“Mamãe Voltou”

 

[CENA 01 – APARTAMENTO DA CAMILA/ SALA/ DIA]
(Camila e Joana foram para a sala. Joana está de frente para Camila, esperando ela contar seu passado)
JOANA – Estou esperando, Camila?
CAMILA – Muito bem. (respira fundo) Eu morei com minha mãe sim! Eu menti quando disse que fui deixada em um orfanato e que não conhecia meus pais.
JOANA – E porque você escondeu isso da gente?
CAMILA – Eu morei com minha até meus 11 anos, quando sai de casa.
JOANA – Saiu de casa? Por quê?
CAMILA – Ela me obrigava a… (não tem coragem de continuar)
JOANA – A o que Camila? Conta, o que ela te obrigava?
CAMILA – Ela me prostituía!

[CENA 02 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO) / COZINHA/ DIA]
(Carla entra na cozinha)
ROSÁRIO – Bom dia, filha.
CARLA – Bom dia, madrinha.
ROSÁRIO – Acordou cedo!
CARLA – Acostumei já. Não consigo ficar até tarde na cama. Acordava cedo para ajudar à mamãe.
ROSÁRIO – Mas aqui você não precisa acordar cedo filha, pode dormir a vontade.
CARLA – A senhora era a melhor amiga dela, né?
ROSÁRIO – Éramos melhores amigas, sim. Pena que não deu de vê-la, antes que era partisse. (Diego estava descendo a escada, ouve a voz da Carla na cozinha, resolve então passar direto para à porta da rua, para não dar de cara com ela, depois do que houve ontem à noite)
ROSÁRIO – Não vai tomar café, filho? (percebe o filho saindo)
DIEGO – Não mamãe, estou sem fome! Eu vou indo, tenho que abrir o comércio. Tchau.
ROSÁRIO – Tchau filho. Sempre assim, acorda cedo, ás vezes nem toma café e vai cuidar da venda.
CARLA – Bom que ele ajuda, né.
ROSÁRIO – É! Ele e a Roberta me ajudam bastante!
CARLA – Madrinha, posso fazer um pergunta?
ROSÁRIO – Claro filha, pergunta.
CARLA – A senhora conheceu meu pai?
ROSÁRIO – Bem filha… (ela muda de expressão e fica quieta, pensativa) Eu não tinha a mesma afinidade com seu pai, como tinha com sua mãe. Mas pelo o que eu conhecia, ele me parecia ser um bom homem.
CARLA – Eu queria ter mais lembranças dele. Pena que ele teve que sair de nossas vidas, tão drasticamente.
ROSÁRIO – Realmente, morrer em um acidente, é o mesmo que não pedir para não ir!
CARLA – Uma coisa que me lembro do velório do papai, é que a mamãe, não deixava de maneira nenhuma que a tampa do caixão fosse aberta. Dizia que, o acidente o deixou todo desfigurado, que não parecia ele. E para nos prevenir, deixou o caixão tampado.
ROSÁRIO – (se apressa subidamente) Eu vou ter que ir pra venda agora… qualquer coisa, você pode chamar a Roberta, que hoje ela vai ficar em casa, fazendo companhia pra vocês. (coloca algumas coisas em cima da mesa, pega sua bolsa que estava ao lado e caminha em direção à sala) Tchau filha, tenha um bom dia.
CARLA – A senhora também. (Rosário sai para rua)

[CENA 03 – CASA DO FELIPE/ Q. DA VIVIANE/ DIA]
PAULO – Olha o café da manhã. (entra no quarto de sua mãe) Bom dia, mamãe.
VIVIANE – Bom dia, filho.
PAULO – Fiz questão de trazer café pra senhora. Tem que comer tudo, ordens médicas.
VIVIANE – Cadê o seu irmão? Ele já voltou pra casa?
PAULO – Já sim e já saiu de novo.
VIVIANE – O que é que está acontecendo com seu irmão que agora fica nisso?
PAULO – Não mamãe, ele saiu, mas, foi para outro lugar.
VIVIANE – Pra onde?
PAULO – Ele foi à empresa! Acordou cedo, nem tomou café e foi.
VIVIANE – Sério?
PAULO – Sério. (fica apreensiva) O que foi mamãe? Parece que a senhora não gostou de saber disso?
VIVIANE – Não, não filho. Pelo contrário, estou feliz por seu irmão está realizando o sonho de seu pai. Meu medo é que ele queira ir fundo nesse sonho e se esqueça de sonhar os dele também!
PAULO – Eu não acho que isso vai acontecer. Mas agora deixa de conversa e tome seu café. Enquanto o Felipe não estiver aqui, eu quem comando.

[CENA 04 – APARTAMENTO DA CAMILA/ SALA/ DIA]
CAMILA – Quando tinha 11 anos, eu morava com minha mãe e o marido dela. Minha mãe saía para trabalhar como empregada numa casa de uma gente rica. Meu padrasto ficava em casa, por que nunca conseguia arrumar um emprego. Na verdade nem sei se ele procurava um. Minha mãe sempre o chamava de imprestável, inútil e sempre que ela chegava em casa, os dois discutiam. E um certo dia, ele chegou bêbado em casa. Minha mãe havia saído não sei pra onde. Ele chegou bagunçando tudo, procurando por ela. E eu com medo, corri para o meu quarto, tranquei a porta, enquanto ele ficou na sala, gritando chamando por minha mãe. Depois de um tempo, eu levantei da cama e encostei o ouvido na porta, pra ver se ele havia parado. Ouvi tudo em silêncio. Então decidi abrir a porta ver se ele tinha ido embora. Quando abro, me deparo com ele, na minha frente… (começa a ficar nervosa) …com a calça abaixada.
JOANA – Meu Deus, oh amiga. (faz um carinho nela)
CAMILA – (chorando) Ele tenta vir pra cima de mim. Eu tento fugir, corri pela escada até à sala e acabei caindo no chão. Ele consegue me pegar, ficando em cima de mim. Com aquele cheiro de pinga, esfregando em meu rosto. Ficava me abraçando, me beijando, dizendo que eu era que nem minha mãe… uma vadia!
JOANA – (chocada) Que isso é isso, Camila.
CAMILA – Eu gritava, batia nele, mas ele não saía de cima… (com os olhos cheios de lágrimas, ela faz uma pausa) …até que ele consegue abusar de mim.
JOANA – Mas você contou pra sua mãe?
CAMILA – Ela flagrou ele me abusando na sala!
JOANA – E o que ela fez?
CAMILA – Me bateu. Disse que a culpa foi minha. Que eu era bonita demais, que ia acabar roubando o marido dela. Que eu deveria nunca ter nascido.
JOANA – (chocada) Que mãe é essa?
CAMILA – Essa mulher nunca gostou de mim, Joana. (limpando ás lágrimas) Nunca recebi um carinho dela. E naquele momento, que eu mais precisava, ela me acusa e me agredi. E ainda confia no marido, que dizia que eu que estava me insinuando para ele.
JOANA – Que horror, Camila.
CAMILA – Eu só tinha 11 anos, Joana. No dia seguinte, minha mãe chega em casa com um cara e aponta pra mim. Ele me pega pelo braço e me leva para o quarto. Eu tento lutar, peço ajuda para minha mãe, mas ela nem olha pra mim. Eu grito, choro, isso só faz ele me segurar mais forte. Quanto mais eu resistia, mais eu me machucava… (ela pausa, como se estivesse vendo aquela imagem em frente dela)
JOANA – Você não precisa continuar, Camila. (segura ás mãos dela)
CAMILA – Eu quero. Eu preciso colocar isso pra fora. (respira fundo) Quando ele terminou, me deixou jogada em cima da cama. Aquela mulher (mãe dela) apareceu na porta, recebendo o dinheiro que ele deu.
JOANA – Isso não é uma mãe, Camila!
CAMILA – “Já que você quer se deitar com os machos, pelo menos traga dinheiro pra dentro de casa!”
JOANA – Ela disse isso?
CAMILA – Disse. E cada dia era um cara que ela trazia. Ela me proibiu de ir para escola, me deixava presa em casa. E que se eu contasse para alguém, ela arrumaria um jeito de se livrar de mim. Um dia, quando tive uma oportunidade, fugi de casa e corri o mais longe dali. Não tendo para onde ir, comecei a pedir esmola na rua pra poder sobreviver. (volta a chorar) Pensei muitas vezes é tirar minha própria vida, Joana.
JOANA – Oh, amiga.
CAMILA – Fiquei pouco tempo na rua, quando uma freira me encontrou, ardendo em febre, molhada e com frio. Ela me levou para o orfanato e lá elas cuidaram de mim. Se não fossem elas, não sei o que teria acontecido comigo. Elas me colocaram em uma escola, me deram um lar, me deram minha vida de volta. Essa parte da minha historia queria esquecer pra sempre. Mas parece que “ela” sempre quer que eu reviva tudo de novo.
JOANA – Agora entendo porque você ficou daquele jeito ontem.
CAMILA – Ela conseguiu me encontrar, Joana!
JOANA – O que será que ela quer?
CAMILA – Eu não sei e não quero saber! Se ela ligar ou se tiver coragem de aparecer naquela porta, quero que não deixem a entrar, que nem falem com ela. Se ela me procurar, diga que estou morta.

