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Episódio 12 – Dívida

Emily

 

ANTES

 

Emily acordou em uma cama que não era sua, sem se lembrar de quando e como tinha ido parar ali. O quarto parecia ser de um hotel, apesar do cheiro forte de cigarro e álcool presente no lugar. Ela tentou buscar alguma informação sobre a noite anterior em sua memória, mas realmente ela não se lembrava de nada.

Havia alguém deitado ao seu lado. Ela viu as costas nuas de um rapaz de cabelos castanhos. Era Ben Parker.

Emily se levantou aos poucos, tentando fazer o mínimo de barulho para não acordá-lo. Ela queria fugir dali o quanto antes. Mas sem sucesso, Ben virou-se em sua direção e abriu os olhos.

– Oi. – ele sussurrou. – Aonde vai?

Emily engoliu em seco. Viu que estava apenas de calcinha e sutiã, precisava urgentemente procurar seu vestido. O que havia acontecido?

– O que houve, Ben? Como vim parar aqui?

– Não se lembra de nada? – ele se levantou, esfregando os olhos. – Bom, nós nos encontramos numa festa no Rooftop desse hotel. Você exagerou um pouco na bebida. E também em outras coisas.

Emily franziu a testa e fechou os olhos. Não acreditava que aquilo tinha acontecido.

– Você perde toda a noção quando vê os meus produtos. – ele riu. Emily olhou séria pra ele, cerrando os punhos. – Você usou praticamente a noite toda.

– C-Como?

– Depois viemos parar aqui. – ele sorriu, se aproximando lentamente de Emily. – Foi uma noite ótima. Poderíamos repetir qualquer dia.

– Não aconteceu nada. – Emily saiu da cama antes que ele se aproximasse ainda mais. – Foi um erro. Eu não posso usar essas coisas, tenho uma reputação a zelar.

– Ora – Ben debochou. – Você e várias pessoas que compram comigo. Eu não vou te expor, seria burrice. Eu trabalho no sigilo.

– Isso não vai acontecer novamente.

Foi o que Emily disse antes de procurar seu vestido e ir embora daquele quarto de hotel. Mas houve outras vezes em que os dois se encontraram, beberam, se drogaram e no final, transavam. Um relacionamento perigoso foi surgindo no meio desses encontros, porém negócios eram negócios e os Parker não estavam afim de perder dinheiro.

– Tudo o que você usar, vai ter que pagar. – disse Ben. – Minha família começou a me cobrar.

Havia uma necessidade de Emily em se encontrar com Ben, uma necessidade que ia além da relação entre os dois, era uma sede pelo o que sua presença lhe trazia.

– Pensei que o que nós estamos tendo fosse maior que os negócios da sua família. – disse Emily.

Os dois estavam no mesmo quarto de hotel. A mesinha de centro repleta de garrafas de bebidas e cocaína. Ben estava sentado na cama enquanto Emily estava agachada ao lado da mesa, pronta para usar a mercadoria dos Parker.

– Infelizmente, pra minha família não é. – Ben disse. – Eu gosto muito de você, Emily. Mas negócios são negócios.

Emily estava completamente chapada para discutir. Ela revirou os olhos e voltou seu rosto para a cocaína.

– Que seja. – ela murmurou.

Foi quando seus pais começaram a reparar em como Emily havia mudado, principalmente fisicamente, que eles resolveram cortar toda a sua mesada e a proibir de sair por um tempo. Assim, Emily conseguiu se livrar temporariamente de Ben e suas drogas.

Mas as dívidas ainda estavam em aberto. De vez em quando, mesmo com Emily namorando Austin, Ben mandava mensagens sobre suas dívidas e tentava se encontrar com a garota a sós. Emily sempre o ignorava.

 

AGORA

 

– E foi assim que papai me liberou. – disse Austin, na mesa do café da manhã. – Ele nos levou até o apartamento…nos vestimos e fomos ao baile.

– Mas por que ele queria que vocês fossem? – perguntou Jade. Emily, Austin e Victoria estavam sentados à mesa do café naquela manhã, após Sam ir embora.

– Atrair a atenção da mídia, é claro. – disse Victoria, bebendo um pouco de seu chá. – Seu pai é muito inteligente. Vejam, não param de comentar sobre o retorno de Austin. – ela estava com o celular nas mãos.

– Não é possível que ele tenha pensado em tudo. – disse Jade, suspirando.

