“Eu Falhei, Filha!”

 

[CENA 01 – AUDIÊNCIA/ DIA]
ADVOGADO DO GUSTAVO – O meu cliente quer apenas garantir um futuro para essa criança. O responsável pela criança, o senhor Junior, não tem condições necessárias para criar a menina. Como meritíssimo pode ver no relatório que a assistente social entregou e nos arquivos que foram anexados, o responsável pela menina, perdeu a casa por dever três meses de aluguel…
JUNIOR – (interrompe) Eu iria pagar, o proprietário que não deu mais tempo.
ALVÁRO – Calma, Junior.
ADVOGADO DO GUSTAVO – (continuando) Perdeu a casa. Está morando na casa de uma amiga, junto com mais duas outras pessoas. A irmã dessa amiga e uma recém-nascida. Ao todo meritíssimo, 5 pessoas. Porém, o senhor Junior, não ajuda nas dispersas da casa, por estar desempregado há dois meses. Praticamente está morando de favor na casa dessa amiga.
JUNIOR – Mas estou procurando um emprego já, em breve vou encontrar um e ajudar em tudo.
ADVOGADO DO GUSTAVO – Então meritíssimo, como uma criança pode ser criada e educada dessa maneira? O meu cliente, além de tio da menina, ele tem plenas condições de dar um ótimo futuro para a criança.

[CENA 02 – CASA DA CARLA/ SALA/ DIA]
ADRIANA – Eu queria está lá nesse momento.
CAMILA – Como será que estar indo lá, hein?
ADRIANA – Será que devo ligar para ele?
CARLA – Não, melhor não. A audiência já deve ter começado.
ADRIANA – Mas não estou aguentando ficar aqui nessa ansiedade toda. Eu preciso saber o que está acontecendo lá.

[CENA 03 – AUDIÊNCIA/ DIA]
ÁLVARO – Meritíssimo, o meu cliente é um homem honesto, digno. Ele pode estar desempregado agora, mas está correndo atrás à procura de um novo emprego. Ele talvez não tenha encontrando ainda, porque o momento atual que estamos, encontra um emprego não está sendo fácil pra ninguém. E ele não está morando de favor na casa da amiga. Como o meritíssimo sabe, a mãe da menor, faleceu no momento do parto e sem leite materno, meu cliente decidiu recorrer à amiga dele, que também se tornou mãe recentemente.
ADVOGADO DO GUSTAVO – Mais um indício de que o próprio pai não tem condição para ficar com essa criança.
JUNIOR – (exaltado) Tenho sim. Eu amo minha filha e eu não iria deixar faltar nada para ela.
ÁLVARO – Calma Junior, calma.
JUIZ – Se o seu cliente interromper mais uma vez essa audiência, vou ter que pedir que ele se retire.
ÁLVARO – Você ouviu Junior, se a calme, por sua filha.

[CENA 04 – CASA DO FELIPE/ SALA/ DIA]
(Felipe está entrando na sala e encontra Miguel deitado no sofá, olhando para o teto)
FELIPE – Pensando nela?
MIGUEL – Estou. Esses dois dias longe dela, acho que a fizeram se acalmar.
FELIPE – Pensando em ir atrás dela?
MIGUEL – Hoje não. Vou dar mais um dia para ela.
FELIPE – E está olhando esse celular toda hora por quê? Está esperando ela ligar ou manda alguma mensagem?
MIGUEL – Na verdade, eu quem estou querendo manda uma mensagem para ela. Costumava mandar uma mensagem toda vez que a gente saia de um encontro.
FELIPE – (curioso) Vocês tinham muitos encontros?
MIGUEL – No início ela demorou aceitar meu primeiro convite. Mas depois, foi noite sim, e noite não. Ela poderia ter me contado que estava gravida, não precisava ter fugido.
FELIPE – E você não tem ideia de quem seja o pai dessa criança?
MIGUEL – Se eu nem sabia que ela estava grávida, vou saber quem é o pai, Felipe! De qualquer forma, o cara que fez isso não merece uma garota que nem a Carla.
FELIPE – Essa garota fez mesmo tua cabeça, hein?
MIGUEL – Fez. E fez bem feito. Quero mostrar para ela que pode confiar em mim e que vou poder ajudá-la em qualquer situação. (se levanta do sofá e caminha até a porta)
FELIPE – Ué, você não disse que iria vê-la só amanhã?
MIGUEL – Não posso esperar, se não ela decide fugir de novo de mim. (sai de casa)

[CENA 05 – AUDIÊNCIA/ DIA]
(a audiência entrou em recesso, logo o juiz dará o veredito)
JUNIOR – Será que vai demorar muito. A Ana já deve ter acordado.
ÁLVARO – Calma, Junior!
GUSTAVO – É bom que você já tenha deixado às coisas da menina pronta. Porque amanhã mesmo, volto para Nova York.
JUNIOR – Você pode ir… sozinho. Porque à Ana, ela vai ficar comigo.

[CENA 06 – CASA DO FELIPE/ Q. DO FELIPE/ DIA]
(Felipe está no quarto, terminando de compor a música para sua filha, quando o Paulo invade o quarto de repente)
PAULO – Você não vai acreditar quem acabei de ver como vendedora de uma loja lá no shopping?
FELIPE – Pensei que a mamãe tinha ensinado a bater na porta, Paulo?
PAULO – Desculpa, foi reação da novidade. Mas anda, você não vai nem tentar adivinhar quem acabei de ver?
FELIPE – Eu conheço?
PAULO – Muito bem.
FELIPE – Vendedora… (pensa um pouco) Num tenho ideia de quem seja.
PAULO – A Luana.
FELIPE – Boa piada viu Paulo, mas tenho que terminar essa música aqui.
PAULO – Não é piada. Eu vi a Luana trabalhando como vendedora numa loja de sapatos lá no shopping.
FELIPE – Sério isso?
PAULO – Sério.
FELIPE – Pois não acredito, só vendo para acreditar.
PAULO – Pois se não acredita, vamos lá, que eu te mostro.
FELIPE – Agora não dar, tenho que …
PAULO – Não, você vai agora. (puxa o irmão da cadeira) Sabe que não gosto que desconfiem de mim, e se eu disse que vi a Luana trabalhando numa loja de sapato, é porque eu vi. (empurra o irmão para fora do quarto)

[CENA 07 – CASA DA CARLA/ SALA/ DIA]
ADRIANA – Ah não aguento mais ficar sem notícia. Tenho que ir até essa audiência.
CAMILA – Calma Adriana, você lá não vai ajudar em nada.
ADRIANA – E ficar aqui também não.
CARLA – A Camila tem razão Adriana, vamos aguardar aqui. Daqui a pouco o Junior vai entrar pela aquela porta e vai nos trazer boas notícias. Eu vou colocar o Pedro para dormir, e já volto. (Carla sobe para o quarto e nesse momento Ana acorda)
ADRIANA – Deixa que eu vou lá. A Carla está ocupada com o Pedro. (e corre para o quarto da Ana) Oi pequena. (segura nos braços e na mesma hora a menina para de chorar um pouco) O papai já vem viu. Ele está lutando por você. É pequena, seu papai é muito corajoso e vai voltar para ficar com você. E ninguém vai separar vocês novamente.

[CENA 08 – AUDIÊNCIA/ DIA]
JUIZ – Pensando no bem-estar, e num futuro para a criança Ana Clara Silva. Tomo o veredito de que o melhor para ela é ficar com o tio Gustavo Souza, já que apresenta ter melhores condições de cuidar plenamente da menor. E tomo essa audiência encerrada.
ÁLVARO – (obviamente, Gustavo comemora a conquista, enquanto do outro lado da mesa, Junior fica arrasado) Sinto muito, Junior. Podemos recorrer ainda!
JUNIOR – (triste) Se você não conseguiu fazer isso aqui, não preciso mais dos seus serviços. (Junior caminha até a saída, mas é interrompido por Gustavo)
GUSTAVO – Não tente fugir com à menina. Se não eu coloco à polícia atrás de você. A guarda dela é minha agora. (Junior não responde nada e vai embora logo em seguida)

[CENA 09 – CASA DA CARLA/ SALA/ DIA]
(Junior chega em casa e sua cara não está tão boa assim)
ADRIANA – Então Junior? Como foi a audiência?
CAMILA – Diz alguma Junior? Você ganhou?
JUNIOR – Eu falhei. (começa a chorar) Não consegui ficar com minha filha.
ADRIANA – Não acredito. Não vou deixar ninguém levar à Ana dessa casa.
CAMILA – Não temos mais nada a fazer Adriana, se o Gustavo conseguiu à guarda da Ana, ele tem todo direito de levá-la daqui.
ADRIANA – Não acredito que você vai desistir assim tão fácil, Junior?
JUNIOR – E o que você quer que eu faça? Eu falhei. Eu decepcionei a Joana. Decepcionei a Ana. Decepcionei todos.
CARLA – Você não decepcionou ninguém, Junior. E deve ter alguma outra maneira de tentar mudar essa decisão.
JUNIOR – O Gustavo logo aparece aí, para leva-la de mim. Portanto, vou lá em cima, arrumar as coisas dela e me despedir da minha filha. (Junior sobe para o quarto da filha, de cabeça baixa, limpando as lágrimas)
ADRIANA – (determinada) Se ele não vai tomar uma atitude, eu vou.
CAMILA – O que você está pensando em fazer Adriana?
CARLA – Cuidado Adriana, olha para não prejudicar mais o Junior do que já está.
ADRIANA – Confiem em mim. (Adriana vai para rua)

[CENA 10 – SHOPPING/ DIA]
(Paulo leva Felipe até à suposta loja onde viu Luana trabalhando. Os dois ficam em frente à loja, um pouco distante dela, Paulo aponta para dentro e mostra Luana atendendo uma senhora. Felipe olha e fica surpreso com o que vê)
PAULO – Ali, está vendo. Então, agora acredita em mim?
FELIPE – É ela mesmo!
PAULO – Lógico que é. Trabalhando na loja onde falei.
FELIPE – É, agora que ela não recebe meu dinheiro, precisa de um trabalho, se quer morar naquela casa enorme.
PAULO – Você não vai lá?
FELIPE – Eu não. Ela estar ocupada, atendendo aquela senhora. Vamos embora, você já provou que estava dizendo a verdade.
PAULO – E na próxima vez, acredite quando disser alguma coisa.

[CENA 11 – CASA DA VERÔNICA/ Q. DA VERÔNICA/ DIA]
(Lucas entra no quarto da Verônica)
LUCAS – Posso conversar com a senhora?
VERÔNICA – Claro, filho. Sobre o que?
LUCAS – A Karina me ligou. Quer que eu vá para lá, assinar a documentação do divórcio.
VERÔNICA – Vejo isso como uma oportunidade para vocês voltarem.
LUCAS – Mamãe, para. Acabou tudo, quando a senhora vai enxergar isso?
VERÔNICA – Vocês vão voltar meu filho. Tenho certeza disso. Aproveita que vocês vão se reencontrar novamente, tenta jogar um charme em cima dela, quem sabe seduzi-la…
LUCAS – Não vou fazer nada mamãe. Se a Karina quer o divórcio. Ela vai ter. Menti para ela esses anos todo, ela tem razão.
VERÔNICA – O que é que deu em você e na Luana para desistirem de tudo que conquistaram até agora?
LUCAS – Talvez a gente tenha aberto os olhos, e viu qual é a maneira correta de se agir. Enfim, vim avisar para à senhora que estou indo para o aeroporto daqui a pouco.
VERÔNICA – Pretende ficar quantos dias?
LUCAS – Não sei. Um, dois dias. Na verdade, ainda estou tentando criar coragem para voltar vê-la novamente.
VERÔNICA – Peço que reconsidere dessa sua decisão. Você a ama, filho. Conquiste sua mulher novamente.
LUCAS – Acabou mamãe. Falta só a senhora perceber isso. (sai do quarto)

