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Capítulo 19 (Último)

Julgamento de Satoshi e sua sentença – Parte final

 

Todos os jurados foram para a sala e Satoshi foi para uma sala reservada aos réus. Rômulo tinha saído para advogar a favor de seu amigo Pedro, pois ele havia sido denunciado ao governo do Japão, que estaria ilegal no país. O advogado que não é besta, pediu sua extradição imediata através dos órgãos judiciais do Brasil, fazendo assim que ele não fosse responsabilizado por nenhum ato cometido por ele na terra do sol nascente.

Seus pés batiam nervosamente um no outro enquanto o tempo passava, até que um policial entra na sala e o chama para voltar ao tribunal, mesmo que seu advogado não estivesse lá.

Ele acompanhou-o e entrou sozinho, sentando-se onde estava anteriormente.

— O júri já tem a decisão?

— Sim. — um homem traz uma folha com a decisão e sentença de Satoshi, que definiria seu futuro dali para frente.

— O júri em conformidade com os depoimentos do réu Satoshi Masuzoe, documentos e confissão do mesmo e com base nas leis do Japão, o considera culpado por falsidade ideológica, extorsão, levante de documentos para derrubar autoridades e tentativa de assassinato de reputação de seu pai e governador de Tóquio, Yoichi Masuzoe. Sua sentença será ficar em regime fechado por um ano e depois liberado sem direito a trabalhar em quaisquer cargos públicos ou cargos eletivos. Sua sentença condenatória começará a rolar a partir da data de sua prisão.

Cada palavra era uma facada em seu peito. Foi condenado e iria ficar preso longe de seu homem. Não saberia que seu pai iria renunciar ou seria julgado e sentenciado a morte, caso não desistisse de sua cadeira.

Uma lágrima escorreu por entre o seu rosto. Levantou-se respirando fundo e os policiais foi o acompanhando por outra porta, onde ele iria cumprir sua sentença a partir da data de sua condenação.

Ficou em silêncio o tempo todo até chegar em sua solitária e ser trancado. Ao tardar da noite, chorou igual uma criança em silêncio. Era um pesadelo que estava vivendo. Pensava que não ia dar para ele, porém, estava enganado.

Rômulo tentou a todo custo conversa com Satoshi, mas, a justiça japonesa o proibiu de conversar com seu caso amoroso até que ele cumprisse sua pena por completo e ser liberado.

Não se misturava aos outros presos, só ficava em sua cela olhando pela a janela de formato quadrado, o sol nascer e se pôr todos os dias. Parecia que o tempo havia parado e ele não sabia se estava no começo da pena ou no final da mesma.

Só comia, tomava banho depois que os outros presos iam as suas celas, lava suas roupas e lia seus livros. Era um preso no qual os guardas gostavam de vigiar. Não falava, não reclamava e ficava na dele sem incomodar ninguém. 

Em todo o livro que ele lia, o seu marcador de página era uma foto de Rômulo e dele juntos. Era a razão pelo o qual ele ainda vivia.

Se não fosse pelo o brasileiro, ele teria o mesmo destino triste de Takeo.

******* 

21/06/2016 – A decisão de Yoichi Masuzoe acerca de sua cadeira do governo de Tóquio.

 

— Senhor governador, qual será sua decisão final?

— Por mais triste que me possa ser, por mais que todas as regalias que já tive possa acabar… eu pedirei renúncia. Não terei mais mulheres, bebidas, apostas em cavalos, viagens, obras de arte, compras na Coreia do Sul e outros.

— Sua renúncia está pronta?

— Sim. Está na pasta azul-marinho. Pode leva-la a casa dos deputados. Limparei minha sala até o final da sala para o próximo governante. É somente isso. Pode se retirar.

— Sim, senhor.

— É Satoshi… você me fodeu tremendamente. Pena que foi preso. Poderia ter sido fuzilado. Para mim não faria a menor falta. E aquele brasileiro deveria ir junto de ti. O único que merecia algum sentimento de pai, era o Shiromya-Aiko. O filho bastardo que tive com uma caipira e que foi abandonado por mim e, depois por ela, num orfanato por ele ser apenas um deficiente físico. Ele tem um irmão inválido também. Eu amaria os dois por igual. Os meus filhos de verdade, que são homens, não são Shikas.

Olhava pela a janela o sol ensolarado iluminando toda a capital Tóquio. Virou-se, pegou uma caixa e colocou todos os seus pertences nela.

Ao final do dia, Masuzoe deixou de ser governador e tornou sua cadeira vaga. No mesmo mês foi realizado outras eleições suplementares e elegeram a governadora Yuriko Koike em seu lugar.

Seriam novos ares a Tóquio, a capital mais importante da ilha do sol nascente.

*******  

 Pedro retorna ao Brasil e fica em prisão domiciliar enquanto seu caso é julgado pela à suprema corte.

 

Recusou várias entrevistas, não via mais televisão, se comunicava através do Whatsapp e não conseguia mais falar com a mulher de sua vida, Jinoyama-Aiko.

Chorava todas as noites por ela. Não era vergonha de homem não chorar, é porque ele era um home apaixonado. Conversava somente com os seus advogados e saía poucas de seu apartamento.

Então, depois de dois meses, recebe uma carta do Japão.

Quando viu quem a enviou, quase teve um enfarto. Era a senhorita Jinoyama-Aiko.

Sentou-se no sofá e abriu-a e começou a ler.

Caro Pedro,

 

Levei um susto ao saber que você não era você, e sim Pedro.

Soube de toda a estória ao ver pela a reportagem logo após a renúncia de Yoichi Masuzoe. De início fiquei bastante decepcionada, mas, logo entendi o que se passava por sua cabeça. Graças a Deus você está em sua casa e tranquilo. Confesso que lhe amo. Amo-te muito. E você me fez amar-lhe mais ainda depois daquela noite nossa no orfanato, um dia antes de ele ser derrubado. O exame que estou lhe enviando é uma cópia do teste de gravidez que eu fiz. Não abri, quero que descubra o resultado. No lugar do orfanato, foi construído um parque lindo com o nome de Shiromya-Aiko Park e uma estátua dele foi colocada logo na entrada atrás da pedra fundamental de inauguração do local. Pensei muito sobre ficar em meu país, mas decidi ir embora. Vendi tudo, comprei algumas roupas e me legalizei no Brasil. No dia 14/08 estarei chegando ao Brasil. Aceitei sua proposta. Irei embora do meu país com uma bela surpresa. Rômulo irá me buscar e me levar até o seu prédio. Do portão ele irá seguir até o aeroporto e embarcar de volta ao Japão. Lá, ele irá ficar até Satoshi ser solto. Em breve estarei chegando.

Com amor,

Jinoyama-Aiko”

 

Já em lágrimas e seu coração batendo aceleradamente, ele vai em seu quarto, toma um banho, se veste com uma calça e uma camiseta e fica esperando na varanda, até que vê o carro de seu amigo chegar e trazer sua amada. Ele desce rapidamente e vai correndo em direção a Jin. Não repara nela e abraça-a forte, sentindo o cheiro adocicado de seu perfume.

Foi então que realmente a reparou e viu uma barriga inchada e lembrou-se do exame.  

— Como foi bom vê-lo, Pedro! Eu e nosso bebê estamos aqui!

— Sério que está esperando um filho meu?!

— Sim! — os dois se abraçaram, Rômulo levou as malas dela ao apartamento de seu amigo, desceu, despediu-se dele e de Jin e foi para o aeroporto.

Embarcou no avião e ficou doze horas de voo até chegar no país de seu caso amoroso.

Pegou um táxi e foi em direção ao hotel que havia reservado durante os dez meses que passaria até Satoshi ser liberado.

Dez meses depois……

 

Satoshi foi liberado, pegou de volta suas antigas roupas, levou seus livros e pegou novamente seus documentos e celular.

Saiu de sua solitária e caminhou em silêncio até sair fora do presídio. Ao sair pelo o portão, vê Rômulo em pé e encostado no carro ao lado de outro homem. Ele corre em direção ao homem que repete o gesto e os dois se abraçam.

— Senti tanto a sua falta, Romulo-san. Me leva embora, por favor? — ele pediu depois de dar um beijo de língua quente com gosto de saudades.

— Sim. Suas malas já estão no carro. Vamos para minha casa meu amor?

— Sim. Quem é ele? — apontou em direção ao homem que estavas ao volante que deu uma piscada de olho para os dois que o olhava.

— Esse é o Danilo, o causador de tudo isso na vida de Pedro, na minha, na sua, na renúncia de seu pai e no estouro da Lava-toga no Brasil. —  dizia enquanto apontava o dedo a ele e levava o jovem asiático ao carro.

Os dois entraram e logo foram indo embora ao aeroporto e, de lá, irão para o Brasil.

— Tenho que agradecê-lo, senhor Danilo. Se não fosse você, não conheceria o meu amado Rômulo-san.

— Não me chame de senhor, pois ele está no céu. Pode me chamar de Danilo. Fico honrado de ser o cupido dos dois.

— Iremos direto para o Brasil?

— Não, quero ainda me aventurar um pouco com o casalzinho aqui no carro pelo o mundo. — encarou o jovem asiático e deu uma piscada de olho e, depois, repousou sua mão na coxa de Rômulo e encarou seu melhor amigo. Os dois olhos se encontraram e logo encararam o jovem asiático atrás deles que mordeu o lábio inferior ao sentir um fogo subir-lhe o corpo pelas as imagens eróticas que surgiam em sua cabeça.

 

*********     

Jinoyama-Aiko completou nove meses de gestação – 19/12/2016

Jin estava descansando com Pedro na varanda enquanto encaravam a praia e viam o pôr do sol. Até que sua bolsa estoura e logo ela entra em trabalho de parto.

Pedro se apressa em pegar a bolsa com as roupas do bebê e dela, os documentos dela e a leva até um hospital próximo.

Foram longas horas de parto e, por fim, logo um som de um bebê chorando ecoa por toda a sala de parto. O pequeno Shiromya nascera.

Aos braços da mãe, ele acalmou-se enquanto o pai acariciava o rostinho gordinho do filho.

A vida deu uma segunda chance aos dois.

Jin e o pequeno Shimoya-Aiko Júnior de Sá foram levados para uma sala separada, onde seriam devidamente tratados e costurados toda a cirurgia, Pedro foi para fora da sala, porém, antes de sair, olhou ao cano da sala e viu o falecido Shiromya em pé o encarando com um sorriso de orelha a orelha. Ele dá um tchau e desaparece.

Esse foi o melhor dia de dezembro que ele teve. Durante o mês, foram os melhores dias de dezembro que ele já teve. Com sua mulher e seu filho. 

FIM

 

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NOTA DO AUTOR

Quero agradecer a toda equipe Cybertv que me ajudou nesta novela, aos leitores que me acompanhou durante esta linda história e a todos que me ajudaram direta e indiretamente. Muito obrigado mesmo. Muito em breve estarei voltando com outra linda história. Até breve. 🙂  <3 

 

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