“Sumiço”

 

[CENA 01 – CASA DA LUANA/ Q. DA LUANA/ TARDE]
LUANA – Responde garota? O que você está procurando aqui?
VITORIA – Nada.
LUANA – Como nada? Se eu te peguei mexendo nas minhas coisas. Alguma coisa você quer? Acho que eu sei o que é. (caminha até seu guarda roupa e retira o teste) É isso, né? É o teste que você estava procurando?
VITORIA – E se for?
LUANA – Boba, pode pegar. (joga em cima dela) Pode fazer o que quiser. Faço outro teste e vai dar positivo do mesmo jeito.
VITORIA – Claro, a titia vai falsificá-lo sempre.
LUANA – Até que você é inteligente, prima.
VITORIA – Mais do que você, priminha.
LUANA – Olha aqui, acho que você esqueceu o aviso que à mamãe deu. Bico calado ou você vai sofrer as consequências.
VITORIA – Não tenho medo. Pode dizer pra titia, que não vou me calar. A verdade vai vir, cedo ou tarde.
LUANA – É o que a gente vai ver. (elas se encaram por um tempo, até que Vitoria sai do quarto)

[CENA 02 – APARTAMENTO DA CAMILA/ SALA/ TARDE]
(Camila e Joana chegam ambas sorrindo)
ADRIANA – Finalmente vocês chegaram. Posso saber onde vocês foram que quando cheguei não encontrei nenhuma?
CAMILA – Estávamos na lanchonete.
ADRIANA – Se divertiram lá?
CAMILA – Lá é agradável, sempre que tiver fome agora, vou comer lá.
ADRIANA – Que bom, então suponho que as duas já comeram, né. Enquanto eu tava aqui, morrendo de fome, esperando por vocês.
JOANA – O que foi Adriana, não sabe cozinhar?
ADRIANA – Sei, porém estava esperando vocês para podermos comer juntas.
CAMILA – Realmente, a gente deveria ter avisado. Desculpa, Adriana.
ADRIANA – É o mínimo, né! E agora, vou comer o que?
CAMILA – Posso ver o que é que tem lá dentro e fazer alguma coisa pra gente.
JOANA – Eu não quero.
CAMILA – Eu ainda estou com um pouco de fome. Então vou preparar alguma coisa pra nós, Adriana! Você vem me ajudar?
ADRIANA – Eu vou lá daqui a pouco.
CAMILA – Está bem. Ah Joana, depois quero o endereço da mãe do Junior! Quero dar uma passadinha lá.
ADRIANA – O que você vai fazer na casa da mãe do Junior?
CAMILA – Você não sabia? A mãe dele é cartomante. (vai para cozinha)
ADRIANA – E você já conheceu a mãe dele, Joana?
JOANA – Já!
ADRIANA – Fazendo amizade com à sogra.
JOANA – Que foi? Parece que você ficou um pouco com ciúmes?
ADRIANA – E por que eu teria ciúmes?
JOANA – Ah, não sei. Quem sabe por que você queria está no meu lugar, com um cara bonito, tendo uma sogra que te adora.
ADRIANA – (rir) Só você mesmo, Joana. Dizer que estou com ciúmes de uma ex paquera minha. E mesmo assim, se eu quisesse, o Junior voltava correndo atrás de mim, só num instalar de dedos.
JOANA – Eu não sei não. Ele está em outra agora, já te esqueceu querida.
ADRIANA – Duvida, Joana? Olha, que eu sempre consigo aquilo que eu quero! (Adriana vai para a cozinha. Joana fica pensativa depois da conversa e vai para o quarto)

[CENA 03 – APARTAMENTO DO SÉRGIO/ SALA/ TARDE]
(Adriano e Roberto estão na sala vendo TV, quando Sérgio entra, ainda tentando ligar para Luana)
ADRIANO – Cara, ela não vai te atender!
SÉRGIO – Ela teve ter esquecido o celular desligado em algum lugar ou perdeu.
ADRIANO – Cara, esquece isso. Ela vai casar com o Felipe…
SÉRGIO – Não vai! (interrompe) Ela gosta de mim.
ADRIANO – Está bem! Depois não diga que a gente não avisou.
SÉRGIO – Vou tentar de novo. (liga de novo, mas como das outras vezes, cai na caixa postal) Não está atendendo. (sai para rua)
ROBERTO – Essa história ainda não vai acabar bem, escuta o que eu tô te dizendo.