[CENA 05 – CASA DO FELIPE/ SALA/ DIA]
(Paulo está na sala vendo TV, quando Viviane vem descendo as escadas)
PAULO – O que a senhora está fazendo, por que não está deitada no quarto? (desliga à TV e caminha até ela)
VIVIANE – (descendo as escadas) Ah filho, lá em cima está tão sem graça sozinha.
PAULO – A senhora vai ficar sentada aqui no sofá. (a ajuda se sentar) Eu vou pegar um livro para a senhora ler então.
VIVIANE – Já que não tenho outra escolha. Tem um que estou lendo que esta lá em cima ao lado da cama.
PAULO – Tá, fica aqui quietinha, que vou buscar pra senhora!
VIVIANE – Está bem, filho. (Paulo sobe e a campainha toca. A empregada abre à porta, com o passado de Viviane em frente a ela)
FREDERICO – Bom dia, aqui é a casa Viviane?
EMPREGADA – É sim, quem procura?
FREDERICO – Um amigo. Ela está?
EMPREGADA – Um momento. (vai para à sala) Dona Viviane, tem um senhor que quer falar com a senhora, deixo entrar?
VIVIANE – Quem é?
EMPREGADA – Disse que era um amigo.
VIVIANE – Um amigo?!. Deixe-o entrar! (volta para porta)
EMPREGADA – O senhor pode entrar!  (Frederico entra e encontra Viviane no sofá)
FREDERICO – Viviane!
VIVIANE – Frederico? (se levanta e vira-se olhando para ele, surpresa)
PAULO – (descendo as escadas, entrando na sala) A senhora conhece esse cara mãe?

[CENA 06 – LANCHONETE/ DIA]
(Joana entra na lanchonete e Junior logo vai atende – lá)
JUNIOR – Então o que deseja? Eu te conheço, você veio ontem com aquela garota? (referindo-se a Adriana) (rude) O que você quer?
JOANA – Eu só vi aqui me desculpa pela grosseria que ela vez com você ontem.
JUNIOR – Se ela quer se desculpar, que ela mesma venha até aqui e peça. E já que você não vai comer nada, por favor, se retire e desocupe a mesa, que outras pessoas querem se sentar.
JOANA – Espera, vou pedir uma coisa.
JUNIOR – O que você vai querer?
JOANA – Você lembra o que eu pedi ontem?
JUNIOR – Sim.
JOANA – Então vou querer o mesmo.
JUNIOR – É já que eu trago. (tempo depois) Aqui está. Mais alguma coisa?
JOANA – Não, só isso mesmo.
JUNIOR – Então, licença. Ah, ia me esquecendo, você e sua amiga saíram ontem sem me chamar, que não acabaram recebendo seus cupons.
JOANA – Que cupons são esses?
JUNIOR – Eles valem para uma promoção aqui da lanchonete, onde o ganhador ou ganhadora vai ganhar um jantar à dois aqui mesmo. O sorteio será na semana que vem, preencha e coloque o cupom naquela urna ali em cima do balcão.
JOANA – Esta bem.
JUNIOR – Qualquer coisa só chamar. (volta para o balcão)

[CENA 07 – APARTAMENTO DA CAMILA/ SALA/ DIA]
(Adriana está na sala estudando, quando o telefone toca)
ADRIANA – Alô?
BIANCA – Alô, é o apartamento da Camila?
ADRIANA – É sim, quem quer falar?
BIANCA – Ah graças a Deus, aqui é a mãe dela. Eu queria visitá-la, será que você poderia me dar o endereço onde vocês moram? Eu estou morrendo de saudades da minha filha!
ADRIANA – Claro, tem algum papel e caneta pra anotar o endereço.
BIANCA – Pode dizer, sou boa de cabeça.
ADRIANA – Então tá, lá vai…
BIANCA – Sei, acho que conheço. Não se preocupa, memorizei já. Qualquer coisa pego um táxi e ele me leva até ai. Tchau e obrigada viu.
ADRIANA – Tchau! (desliga) Estranho? (volta à estudar)
BIANCA – Antes de visitar minha filhinha, vou resolver umas coisas na minha futura casa. (olhando para à casa de Felipe)

