“Tudo de Mim”

 

[CENA 01 – PIZZARIA/ DIA]
(Eduardo continua olhando para Laila, não acreditando que aquele momento estava acontecendo)
LAILA – Sinto muito, Eduardo…
EDUARDO – Por favor, Laila. Você não pode me demitir. Sabe como eu preciso desse emprego, como o dinheiro que eu recebo é importante para mim, para a minha família.
LAILA – Desculpa, Eduardo…, mas depois do que aconteceu nos últimos dias, não posso te manter aqui.
EDUARDO – Por favor, Laila, me dar mais uma chance. Sabe que eu sou o melhor entregador que você tem aqui. (junta as duas mãos em cima do balcão e implora) Por favor, Laila… (Laila fica pensativa)
LAILA – Eu não sei, Eduardo…
EDUARDO – Me dar só mais uma chance. (Laila desvia sua atenção um pouco para o computador, ver que Eduardo realmente precisa do emprego, volta a focar nele novamente) Esse emprego é importante para mim!
LAILA – Está bem! (Eduardo fica feliz) Mas, que situações como estas não ocorram novamente, viu?
EDUARDO – Obrigado, Laila! (caminha até o outro lado do balcão e a abraça) Muito obrigado e pode deixar que isso não vai se repetir. Prometo!
LAILA – Ok, ok… agora você tem entregas para fazer. Você perdeu alguns minutos nessa conversa.
EDUARDO – (retornando para o outro lado) Pode deixar que nenhuma dessas pizzas chegaram atrasadas. (pega a mochila, coloca as pizzas dentro. Em seguida, sai da pizzaria com ela em sua costa)
LAILA – Toma cuidado com elas, hein.
EDUARDO – Eu sempre tomo! (sai feliz, Laila o observa)
LAILA – Espero ter tomado a decisão certa!

[CENA 02 – CASA DELLE ROSE/ SÓTÃO/ DIA]
(Dácio se arruma o mais rápido possível, após saber que seu pai havia sido preso)
DANIEL – (sentando-se em um banquinho) Não acredito que meu pai foi capaz de fazer isso.
DÁCIO – Seu pai é um doente, isso sim.
DANIEL – (levanta-se e caminha até Dácio) Isso tudo é por minha culpa. Desculpa, Dácio… seu pai foi preso por minha culpa.
DÁCIO – Ei, você não tem culpa de nada aqui. Meu pai apenas tentou me proteger, seu pai que é um lunático.
DANIEL – Mesmo assim… se eu não tivesse te envolvido nisso, isso não teria acontecido.
DÁCIO – Daniel, não se preocupa está bem. Eu vou tirar meu pai da cadeia, até porque ele não fez nada para permanecer lá. Eu não demoro está bem. (Daniel se afasta dele, volta a sentar no banquinho, um pouco cabisbaixo. Salete entra no sótão nesse momento)
SALETE – Bom dia meninos! Vim chamá-los para o café da manhã.
DÁCIO – Eu não poder ficar, mamãe. Tenho que ir agora.
SALETE – Mas para onde você vai?
DÁCIO – Vou tirar meu pai da cadeia.
SALETE – O Horácio foi preso? Por que?
DANIEL – Por culpa do meu pai!
DÁCIO – Eu explico tudo depois, está bem. Tenho que ir agora. (caminha até sua mãe) Cuida dele por mim.
SALETE – Pode ir tranquilo, filho. Ele estará protegido com a gente. (Dácio solta um leve sorriso, saí do sótão em seguida. Salete caminha até Daniel)
DANIEL – O pai do Dácio foi preso por minha culpa, Salete.
SALETE – Não diga isso, querido…
DANIEL – É a verdade! (levanta-se, caminha até ela, sério) E se eu continuar aqui, mais coisas ruins podem acontecer com ele!

[CENA 03 – COLÉGIO ESTADUAL OLIVEIRA SANTOS/ SALA/ DIA]
(o professor está no meio da aula de química, Pedro repara pela sala e sente falta de Dácio. Pergunta para Ramon que está à frente dele)
PEDRO – O Dácio não veio hoje! Será que aconteceu alguma coisa?
RAMON – Não sei. Mas que ele não é de faltar, isso é.
PEDRO – No intervalo vou tentar falar com ele.
RAMON – Ok. (Pedro se afasta do amigo e volta a prestar atenção na aula)

[CENA 04 – CASA DE DÁCIO/ SALA/ DIA]
(Cássia foi para o trabalho, Regina continuou em casa à espera de Dácio)
DÁCIO – (entrando em casa, caminha até Regina que continuava em pé na sala preocupada) Cheguei, tia. Sabe em qual delegacia ele pode estar?
REGINA – Não, não sei. Eu esperava que você soubesse de algo.
DÁCIO – Pelo visto teremos que ir até a casa do Samuel.
REGINA – Eu vou com você.
DÁCIO – Então vamos, quanto mais tempo demoramos, mas o papai passa preso! (os dois saem da sala apressado)

