“Veja Bem, Meu Bem”
[CENA 01 – RUA/ NOITE]
(Dácio vai atrás de seu pai, que se afasta do cabaré)
DÁCIO – Pai, espera. Por favor, pai. (Horácio para de andar, fica de frente para o filho)
HORÁCIO – Eu não vou entrar nesse local, filho. E estou muito decepcionado com você.
DÁCIO – Por favor! O senhor nem precisa falar com a minha mãe. A gente só entra, assiste à peça e vamos embora. Não falamos com ninguém, se quiser.
HORÁCIO – Por que você quer tanto ver essa peça?
DÁCIO – (fica alguns segundos em silêncio) Ela também é a minha história. (Horácio olha para o filho, pensa em ir embora, mas vê-lo daquele jeito, o faz ficar)
HORÁCIO – Irei entrar. Mas que sua mãe não fale comigo. (Dácio sorri, os dois retornam para o cabaré e entram)
[CENA 02 – PENSÃO/ Q. DE EDUARDO/ NOITE]
(Eduardo e Otávio terminam de guardar todas as coisas nas caixas, Otávio está sentado em uma cadeira, Eduardo senta-se em sua cama)
EDUARDO – Pronto. Terminamos.
OTÁVIO – O carro virá que horas amanhã?
EDUARDO – Combinei com o cara para mudar às 10h.
OTÁVIO – Bem… arrumar tudo isso, deu fome. (ri)
EDUARDO – Em mim também. (levanta-se, caminha até porta) Vamos comer uma pizza?
OTÁVIO – Vamos! (levanta-se, caminha em direção a Eduardo. Os dois saem do quarto)
[CENA 03 – CASA DELLE ROSE/ SALÃO/ NOITE]
(Horácio e Dácio estão sentados em uma mesa próximo ao palco. O cabaré está cheio, o que impressiona Dácio)
DÁCIO – Uau, não esperava que fosse encher tanto assim. Ainda bem que essa mesa estava reversada para gente. (Horácio não diz nada, apenas observa o ambiente, algumas meninas conversando com os clientes e isso o irrita. Salete se aproxima da mesa e ao ver seu filho se aproxima)
SALETE – Você veio! (Dácio levanta-se e abraça sua mãe)
DÁCIO – Eu disse que viria. (Salete olha para Horácio, que desvia a cara)
SALETE – Fico feliz. Espero que curtam a peça. Qualquer coisa, só chamar.
DÁCIO – Está bem. (Salete se afasta da mesa, e vai falar com os demais clientes. Horácio em nenhum momento olha para ela)
[CENA 04 – CASA DE ANA/ SALA/ NOITE]
(Adriana continua beijando Junior. Ele rapidamente encerra o beijo e a puxa para dentro, fecha a porta)
ADRIANA – (surpresa com a agilidade dele) Uau, isso tudo era saudade? (tenta beijá-lo novamente, Junior desvia)
JUNIOR – (caminha até o sofá) O Gustavo está na cidade.
ADRIANA – (fica séria) O Gustavo?
JUNIOR – Sim. Ele chegou tem algumas semanas já.
ADRIANA – Ele veio aqui? Falou com a Ana? (se aproxima dele)
JUNIOR – Sim, veio. Ele quer se aproximar dela.
ADRIANA – Então é melhor eu ir embora. Se o Gustavo ver que a gente continua mantendo contato, ele pode voltar atrás na promessa dele e tirar a Ana de você.
JUNIOR – Na verdade, a Ana nunca foi minha.
ADRIANA – Como assim?
JUNIOR – O Gustavo sempre teve a guarda da Ana. Ele nunca havia desistido dela.
ADRIANA – O que? Ele garantiu para mim que iria desistir disso. E que iria devolver ela para você. Ele assinou os papeis com você.
JUNIOR – O que ele assinou foi uma autorização para que eu cuidasse da Ana. No entanto, a guarda sempre continuou sendo dele.
ADRIANA – Não acredito que ele fez isso. Eu preciso ir embora. Não posso arriscar que ele descubra que eu voltei para o Rio. (caminha até a porta, Junior vai logo atrás dela)
JUNIOR – Espera. Você vai viajar novamente?
ADRIANA – Sim. Vou para alguma cidade vizinha, não sei. Mas não posso ficar aqui até o Gustavo ir embora.
JUNIOR – (segura na mão dela) Ele vai embora assim que as férias da Ana chegar.
ADRIANA – Por que só nas férias dela?
JUNIOR – Ele irá levá-la para passar um tempo com ele em Madrid! (Adriana se afasta dele)
ADRIANA – (séria) E você deixou, Junior?
[CENA 05 – CASA DE ALICE/ ESTÚDIO/ NOITE]
(Pedro e Alice continuam escolhendo um arranjo para a música que comporam, Felipe bate na porta do estúdio, entra em seguida)
FELIPE – Olá! Ocupados ainda?
ALICE – Estamos terminando nossa a música, pai. E, confesso que a música está ótima. Tenho certeza de que fará sucesso.
FELIPE – Sério? Fico feliz por isso.
ALICE – O arranjo todo é o Pedro que está escolhendo.
PEDRO – Também não é assim, Alice. Você está ajudando.
FELIPE – Vejo que vocês estão dedicados aí finalizando a música, porém a mamãe está chamando para jantarmos. Você vai jantar com a gente, né Pedro?
PEDRO – Sim. Já avisei minha tia.
FELIPE – Então vamos? Sabem que a dona Viviane prioriza os jantares em família.
ALICE – É já que a gente desce, pai. Vamos só finalizar aqui.
FELIPE – Ok. (sorri para ambos, saí do estúdio, Alice e Pedro retornam para a finalização da música, Felipe olha para os garotos por alguns segundos, fecha a porta em seguida)
[CENA 06 – LANCHONETE DO IVO/ NOITE]
(Otávio senta-se em uma das mesas, e repara em algo diferente no ambiente)
OTÁVIO – Não estamos na pizzaria, né? (tocando na mesa)
EDUARDO – Não. Estamos na lanchonete do Ivo.
OTÁVIO – Imaginei. Está mesa é diferente. O som do ambiente também. (repara nas demais pessoas conversando) Tem mais pessoas aqui.
EDUARDO – Pensei melhor, e acho que a gente come pizza demais já. (Otávio ri) Decidi então comermos outra coisa. Um hamburguer, algumas fritas ou outra coisa que não seja pizza. (ri)
OTÁVIO – Ok. (Eduardo pega o cardápio e começa a procurar algo, Ivo se aproxima da mesa deles)
IVO – Olá, boa noite. Sejam bem-vindos. Já escolheram o que vão pedir?
EDUARDO – Ah… vou querer dois hamburguer, por favor. E um suco de laranja. O que você vai querer Otávio?
OTÁVIO – Batatas fritas e um hamburguer.
IVO – Alguma coisa para beber?
OTÁVIO – Um suco, por favor.
IVO – Ok. É já que eu trago. (se afasta da mesa, Eduardo pega seu celular e começa a mexê-lo. Otávio foca-se no som que o rodeava. Logo atrás deles, estavam Ramon e Andréa lanchando)
[CENA 07 – CASA DELLE ROSE/ SALÃO/ NOITE]
(todos estão se aproximando do palco, a peça já vai começar. Salete está em uma mesa com alguns outros clientes, próxima a mesa de Dácio e Horácio. Ela olha para eles, em seguida olha para o palco. As cortinas se abrem e um pequeno letreiro surge de cima, com uma data escrito: “29 de Setembro de 2002”. Logo abaixo tem um pequeno cenário de um quarto. Larissa, que está interpretando a personagem Luísa, está em pé ao lado da cama, segurando uma boneca enrolada em alguns panos. Todos estão atentos a ela, inclusive Horácio)
LARISSA (interpretando Luísa) – (anda de um lado ao outro do pequeno cenário, no fundo está tocando uma música de Elis Regina bem baixo) Meu menino! Eu te amo muito! (caminha até a cama) Mas mamãe precisa ir atrás de seu sonho. (coloca a boneca na cama, deita-se ao lado dela por alguns segundos) Assim que mamãe for uma grande estrela, ela voltará para te buscar. (Dácio olha para Larissa, atento) Seu pai cuidará de você. Diga a ele que também o amo muito. Talvez ele não me perdoe por estar partindo… mas prometo um dia voltar para vocês dois. (beija a testa da boneca, levanta-se da cama. Se afasta, sente vontade de chorar. Pega sua mala e saí do pequeno cenário. Começa a caminhar pelo palco, indo para um outro lado. Tem um poste falso e um pequeno banco montado. Luísa senta-se, coloca sua mala ao lado e a música que era tocada anteriormente, foi substituída por um som de ônibus saindo. A cortina se fecha por alguns segundos. Enquanto Nathaniel com ajuda de algumas meninas faziam algumas adaptações no cenário, no salão, Salete olha para mesa de Dácio, foca-se em Horácio que continua sério. A cortina se abre novamente. Um novo letreiro aparece: “01 de Outubro de 2002”. Luísa volta para o pequeno quarto, e o mesmo sofreu algumas modificações rápidas. Ela está sentada na cama, contando algumas notas de dinheiro) Esse dinheiro vai dar para mais duas diárias. (guarda o dinheiro dentro da bolsa) Preciso encontrar alguma forma de ganhar dinheiro. (guarda sua bolsa dentro da mala, saí do quarto e começa a andar pelo palco. Estar à procura de emprego, porém em nenhum lugar está contratando. O tempo cronológico da peça avança, o dinheiro de Luísa acabou e ela está morando na rua agora. Está sentada novamente no banquinho. Algumas garotas estão ao lado dela, encenando um ponto de prostituição. Uma se aproxima de Luísa)
GAROTA – Está sozinha?
LARISSA (interpretando Luísa) – Estou procurando um lugar para ficar.
GAROTA – (ri) Todas aqui estamos. Você é muito bonita, sabia? Ia se dar bem nessa vida.
LARISSA (interpretando Luísa) – Não, obrigada. (encena estar com fome)
GAROTA – Você que sabe. (levanta-se) Mas saiba, que esse é um ótimo modo de ganhar dinheiro. Ajuda a matar a fome também. (se aproxima das demais garota. Luísa a observa, encena novamente que está com fome, deita-se no banquinho e tenta dormir. A cortina se fecha novamente. Nathaniel e as outras garotas voltam a fazer pequenas mudanças no cenário. No salão, Dácio olha para Salete e se pergunta o que tanto sua mãe passou para chegar até ali. A cortina se abre novamente, todos prestam atenção no palco. Um outro letreiro está sendo exibido: “16 de Outubro de 2002”. Luísa está deitada no chão, ainda ao lado do banco. Sua roupa está diferente, suja e um pouco rasgada. Está segurando uma pequena foto de seu filho, chora ao olhar para a foto. Salete está segurando a foto original no salão. Aos poucos, Luísa vai fechando os olhos, acaba desmaiando. A cortina se fecha novamente, dessa vez por poucos segundos. Ela volta a se abrir e Luísa está deitada na cama, ao lado dela está Rosa, sendo interpretada por Ione)
LARISSA (interpretando Luísa) – (acordando) Onde estou?
IONE (interpretando Rosa) – Que bom que você acordou, querida.
LARISSA (interpretando Luísa) – (senta-se) Quem é você?
IONE (interpretado Rosa) – Me chamo Rosa e você está na minha casa. (Luísa olha ao redor) Pedi para que as meninas preparassem algo para você. (a garota que estava conversando com Luísa momentos antes, entra no quarto)
GAROTA – Oi, licença. Aqui está, Rosa. (entrega a bandeja para Rosa, que coloca sobre Luísa)
LARISSA (interpretando Luísa) – Eu conheço você?
GAROTA – Sim. Você é a garota que dorme no banco de rua do bairro ao lado.
LARISSA (interpretando Luísa) – É, lembrei de você. (olha para a bandeja, olha para Rosa em seguida)
IONE (interpretando Luísa) – Pode comer querida. (Luísa ataca a bandeja. A cortina se fecha, todos levantam-se rapidamente e se organizam no outro lado do palco, onde foi construído um pequeno cenário semelhante ao salão da Casa Delle Rose. A cortina se abre, tem algumas garotas dançando e cantando em um pequeno palco montado. Rosa está em frente a este palco, observando-as. Luísa se aproxima dela. As duas assistem a coreografia e a música animada das meninas. O pessoal do salão se diverte)
[CENA 08 – LANCHONETE DO IVO/ NOITE]
RAMON – Agora que você deixou essa fase “perdedora” de lado, e voltou a acreditar em você novamente. Que tal você pedir desculpas para o Pedro.
ANDRÉA – Desculpas?!
RAMON – Sim. Afinal, o que você fez com ele não foi legal, né. Ele também ficou chateado com você, o mínimo que você deve é um pedido de desculpas.
ANDRÉA – Deixa ele voltar de Nova York e nos contar que não conseguiu entrar. Aí, eu penso se peço desculpa ou não.
RAMON – Tá brincando, não está?
ANDRÉA – Não. Pedro não conseguirá entrar para a universidade. Ele irá competir com os melhores candidatos do mundo inteiro…
RAMON – Eu não me refiro a isso. E mesmo assim, Pedro tem as mesmas chances que qualquer um. Eu acredito que ele irá entrar sim. O fato foi de mesmo você ter me chamado aqui, ter pedido desculpas para mim, você não irá pedir para ele.
ANDRÉA – Pedro foi duro comigo na audição. Ele quem deveria pedir desculpas para mim.
RAMON – Sério mesmo?
ANDRÉA – Eu não vou pedir desculpas para o Pedro. Se ele quiser, que ele venha. Ou, eu o procuro depois que ele voltar de Nova York.
RAMON – Tá, como você quiser. Só que com essa sua atitude, é difícil eu tentar te defender. (na mesa próximo deles, Eduardo e Otávio terminam seus lanches)
EDUARDO – (jogando o guardanapo no prato) Bem melhor que pizza.
OTÁVIO – Sim, bem melhor. (os dois ficam em silêncio por alguns segundos, estão satisfeitos. Eduardo olha para a máquina de karaokê)
EDUARDO – Sabia que aqui tem uma máquina de karaokê?
OTÁVIO – Sério?
EDUARDO – Sim. Topa cantar?
OTÁVIO – Não. Nem sei quantas pessoas tem aqui.
EDUARDO – (olhando ao redor) Tem um pouquinho. Mas, vai por mim… (levanta-se) … quanto mais você aparecer em público, melhor para você na competição. (se aproxima da máquina de karaokê)
OTÁVIO – Onde você está indo, Eduardo? Eduardo?
EDUARDO – Relaxa, estou na máquina de karaokê. (Otávio se acalma, minutos depois Eduardo volta para a mesa) Selecionei uma música para você.
OTÁVIO – Eu não vou cantar aqui, Edu.
EDUARDO – Quando o programa de música começar e as pessoas que estão aqui verem você, elas lembrarão deste momento. Lembrarão desta música. Lembrarão de você.
OTÁVIO – E vai que estás pessoas preferem séries do que programa de música?
EDUARDO – Todo mundo gosta de programa de música. Creio que se perguntar para as pessoas que estão aqui, todos dirão que conhecem Sua Canção. (Otávio fica pensativo, enquanto Eduardo falava) Você quer ou não ganhar este programa?