[CENA 08 – CASA DO FELIPE/ SALA/ DIA]
PAULO – De onde a senhora o conhece mamãe?
FREDERICO – (Viviane continua surpresa e não consegue dizer nada para o filho, então Frederico age primeiro) Estudamos junto na época da faculdade.
PAULO – Ah é?
VIVIANE – O que você está fazendo aqui?
FREDERICO – Eu soube que o seu marido morreu e vim deixar minha solidariedade há minha amiga de tanto tempo. (ele a abraça)
VIVIANE – Obrigada.
FREDERICO – Então, está tudo bem?
VIVIANE – Vamos levando. (fica um silêncio na sala depois disso)
PAULO – Vocês não querem sentar?
VIVIANE – Não é necessário filho, meu amigo aqui, já estava de saída.
PAULO – Que pena, queria saber mais desse seu amigo mamãe. Já que conheço só amigas suas e nunca conheci um amigo.
FREDERICO – Quem sabe na próxima não possamos conversar mais. (campainha toca. A empregada mal abre a porta e Verônica já vai entrando dentro de casa)
VERÔNICA – Bom dia, podia avisar que… (olha para o Frederico) O que esse homem está fazendo aqui Viviane?
PAULO – Você também o conhece, Verônica?
VIVIANE – Claro, fizemos faculdade juntos, os três!
PAULO – Nossa, preciso realmente conhecer o senhor viu… é…
FREDERICO – Frederico!
PAULO – Frederico! Posso te chamar de Fred?
FREDERICO – Claro!
VERÔNICA – Pensei que você estivesse longe, depois do nosso último encontro?
FREDERICO – Eu fui, mas decidi voltar.
VERÔNICA – Por quê?
VIVIANE – Você já estava de saída não era mesmo, Frederico?
FREDERICO – Conversamos outro dia, até Viviane. (Frederico pensa em abraça-la, mas Verônica estava o encarando, então decidiu não fazer isso e simplesmente saiu)
PAULO – Bem, aqui está o seu livro mamãe. (entrega o livro para Viviane que se senta no sofá um pouco mais relaxada)
VERÔNICA – Paulo, querido, será que você poderia deixar eu e sua mãe sozinhas, quero ter um particular com ela.
PAULO – Se o assunto for muito sério, não vou poder deixar. Ela teve um problema e o médico recomendou nada de noticias fortes.
VERÔNICA – Será um assunto tranquilo, confia em mim.
VIVIANE – Pode ir filho. Eu estou bem. (Paulo sai da sala, Verônica senta ao lado de Viviane)
VERÔNICA – Como ele chegou aqui?
VIVIANE – Eu não sei. Ele simplesmente apareceu na minha porta. Mas esse não é o momento para tocarmos nesse assunto.
VERÔNICA – Concordo. (campainha toca novamente, empregada vai atender)
BIANCA – Olá (já vai entrando na casa sem pedir permissão) A dona da casa está?
VIVIANE – Estou aqui. (se levanta, Bianca caminha até ela) Quem é a senhora?
BIANCA – Prazer, sou a nova dona desta casa!

[CENA 09 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO) – Q. DA ROSÁRIO/ DIA]
CARLA – (bate na porta) A Roberta disse que a senhora queria falar comigo?
ROSÁRIO – Sim minha filha, entra.
CARLA – O que a senhora quer falar?
ROSÁRIO – Hoje de manha a gente estava falando sobre o seu pai e…
CARLA – A senhora tem alguma coisa para me dizer sobre ele?
ROSÁRIO – Eu não, mas sua mãe sim! (pega um envelope da gaveta e entrega para Carla)
CARLA – O que é isso?
ROSÁRIO – Sua mãe escreveu essa carta, momentos depois que houve o “tal” acidente com o seu pai!
CARLA – E porque a senhora está me entregando agora?
ROSÁRIO – Sua mãe me pediu que entregasse a você caso alguma coisa acontecesse com ela e caso vocês ficassem sozinhas. O que está escrito aqui, iria ajudar vocês.
CARLA – Eu não estou entendendo?
ROSÁRIO – Vamos fazer assim. Você ler primeiro, pode ser aqui mesmo no meu quarto, bom que ninguém vai atrapalhar você e quando terminar, qualquer pergunta que tiver, você pode perguntar a mim.
CARLA – Tá. Agora fiquei curiosa. (rir) O que minha mãe escreveu nessa carta?
ROSÁRIO – Leia com calma tá, vou lá pra sala! (Rosário sai e Carla começa a ler a carta)
“Oi filha,
.Talvez quando você receber esta carta, eu não esteja mais entre vocês. Também não podia partir sem revelar o que realmente aconteceu com seu pai. Não sei quanto tempo vou poder estar com vocês, já que meu velho coração, não está batendo tão bem assim. Resolvi então escrever duas cartas. Uma entregarei a sua madrinha, e a outra, guardarei em um lugar que só eu e você sabemos que ninguém iria achar, caso a primeira não seja entregue. Mas já estou fugindo dos motivos que escrevo. Eu menti sobre à morte do pai de vocês. Ele não morreu em um acidente de carro, pelo contrário, ele está vivo. Creio que ainda esteja vivo, quando vocês receberem está carta. Ele fugiu, para se casar com uma mulher rica. Nós abandonou, deixando você e sua irmã no colo. Deixei uma foto dele no mesmo envelope que esta carta. Eu só peço perdão pelo o que eu fiz, por ter guardado isto de você e de sua irmã. Eu amo vocês, não se esqueçam disso!
 Cíntia!”
(ela joga a carta em cima da cama, pega o envelope e tira a foto de seu pai. O cara que está na foto, segurando a Paula nos braços e a Carla ao seu lado, é Frederico… o amigo de Viviane)

[CENA 10 – CASA DO FELIPE/ SALA/ DIA]
VIVIANE – Eu acho que não entendi bem? A senhora disse que é quem?
BIANCA – Eu disse que sou a nova dona desta casa.
VIVIANE – Deve ser uma brincadeira, né?
BIANCA – Não! Esta casa é minha. Tenho direito nela.
VERÔNICA – E de que direitos você está falando?
BIANCA – Minha filha vai herdar uma boa parte desta casa.
VIVIANE – E quem é sua filha?
BIANCA – Vocês iram conhece – lá. Na próxima vez que eu voltar, voltarei para ficar. (se vira e vai embora)
VIVIANE – Espera (a segura pelo braço) Você não vai sair daqui até explicar esta história direito?
BIANCA – Para que a pressa, iremos ter tantos assuntos para conversarmos em família.
VIVIANE – Do que você está falando? Quem é você?
BIANCA – Já que faz tanta questão, vou lhe dizer quem eu sou. Eu era amante de seu marido e tivemos uma filha juntos! (ela puxa o braço e vai embora logo em seguida)

[CENA 11 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO)/ COZINHA/ DIA]
(Carla entra na cozinha apressada, chorando e com raiva. Joga o envelope em cima da mesa, bem ao lado da irmã)
CARLA – Isso é verdade, madrinha?
ROSÁRIO – Você leu toda?
CARLA – E eu quero saber se isto é verdade?
PAULA – O que é que tem nesse envelope, Carla?
ROSÁRIO – É melhor a gente conversar lá em cima, Carla.
CARLA – Não, a Paula é minha irmã, ela tem que saber.
PAULA – Saber do que, Carla? Do que vocês estão falando?
CARLA – A senhora ainda não me respondeu, madrinha?
ROSÁRIO – Vamos sentar filha, é uma longa historia.
CARLA – Então é verdade?!
PAULA – O que é verdade Carla? (começa a ficar preocupada)
ROSÁRIO – Tudo que está escrito ai nessa carta, é verdade sim!
CARLA – Não acredito. Ela não podia ter escondido isso de mim. Da gente.
ROSÁRIO – Foi para proteger vocês!
CARLA – Proteger? Ela mentiu pra gente, isso que ela fez.
PAULA – Alguém pode me explicar o que está acontecendo?
CARLA – Eu explico, Paula! Você sabia que o nosso pai não morreu?
PAULA – Claro que morreu, não lembro muito dele, mas lembro do seu velório!
CARLA – Ali não era o papai, na verdade nem sei o que tinha dentro daquele caixão. O que importa, é que mentiram pra gente. Disseram que o nosso pai havia morrido num acidente, quando na verdade ele nos abandonou, para fugir com uma mulher rica!
PAULA – Isso não é verdade?
CARLA – Se não acredita, leia esta carta, escrita pela nossa própria mãe, confirmando tudo.
PAULA – Me dá aqui! (pega a carta e começa a ler)

[CENA 12 – APARTAMENTO DA CAMILA/ SALA/ DIA]
(Adriana chega em casa e encontra o apartamento vazio)
ADRIANA – Oi, chegando em casa!  Alguém? (ela coloca a mochila em cima do sofá e vai para cozinha. Tempo depois, a Joana chega em casa e vai para cozinha também) Onde estava?
JOANA – Fui comprar um calmante para Camila.
ADRIANA – O que ela tem?
JOANA – Você não vai acreditar na historia que ela me contou sobre o passado dela e da mãe?
ADRIANA – O que aconteceu?
JOANA – Espera um pouco aí, que vou lá dar o remédio dela.
ADRIANA – Tá, não demora. (Adriana fica sozinha na sala, quando a campainha toca) Já vai? (abre a porta)
BIANCA – Oi, aqui é o apartamento onde a Camila mora?

[CENA 13 – CASA DO FELIPE/ SALA/ DIA]
(após tantas visitas inesperadas, Viviane não se sente bem e decide se deitar. Com ajuda de Paulo ela sobe para seu quarto. Vendo que a mãe estava dormindo, Paulo volta para sala)
VERÔNICA – Então, como é que ela está? (Paulo vem descendo as escadas)
PAULO – Está bem agora. Está descansando e não sei se vai acordar hoje ainda!
VERÔNICA – Entendo! Bem, só vim bater um papo com minha amiga, mas já que ela não está se sentido bem, volto outro dia.
PAULO – Claro, eu a acompanho até à porta. (Verônica pega sua bolsa e vai com o Paulo até à saída)
VERÔNICA – Qualquer novidade, você não hesite em me ligar tá bem querido.
PAULO – Pode deixar!
VERÔNICA – Tchau. (Verônica vai embora e Paulo sobe para o quarto)

[CENA 14 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO) / COZINHA/ DIA]
PAULA – Quer dizer que o nosso pai está vivo esse tempo todo?!
ROSÁRIO – Não se sabe se ele ainda está vivo. Pode ter morrido já.
CARLA – A senhora sabe onde ele mora?
ROSÁRIO – Isso eu não sei. O que sei é que ele abandonou minha comadre sozinha, com você e a Paula ainda pequena. Quero que vocês saibam, que ela fez isso para o bem de vocês duas. Ela queria prevenir vocês desse desgosto, por isso ela teve que inventar essa historia!
CARLA – Isso não justifica ter escondido essa história por tanto tempo. Seria melhor ela ter contado toda a verdade, a gente iria superar isso juntas!
ROSÁRIO – Não culpem a mãe de vocês, ela só queria o bem de cada uma.
CARLA – Eu quero saber onde ele está? Quero saber quem foi essa mulher com quem ele fugiu?
ROSÁRIO – Como? Sem nenhuma pista dele?
CARLA – Eu não sei. Mas quero saber onde ele está! Quero ficar cara a cara com ele, saber por que ele nós abandonou?
ROSÁRIO – Isso não tem mais importância, filha. Vamos deixar essa historia no passado, pois é lá que ele tem que ficar! Vamos viver o presente, que é aqui, onde vocês estão.
PAULA – Se a Carla não for, eu vou!
CARLA – Não, eu sou a mais velha! Você tem que se preocupar em terminar seus estudos.
PAULA – O pai também é meu Carla, também tenho o direito de procurá-lo!
CARLA – Eu já disse que não!
PAULA – Eu vou você permitindo ou não!
ROSÁRIO – Vocês não iram brigar agora né, meninas! Eu sabia que não devia ter entregando essa carta a você, Carla. Porque sabia que você iria atrás desta historia.
CARLA – E ninguém vai me impedir de fazer isso, madrinha!
ROSÁRIO – Você acha que eu não sei! Já que vocês querem tanto mexerem nesse baú de lembranças que só fizeram  à mãe de vocês sofrerem, não vou impedir! Só quero que vocês não sofram depois. Eu só peço uma coisa. Que vocês se instalem primeiro, se organizem aqui em São Paulo, que prometo depois ajudar vocês no que precisarem.