Parecia realmente surreal, principalmente para Jade que não tinha visto aquilo de perto. Emily suspirou e olhou para Austin, que segurava sua mão por de baixo da mesa. Victoria entregou o celular para a filha e disse:

– Sim, ele pensou. – ela riu. – Parece que você nem conhece seu próprio pai.

Jade ficou em silêncio. O mordomo veio servir Austin e Emily com mais uma fatia de torta, a garota agradeceu, já ele nem fez questão. Ela sentia que Austin parecia ter algo engasgado em sua garganta, um incômodo, e ela sabia qual era o motivo.

– Agora que está de volta, Austin, quero que ponha algumas coisas na sua cabeça. – Victoria disse, olhando para o filho. – Não quero que se meta em mais encrencas. Está de castigo.

– Oi? – Austin riu.

– É isso mesmo. – Victoria murmurou. Jade não parava de olhar para mãe e para o irmão. – Você vai vir da escola para casa, todos os dias. Sem festas, sem restaurantes, sem nada.

– Isso é um absurdo. – Austin apertou a mão de Emily. – Papai fez tudo aquilo em vão? Eu preciso sair na rua! É o meu, o nosso trabalho!

– Mas você vai à rua, Austin. – Victoria disse. – Escola. E depois casa. Apesar de seu pai achar o contrário, é melhor você descansar a droga da sua imagem depois de tudo que aconteceu. Ainda tem a história desse anônimo atrás de vocês.

– Ótimo.

– Emily pode te visitar. – Victoria olhou para Emily. – O que houve, querida? Está meio abatida.

Os três agora encaravam o rosto de Emily. Realmente, ela estava abatida depois da noite anterior. Os pensamentos sobre Ben ainda lhe voltavam, e sobre o que aquela garota havia falado.

Maria. Era o nome dela.

– Estou bem. – Emily abriu um sorriso amarelo. – Ótima. Meio enjoada, na verdade.

– Hm. – Victoria bebericou um pouco de seu chá. Ela voltou seu olhar para Jade. – O mesmo vale para você, Jade. Escola e depois casa.

Jade ficou vermelha e começou a falar sem parar, enquanto Victoria revirava os olhos e bebia seu chá. Emily acharia toda aquela discussão muito interessante, mas tinha coisas mais alarmantes em mente.

Ela precisava falar com Maria urgentemente.

J.J

 

A segunda-feira amanheceu um tanto nublada na cidade de Nova York, combinando bastante com o clima dentro do apartamento de J.J e Eleonor. Ele havia chegado um pouco tonto do baile, ao lado de Park que também cambaleava e tombava pelos cantos. Eleonor estava dormindo depois de um dia cansativo no trabalho e passou o domingo todo gritando com o irmão.

– Bom dia. – disse J.J, ajeitando a gravata do uniforme da Harper, enquanto Eleonor tomava um café bem rápido.

– Não me venha com bom dia, Jonathan. – ela colocou a xícara de café na pia. – Lave isso para mim. – e saiu correndo em direção à porta.

J.J bufou, ele odiava quando sua irmã fazia as coisas para se vingar das besteiras que ele fazia. Qual era o problema de chegar um pouco bêbado em casa? A culpa nem era totalmente dele, os garotos que tinham batizado a droga do champanhe.

– Vocês chegaram bem em casa? – Maria o encontrou no corredor, em direção a aula de Geometria do Sr. Baker. – Você principalmente, parecia estar nas nuvens.

– Sim. – J.J revirou os olhos. – Bom, Park e eu nos ajudamos. Você sumiu.

– Ah, tive que ir mais cedo. Desculpa por não avisar. – ela disse, olhando para os tênis. – Até que foi um baile legal.

– Hm, é. – ele disse.

Maggie vinha em sua direção, seus olhos se encontraram no exato momento em que Maria havia tocado no assunto do baile. J.J franziu a testa e desviou o olhar, porém conseguiu ver que Maggie estava com um sorriso debochado na cara.

– Idiota. – ele sussurrou.

– Oi? – Maria olhou séria para J.J. – Quem é idiota?

Ele caiu em si e olhou com os olhos arregalados para Maria, a amiga estava olhando-o bem séria.

– Preciso te contar uma coisa. – ele puxou Maria para um canto no corredor ao lado de uma lixeira, para que ninguém pudesse ouvir. – Sabe aquela garota de cabelo roxo?

– Aquela estranha? Meio gótica? – Maria perguntou. – O que tem ela?

