“Casamento Negado”

 

[CENA 01 – CASA DE FELIPE/ SALA/ NOITE]
VERÔNICA – (irônica) Faltava apenas você para reunião, querido.
FELIPE – O que o Fred faz aqui?
VERÔNICA – Ele é o nosso convidado especial, não poderia faltar nesta noite.
FELIPE – E qual o motivo disso? Estamos comemorando alguma coisa?
VIVIANE – (se aproxima de Felipe, antes que Verônica falasse mais alguma coisa) É apenas um jantar filho. Eu convidei o Frederico, porque como ele é novo na cidade, e vocês se deram muito bem, achei que não teria nenhum problema.
FELIPE – O Fred é bem vindo nesta casa. Bom, vou tomar um banho, e desço. (Felipe sobe para o quarto, e os outros esperam na sala)

[CENA 02 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO)/ COZINHA/ NOITE]
(Diego e Carla estão sentados à mesa um frente ao outro, esperando Rosário terminar o jantar. Paula entra na cozinha, senta ao lado da irmã e a percebe meio triste)
PAULA – Está tudo bem? (Carla confirmar com a cabeça) Você parece triste?
ROSÁRIO – Pronto. (apaga o fogo do fogão) Vai chamar sua irmã Diego.
ROBERTA – (entrando na cozinha) Não precisa, cheguei já.
CARLA – Quer ajudar para servir madrinha?
ROSÁRIO – Não precisa filha.
ROBERTA – O que você tem Carla? (também percebe ela triste)
CARLA – Tenho nada gente.
DIEGO – Será que vocês duas podem deixar a Carla um pouco. (Paula e Roberta continuam desconfiada, mas param de fazer perguntas)

[CENA 03 – CASA DO FELIPE/ COZINHA/ NOITE/]
(Todos estão na cozinha agora jantando)
FREDERICO – Sua mãe era muito boa em matemática na época.
PAULO – Continua sendo, porque quando eu tinha dúvida nos deveres da escola, era sempre para ela que eu procurava ajuda.
FREDERICO – E o pai de vocês?
PAULO – Nosso pai não tinha tempo para família dele.
VERÔNICA – Não é verdade Paulo. O Fernando, nunca deixou vocês desamparado. Sempre que tinha um problema, era ele quem resolvia.
PAULO – Mas cadê ele quando era nosso aniversário? Nos dias dos pais? Natal? Passeio nos fins de semanas? Em nenhum desses momentos ele estava lá.
VIVIANE – Filho, Fernando foi um ótimo para vocês.
FELIPE – A senhora que acha.
VERÔNICA – Mas não vamos falar nisso, né verdade.
FELIPE – Você tem filhos Fred?
FREDERICO – Tenho. Tenho duas meninas da primeira relação. E descobri recentemente, que tenho mais um filho.
FELIPE – Eles moram no rio?
FREDERICO – As meninas, acredito que ainda moram. Reencontrei uma, dias atrás.
FELIPE – E o rapaz?
FREDERICO – Ele mora. Só que ele não sabe que eu sou o pai dele… ainda. (olha para Viviane)
LUANA – E por que você ainda não o procurou?
FREDERICO – Estou esperando o momento certo. Não é todo dia que encontramos um filho por aí.
VIVIANE – (tentando mudar de assunto) Reparou como sua esposa está linda Felipe?
FELIPE – Não. Nem reparei.
FREDERICO – Como não reparar com uma garota linda dessa. Você tem muita sorte, em ter escolhido ela como sua esposa Felipe.
LUANA – Obrigada pelo elogio.
VERÔNICA – Tem a quem puxar.
FREDERICO – (provoca Verônica) Sabia que conheci seu pai, Luana.
LUANA – Sério? A mamãe, nunca me falou dele.
FREDERICO – A gente pode marcar qualquer dia, e conto tudo que você quiser saber sobre ele. (Verônica não gosta do rumo desta conversa)
VERÔNICA – Se ela quiser saber algo sobre o pai, ela vai perguntar a mim.
FREDERICO – Verdade, afinal, você era casado com ele, até o falecimento dele.
PAULO – Impressão minha ou desde que começou esse jantar, que está rolando uma tensão entre vocês? (todos se calam, até o celular de Felipe tocar)
FELIPE – Desculpe, tenho que atender. É da empresa. Oi! (levanta da mesa)
PAULO – Papai fazia o mesmo. Todo telefonema da empresa, ele saia. Querem apostar como ele não volta mais?
FREDERICO – Seu irmão só precisa de um tempo.