[CENA 15 – APARTAMENTO DA CAMILA/ SALA/ DIA]
(Adriana como não soube do passado da Camila, permitiu que Bianca entrasse)
JOANA – (voltando para sala) Ela estava dormindo, então não quis acordá-la. Quem é esta?
ADRIANA – Ela é a mãe da Camila.
BIANCA – Oi, você também é amiga da minha filha?
JOANA – (rude) Sou sim e gosto muito dela e não quero vê-la machucada!
BIANCA – E quem machucaria minha menina?
JOANA – Eu não sei, considere isso apenas como um aviso. Saiba que ela não está sozinha, ela tem pessoas que à amam e que estão dispostas a cuidar dela!
BIANCA – Eu não estou entendo o que você quer dizer com tudo isso, mas percebo que ela não pode me receber agora. Então volto outra hora, quando ela estiver acordado.
JOANA – Faça isso. Eu acompanho até à saída. (Joana caminha até à porta e a abre)
BIANCA – Foi um prazer conhecer vocês! É tão bom saber que minha filha tem boas amigas como vocês. (Joana não responde nada, então ela vai embora) Tchau!
ADRIANA – É impressão minha ou estava acontecendo alguma coisa entre vocês?
JOANA – Agora que conheci a peça, devo imaginar o que a Camila passou!
ADRIANA – Você disse que ia me contar o que houve entre a mãe dela e ela, estou esperando.
JOANA – Senta, que é uma longa historia…

Anoitecendo…

[CENA 16 – CASA DA LUANA/ SALA/ NOITE]
(Vitoria, Fernanda e Verônica estão na sala esperando Cláudio e Luana descerem para jantar)
VITORIA – Então tia, que horas o jantar sai?
VERÔNICA – Daqui a pouco!
FERNANDA – Cadê a Luana e o Cláudio?
VERÔNICA – Nos quarto deles.
FERNANDA – Se a senhora quiser posso chamar eles?
VERÔNICA – Agradeceria muito. (Fernanda sai rápido da sala, quase correndo)
VITORIA – Devagar irmã, cuidado se não você pode cair! Doidinha ela né?
VERÔNICA – Tem a quem puxar.  (lá em cima, no quarto do Cláudio, Fernanda bate na porta)
FERNANDA – Posso entrar?
CLÁUDIO – Claro.
FERNANDA – A sua mãe pediu pra chamar você para jantar.
CLÁUDIO – Eu não vou jantar.
FERNANDA – Vai sair? (repara que ele está bem vestido e cheiroso)
CLÁUDIO – Vou. Vou pegar uma balada com uns amigos!
FERNANDA – (animação logo acaba) Então tá. Vou chamar a Luana então. (sai do quarto tão desanimada, que passa pelo quarto da Luana e volta diretamente para a sala)
VITORIA – Já voltou?
FERNANDA – Estão vindo já. (senta no sofá. Cláudio desce as escadas, logo atrás dele Luana)
VERÔNICA – Que roupa é essa Luana?
LUANA – Estou bonita?
CLÁUDIO – Está linda irmã.
VITORIA – Se arrumou toda só para jantar?
LUANA – Eu não vou jantar, vou sair um pouco com umas amigas.
VERÔNICA – Vai onde?
LUANA – Não estou afim de discutir mamãe. Você está saindo Cláudio?
CLÁUDIO – Estou, também vou sair com meus amigos!
LUANA – Então você pode me dar uma carona?
CLÁUDIO – Claro! Tchau mulheres da minha vida. (beija sua mãe e sai logo em seguida)
LUANA – Tchau! (sai atrás do Cláudio, mas é impedida pela mãe)
VERÔNICA – Não estou acreditando nisso! Você realmente vai sair, faltando tão pouco pra conquistarmos nossos objetivos?
LUANA – Seus objetivos né, mamãe! (puxa seu braço) Tchau!
VERÔNICA – Luana? Volta aqui, Luana? (Luana sai deixando sua mãe falando sozinha) Eu não sei o que faço mais com essa menina!
VITORIA – Podemos jantar agora? (Verônica sobe para o quarto com raiva, deixando suas sobrinhas sozinhas na sala) É parece que é só nos duas, irmã. (Fernanda sobe para o quarto e deixa Vitoria sozinha) O que é que deu nesse povo? Será que ninguém come mais nessa casa?

Contínua no Capítulo 08…

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