Episódio 6: Sem Você não existo

Uma noite apavorante, fria e perceptivelmente mais escura que as demais. A noite em que senti a forte ameaça de perder minha mãe, apesar de socorre-la de imediato, achei que a perderia logo. Que bom que pude ter alguém ao meu para secar minhas lágrimas e de certa maneira me fortalecer.

– Ela vai melhorar querida, não se preocupe. Dizia dona Neusa, acariciando meus cabelos enquanto me abraçava forte.

Estávamos no salão do hospital, minha mãe havia sofrido uma parada respiratória após uma forte crise súbita de tosse.

– Ela está muito mal, vai ficar internada. Completei.

– Isso é bom, agora. Aqui ela terá toda a assistência que precisa. Explicou ela.

– Não quero perde-la, dona Neusa. Não existo sem minha mãe! Falei emocionada e logo fui mais uma vez abraçada.

– Amiga! Gritou Viviane enquanto se aproximava de nós.

Nos abraçamos

– Como ela esta? Perguntou ela, preocupada.

– Está melhor. Fiquei apavorada, achei que iria perde-la. Contei.

– Não, não amiga. Deus a livre, vai dar tudo certo. Dizia ela acariciando meu rosto e secando a lágrima que corria meu rosto.

– Veio sozinha, Viviane?

– Meu namorado me trouxe. Tentei fazê-lo entrar mas ele é muito tímido. Desculpem. Dona Neusa há o conhece, queria te apresentar a ele Mille.

– Tudo bem, Vivi, muito obrigado por vir. Vocês são muito importantes pra mim e nesse momento, são ainda mais. Dona Neusa, não poderei nunca retribuir tudo o que fez e está fazendo por nós.

– Com licença. O médico autorizou sua entrada no apartamento de sua mãe, senhorita Camille. Avisou a enfermeira.

Fui orientada a pôr uma máscara descartável. Ao entrar no quarto, não segurei a emoção, ela estava dormindo, certamente cansada de lutar pela vida. O médico presente, me olhava com piedade, tinha algo ruim pra me contar.

– Sinto muito, senhorita. O caso de sua mãe é grave, a tuberculose evoluiu com pneumonia, a parada respiratória quase a levou a óbito, mas felizmente conseguimos reanima-lá.

– E agora? Ela vai ficar bem?

– Não sabemos, ficaremos a observando e mantendo os antibióticos.

– Ela está sedada?

– Sim, precisa descansar, pode fazer companhia, do tenha cuidado com os fluidos corporais, não tire a mascara,  lembre se que a doença é contagiosa.

– Obrigada, Doutor. Agradeci.

O médico saiu do quarto lentamente. Continuei a admirar minha mãe e naquele instante percebia que a amava muito mais do que podia imaginar.

Sentei na poltrona ao lado da cama, chorei por muitos minutos, pensei na distância em que nos encontrávamos do meu pai e qual importante séria sua presença naquele momento. Apesar de receber tanto apoio da dona Neusa, nosso anjo da guarda e todo o carinho e amizade da Viviane me sentia só, meu pai me completaria naquele instante. Em meio a tanta dor acabei adormecendo.

Os raios do Sol entravam pelas brechas das cortinas persianas do quarto e iluminavam meu rosto, eu havia adormecido ali e assim estava acordando pela manhã. Ainda atordoada e dolorida pela má posição do corpo durante o sono, olhei pra cama da minha mãe e entrei em pânico, ela não estava lá. Apavorada são do quarto correndo e me dirigi ao posto de enfermagem do andar.

– Com licença. Minha mãe não está no quarto, o que aconteceu pra onde a levaram?

– Bom dia senhora, calma, o que houve? Questionou a enfermeira, sem fazer muito caso.

– Minha mãe, eu acordei e ela não estava mais na cama. Eu que pergunto, o que houve?

– Quem é sua mãe? Perguntou a enfermeira, ainda sem alarde.

– Lucélia Maria Ferreira, do apartamento 322.

– Só um momento, vou ver se a levaram pra algum exame. Disse ela antes de virar-se pra pegar o prontuário.

Enquanto a enfermeira consultava o prontuário meu coração disparava ainda mais, era muita tensão, temia pelo pior.

– Não, sua mãe não foi a nenhum exame, ela está em observação, tomando antibióticos. Não pode ir a lugar algum até segunda ordem médica. Informou a enfermeira, desta vez preocupada.

Me desesperei.

– Ela não está no quarto. Onde ela está?

Segui pelo corredores gritando:

– Mãe! Mãe! Cadê você, O que está fazendo?

A enfermeira me seguiu tentando conter-me. Ao chegarmos no quarto, nos deparamos com minha mãe em pé, incrivelmente melhor. Ela estava bem, parecia ter melhorado demais.

Fiquei em choque.

– Filha! Onde estava? Fiquei preocupada. Fui ao banheiro e quando sai não te vi mais na poltrona.

– Você estava aqui? Perguntei ainda impressionada.

– Sim aqui no banheiro do quarto. Respondeu ela rapidamente.

– Viu moça? Ela está bem, acalme-se. Disse a enfermeira antes de se retirar do quarto.

– Você está bem, mãe? Perguntei enquanto me aproximava dela.

– Estou ótima, me sinto muito melhor. Não sei o que me deram aqui, mas me ajudou muito.

Comecei a chorar, mal podia acreditar no que estava vendo, minha mãe estava finalmente melhorando.

– O que foi filha?

Enxuguei as lágrimas.

– Nada, feira aí mãe. O médico falou que você precisa de repouso.

Ela deitou-de na cama e sentei na poltrona ao seu lado.

– Precisamos conversar.

– Sobre o que mãe?

– Sobre seu pai.

– Não, esquece. Olha, desculpe. Foi um erro ter mandado uma carta pra ele eu só…

Fui interrompida

– Seu pai,… eu deixei seu pai, porque descobri que ele é bígamo. Ele tem outra família, ele é casado com outra mulher e tem dois filhos com ela.

– O que? Desde quando?

– Desde sempre. A vida toda ele me enganou, quando casamos, ele já era casado e a esposa estava grávida do primeiro filho.

Eu simplesmente não sabia o que dizer, jamais imaginei algo assim.

– Chocante né, filha? Pois é, imagina como me senti quando descobri tudo. Só tive vontade de desaparecer.

O silêncio continuou a imperar em mim.

– Eu sabia que reagiria assim. Você estava louca pra saber o motivo de eu ter largado seu pai, tá ai esse foi o pivô da nossa separação.

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  • Que pai canalha! A culpa da mulher estar doente agora é dele. Somatizou por causa de tanto sofrimento. Não sei se Camille vai suportar. O pior é que ela deve ter um irmão! Ou irmã! Minha nossa…

  • Que pai canalha! A culpa da mulher estar doente agora é dele. Somatizou por causa de tanto sofrimento. Não sei se Camille vai suportar. O pior é que ela deve ter um irmão! Ou irmã! Minha nossa…

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