[CENA 12 – CASA DA CARLA/ Q. DO JUNIOR/ DIA]
CARLA – Posso entrar?
JUNIOR – Claro.
CARLA – Essas são as coisas dela?
JUNIOR – São.
CARLA – Podemos conversar com o Gustavo e quem sabe, ele permite que você veja a Ana alguns dias.
JUNIOR – Não adianta, Carla. Ele volta amanhã para Nova York. Eu falhei com minha filha. Tenho apenas que guarda esse rostinho lindo dela na minha cabeça, porque será à única coisa que vou ter dela agora.
CARLA – Não faz isso, Junior. Gustavo vai perceber que um filho precisa de um pai. E que isso, também era o desejo da Joana.
JUNIOR – Eu não vou estar lá para ver o primeiro passo dela. Não vou estar lá para ver as primeiras palavras dela. Ela me chamando de pai… Os melhores momentos da vida dela, não vou estar ao seu lado. (Junior começa a chorar, Carla se aproxima dela e o abraça)
CARLA – A Joana ficaria orgulhosa de ver que a filha dela, foi amada por um pai fantástico que nem você. (Camila aparece na porta)
CAMILA – Junior, o Gustavo chegou.
JUNIOR – Não… (se afasta da Carla e se aproxima da Ana) …não estou preparando ainda. Diz para ele me dar mais um tempo.
CARLA – Diz que ele já vai, estamos terminando de arrumar as coisas dela. (Camila volta para sala e Carla observa o sofrimento do Junior, ao se despedir de Ana)
[SALA]
CAMILA – Ele já vem, está terminando de arrumar as coisas da menina.
GUSTAVO – Espero que ele não esteja enrolando com à menina. Tenho que preparar uma papelada ainda, antes de voltar pra Nova York.
CAMILA – Você acha que era isso que a Joana queria?
GUSTAVO – Se era isso ou não, não sei. O que eu sei, que não vou deixar que esse cara, estrague a vida da minha sobrinha, como estragou o da minha irmã.
CAMILA – O Junior amava a sua irmã, Gustavo. E ele só fez o bem para ela. Mesmo você não acreditando, a Joana, também o amava. E tenho certeza, que se ela estivesse viva, ela não apoiaria isso.
GUSTAVO – Olha, não estou afim de conversar, acabei de vir de uma audiência e só quero levar a menina.

[CENA 13 – CASA DA VERÔNICA/ SALA/ DIA]
(Álvaro foi receber seus honorários de Verônica, já que seus serviços foram um presente dado para Camila)
VERÔNICA – Obrigada, Álvaro. Tenho certeza que você fez o seu melhor nesse caso. Tchau. (Verônica se despede do Álvaro, volta para sala e encontra Cláudio descendo as escadas)
CLÁUDIO – Era o Álvaro que estava aí?
VERÔNICA – Era ele sim. Ele veio receber o pagamento dele, sobre os serviços realizados para a Camila.
CLÁUDIO – Eles ganharam?
VERÔNICA – Não. O amigo dela perdeu a guardar da filha. (Cláudio sai nesse momento)

[CENA 14 – CASA DA CARLA/ SALA/ DIA]
GUSTAVO – Que demora. O Junior não está pensando em fugir com a menina não né? Ele sabe, que se ele tentar isso, coloco a polícia…
JUNIOR – Estou aqui. (descendo as escadas com a Ana nos braços, uma mochila nas costas e atrás dele Carla, com uma pequena bolsa nas mãos)
GUSTAVO – Que bom, me entrega a menina.
ROSÁRIO – Será que você não tem nenhum pingo de amor no coração, que não pode deixar um pai e uma filha se despedirem. (Junior abraça forte sua filha, dar um beijo em sua testa, limpa uma lágrima)
JUNIOR – Papai te ama, nunca esqueça disso filha.
GUSTAVO – Estar bom, dê tempo demais já. Me dê aqui ela. (Gustavo pega a menina dos braços do Junior. Junior entrega a bolsa para ele e Carla entrega a dela logo em seguida)
CAMILA – Eu posso te pedir um favor?
GUSTAVO – Qual?
CAMILA – Posso ver ela um pouco. Se despedir pelo menos. (Gustavo entrega a menina para Camila. Ela se despede, dar um beijo na menina e entrega novamente para Gustavo, que sem dizer nenhuma palavra, vai embora. Junior senta no sofá, e começa a chorar)
JUNIOR – Minha filha! Desculpa filha, por ser esse fraco, que não conseguiu lutar por você.

Continua no Capítulo 68…

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo