Depois de beberem alguns drinks na boate GLS, Danilo, Pedro e Fábio decidem então, saírem de lá e ir a um bar, perto dali.

― Seu pai quer que você o quê?! ― Pedro perguntou em tom de voz alto, tentando deixar sua voz sobressair ao som alto que ecoava pelo o local aberto, em que tocava pagode ao vivo.

― Que eu vá ao Japão, assinar um contrato bilionário com à empresa de lá, para nós associarmo-nos a eles. Mas querem que eu cumpra um desafio. ― falou no mesmo tom e Pedro conseguiu entender tudo que ele falou, processar tudo e logo dar sua réplica, alguns segundos depois.

Pedro e Danilo saíram do local e foram andar pelas ruas movimentadas de Ariquemes à noite, pelos os amantes apaixonados.

Quando se afastaram de lá, Danilo abriu uma lata de cerveja e engoliu um pouco do líquido dentro dela.

― Só que eu não quero ir lá. Quero viajar, curtir minha liberdade… ― pôs suas mãos aos bolsos de sua calça jeans, para deixá-las quentes, naqueles dias frios. ―, curtir caras, mulheres…. Ser eu mesmo.

Os dois silenciaram-se, por alguns instantes.

Foi então que Danilo teve uma ideia.

― Pedro!

― O que?! Está bem? ― ficou preocupado com seu melhor amigo.

― Tive uma ideia para poder não ir até lá e largar essa porra das empresas de meu avô irem para a puta que pariu!

― É o quê então, caralho?! ― animou-se junto dele.

― Só preciso que alguém se passe por mim e vá em meu lugar, enquanto fico curtindo minha vida adoidado por essa porra de mundo!

― E quem é o doido que vai aceitar se passar por você, com risco de ser preso e morto por eles, ou ser deportado e responder a processo de usurpação de imagem e falsificação de documentos?

― Você.

*****

― Shiro, seu nome foi dado através de um romance que li há alguns anos atrás de uma autora brasileira. À história se passa em nosso país, onde um garoto é vendido pelo o próprio irmão a troco de comida, para sobreviverem o horror da segunda guerra que estourou aqui e em nossa economia. Aos quinze anos, foi para um bordel, o mais movimentado bordel da cidade e lá aprendeu a ser uma “gueixa”. Lá, conhece o seu irmão de alma, “Aiko-Mamoru” e seu tio que é apaixonado por ele, “Shin-Sakamoto”. Um homem de personalidade forte, belo e que era apaixonado pelo o homem belo, fiel e muito amoroso com quem sentia afeto. Depois, conhece “Nana”, sua avó, praticamente. Uma velha carrancuda, mas de um grande coração, uma mãe para qualquer um dali daquele bordel, à tão amada “Casa Ai – Casa do Amor”. Mas, porém, conhece o outro lado de seu corpo, o lado sentimental. Aquele lado que acabou com ele, por completo. O amor, puro, de entrega absoluta a um homem que podia tê-lo em qualquer, em qualquer hora. Começou a conhecer o outro lado da vida, que nós não podemos ter quem nos ama, por perto. Depois de passar tudo isso em sua vida, finalmente, veio à parte mais escura de nosso país e à renovação de um novo “Kazue-Shiromyia”(8). Foi por isso que escolhi este nome para você. Venceu à vida, mesmo antes de realmente entendê-la. ― Terminou de contar à história a ele, beijou sua testa, apagou a luz de seu futon, fechou à porta de correr e foi em direção ao seu quarto.

Despiu-se e foi em direção ao ofurô. Ligou às torneiras de água quente e fria, esperando elas encherem todo aquele pequeno tanque de madeira. Depois do tanque estar quase cheio, ela desliga às torneiras automática põe o pé direito para ver se está morno ou se está fria à água. Viu que estava morna, então logo mergulha toda sua perna, logo após isso, à outra a acompanha. O corpo se inclina, deixando que à bunda se molhasse primeiro, até ela ficar sentada e à água molhá-la até acima de seus seios.

Fechou seus olhos, então, começa a relaxar. Deixar seu corpo ser aquecido por aquela água.

Ao abrir os olhos, lentamente, sua visão se torna embaçada. Ao fundo do banheiro, surge vozes infantis com eco, como se tivesse se lembrando de crianças.

― Mama, venha tomar chá comigo? ― então, ela sentiu um toque infantil, uma mão tocá-la em seu braço recostado pelas beiradas do ofurô.

Foi então que ouviu o barulho de uma batida muito forte, vidros quebrando, ferro torcendo, um calor subindo e gritos desesperados. Com os olhos fechados, sentiu o horror tomar-lhe por completa.

Então, sangue começou a pingar pelo seu rosto, como se tivesse derramando-se em seu corpo. Viu para baixo e suas parte íntimas escorria sangue e foi aí que gritou desesperada, tentando tirar aquilo e parar de escutar aqueles gritos de angústia e agonia.

Até que tudo se calou e um silêncio aterrador se fez naquele local.

Então Hiro entrou desesperada, para ver o que havia acontecido ao ouvir os gritos desesperados de sal chefe e quase irmã.

― O que aconteceu, senhora Jin? ― aproximou-se rapidamente dela.

― Sangue. Sangue por todo o lado! ― dizia, já chorando descontroladamente.

― Por Kami! À senhora está tendo alucinações por causa de sua filha! Não tem nada! Calma. Não tem nada. ― Acalmou-a. ― Não tem nada mais, olha. ― Mostrou às partes de seu corpo molhados apenas pela água.

Depois de acalmá-la, conseguiu banhá-la, vesti-la e pôr lhe em seu futon. Demorou alguns minutos, mas Jin, enfim, dormira profundamente à base de calmantes.

*****

― Não! Não, Danilo! Não vou me passar por você! Esquece! ― dizia, já apressando seus passos em direção ao ponto de táxi, onde pegaria um que ia para o residencial de onde mora.

― Faz isso por mim, Pedro! Por favor, cara! É só você que sabe falar, fluentemente, à língua nipônica! ― pedia desesperado, quase que clamando a ele.

― Eu já disse que não! ― neste tempo de caminhada, um táxi encosta e Pedro entra rapidamente no veículo e tranca à porta, enquanto Danilo bate no vidro, pedindo para que ele aquela proposta maluca e sem noção algum.

― Para onde o senhor quer ir? ― perguntou o homem, um pouco receoso.

― Vai no Residencial Raio de Sol, primeira casa à esquerda. ― O homem ouviu atentamente à ordem do cliente e partiu acelerando em seu veículo, indo em direção ao local almejado.

Ao longe, ele via seu olhar para ele, logo uma forte chuva cai e Danilo se molha.

Não liga muito para ele e vai em direção ao seu local secreto, o seu esconderijo, desde quando completou os seus dezoitos anos de idade e saiu da casa de seus avós paternos e foi morar em sua própria casa. Seu avô relutou para que ele assumisse o cargo de presidente de suas empresas e ser associado a Danilo, seu melhor amigo, para facilitar as negociações e contratos milionários entre uma empresa e outra, para eles pagarem menos e lucrarem muito mais.

Porém, ele se recusou e foi cuidar dos negócios de sua mãe e curtir sua vida, já ganha.

Ao chegar em sua casa, ele paga à corrida e entra rapidamente em sua residência.

Trancou à porta e subiu direto ao seu quarto, trancou à porta dele, tirou sua camisa, deixando seu peitoral definido à mostra, sua calça jeans, ficando somente de cueca e jogou-se em sua cama, emaranhando-se aos cobertores de seda, cobrindo metade de seu corpo, naquela noite fria e chuvosa.

Logo então começa a sonhar. No sonho, ele está sentado, posto a olhar os patos nadarem em uma represa coberta pelas flores das cerejeiras, enquanto está sentado em um gramado. Vê que é um local silencioso, de paz.

Ao olhar para o lado, percebe uma mulher oriental, junto de seu filho com deficiência, jogar pedaços de pão e ração para os patos e a conversarem com cumplicidade. Então, sente seu coração disparar ao reparar bem e ver aqueles olhos puxadinhos, amendoados e escuros, seus lábios pequenos e carnudos, seu sorriso encantador, seus cabelos negros repicados, suas bochechas um pouco protuberantes e em como sua gentileza o encantou de tal forma, que seus olhos não se mexiam, apenas encaravam aquele garoto naquela cadeira de rodas.