[CENA 05 – CASA DELLE ROSE/ SÓTÃO/ DIA]
(Daniel sentou-se em um dos colchões e está escrevendo algo em um pequeno papel)
SALETE – Tem certeza que você quer fazer isso?
DANIEL – Eu não posso continuar envolvendo o Dácio nessa história. E meu pai não vai parar até me conseguir de volta.
SALETE – Mas você não precisa ir embora. Você está seguro aqui, e mesmo assim, iremos encontrar um lugar para você ficar.
DANIEL – Eu sou grato pela a ajuda que você está me dando, mas eu tenho que fazer isso sozinho. Assim é melhor, porque dessa forma não terá como meu pai machucar mais ninguém.
SALETE – Só que você fazendo isso, machucará o Dácio!
DANIEL – Ele tem vocês! Tem uma família que o ama de verdade e cuidará dele.
SALETE – Diga ao menos onde você vai?
DANIEL – Na verdade não sei. Pretendo primeiro sair da cidade, dessa forma, posso tirar o pai do Dácio da cadeia.
SALETE – E você tem dinheiro para isso?
DANIEL – Não, mas eu me viro. (Salete sabe que o que ele está fazendo é burrada, mas teria que ajudá-lo de alguma forma. Ela saí do sótão, enquanto Daniel continuava escrevendo algo no papel)

[CENA 06 – COLÉGIO ESTADUAL OLIVEIRA SANTOS/ PÁTIO/ DIA]
(Pedro está tentando ligar para Dácio. Em uma mesa logo atrás dele está Caio, lanchando sozinho)
CAIO – (o observa) Pelo visto, até ele me esqueceu! Quem liga para isso. (desvia sua atenção para sua comida)
RAMON – Não atendeu?
PEDRO – Não. Tentarei mais tarde. (olha ao redor do pátio, e encontra Caio lanchando sozinho)
RAMON – Já vai lá falar com seu novo amigo?
PEDRO – Eu tô tentando fazer amizade com ele, mas tá difícil. Ele meio que gosta de ficar sozinho.
RAMON – Talvez ela curta a solidão.
PEDRO – (levanta-se) Ninguém curte fica sozinho, Ramon. (caminha até a mesa de Caio, senta-se e começa a puxar assunto com o garoto. Ramon o observa)

[CENA 07 – CASA DE DANIEL/ RUA/ DIA]
(Dácio e Regina descem do táxi em frente à casa de Daniel. Ambos caminham até a porta, tocam a campainha, batem, tocam novamente e ninguém atende)
REGINA – Será que ele não está em casa?
DÁCIO – (toca a campainha novamente) Tem que está. (volta a bater na porta e ninguém atende) Bem, se ele não está aqui, só pode está na delegacia com meu pai.
REGINA – O que será que esse louco deve está fazendo. Seu pai o agrediu, será que pensa em se vingar?
DÁCIO – Torça para que não, caso contrário, ele sofrerá as consequências. (saem da frente da casa, a procura de um outro táxi. Dácio está sério)

[CENA 08 – DELEGACIA/ CELA/ DIA]
HORÁCIO – Você espera mesmo conquistar seu filho com esse joguinho?
SAMUEL – Você como pai deveria me entender?! Se ponha no meu lugar? Se o seu filho tivesse fugido você não faria o possível para encontrá-lo?
HORÁCIO – Faria. Mas jamais chegaria a este ponto. Escuta… algo de pai para pai! (se aproxima dele, Samuel récua um pouco) Se o seu filho fugiu, é porque certamente você não está sendo um bom pai.
SAMUEL – Você logo é um ótimo pai, né? Afinal, permitir que o filho viva no pecado, é um ótimo jeito de ser pai.
HORÁCIO – Nossos filhos não são mais crianças. E o nosso papel de pai é apoiá-los, mesmo que muitas vezes os caminhos que eles escolheram não sejam o que a gente planejou. Tenho certeza que o seu filho é um bom garoto. Porque para o Dácio o querer proteger assim, certamente ele deve ser especial.
SAMUEL – Então você apoia essa abominação entre eles?
HORÁCIO – O que eu posso dizer a você é que eu amo o meu filho acima de qualquer coisa. E se ele está feliz, isso é o que importa para mim.
SAMUEL – Por isso que o mundo está desse jeito. Não existem mais pais que ensinem moral e princípios para seus filhos. (seu celular toca nesse exato momento) É o meu filho! (se afasta um pouco da cela, atendendo o celular) Daniel? Onde você está filho?

[CENA 09 – RODOVIÁRIA/ DIA]
(Daniel está sentado em um dos bancos da rodoviária, a espera de seu ônibus partir)
DANIEL – Estou longe de você, isso é o que importa.
SAMUEL POR TELEFONE – Por favor, filho… volta para casa. Diga onde você está que eu vou te buscar.
DANIEL – Eu não vou voltar mais para aquela casa. Eu estou indo embora, e de preferência para bem longe daqui.
SAMUEL POR TELEFONE – Como assim indo embora?
DANIEL – Eu soube o que aconteceu. Que você prendeu o pai do Dácio. Ele é inocente. Eu não estou com ele, se é isso que você pensou. Então, por favor, solte o pai dele. Não envolve está família nisso. E por favor, esquece um dia que você teve um filho está bem. Porque daqui em diante eu farei o mesmo. (desliga, se emociona, mas consegue segurar o choro. Seu pai liga novamente, ele desliga na mesma hora. Desliga o celular, retira a bateria, retira o chip e o quebra. Levanta-se e caminha até seu ônibus)

[CENA 10 – CASA DE OTÁVIO/ SALA/ DIA]
(Otávio está tocando algumas notas no piano, quando a campainha toca. Ele levanta-se feliz, já imaginando quem seja)
EDUARDO – Bom dia! Quanto tempo que você não pede uma pizza, hein?!
OTÁVIO – (ri) Né. Estava focado com umas coisas aí.
EDUARDO – Aqui está. (Otávio recebe a pizza)
OTÁVIO – Eu consegui. Eu entrei para aquele programa de música.
EDUARDO – Sério? Uau, meus parabéns, cara. Boa sorte.
OTÁVIO – Obrigado. (caminha até o sofá, coloca a pizza nele, retorna com o dinheiro na mão, entrega para Eduardo) Eu estava tocando uma música, você quer ouvir?
EDUARDO – (entregando o troco para ele) Bem, como você foi a minha última entrega, creio que posso ficar sim. (Otávio sorri, Eduardo entra, coloca a mochila ao lado e caminha até o piano)
OTÁVIO – Eu estava pensando em cantar está música na primeira fase. Depois diga o que você achou?
EDUARDO – Ok. (presta atenção nele que começa a tocar)

[CENA DE MÚSICA – ALL OF ME (JOHN LEGEND)]

What would I do without your smart mouth 1
Drawing me in, and you kicking me out
Got my head spinning, no kidding, I can’t pin you down
What’s going on in that beautiful mind?
I’m on your magical mystery ride
And I’m so dizzy, don’t know what hit me, but I’ll be alright

My head’s under water
But I’m breathing fine
You’re crazy and I’m out of my mind

‘Cause all of me 2
Loves all of you
Love your curves and all your edges
All your perfect imperfections
Give your all to me
I’ll give my all to you
You’re my end and my beginning
Even when I lose I’m winning
‘Cause I give you all of me
And you give me all of you

How many times do I have to tell you 3
Even when you’re crying you’re beautiful too
The world is beating you down, I’m around through every mood
You’re my downfall, you’re my muse
My worst distraction, my rhythm and blues
I can’t stop singing, it’s ringing, in my head for you

My head’s under water
But I’m breathing fine
You’re crazy and I’m out of my mind

‘Cause all of me 4
Loves all of you
Love your curves and all your edges
All your perfect imperfections
Give your all to me
I’ll give my all to you
You’re my end and my beginning
Even when I lose I’m winning
‘Cause I give you all of me
And you give me all of you
Give me all of you

Cards on the table, we’re both showing hearts
Risking it all, though it’s hard

‘Cause all of me 5
Loves all of you
Love your curves and all your edges
All your perfect imperfections
Give your all to me
I’ll give my all to you
You’re my end and my beginning
Even when I lose I’m winning
‘Cause I give you all of me
And you give me all of you

I give you all of me
And you give me all, all of you, ohh

1. Otávio foca-se nas notas que são emitidas do piano, Eduardo senta-se no braço do sofá e o observa atento.
2. Otávio continua focando-se para o teclado, sabendo exatamente onde pressionar cada tecla.
3. Eduardo levanta-se e se aproxima dele, Otávio sente a presença do amigo e foca-se nele.
4. Eduardo caminha até o outro lado do piano e o observou em silêncio durante a música inteira.
5. Otávio volta a focar para as teclas do piano. Encerre a música, Eduardo retorna para o sofá batendo palmas. Otávio olha para Eduardo e aguarda seu feedback.

OTÁVIO – Então? O que você achou? (Eduardo o observa em silêncio)

[CENA 11 – CASA DE DÁCIO/ SALA/ DIA]
(Dácio e Regina voltam para casa, ainda mais preocupados)
REGINA – O que iremos fazer, Dácio?
DÁCIO – Eu não sei, tia. Preciso pensar. Você ao menos identificou alguma informação no uniforme dele? Alguma pista que possa nos levar até a delegacia que esses policiais trabalham?
REGINA – Não, não me toquei nisso. Eu estava tão preocupada com o seu pai sendo levado, que nem me liguei para isso.
DÁCIO – Precisamos de alguma pista para onde esses policiais levaram ele. (Horácio chega em casa nesse momento) Pai! (corre até ele e o abraça)
HORÁCIO – (sorri) Oi, filho!
DÁCIO – Como o senhor está? Eles não machucaram você, machucaram?
HORÁCIO – Não, eles não tocaram em mim. Apenas me colocaram em uma cela sozinho.
REGINA – (abraça ele também) Estava tão preocupada, meu irmão. Nem fui para o trabalho.
HORÁCIO – Está tudo bem agora.
DÁCIO – Eles soltaram o senhor?
HORÁCIO – Sim. Parece que o filho dele ligou, e em seguida me liberou.
DÁCIO – O Daniel ligou para ele? E o que ele disse? O senhor ouviu?
HORÁCIO – Bem, ele não me contou quase nada, apenas disse para o amigo policial dele me soltar, que eu não estava com o filho dele. (Dácio fica pensativo, pega seu celular e liga pra Daniel na mesma da hora. Como Daniel havia quebrado seu chip, o número não chama)
DÁCIO – Ele não está atendendo!
HORÁCIO – Então era esse seu amigo que precisava ficar em segurança?
DÁCIO – Era pai. Eu estou feliz que o senhor está de volta e que está tudo bem, mas agora eu preciso ir atrás dele. Antes que ele faça alguma bobagem. (sai da sala apressado)
HORÁCIO – Espera filho… (tenta segui-lo, mas Dácio havia saído)
REGINA – E agora?
HORÁCIO – Resta-nos esperar.

[CENA 12 – CASA DE DANIEL/ Q. DE DANIEL/ DIA]
(Samuel entra no quarto do filho, chorando. Caminha até sua cama, ver algumas fotos do filho no criado mudo. Em seguida caminha até o guarda-roupa, o abre, pega um camisa, caminha até a cama e abraça a camisa do filho)
SAMUEL – (chorando) Por que você fez isso, filho? Por que?

[CENA 13 – CASA DELLE ROSE/ SÓTÃO/ DIA]
(Dácio entra no sótão e encontra tudo vazio)
DÁCIO – Daniel? Daniel você está aí? (tenta ligar novamente para ele) Droga, Daniel. O que você fez. (Salete entra no sótão) Onde está o Daniel, mamãe?
SALETE – Ele foi embora, filho.
DÁCIO – Como assim? Eu pedi para a senhora cuidar dele!
SALETE – O que eu podia fazer? Não podia obrigá-lo a ficar aqui.
DÁCIO – Para onde ele foi? Ele disse ao menos?
SALETE – Não, não disse. Mas deixou esse bilhete e pediu que eu entregasse para você. (Dácio recebe o bilhete e começa a ler. O bilhete é lido pela voz de Daniel, será mostrando cenas dele no ônibus, sentado na janela, triste)
“Desculpa, Dácio! Disse para você que não iria mais fugir, mas é necessário. Se não todos a minha volta iriam se machucar, inclusive você. Provavelmente quando você estiver lendo este bilhete, eu esteja bem distante daqui. Não culpe a sua mãe por não ter conseguido me impedir, ela tentou, de verdade. Mas esse é o único jeito de livrar seu pai da cadeia. E também é o único jeito de controlar o meu. Eu estou indo embora, mas não será em definitivo. Então não comemore que você não ficou solteiro, viu!” (Dácio solta um sorriso. No ônibus, Daniel pega seu celular e olha algumas fotos de Dácio) “Ficaremos separados por pouco tempo. Em breve você ouvirá saber de mim. Ah, não se preocupa, sua mãe me deu um pouco de dinheiro e vou conseguir me manter por um tempo. Diga a ela que assim que eu ganhar o programa Sua Canção, eu irei devolver cada centavo. Se cuida, viu. Um grande abraço. Até, logo!” (ao término do bilhete, Salete caminha até o filho e o abraça)

Continua no Capítulo 58…

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Publicidade

Inscreva-se no WIDCYBER+

O novo canal da Widcyber no Youtube traz conteúdos exclusivos da plataforma em vídeo!

Inscreva-se já, e garanta acesso a nossas promocionais, trailers, aberturas e contos narrados.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo