça, Silvana sorri) Eu vou conhecer a praia. Eu vou conhecer o mar! (todos sorriem com a felicidade de Otávio)

Amanhecendo…

[CENA 07 – CASA DE PEDRO/ SALA/ DIA]
(Pedro está descendo as escadas, em direção à saída. Paulo que vinha da cozinha o encontra saindo)
PAULO – Indo para algum lugar, Pedro?
PEDRO – Combinei com um amigo de irmos à praia. É a primeira vez que eu vou à praia do Rio, desde que cheguei aqui.
PAULO – Você não conhece as praias do Rio de Janeiro?
PEDRO – Ainda não.
PAULO – Por que não me contou isso antes. Teria te apresentado todas ela.
PEDRO – Podemos marcar outro momento, quem sabe.
PAULO – Prometido. Essa será uma das minhas tarefas antes de viajar pelo mundo.
PEDRO – Então eu vou indo, meu amigo está me esperando já.

[CENA 08 – BAR/ DIA]
(Saulo está sentado em uma das mesas aguardando Silvana. Alguns minutos de espera, e após consultar três vezes a hora pelo celular, Silvana entra no bar. Ao encontra-lo, caminha até a mesa, senta-se de frente para ele)
SILVANA – Eu não posso demorar muito. Disse para uma cliente minha que iria me atrasar apenas uns 30 minutos.
SAULO – Prometo que a nossa conversa será rápida.
SILVANA – Então, o que é que você tem? (Saulo olha para ela, sério)

[CENA 09 – CASA DE ALICE/ Q. DE ALICE/ DIA]
(Alice acorda feliz. Olha para o teto e lembra do beijo que deu em Pedro na noite anterior. Isso a deixa inspirada, pega seu caderno de música ao lado de sua cama, começa a escrever o que estava sentindo naquele momento)

[CENA 10 – LANCHONETE DO IVO/ DIA]
(Ramon e o pessoal da banda chegam à lanchonete e caminham direto para o palco. Ivo, ao ver eles no palco montando os equipamentos, dar um leve sorriso e caminha até eles)
IVO – Olha só a minha banda favorita. Como estão pessoal?
RAMON – Estamos bem, Ivo. Ansiosos para a próxima fase, mas estamos bem.
IVO – Ansiedade é bom. E o Pedro? Ele não veio com vocês?
RAMON – O Pedro vai chegar mais tarde hoje.
IVO – Ah. Bem, eu queria conversar algo com vocês, só que eu acho melhor conversar com a banda toda reunida.
RAMON – Pode conversar com a gente. Qualquer coisa eu conto para o Pedro depois.
IVO – Eu sei, só que é melhor com todos.
RAMON – É importante assim?
IVO – Depende. Vai depender muito da resposta de vocês, na verdade.
RAMON – Agora estou curioso, Ivo. Conta logo o que é?
IVO – É só uma proposta, gente. Relaxa, não quero atrapalhar o ensaio de vocês.
RAMON – Proposta, é? Acho que eu sei que proposta deve ser.
IVO – Sabe?
RAMON – Sei sim. (desce do palco e fica de frente para Ivo) Você quer ser nosso empresário, não é? (Ivo olha para Ramon, sem reação)

[CENA 11 – PRAIA/ DIA]
(Eduardo chega de moto com Otávio à praia de Ipanema. Otávio desce da moto, e fica ao lado esperando Eduardo estacionar. Ao ouvir o som do mar, sua atenção foca-se apenas para a direção do som, um sorriso cresce em seu rosto)
EDUARDO – (ficando ao lado dele) Chegamos, Otávio! Está pronto? (Otávio não responde, mas continua sorrindo observando na direção do som do mar)

[CENA 12 – PENSÃO/ Q. DE EDUARDO/ DIA]
(Daniel está sentado na cama, ansioso. Alguém bate na porta do quarto, ele imediatamente levanta e a abre)
DANIEL – Entra. (o puxa para dentro do quarto rapidamente) Precisamos conversar.
DÁCIO – Você parece nervoso. Está acontecendo alguma coisa?
DANIEL – Não pretendo enganar você. Mas, aconteceu algo ontem que você precisa saber.
DÁCIO – O que aconteceu? É algo com o seu pai?
DANIEL – Não. É que… na verdade… eu beijei uma garota ontem! (Dácio olha para Daniel surpreso)

Contínua no Capítulo 27…

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