Se levanta e vai em direção aos dois, tentando conter sua ansiedade que surgira de repente. Seus passos eram lentos, até que ele consegue chegar próximo aos dói. Se ajoelha ao lado dele, como se já o conhecesse há tempos, o encara com cumplicidade.

Foi então que o outro encarou-o, então, os olhos encontraram-se. A partir dali aquelas duas almas estariam conectadas. O garoto pegou na mão direita de Pedro e entrelaçou seus dedos magros aos dele, logo sente, mesmo não em presença física, mas sente o calor emanar da mão daquele homem e ele sentir-se ligado a Pedro, de qualquer forma.

Sem palavras, apenas as respirações descompassadas cortavam aquele sonho um pouco desconfigurado ou sem sentido para ambos. Porém, mal sabiam eles que suas almas conversavam, uniam-se naquele momento e que o universo trabalhava ao encontro dos dois.

Às mãos se separaram, o garoto foi levado pela mãe e logo ouve o som daquela adocicada voz masculina naquela cadeira de rodas conversando com sua mãe.

Como se fosse uma lembrança, à mãe e o filho junto do local ao redor foram se escurecendo, até não sentir e ver mais nada naquele estranho sonho que tivera.

Seu coração batia acelerado e logo ele acorda atordoado, parecendo que seu órgão ia sair pela à boca de tanta angústia que sentira naquele momento. Logo se lembra daquele sorriso do sonho e aquilo vai acalmando-o aos poucos, até ele adormecer e acordar somente às nove da manhã.

******

Rio de Janeiro – Brasil

 

― Eu ainda vou encontra-lo, Satoshi. ― Rômulo choramingava em cima de um porta-retrato que tinha uma foto de um homem oriental jovem, somente de cueca e sentado em seu colo. ― Nem que eu vou ao inferno, mas encontrá-lo-ei. Eu te amo, cara! Você não deveria ter feito isto comigo! Eu te amo! Desgraça de amor infernal! ― gritava entre as lágrimas que derramava e o retrato jogado ao longe, que logo se ouve o quebrar dos vidros e o esparramar dos cacos ao chão.

Se abraçou as pernas encostado a parede e, lá, se pôs a chorar.

O jovem brasileiro estava “arreado” pelo o jovem advogado asiático.

Alguns meses antes….

 

― Calma garotão. ― Satoshi, com dificuldade de falar a língua portuguesa brasileira, dizia a Rômulo que beijava seu pescoço com seu corpo prensando o do asiático a parede. ― Assim perco o ar…

― Seu corpo é um fascinante corpo celeste. Parece que foi feito especialmente a mim. Parece que fomos feitos um ao outro. Seu corpo é uma tentação. ― voltou a beijar o asiático enquanto suas mãos pegavam com força sua cintura e uma das nádegas avantajadas de Satoshi.

Então, durante aquela noite, os dois se amaram. A noite foi um deleite cheio de volúpia. Os corpos eram incendiados pelo o mais puro ardor da excitação.

No outro dia ao acordarem, se levantaram, tomaram banho, fizeram sua higiene matinal e foram tomar um café na varanda do apartamento de Rômulo em frente a praia de Copacabana. A brisa do mar fazia carícias ao rosto do asiático que o olhava calidamente.

― Está tão lindo hoje, meu amor. Pareces um anjo em forma de um homem de olhos puxados.

Satoshi encolheu-se de timidez ao receber aquele elogio de um brasileiro. Ele era desejado por um homem, da mesma forma em que ele sempre desejava.

― Arigatou(01)…. Quer dizer… Obrigado. ― ele riu discretamente enquanto olhava o homem a sua frente vestindo apenas um roupão que cobria seu corpo nu.

Depois de se alimentarem e verem aquela linda imagem do mar a frente deles, decidiram passearem pela a praia e, depois, iriam ao Cristo Redentor.

Satoshi e Rômulo se conheceram na última reunião que tiveram com Danilo e seu avô, desde então, vieram se conhecendo. Nos últimos dias avançaram o sinal e estão trocando carícias e se conhecendo mais ainda. Então, eles começaram a enxergar que foram feitos um ao outro.

Sempre trocavam juras de amor, se beijavam, mas, porém, ainda não consumaram os desejos carnais. O jovem advogado japonês deu um jeito de se livrar da comitiva do governo de Tóquio e ficar mais alguns dias ou meses, junto de Rômulo.

Logo no primeiro dia, por fim, consumaram o desejo a flor da pele.

Era um sonho que o brasileiro vivia com aquele homem de traços tão delicados, de lugares tão bem “avantajados”, de curvas corporais tão calmas e sem exageros. Seu corpo era uma escultura de um nobre anjo. Sua estatura baixa, que Rômulo adorava.

Suas pernas e seu corpo esguio. Tudo perfeito. Seus lábios pequenos e carnudos, seus olhos puxados e seus cabelos ondulados e negros. Tudo casado na mais alta imagem pecaminosa e perfeita.

Durante a primeira noite juntos, explorou cada canto daquele corpo. Descobriu que ele tinha uma pele de pêssego, era quase branco como a neve. Sua voz um pouco grave e parecia que falava com pelúcia em suas cordas vocais.

Era sedutor por natureza desde que nasceu.

Mas, porém, tudo começou quando Rômulo fez um pedido e Satoshi não aceitou muito.

― Casa comigo, Satoshi?

― Casar? Marido e… esposo? Casar? ― assustou-se com a proposta e, de repente, gelou de medo.

― Sim. Casar. Fique comigo. Você é o único motivo na qual ainda me sinto vivo.

― Não posso… meus pais… não posso… cultura do meu país não aceita… não devemos…

― Satoshi, não precisamos viver lá no país. More comigo aqui no Brasil. Eu o regularizo aqui, nos casamos no civil e podemos viver juntos. ― segurou suas mãos encarando-o profundamente enquanto via o asiático numa confusão entre os seus pensamentos.

― Não posso, meu querido Rômulo… ― ele se soltou, deu às costas, foi até o quarto, se vestiu, colocou o paletó no braço direito e sua mala de mão na esquerda. Pegou tudo o que tinha e saiu do quarto.

― Não vou deixa-lo ir, Satoshi. Você precisa ficar! Você é o único motivo pelo o qual ainda vivo. Sem você…. ― começou a chorar e ficar impedindo o jovem advogado de sair pelo o corredor que dava acesso a porta de entrada do tríplex.

― Não, Rômulo. Você não precisa de ter motivos pra viver. Você é atencioso, responsável, bondoso, carinhoso, educado, esforçado. Não precisa de mim ser o motivo de você viver. Eu vou-me, um dia nos encontramos. Me perdoe, mas não posso assumir um relacionamento agora. Meus pais não aceita.

― Seus pais não podem ditar o que tu vives, Satoshi! Tens vinte e seis anos de idade! Já pode ser o que quiser sem o aval de ninguém!

― Sai da frente, Rô.

― Não. Não posso deixar o amor da minha vida escapar assim!

― Por favor… eu preciso ir embora.

― Então você me usou? ― Satoshi conseguiu sair, deu às costas e apressou seus passos para fora do tríplex. Entrou no corredor, correu para o elevador, entrou e enquanto via a porta se fechando, enxergou seu homem correndo em sua direção. Antes de o alcançar, a porta de metal se fecha, logo o local é impulsionado para baixo.

Em segundos ele é levado ao terraço, sai apressado e chama um táxi que estava vindo, entra com mala e tudo, fecha e tranca a porta e diz para ir ao aeroporto mais próximo.

Rômulo não consegue chegar a tempo e o carro que levava o amor de sua vida, havia partido em rumo ignorado. Começou a chorar ali mesmo. Voltou ao prédio, subiu pelas as escadarias até o seu andar, foi ao seu apartamento, trancou-se lá e foi beber.

Não foi a uma caçada frenética, igual nas novelas de TV. Sua vida não era uma trama das oito. Sabia que Satoshi era um adulto, responsável por si e não podia o obrigar a amá-lo. O próprio amor de sua vida tinha a obrigação de enxergar isto. Mas não iria desistir tão fácil assim daquele homem de olhos puxados.

Bebeu tanto, que caiu bêbado, bateu a cabeça em algo duro e desmaiou.

Só foi acordar algumas horas depois no meio do seu quarto, nu e todo vomitado.

Quase se afogou em seu próprio gorfo. Porém, ainda não era tempo de ele morrer.

Ainda tinha que lutar por Satoshi e por mais ninguém.

 

 

 

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