[CENA 04 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO)/ SALA/ TARDE]
(Carla chega em casa, após passar à manha inteira procurando emprego)
PAULA – Então, como foi?
CARLA – Não arrumei nada. Mas não vou desistir, amanha vou procurar de novo.
PAULA – A Rosário queria falar com você.
CARLA – Comigo? O que será que ela quer?
PAULA – Eu não sei.
CARLA – Eu só vou tomar um banho e vou falar com ela. Estou com os pés doendo, de tanto andar.
PAULA – Se você quiser vou contigo amanha, te ajudar pelo menos?
CARLA – Não precisa! Você vai ficar aqui e se prepara pra estudar. A madrinha já te matriculou no curso?
PAULA – Já. Vou começar segunda-feira.
CARLA – Bom. (sobe para o quarto)

[CENA 05 – LANCHONETE/ TARDE]
(Adriana entra na lanchonete, vai até o balcão e surpreende Junior)
ADRIANA – Oi!
JUNIOR – O que está fazendo aqui?
ADRIANA – Pelo que eu saiba, isto é uma lanchonete. O que mais que podia está fazendo aqui?
JUNIOR – (fingi anotar alguma coisa) Se você quer comer, tem mesas disponíveis ali. Só sentar, que alguém vai te atender.
ADRIANA – Mas você já está me atendendo.
JUNIOR – Eu estou ocupado agora.
ADRIANA – Que foi? Parece que você está com medo de mim?
JUNIOR – Medo de você?
ADRIANA – Sim. Se não é verdade porque você não está olhando nos meus olhos?
JUNIOR – (olha nos olhos dela) Viu. Não tenho medo de você.
ADRIANA – Será mesmo? (ela o surpreende e o beija)

[CENA 06 – CASA DA LUANA/ Q. DA LUANA/ TARDE]
VERÔNICA – Eu não estou acreditando que aquela garota disso isso?
LUANA – Disse, mamãe! Além de pegar ela mexendo nas minhas coisas, ela disse com todas as letras, que não tinha medo da gente.
VERÔNICA – Essa garota está precisando de uma lição.
LUANA – O que a senhora pensa em fazer?
VERÔNICA – Estou pensando ainda…
LUANA – Pois pense rápido, que se a senhora visse os olhos dela, a senhora saberia que ela não estava brincando.
VERÔNICA – Calma, não vai ser uma fedelha que vai estragar nossos planos, logo agora que estarmos tão perto.