[CENA 04 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO)/ COZINHA/ NOITE]
(Estão terminando de jantar, Carla continua triste, mas disfarçando, Paula e Roberta continuam desconfiadas, e Diego continua encarando Carla)
ROSÁRIO – Amanha tenho que recebe uns fornecedores, e preciso que você vá cedo para o comercio Diego. Preciso de alguém lá para receber a mercadoria.
DIEGO – Ok mamãe.
ROSÁRIO – (olha para a Carla, que quase não comeu nada) Está tudo bem filha? Você mal tocou na comida.
DIEGO – É que, ela deve está nervosa, com a novidade.
PAULA – (curiosa) Que novidade?
DIEGO – Anda meu amor, conta para elas.
ROBERTA – (surpresa) Meu amor???
PAULA – Que novidade é essa Carla?
DIEGO – Anda amor… ou você prefere que eu mesmo conte? (Carla olha para ele, tentando esconder a mistura de nojo, raiva e medo… olha para baixo novamente, limpa uma lágrima que saiu) Ficou emocionada. Então tá, eu conto. (fica em pé) Eu e a Carla estamos namorando família.
PAULA – O quê??
DIEGO – E como a senhora é a responsável por ela agora, eu queria pedir a mão dela em casamento? (caminha em direção a Carla e ajoelha em frente dela)
ROSÁRIO – Eu acho que perdi alguma coisa? Isso é sério Carla?
PAULA – Não, não é verdade? Diz o que está acontecendo Carla? (Carla não responde nada, continua de cabeça baixa, e começa a chorar)
DIEGO – Olha só… (se levanta rapidamente, e fica ao lado dela, fazendo carinho em sua cabeça) …ficou emocionada.
PAULA – Carla, olha para mim! Isso é verdade? Vocês estão namorando?
CARLA – (limpa o rosto, levanta a cabeça e olha para a irmã) É verdade Roberta. Eu vou me casar com o Diego. A gente se ama.
ROSÁRIO – Como assim? Vocês vão se casar, do nada?
DIEGO – Não é do nada mamãe. Desde de criança nos amamos, sempre gostamos um do outro. A Carla pode ter indo embora, mas agora, ela voltou e vamos nos casar.
ROSÁRIO – Você não está tomando este passo, por causa dessas crianças está filha? (segura na mão dela, e Carla olha para sua madrinha querendo contar a verdade. Ela quer chorar, mas segura e responde)
CARLA – Não madrinha.
DIEGO – Nos amamos mamãe, será que é difícil entender isso?
ROSÁRIO – É sim meu filho. Eu sei que vocês tiveram um namoro de infância, vocês podem até sentir algo especial um pelo outro. Mas não é amor, pode ser outro tipo de amor, mas não é esse amor, que há entre um homem e uma mulher.
DIEGO – A senhora, não aprova nosso casamento?
ROSÁRIO – Sinto muito filho, mas não. Até vocês me contarem, por que motivo disso, eu não aprovo.
DIEGO – Será que o nosso amor não basta?
ROSÁRIO – Não. Você quer dizer alguma coisa filha? (Carla nega com a cabeça, e continua com ela baixa, vendo que não conseguiria segurar o choro, levanta da mesa, e corre para o quarto)
PAULA – Carla espera. (se levanta e vai atrás da irmã)
DIEGO – Está vendo. O que a senhora fez não aprovado nosso casamento?
[NO QUARTO]
(Carla se joga em cima da cama, e cai no choro. Paula logo atrás dela, entra e senta ao lado da irmã na cama)
PAULA – Agora que estamos só nós duas, você vai me contar que história é essa de casamento!

[CENA 05 – CASA DO FELIPE/ COZINHA – SALA/ NOITE]
(Frederico e Verônica estão à sós na cozinha conversando)
VERÔNICA – Nem pensa em falar nada sobre o pai da Luana.
FREDERICO – Por que esse medo, Verônica? Qual o problema a Luana saber sobre o pai dela?
FELIPE – (encontra eles) Achei você. Atrapalho alguma coisa?
VERÔNICA – Nada querido, já estávamos indo para sala. (todos voltam para à sala)
FREDERICO – Bom, está tarde. Meu hotel não é perto daqui, então é melhor ir indo. Obrigado pelo convite Viviane.
FELIPE – Você pode vir quando quiser Fred.
VERÔNICA – É bom avisar antes.
VIVIANE – Eu acompanho você até à porta.
FREDERICO – Boa noite para vocês. (na porta) Está vendo como ele gosta de mim. Essa é a oportunidade de você contar para ele.
VIVIANE – Preciso me encontrar com você amanhã, no mesmo lugar.
FREDERICO – Para quê?
VIVIANE – Só apareça amanhã. Boa noite. (fecha à porta e volta para sala)
FELIPE – Bem, acho que vou me deitar. Tenho que acordar cedo amanhã.
LUANA – Eu também vou.
FELIPE – Boa noite, mamãe. (beija o rosto de sua mãe e sobe para o quarto)
VIVIANE – Boa noite, filho.
LUANA – Boa noite. (caminha apressada até a escada, tentando acompanhar Felipe)
PAULO – Eu vou indo também. Tenho uma atividade para resolver ainda. Boa noite.
VERÔNICA – Boa noite.
VIVIANE – Boa noite. filho. (todos sobem, Verônica e Viviane ficam sozinhas na sala) Você quer que o motorista vá te deixar em casa?
VERÔNICA – Não precisa. Eu vi de carro.
VIVIANE – Mas não acha perigoso você ir dirigindo essa hora?
VERÔNICA – Eu sou boa ao volante. Até amiga, foi ótimo o jantar.
VIVIANE – Eu acompanho você até a porta.
VERÔNICA – Boa noite.
VIVIANE – Boa noite. (Verônica vai embora, e Viviane para não fica sozinha, também decide se deitar e sobe para o quarto)

Amanhecendo…

[CENA 06 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO)/ Q. DAS MENINAS – SALA/ DIA]
(Paula levanta primeiro que Carla, quando volta do banheiro, percebe que a irmã já acordou)
PAULA – Bom dia.
CARLA – Bom dia.
PAULA – Você vai contar que maluquice foi aquela de ontem à noite?
CARLA – Não tenho tempo, Paula. (se levanta e caminha em direção ao banheiro) Estou atrasada. (vendo que não descobriria nada da irmã, Paula sai do quarto e desce para a sala onde encontra Diego)
PAULA – Bom que te encontrei sozinho Diego! Você pode me explicar o que foi que aconteceu ontem?
DIEGO – A Carla não explicou para você?!
PAULA – Não.
DIEGO – Eu e sua irmã nós amamos…
PAULA – Isso não é verdade. (interrompe) Você talvez, mas minha irmã não te ama.
DIEGO – Olha Paula, eu não estou com tempo para ficar falando do que eu sinto ou deixo de sentir pela sua irmã. (sobe para o quarto, deixando Paula sozinha na sala)

[CENA 07 – CASA DO FELIPE/ SALA/ DIA]
(Viviane vem descendo as escadas devagar, mas é surpreendida por Paulo)
PAULO – Onde a senhora vai?
VIVIANE – O que você está fazendo aí filho?
PAULO – Não consegui dormir muito na noite passada, então vi para cá, assistir TV. A senhora ia sair?
VIVIANE – Eu vou ver meu amigo.
PAULO – O Fred? Por que ele é o único amigo da senhora que eu conheço?
VIVIANE – Ele mesmo. Eu não demoro filho. Tchau. (sai antes que Paulo perguntasse mais alguma coisa)
PAULO – Tchau.

[CENA 08 – CASA DA VERÔNICA/ COZINHA/ DIA]
CLÁUDIO – (animado) Bom dia, bom dia.
VERÔNICA – Bom dia filho. Feliz?
CLÁUDIO – Muito. Prepara o almoço, que hoje ela vem almoçar com a gente.
VERÔNICA – Sua amiga?
CLÁUDIO – Foi uma luta convencer ela vir almoçar aqui, mas consegui.
VERÔNICA – Que bom. Assim, vou poder conhecer melhor essa garota. Não se preocupa, que vou caprichar no almoço.

[CENA 09 – APARTAMENTO DA CAMILA/ COZINHA/ DIA]
GUSTAVO – Então isso ficou sério?
CAMILA – Não. Ele só que me apresentar para a família dele, só isso.
GUSTAVO – Pois é a primeira vez que eu vejo alguém preparando um almoço para apresentar uma amiga para família.
CAMILA – Por que eu não posso arrumar um amigo, que todo mundo pensa besteira. Você, a Joana, a Carla…
GUSTAVO – Falando nela, ela ainda mora na mesma casa?
CAMILA – Não. Ela está morando em São Paulo agora. Após a morte da mãe, ela e a irmã não tinha como sustentar aquela casa sozinhas, então foram passar um tempo na casa da madrinha dela.
GUSTAVO – Poxa. A Adriana sumiu, a Carla foi embora. Pensei que iria ver o quarteto reunido novamente.
CAMILA – É, mas não vai. Cada uma foi para um canto agora.

[CENA 10 – PRAÇA/ DIA]
(Frederico está de frente para Viviane, ele segura à mão dela e ela permite)
VIVIANE – Eu não vou contar mais para o Felipe que você é o pai dele.
FREDERICO – (solta a mão dela) Mas tínhamos um combinado Viviane!
VIVIANE – Eu sei, mas, cheguei à conclusão, de que ele não precisa saber disso agora.
FREDERICO – Como assim? Eu sou o pai dele. Eu vou me aproximar do meu filho.
VIVIANE – Você pode fazer isso sendo amigo dele. Ele gosta de você assim. Sendo o amigo da mãe dele.
FREDERICO – Não. Se você não vai contar, eu conto.
VIVIANE – Me escuta, por favor. Você imaginou, caso o Felipe descubra que você é o pai dele, o que ele vai fazer? Vai que ele não receba bem essa informação? Ele pode odiar você, até a mim, que escondi isso dele. Ele gostava muito do pai, Frederico. Certo que eles, não tiveram uma relação normal de pai e filho, mas o Felipe ficou muito chocando quando soube que o pai havia morrido.
FREDERICO – Eu sou o pai dele.
VIVIANE – Felipe cresceu acreditando em uma coisa. A vida inteira era o Fernando que ele tinha como exemplo.
FREDERICO – Pelo que me pareceu ontem, ele não era um bom exemplo para os meninos.
VIVIANE – O que eu estou tentando dizer é que, o Felipe talvez não aceite bem essa informação. Que ele possa ficar contra a você, contra a mim, que mentiu para ele a vida inteira.
FREDERICO – Então você está me sugerindo que eu esqueça dele? Que eu abandone os meus direitos de pai?
VIVIANE – Não, não é isso Frederico, nós vamos contar para ele sim, um dia. Não agora, esse não é o momento.
FREDERICO – Quando será então?
VIVIANE – Não sei. Mas quando esse momento chegar, eu mesma farei questão de contar.
FREDERICO – Eu não sei, Viviane. Tínhamos combinado, eu não estou entendo agora essa conversa sua? Preciso pensar.
VIVIANE – Eu vou dar esse tempo para você pensar, mas pense com cuidado, pense o melhor para o Felipe.

[CENA 11 – CASA DO MIGUEL (SÃO PAULO)/ SALA/ DIA]
(Miguel está na sala, pensando em Carla, quando Lucas vem descendo as escadas)
LUCAS – Estudando cunhado? (vendo que o Miguel não ouviu, cutuca ela) Ei está pensando em alguém?
MIGUEL – Tentando estudar aqui.
LUCAS – Sei, deve estar bem concentrado, porque nem percebeu eu te chamando.
MIGUEL – Ser adulto não é fácil.
LUCAS – Descobriu isso agora amigo. O que foi que houve?
MIGUEL – (ele pensa em contar a verdade para ele, mas não diz nada) Nada demais. Onde está minha irmã.
LUCAS – Descendo.
MIGUEL – Alguma pista nova de quem andava tirando dinheiro da empresa?
LUCAS – Ainda não, nem sei se vamos encontrar esse bandido.

[CENA 12 – APARTAMENTO DO SÉRGIO/ COZINHA/ DIA]
(Adriano entra na cozinha e encontra Sérgio lendo o jornal)
ADRIANO – (surpreso) Lendo o jornal?
SÉRGIO – Procurando uma vaga de emprego.
ADRIANO – Sério?
SÉRGIO – Sério. Eu preciso de um para poder sustentar minha família. Enquanto eu ainda não me formar, preciso fazer uns bicos.
ADRIANO – E se esse filho não for seu, pensou isso já?
SÉRGIO – Esse filho é meu, Adriano.
ADRIANO – Certo, você é de maior, vacinado, sabe o que faz da vida.

[CENA 13 – CASA DE VERÔNICA/ SALA/ DIA]
(Cláudio chega em sua casa com Camila)
CLÁUDIO – Relaxa, minha mãe parece ser durona e tal, mas vocês vão se dar bem.
CAMILA – Esse almoço é só para me apresentar como amiga, né?
CLÁUDIO – Claro ou somos mais do que amigos?
CAMILA – Não, somos só amigos.
CLÁUDIO – Então. (Verônica vem descendo as escadas) Mamãe, essa é a Camila, minha amiga.
VERÔNICA – Seja bem vinda Camila, é um prazer conhece-la.

Continua no Capítulo 44…

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