OTÁVIO – Quero. Prometi para minha mãe que ganharia o programa por ela.
EDUARDO – Pois então, vá lá e cante. (Otávio volta a focar nas vozes das pessoas que estavam ao redor, tentando determinar o número de pessoas ali)
OTÁVIO – (levanta-se) Me leve até lá então. (toca no ombro de Eduardo e os dois vão para o palco. Eduardo o coloca no centro do palco, em frente ao microfone. Desce em seguida, caminha até a máquina de karaokê e solta a música)
[CENA DE MÚSICA – NÃO TEMOS TEMPO (NOSSA TOCA)]
Quando o dia amanhecer 1
Abra um sorriso
Hoje o dia amanheceu assim tão lindo
Hoje sou feliz, por estar vivo (por estar vivo)
Se o dia amanhecer sem nenhum sentido
Não vá se arrepender se sair ferido
Hoje sou feliz por estar vivo (por estar vivo)
e juntos vamos seguir o mesmo caminho
(Ehh)
Não temos tempo pra depois (uôo) 2
A vida passa e o que ficou não volta mais (uôo)
Tudo é de graça pra você se arrepender
do que ficou pra trás (uô o o ô, uô o o ou)
Não temos tempo pra depois (uôo)
A vida passa e o que ficou não volta mais (uôo)
Tudo é de graça pra você se arrepender
do que ficou pra trás (uô o o ô, uô o o ou)
(huu uh uuh u uuh u u uuhh)
(huu uh uuh u uuh u u uuhh)
Quando o dia amanhecer, abra um sorriso 3
Hoje o dia amanheceu assim tão lindo
E hoje sou feliz, por estar vivo
e juntos vamos seguir (vamos seguir)
O mesmo caminho
Não temos tempo pra depois (uôo)
A vida passa e o que ficou não volta mais (uôo)
Tudo é de graça pra você se arrepender
do que ficou pra trás (uô o o ô, uô o o ou)
Não temos tempo pra depois (uôo) 4
A vida passa e o que ficou não volta mais (uôo)
Tudo é de graça pra você se arrepender
do que ficou pra trás (uô o o ô, uô o o ou)
Não temos tempo não, não temos tempo
Não temos tempo não, não temos tempo
Não temos tempo não, não temos tempo
Não temos tempo não, não temos tempo
Não temos tempo pra depois
A vida passa e o que ficou não volta mais
Essa é de graça de poder se arrepender
do que ficou pra trás (êee)
Não temos tempo pra depois (uôo) 5
A vida passa e o que ficou não volta mais (uôo)
Tudo é de graça pra você se arrepender
do que ficou pra trás (uô o o ô, uô o o ou)
E se o abraço ficou pra depois (uôo)
Abra a janela e deixe
a luz do sol te iluminar (uôo)
Agora é hora de você correr atrás
do que deixou passar (uô o o ô, uô o o ou)
Do que deixou passar
1. Otávio começa a cantar um pouco tímido, mas ao longo da música ele vai se soltando. Eduardo volta para a mesa e o observa.
2. Andréa e Ramon também o observa cantar, assim como Ivo que está no balcão. Por algum motivo, Andréa começa a prestar atenção na letra da música. Eduardo começa a bater palmas, sendo acompanhado por alguns clientes. Ao sentir essa energia, Otávio se anima.
3. Andréa começa a lembrar do que fez com Pedro. Olha para Ramon e lembra de como ele sempre esteve ao lado dela. Começa a refletir sobre sua vida.
4. Otávio está cantando animado, os clientes continuam batendo palmas. Eduardo olha ao redor e ver que todos estão curtindo de verdade.
5. Após refletir com a letra da música, Andréa solta um leve sorriso. Otávio encerra a música e é aplaudido por todos. Eduardo caminha rapidamente até o palco e o ajuda a descer. Otávio agradece a todos em seguida.
[CENA 09 – CASA DELLE ROSE/ SALÃO/ NOITE]
(o tempo cronológico da peça avançou. Luísa decidiu morar no cabaré, junto com Rosa e as outras meninas. Nathaniel está por detrás da cortina supervisionando tudo. Luísa está no centro do palco, cantando, enquanto as outras meninas estão dançando atrás dela)
[CENA DE MÚSICA – VEJA BEM, MEU BEM (LOS HERMANOS)]
Veja bem, meu bem 1
Sinto te informar que arranjei alguém
Pra me confortar
Este alguém está quando você sai
E eu só posso crer, pois sem ter você
Nestes braços tais
Veja bem, amor 2
Onde está você?
Somos no papel, mas não no viver
Viajar sem mim, me deixar assim
Tive que arranjar alguém pra passar os dias ruins
Enquanto isso, navegando vou sem paz
Sem ter um porto, quase morto, sem um cais
E eu nunca vou te esquecer, amor
Mas a solidão deixa o coração neste leva e traz
Veja bem além destes fatos vis 3
Saiba, traições são bem mais sutis
Se eu te troquei não foi por maldade
Amor, veja bem, arranjei alguém
Chamado “saudade”
1. Enquanto Luísa cantava no centro do palco, algumas garotas dançavam em ritmo lento ao lado dela. Todos estavam atentos a está apresentação.
2. Nathaniel estava ao lado da cortina o tempo todo, instruindo as meninas. Salete repara ao seu redor, e percebe como todos estão atentos a apresentação de Larissa.
3. No versos finais da música, uma lágrima escorre do rosto de Luísa. Isso tudo faz parte do roteiro da peça, uma vez que ela estava cantando e pensando em seu filho e em seu amado. Ao termino da cena, todos a aplaudem, com exceção de Horácio, que havia abaixado a cabeça, pensativo.
[CENA 10 – CASA DO JUNIOR/ SALA/ NOITE]
(Junior se afasta um pouco de Adriana, que continua séria para ele)
JUNIOR – O que eu podia fazer? Ele me chantageou. Disse que se eu não a convencesse a viajar com ele para Madrid, ele tiraria a Ana de mim.
ADRIANA – Típico dele. Mesmo assim, se a Ana for viajar com ele, o Gustavo pode acabar fazendo a cabeça dela contra você. Pode acabar convencendo-a a ficar lá para sempre. Aí sim, você nunca mais verá a Ana.
JUNIOR – A Ana não seria tão influenciável assim.
ADRIANA – Quem garante? Gustavo é capaz de tudo, Junior.
JUNIOR – (fica preocupado) O que você quer que eu faça? Os dois viajam na semana que vem.
ADRIANA – De início, você deveria ter evitado tudo isso. (caminha até a porta e vai embora. Junior continua em pé no meio da sala, pensativo)
[CENA 11 – CASA DELLE ROSE/ SALÃO/ NOITE]
(Luísa decidiu ficar de vez no cabaré. Com a presença dela ali, cantando e dançando com as demais garotas, o cabaré melhorou muito sua clientela. O tempo cronológico da peça avança, um novo letreiro surgi em cima do palco: “14 de Agosto de 2009”. Luísa está sentada em uma das mesas, conversando com Rosa)
IONE (interpretando Rosa) – Algo te afligindo, querida?
LARISSA (interpretando Luísa) – Hoje o meu filho está fazendo 7 anos. (olha para a fotografia de seu filho) Mais um aniversário que ele passará sem a mãe. (no salão, Dácio abaixa a cabeça, Horácio olha para o filho)
IONE (interpretando Rosa) – E porque você não vai atrás dele? Atrás de sua família?
LARISSA (interpretando Rosa) – Eu gostaria. Do fundo do meu coração, eu realmente gostaria de pegar o primeiro ônibus e ir atrás deles. Mas eu não me tornei uma cantora famosa ainda. E eu prometi para ele, que só voltaria para buscá-lo, quando eu fosse uma grande estrela. (Salete abaixa a cabeça, limpa uma lágrima que escorregava de seu rosto. Horácio olha pela primeira vez em direção a ela)
IONE (interpretando Rosa) – (segura na mão de Luísa) Eu vou te ajudar a realizar seu sonho, querida. Meu cabaré é frequentado por diversos tipos de homens. E você é uma ótima cantora. Irei ajudá-la e em breve você voltará para perto de seu filho. (Salete e Dácio se entreolham neste momento. A cortina se fecha, segundos depois se abre. Luísa está no centro do palco, dançando e cantando uma música alegre e animada. Nathaniel, que está interpretando um cliente, conversa com Rosa, olhando para Luísa cantar. O tempo cronológico da peça avança novamente: “23 de Outubro de 2019”. Após a apresentação das garotas, a cortina volta a se fechar. Luísa e Rosa voltam a ficar sozinhas)
LARISSA (interpretando Luísa) – (ansiosa) Então, seu amigo mandou alguma notícia?
IONE (interpretando Rosa) – Ainda não, querida. (tosse) Mas, assim que… (tosse)… ele chegar de São Paulo… (tosse sequencialmente)
LARISSA (interpretando Luísa) – Está tudo bem, Rosa? (se aproxima dela, ao vê-la tossir sangue) Meu Deus, Rosa! Meninas, por favor me ajudem. (algumas garotas entram em cena e ficam ao redor de Rosa. A cortina se fecha, todos caminham até o cenário “Quarto”. Rosa está deitada, pálida. Luísa e as outras garotas estão ao redor dela)
IONE (interpretando Rosa) – (fraca) Desculpa, querida. Eu não consegui te tornar uma grande cantora. (tosse)
LARISSA (interpretando Luísa) – Não se preocupa com isso. Descanse…
IONE (interpretando Rosa) – Espero que você um dia possa voltar para perto de seu filho. Para perto de seu amor. E que vocês possam ser uma família novamente. (Horácio olha para Dácio, que sente vontade de chorar. Salete, que estava sentada em outra mesa, chora. Um cliente lhe oferece um lenço. No palco, Rosa tosse algumas vezes, Luísa a aconchega na cama. As cortinas se fecham assim que Rosa consegue dormir)
[CENA 12 – CASA DE PEDRO/ SALA/ NOITE]
(Paula está na sala com a TV ligada e mexendo no celular. Campainha toca, como não estava esperando ninguém, vai até a porta com um certo receio)
PAULA – (se aproxima da porta) Quem é?
ADRIANA – Sou eu, Paula. Adriana.
PAULA – Adriana? (abre a porta de imediato, Adriana entra na casa em seguida)
ADRIANA – Boa noite, Paula. Desculpa estar batendo está hora.
PAULA – Não, sem problema. (fecha a porta, se aproxima dela e a percebe aflita) Algum problema?
ADRIANA – Será que eu posso passar um tempo com você?! (Paula a observa, surpresa com a pergunta)
[CENA 13 – CASA DELLE ROSE/ SALÃO/ NOITE]
(a peça ganhou alguns minutos de intervalo. Isso nada mais é para Nathaniel observar como os clientes estão reagindo, com o que viram até agora. Salete que havia levantado da mesa e ido falar com alguns clientes, acaba ficando sozinha no bar. Dácio foi ao banheiro, Horácio acabou ficando sozinho na mesa. Ao olhar em direção ao bar, observa Salete sozinha. Ao ver a primeira parte da peça, fez com que algumas lembranças de seu passado viessem à tona. Levanta-se e caminha até ao bar)
SALETE – (vira-se para voltar para sua mesa, acaba esbarrando em Horácio) Você?!
HORÁCIO – (a observa por alguns segundos) Acho que precisamos conversar!
Contínua no Capítulo 74…
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