[CENA 07 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO)/ Q. DA ROSÁRIO/ TARDE]
CARLA – A Paula disse que a senhora queria falar comigo?
ROSÁRIO – Entra filha. (Rosário estava mexendo em algumas coisas em cima da cama. Carla entra e senta ao lado dessas coisas) Antes deu tocar no assunto que chamei você, soube que você saiu hoje para procurar emprego?
CARLA – Estou precisando de dinheiro para comprar uma coisa.
ROSÁRIO – Você não precisa trabalhar filha, só me pedir, que eu compro pra você!
CARLA – Eu não quero, madrinha. Preciso conseguir as coisas com o meu próprio esforço.
ROSÁRIO – Não será incomodo nenhum, ajudar você filha.
CARLA – Eu sei, mas prefiro ter meu próprio dinheiro, com o meu próprio trabalho.
ROSÁRIO – Está bem! Mas não era para isso que chamei você até aqui.
CARLA – Então o que é?
ROSÁRIO – É sobre o seu pai!
CARLA – O que tem ele?
ROSÁRIO – Você precisa ver a versão dele. (pega uma caixa que estava ao lado dela e retira um envelope, com uma caixinha de dentro)
CARLA – Que caixinha é essa madrinha?
ROSÁRIO – Como você realmente quer saber dessa historia, achei que deveria entregar isso para você?
CARLA – O que é que tem aqui dentro?
ROSÁRIO – É melhor você abrir e descobrir. (Carla abre a caixinha e tira uma medalhinha dentro dela)
CARLA – Que medalha é essa?
ROSÁRIO – É do seu pai. Ele deixou junto com uma carta, no dia que abandonou vocês!
CARLA – Esta é a carta.
ROSÁRIO – É! (Carla abre o envelope, pega a carta e começa a ler)
“Perdão Cintia, mas talvez quando você chegar em casa, não estarei mais aqui. Estou saindo de casa! Não é nada com você, nem com as meninas, pelo contrário, gosto muito delas e queria de verdade acompanhar os seus passos. Mas infelizmente não dar. Me apaixonei por uma outra mulher e vou fugir com ela hoje à noite. Vivemos uma história linda, que resultou em duas joias, mas tudo um dia acaba. E para que as meninas não presenciem uma discussão nossa, decidi escrever esta carta e partir sem me despedir de ninguém. Se as meninas sentirem minha falta, você pode dizer que morri ou que fiz uma viagem para longe e que não vou voltar mais. Enfim, não vou deixar vocês desamparadas, estou deixando uma medalhinha de ouro, que recebi da minha avó. Vocês podem vendê-la, não sei se vai dar muito dinheiro, mas vai ajudar por um tempo. É isso, se cuida. Você e minhas meninas. Eu amo muito elas, não esqueça disso.
Frederico.”

[CENA 08 – LANCHONETE/ TARDE]
JUNIOR – (empurra ela de cima do balcão) Que é isso, maluca?
ADRIANA – Que foi? Vai dizer que não estava com saudades do meu beijo?
JUNIOR – Claro que não.
ADRIANA – Não adianta fingir, eu sei que você gostou. Se quiser outro, você tem meu número. (pisca pra ele e vai embora logo em seguida)

[CENA 09 – CASA DA LUANA/ Q. DAS MENINAS – SALA/ TARDE]
(Vitoria entra no quarto e se depara com suas malas ao lado de sua cama e Verônica sentada na cadeira)
VERÔNICA – Olá sobrinha, esta pronta para uma pequena viagem?
VITORIA – O que minhas malas estão fazendo arrumadas?
VERÔNICA – É normal elas estarem arrumadas, quando se vamos fazer uma viagem.
VITORIA – Mas eu não vou viajar!
VERÔNICA – Quem disse? (chega o segurança da Verônica) Que bom que chegou. Pode levá-la, não queremos que ela se atrase! (ele segura no braço da garota e a puxa à força para sala)
VITORIA – Me larga, não vou lugar algum com você. (descendo as escadas à força. Verônica logo atrás)
VERÔNICA – Sem folia garota e você vai sim. Quem mandou você se meter onde não devia.
VITORIA – Por causa disso, né! Pois fique sabendo que se eu sumir, vão sentir por minha falta, vão todos ficar me procurando.
VERÔNICA – Eu não sei quem. E mesmo assim, posso simplesmente dizer que você fez suas malas e saiu de casa sem dizer nada pra ninguém.
VITORIA – A Fernanda não iria acreditar nisso.
VERÔNICA – Chega de blá blá blá, anda leva ela. Depois você vem aqui e leva as malas.
VITORIA – Me larga, se não eu grito. (batendo no segurança, mas nenhum resultado)
VERÔNICA – Escuta aqui menina, é melhor você ir por bem, sem agressão ou você vai por mal, e se for o caso… já não estará em minhas mãos.
VITORIA – Agora sim à verdadeira mascara da senhora apareceu. (as duas se encaram por um tempo)
VERÔNICA – Leva ela logo, antes que alguém chegue.
VITORIA – Me larga, deixa que eu vou sozinha. (o segurança, à puxa mais forte pelo braço) Você está me machucando, me larga. (ele à coloca dentro do carro e logo em seguida sai com ela)

[CENA 10 – CASA DO JUNIOR/ SALA/ TARDE]
(Junior está deitado no sofá e pensa no beijo que Adriana deu nele, hoje à tarde)
HILDA – Está tudo bem filho? Chegou em casa, deitou  no sofá, ficou ai quietinho!
JUNIOR – Não é nada, mamãe. Só pensando um pouco.

[CENA 11 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO)/ Q. DA ROSÁRIO/ TARDE]
(após ler a carta deixada por seu pai, Carla fica observando a medalhinha deixado por ele)
CARLA – Essa medalhinha era do meu pai?
ROSÁRIO – Era. Ele deixou para sua mãe, para que ajudasse vocês por um tempo.
CARLA – E porque a mamãe não a vendeu?
ROSÁRIO – Não sei. Isso ela não quis me contar. Talvez, para mostrar pra vocês, quando se tornassem adultas e quando soubessem da verdade. Agora ela está com você! Você decide o que fazer com ela.
CARLA – E o que a senhora me sugere?
ROSÁRIO – Eu não sei, filha. Faça o que o seu coração mandar.
CARLA – Queria que minha mãe estivesse aqui.
ROSÁRIO – E quem disse que ela não está?! Pode não está fisicamente, mas está espiritualmente sempre olhando por vocês. (elas ficam em silêncio, Carla continua observando a medalhinha) Bem, a medalhinha está entregue, se você quiser ficar aqui um pouco, refletindo sobre o que está escrito aí na carta, fica à vontade, filha. Eu vou lá pra baixo.
CARLA – Tá madrinha. (Rosário sai do quarto e deixa Carla sentada na cama. Carla ler a carta novamente)

Anoitecendo…

[CENA 12 – CASA DA LUANA/ SALA/ NOITE]
(Fernanda vem descendo as escadas apressada)
FERNANDA – Alguém ai viu a Vitoria? Ela não está no quarto?
CLÁUDIO – Eu não vi ela. Na verdade, faz um bom tempo que eu não a vejo.
FERNANDA – Eu ligo pra ela, mas só cai na caixa postal.
VERÔNICA – Ela deve ter saindo, quem sabe?
FERNANDA – Pra onde? E sem me avisar ainda.
VERÔNICA – Eu não sei, vai me dizer que você não conhece sua irmã.
FERNANDA – Estou preocupada. A Vitoria não é assim de sumir e não avisar para ninguém, ainda mais essa hora.
CLÁUDIO – Quem sabe ela está com um namorado novo?
FERNANDA – Coisa que duvido muito. Alguém para aguentar aquela marrenta, basta eu que sou irmã dela.
CLÁUDIO – Quem sabe Fernanda? Ela é marrenta, mais é bonita.
FERNANDA – Vou continuar tentando ligar pra ela.

[CENA 13 – APARTAMENTO DA CAMILA/ SALA/ NOITE]
(Adriana está na sala, pensando no beijo que deu no Junior, com um sorriso no rosto)
CAMILA – Posso saber que sorrisinho é esse?
ADRIANA – Sorriso de quem tá feliz!
CAMILA – E eu posso saber qual o motivo dessa felicidade?
ADRIANA – Agora aí, já é querer saber de mais. Cadê à Joana?
CAMILA – Tá no quarto. Dizendo ela que vai sair com o namorado.
ADRIANA – Hum. (se levanta do sofá)
CAMILA – Pra onde você vai?
ADRIANA – Ué, para o meu quarto! (esbarra em Joana) Olha tá bonita hein?
JOANA – Obrigada. Você achou mesmo?
ADRIANA – Achei.
JOANA – Eu e o Junior vamos tomar um sorvete e nem sabia direito o que vestir.
ADRIANA – Mas está linda, mesmo assim! Aposto como ele vai ficar de boca aberta ao te ver.
JOANA – O que houve com você, pra está sendo tão legal assim comigo?
ADRIANA – Ué não gosta? Se quiser, posso …
JOANA – Não, esquece. Não vamos discutir, porque tenho que ir, ele já deve estar chegando…
ADRIANA – Divirtam-se. (continua caminho ao seu quarto)
CAMILA – Nossa, que bicho fez a Adriana ficar assim?
JOANA – Também gostaria de saber.

[CENA 14 – CASA DO FREDERICO/ SALA/ NOITE]
(Frederico está vendo TV e pensa em Viviane, porém é interrompido com seu cunhado entrando na sala)
THOMAS – Cadê minha irmã?
FREDERICO – No quarto! Está com dor de cabeça e decidiu dormir mais cedo.
THOMAS – Sei. Já que estamos nos dois aqui…
FREDERICO – Já vai começar?
THOMAS – Calma, só quero fazer uma pergunta.
FREDERICO – Pergunte.
THOMAS – Você chegou hoje na empresa um pouco mais tarde do que o normal. E pelo que soube pela minha irmã, você saiu no horário normal daqui de casa.
FREDERICO – E…?
THOMAS – E queria saber por que você demorou tanto, já que saiu no horário de sempre?
FREDERICO – Sério que você está me fazendo esta pergunta? Eu me atrasei por causa do trânsito, que tava enorme.
THOMAS – Eu não sei que trânsito, já que fui e vim tranquilamente?
FREDERICO – É que peguei um atalho.
THOMAS – Sei… Um atalho?
FREDERICO – É. Se não quer acredita, a culpa não é minha, já que é a verdade.
THOMAS – Não, só quero que amanha você vá no caminho de sempre para empresa. Não é certo, o presidente chegar tarde em sua própria empresa. Que exemplo ele daria aos seus funcionários.
FREDERICO – Pode ficar tranquilo, Thomas. Amanha vou chegar cedo, não se preocupa.  (Frederico não responde mais nada, Thomas vai para o quarto)

[CENA 15 – PRAÇA/ NOITE]
(após tomarem sorvete, Junior e Joana decidem fazer um passeio. Durante um bom tempo, nenhum dos dois trocam nenhuma palavra. Junior continua pensativo sobre o beijo da Adriana, de hoje à tarde)
JOANA – (preocupada) Está tudo bem? (Junior não responde) Junior? Você estar aí?
JUNIOR – Você está falando comigo?
JOANA – E com quem mais estaria? Está acontecendo alguma coisa? Você não disse quase nada hoje à noite?
JUNIOR – Não é nada.
JOANA – É que durante o caminho inteiro, você estava pensativo. Pensei que tinha feito algo errado.
JUNIOR – Não, você não fez nada errado. Acho que quem fez foi eu.
JOANA – Do que você está falando?
JUNIOR – Nada, esquece.
JOANA – A noite está bonita, hein.
JUNIOR – Pois, é.
ADRIANA – Nossa, olha só quem eu encontrei. (dando de cara com eles) O casalzinho apaixonado. Estão aproveitando à noite?
JOANA – O que você faz aqui, Adriana?
ADRIANA – Eu vim dar uma volta e acabei encontrando com vocês.
JOANA – Que coincidência!
ADRIANA – O mundo é pequeno né, verdade.
JUNIOR – Coloca pequeno nisso!
ADRIANA – Disse alguma coisa, Junior?
JUNIOR – Nada que fosse pra você ouvir.
ADRIANA – Calma, o que houve? Porque está tão agressivo assim comigo? Nem parece o mesmo de hoje à tarde?
JOANA – Como assim?
JUNIOR – Nada Joana, Adriana já está indo embora, né Adriana?
ADRIANA – Verdade, não quero atrapalhar à noite do casal. (Adriana sai e pisca para Junior)
JOANA – Do que a Adriana está falando?
JUNIOR – Esquece ela. Deve está com ciúmes, de ter visto a gente juntos, como um casal.
JOANA – E olha que nem somos um casal.
JUNIOR – Verdade. (os dois riem. Junior fica de frente com Joana, olha para os olhos dela e à beija)

[CENA 16 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO)/ Q. DE HOSPEDES/ NOITE]
(Carla entra no quarto e já encontra Paula pronta para dormir)
PAULA – Porque não foi jantar?
CARLA – Fiquei sem fome.
PAULA – De quem é essa medalha?
CARLA – Do nosso pai. Ele deixou pra mamãe quando nos abandonou. Junto com essa outra carta, dizendo por que foi embora.
PAULA – Me dar aqui. Deixa eu ler. (Carla entrega a carta para a irmã, que começa a ler) Então ele gostava da gente!
CARLA – Eu não sei se gostava… ou se deixou como forma de arrependimento, por ter abandonado uma mãe sozinha, com duas crianças pequenas.
PAULA – Não Carla, o papai nos amava! Veja o que ele escreveu na carta: ” …isso, se cuida. Você e minhas meninas. Eu amo muito elas, não esqueça disso…”
CARLA – Isso pra mim não significa nada!
PAULA – Como não?
CARLA – Se ele realmente nos amasse, ele não teria nós abandonado, Paula? Ele estaria aqui agora.
PAULA – Mas não sabemos os motivos que o levaram a fazer isso.
CARLA – Eu não estou acreditando que você está defendendo ele?
PAULA – Não é isso. Não podemos julgá-lo sem saber à parte dele da historia.
CARLA – Eu não estou acreditando nisso.
PAULA – Carla, me escuta. Não vamos brigar, prometemos isso uma pra outra. Só quero acreditar que o nosso pai teve um motivo forte para ter feito isso com a gente.
CARLA – Você quer um motivo para ele ter feito isso? Pois eu te dou. Dinheiro! Foi isso que ele foi busca na outra. (levanta da cama e sai do quarto, com uma mistura de raiva e choro)

[CENA 17 – CASA DA LUANA/ Q. DAS MENINAS – Q. DO CLÁUDIO/ NOITE]
(Fernanda está no quarto, tentando ligar para sua irmã. Vendo que ela não está atendendo, levanta da cama e decide pedir ajuda)
FERNANDA – (batendo na porta e entrando) Está acordado?
CLÁUDIO – Estou, entra.
FERNANDA – Desculpa está batendo no seu quarto hora dessa, é que estou preocupada com à Vitoria.
CLÁUDIO – Ela ainda não apareceu?
FERNANDA – Não e nem está atendendo o celular.
CLÁUDIO – Será que ela não está na casa de alguma amiga?
FERNANDA – Quem? Se desde que chegamos, ela nunca saiu daqui para conhecer novas pessoas. Por isso estou achando estranho, ela não é de fazer isso, Cláudio.
CLÁUDIO – Vai ver que ela está recompensando todo tempo que vivia aqui dentro de casa.
FERNANDA – Sem piada, Cláudio. Estou preocupada de verdade.
CLÁUDIO – Eu sei! Foi mal, mas vamos dar mais um tempo. Volta para o seu quarto, descansa um pouco e se ela não voltar, você me procura, que eu te ajudo a procurá-la.
FERNANDA – Obrigada. É bom saber que posso contar contigo.
CLÁUDIO – Estou te devendo uma né. (Fernanda sorrir)
FERNANDA – Boa noite.
CLÁUDIO – Boa noite. (Fernanda sai do quarto e volta para o seu ainda preocupada)

Continua no Capítulo 13…

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