– Bom, nós conversamos durante o baile. Me contou algumas coisas sobre os Evans. – ele sussurrou. – Sabe, sobre a volta do Austin…

– Você parece bem interessado nesse assunto ultimamente. – Maria riu. – O que houve?

J.J corou, ele não podia contar sobre o “emprego” que tinha arranjado com Miranda.

– Não é nada. – ele disse. – Só estou te dizendo o que aconteceu.

– Tá, continua. – ela cruzou os braços.

– Ela me falou de como funciona a escola, todo o esquema das famílias e como os Hopper são afiliados aos Evans. – ele sussurrou. – O diretor mesmo só tem o emprego por causa dos Evans.

– Sério? – Maria estava espantada. – Bom, não fico tão surpresa assim.

– E que todo o retorno de Austin pode ter sido planejado. Assim como ele e a namorada serem Rei e Rainha do baile.

– J.J, como essa garota pode saber de tudo isso? – Maria murmurou, franzindo a testa. – Se tudo isso for verdade, como ela tem toda essa informação?

J.J ficou em silêncio. Os dois se encararam, pareciam estar pensando a mesma coisa.

– Ela é o anônimo. – disse J.J.

– Com certeza. – Maria riu. – Mas pra que ela iria te falar tudo isso? Será que ela ter quer como um aliado?

– Ela me perguntou se eu era o anônimo. Eu também supus que ela fosse, mas ela já saiu dizendo que não. Mas parece meio óbvio, não?

Maria cruzou os braços. Ela percebeu que alguns rostos conhecidos estavam passando apressados pelo corredor, provavelmente a aula de geometria estava prestes a começar.

– Não sei. – ela disse, por fim. – Parece muito óbvio. Mas não acho que o anônimo, quem quer seja, sairia falando essas besteiras.

– Sim. Mas ela é a nossa primeira suspeita. – J.J sorriu.

– O que está acontecendo com você, cara? – Maria riu. – Você não ligava para nada sobre o Anônimo há alguns dias atrás.

– Curiosidade. – J.J coçou a cabeça. – Vamos, se não vamos perder a aula.

Jade

 

– Oi, Sr. Baker. – Jade disse, ao final da aula, quando se aproximou da mesa do professor de Geometria. Ele estava sentado, terminando de corrigir a prova de um aluno mais novo.

– Oi, Jade. – ele respondeu.

Jade havia marcado algumas “aulas particulares” com o professor, mas depois de todos os acontecimentos após as mensagens do Anônimo , a garota acabou esquecendo do compromisso com o professor.

– Bom, queria falar sobre nossas aulas…eu esqueci completamente. Me desculpe.

– Que bom que você esqueceu, Srta. Evans. – disse o professor, tirando os óculos. – É melhor assim.

– James, eu…- Jade foi logo interrompida.

– Sr. Baker. – ele reprimiu a garota. – Por favor, me respeite. Eu sou seu professor.

A garota ficou vermelha, ela suspirou e olhou nos olhos do professor. Sim, na época Jade  queria algo a mais com ele, mas os últimos acontecimentos a fizeram repensar um pouco as suas atitudes. Seria bom não se meter em nenhuma encrenca com o Anônimo na espreita, esperando por algum furo.

– Tudo que aconteceu. O senhor sabe. As mensagens. – Jade disse. – Minha família está sendo perseguida.

– Sim, eu sei. – James suspirou, cruzando os braços sobre a mesa. – Todos estão comentando sobre isso. Inclusive os professores.

Jade levantou uma sobrancelha. Pelo visto os professores também estavam comentando sobre sua vida.

– Seria melhor não dar mais um motivo para o Anônimo falar sobre minha família. Se é que me entende.

– Não consigo nem imaginar. – Baker olhou nos olhos da garota. Ele sabia bem o que ela queria dizer com aquilo. E infelizmente, por um momento ele sentiu o mesmo por Jade. – Tenho minha profissão a zelar.

– Sim. Então, é isso. – Jade deu um suspiro de alívio. – Me desculpe me inconveniente.

– Não precisa se desculpar, Jade. – James levantou-se da cadeira e deu a volta para encarar a garota mais de perto, ele ergueu a mão para cumprimentá-la mas ela o ignorou.

– Obrigada. – ela deu as costas para James e saiu da sala logo em seguida. Deixando o professor sem palavras.

 

O celular de Jade tocou e seu coração deu um salto. Ela olhou para a tela e respirou aliviada quando viu que era apenas Sam.

– O que ele quer? – ela estava indo em direção ao vestiário, sozinha, para colocar o uniforme de líder de torcida. Mason, Emily e Bridgit estavam esperando por ela.

 

Sam : Oi. Pode me encontrar nas arquibancadas?

 

Jade : Não. Tenho treino agora.

 

Sam : E depois? Preciso muito falar com você.

 

Jade : Ok.

 

Sam : Ok? Então confirmado?

 

Jade : Sim.

 

Jade não acreditava que ele ainda tinha olhos para ela depois de ter sido expulso daquele jeito de seu apartamento. Ela seguiu até o vestiário e encontrou os três amigos, que reclamaram um pouco pelo seu atraso.

– Não me encham o saco. – murmurou Jade.

Ela preferiu ignorar a presença de Emily naquela manhã. Ela ainda tinha bem fresco na memória a discussão que tiveram durante o baile. Já Emily ainda parecia um pouco abatida.

O treino foi intenso como sempre. Alma estava preocupada com os jogos que estavam por vir e ainda disse para todos que não ligava se estavam tendo problemas familiares ou não, ela queria que  treinassem até saírem completamente exaustos do campo de futebol. Uma clara indireta para Jade, que tentou ignorar o máximo o comentário da treinadora.

 

Sam estava esperando por Jade nas arquibancadas. Invés de tomar um banho e se trocar, ela decidiu se encontrar logo com ele para resolver o que teria que resolver uma hora ou outra. “Se eu estiver fedendo, ótimo. Bom que ele desiste de tentar alguma coisa comigo” ela pensou.

– Oi. – ele sorriu quando ela chegou, carregando a bolsa do treino e bebendo um pouco de água da sua garrafinha. – Vi o treino. A treinadora é bem…

– Louca? – ela murmurou. – É, ela é sim.

Sam riu, olhando Jade dos pés a cabeça. Ele estava vestindo o casaco do time de futebol, agora realmente parecia ser um deles.

– O que quer comigo? – ela se sentou um pouco distante dele.

– Pode se sentar mais próxima de mim. – ele disse.

– Prefiro assim. – ela cruzou os braços. – Olha, Sam…

– Eu sei o que você vai dizer! – ela ergueu as mãos, interrompendo. – Sério, você é uma pessoa legal, admito. Mas não dá.

Sam franziu a testa. Ela realmente achava ele uma pessoa gente boa, apesar de ter demorado um tempo e ter precisado de uns copos de ponche batizado para perceber isso, mas achava melhor…na verdade, nem ela sabia o que ela queria naquele momento.

– Não dá? – ele disse.

– É. – Jade sentou-se ao lado dele. – Nós somos muito diferentes. O que aconteceu foi um erro, ok? Não…não podemos ficar juntos.

– Eu gosto de você, Jade. Desde o primeiro dia. – ele sorriu. Ela estremeceu. – Lembra quando eu te dei aquela cantada super brega? Desde aquele dia.

– Lembro. – ela deu um pequeno riso, e depois se odiou muito por aquilo. – Mas é melhor sermos apenas amigos. Nada além disso.

– Eu não estou te pedindo em namoro. – ele disse. Jade arregalou os olhos. – Ainda não, você tá louca? Só queria te pedir mais uma chance. Da gente se conhecer melhor, sabe?

Jade engoliu em seco. Ela realmente estava sem palavras. Algo em Sam mexia com ela, mas as últimas experiências que ela teve com garotos foram terríveis. Ela não estava pronta para outra.

– Eu tive relacionamentos péssimos. – ela murmurou.

– Eu também. – ele cruzou os braços, olhando bem nos olhos dela. – A gente combina demais. – e sorriu.

Jade suspirou tão forte que Sam conseguiu ouvir. Ela esfregou as mãos no rosto e encarou o garoto, ela odiava gostar dele.

– Acho que não estou pronta pra conhecer alguém no momento. Pelo menos por enquanto. – ela sussurrou.

Ele se aproximou de Jade, seus olhos e boca bem próximos. Ela não se mexeu, o coração batendo tão forte que tinha medo dele conseguir perceber.

– Não vai saber se está pronta se não tentar. – ele sussurrou, os lábios bem próximos aos dela.

E assim se beijaram.

Mason

 

Mason odiava sentir aquele aperto no peito. Uma sensação muito estranha que estava perturbando sua mente desde aquele acontecimento no sábado. Ele também estava se odiando muito por ter dado iniciativa para tudo aquilo, às vezes achava que precisava se controlar mais.

Entrar na sala de aula e encontrar Harry Cooper foi uma experiência muito estranha. Um menino que namorava uma de suas melhores amigas, Bridgit, que sempre teve em sua mente que era hétero. Depois do que aconteceu, ele não sabia mais de nada sobre as pessoas daquela escola.

– O anônimo até que deu uma descansada no final de semana, né? – Bridgit disse, despertando-o de seu transe que começou quando viu Harry na sala de Geometria.

– É. – disse Emily.

Em um dia comum, Mason iria estranhar o rosto abatido de Emily e também a bombardearia de perguntas sobre o retorno de Austin, mas ele estava absorto demais em seus pensamentos. E parecia que Harry também, ele não parava de se mexer na cadeira.

Depois do treino, o  almoço foi também uma hora muito constrangedora pois todos estavam sentados na mesa redonda do refeitório : Harry, Austin, Travis, Emily, Bridgit, Sam e Jade. Michael e Ben decidiram não se juntar a eles naquele dia.  Um silêncio terrível pairava naquela mesa, apenas Travis fazia algumas brincadeiras idiotas que faziam Austin rir.

– Quando que vai contar sobre sábado, Austin? – perguntou Harry, quebrando o silêncio. Todos da mesa arregalaram os olhos. Mason viu que Harry deu uma olhada rápida para ele.

– Bom, não há nada demais para contar. – disse Austin, mastigando um pedaço de pizza. – Meu pai me soltou. Trouxe advogados. Nos levou até um apartamento com roupas, cabeleireiros, tudo pronto para que eu voltasse a tempo do baile.

– Mas é estranho você querer ir ao baile logo no dia que foi solto. – disse Travis, rindo. – Saudades de uma festinha?

– É. – disse Austin, debochado. – Não tive muita escolha.

Harry estava com a testa enrugada, olhando fixamente para seu almoço. Parecia não ter engolido muito bem aquela história, e com toda razão. Mason estava acostumado com o esquema dos Evans para resolver as coisas, e não esperava menos de Morgan.

– Trouxe bastante burburinho. – disse Mason. – Não para de chegar notificações no meu celular.

– Ótimo. – disse Jade, que até então estava em silêncio.

– É. – disse Harry. – Mas não se metam mais em tanta confusão. O anônimo quer a cabeça de vocês.

Austin olhou sério para o amigo. Harry o encarou de volta. Sam deu um pigarro e mudou de assunto:

– É…curtiram o baile?

– É claro que sim. – riu Bridgit. – O ponche estava maravilhoso. – Mason viu que Harry deu uma olhada estranha para a garota e depois seus olhos se encontraram.

– Foi ótimo. – Harry disse, corando.

Mason abaixou a cabeça e tentou focar em seu almoço, sufocando um pequeno risinho dentro de sua garganta.

Maria

 

– Calma! – disse Maria, desesperada.

Emily pediu para que ela a encontrasse nas arquibancadas, durante o treino do time de atletismo. As duas acabaram escapando da aula de Geografia para poderem conversar.

– Eu estou desesperada! – disse Emily, que parecia estar sufocando.

– Pode começar do começo? De onde você conhece ele? – Maria a ajudou a se sentar.  – Toma essa água.

Maria a entregou sua garrafa de água, Emily acabou bebendo quase tudo para conseguir se acalmar.

– Eu e Ben tivemos um caso. Ano passado. – ela disse, tentando respirar normalmente. – Sabe, rolou muita coisa. Drogas, bebidas, sexo.

– Tá. – Maria disse, ainda achando muito louco Emily estar desabafando com ela.

– Me desculpe por isso. – ela começou a chorar. – Você é a única que sabe disso, e a única que me ajudou naquela hora.

– Tudo bem, cara. – Maria secou suas lágrimas.

– Ele vende drogas. – Emily disse, bebendo mais um pouco da água. – Sua família vende drogas.

Maria concordou, ela já sabia de tudo aquilo, mas precisava manter a postura de quem não sabia de nada.

– Eu pagava quando podia. Meu pai é o diretor dessa escola, é amigo dos Evans e tal, mas ele me paga somente uma mesada. Eu não podia levantar nenhuma suspeita que estava usando todo o dinheiro com drogas, sabe?

– Entendo. – Maria disse, franzindo a testa.

– Eu paguei. Eu paguei até com meu corpo. – Emily voltou a chorar. Maria deu um longo suspiro. – E aqui estou eu, com uma dívida com ele…e agora ele está atrás de mim.

– Que merda, cara. – Maria secou novamente suas lágrimas. Ela estava começando a ficar irritada com aquela situação, sua vontade era acabar com a raça de Ben Parker.

– E ele pode muito bem me expor na frente do Austin. Acabar com a minha vida. Se eles e meus pais descobrem, acabou pra mim. – Emily sussurrou. – E eu não tenho dinheiro.

– Amiga, se eu tivesse esse dinheiro eu até poderia te emprestar. – Maria murmurou. – É sério.

– Não. – Emily disse. – Só estou desabafando com você, não precisa me emprestar.

Maria até tinha o dinheiro para emprestar a Emily, mas ela não queria dar esse gostinho para os Parker. Ela precisava bolar algo para acabar com essa história, sem que sua família fosse envolvida.

Estar na mesma sala que Ben Parker, naquele dia, estava lhe dando náuseas. Antes ela conseguia segurar um pouco a onda, porém cada vez mais a vontade de lhe dar uma surra aumentava. Sua cara de bonzinho enganava a todos, menos a ela.

 

Mais tarde naquele dia, durante o último intervalo, os alunos estavam todos nos corredores, conversando. Maria estava com J.J e Sam, que finalmente tinha dado as caras para conversar com os amigos.

– Você só quer andar com aquela gentinha agora. – disse Maria, revirando os olhos.

– Ei, estou tentando mudar de vida, ok? – Sam riu. – Eles são bem legais, gente. Principalmente o Harry, ele é super gente boa.

– Ele parece ser diferente. – disse Maria. – E aí, alguma fofoca para nos contar?

– Não. – Sam disse, encostando no armário. – E vocês?

– Bom, estão suspeitando que J.J é o Anônimo. – disse Maria, cutucando o braço de J.J.

– Maria! – J.J deu um gemido. – É, uma garota doida veio me fazer umas perguntas.

Sam arregalou os olhos e se ergueu rapidamente, logo franziu a testa e perguntou, segurando o ombro de J.J:

– Como assim, cara?!

– Maggie é o nome dela. – disse J.J. – Ela sabia de muitas coisas. Me falou como funcionava o esquema entre os Evans e os Hopper.

– Hm. – Sam cruzou os braços. – E como ela sabe de tudo isso?

– É isso que estávamos nos perguntando. – Maria disse. – Será que ela é o Anônimo?

– Seria óbvio demais. – J.J respondeu. – Mas é bem provável.

O celular de Maria vibrou dentro do bolso de seu paletó, ela levou um susto e o pegou. Quando levantou o rosto, viu que todos do corredor também estavam com seus celulares nas mãos.

– Olha quem voltou. – J.J murmurou, baixinho.

Maria estremeceu, ela olhou para a tela do celular com um pouco de medo. Ela odiava tanto aquelas mensagens anônimas…

 

SENTIRAM MINHA FALTA? ESPERO QUE TENHAM TIDO UM ÓTIMO BAILE DE BOAS VINDAS.

PODE TER SIDO O ÚLTIMO BAILE QUE TERÃO POR UM BOM TEMPO.

APESAR DA LINDA FESTA, FICO MUITO INSATISFEITO COM ALGUMAS PESSOAS.

PRINCIPALMENTE COM PESSOAS HIPÓCRITAS QUE SE ESCONDEM POR TRÁS DE UMA MÁSCARA DE PERFEIÇÃO.

ALÉM DE HIPÓCRITAS, POSSUEM ALTAS DÍVIDAS.

POR QUE NÃO CONTA UM POUCO SOBRE A SUA DÍVIDA COM BEN PARKER, EMILY HOPPER?

CUIDADO.

AS DROGAS PODEM TE MATAR UM DIA.

 

Maria estava tremendo tanto que seu celular lhe escapou pelos dedos. J.J e Sam a encararam, ela tombou para trás, esbarrando com força no armário.

– Maria? – disse J.J. – Você está bem?

Seu corpo todo estava tremendo. Ela viu que Sam e J.J se aproximaram, mas logo em seguida foram separados por dois braços, fazendo Sam se chocar contra o armário e J.J ir em direção a um aluno que estava ainda lendo a mensagem em seu telefone.

– Sua vadia! – Maria escutou a voz da garota que havia lhe confessado tudo o que estava escrito na mensagem. – Como teve coragem?!

– Emily! – Sam gritou.

– É ela! – Emily gritou, apontando para o rosto de Maria. – Ela é o anônimo!

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