Capítulo 04

Shiro sorriu para Pedro, que logo sentira seu coração acelerar ao ver um japonês cadeirante, com um sorriso tão encantador e seus olhos tão penetrantes, magnéticos.

O homem se aproximou, então, tudo acaba. Ele acaba acordando com Jin abrindo às cortinas do quarto e o sol adentrando, iluminando o futon e o garoto por cima dele.

― Bom dia, meu raio de sol! É hora de acordar, se arrumar e ir para à escola. ― Dizia, tentando numa vã tentativa, disfarçar o nervosismo em ir ao prédio do Governador de Tóquio.

Uma simples diretora de um orfanato quase falido, ir conversar com o governador de Tóquio. O homem, à maior autoridade da capital do país, querer conversar com uma mulher muito que dirige um local que não traz lucro nenhum ao governo?!

Certamente, tinha algo por trás.

Ele não saberia quem é ela.

O governador Masuzoe não saberia quem é ela em seu governo ou em sua vida. Então, alguém da alta cúpula, estava com segundas intenções em cima de Jin, ou do local de onde ela administra.

Ela ajudou Shiro a se sentar à cadeira de rodas e o levou para seu banheiro adaptado e o ajudara a escovar os dentes e o pôr no banquinho e dar-lhe um banho de água gelada, para ele acordar e despertar de uma vez.

Higienizou-o e tirou-o dali, levando de volta ao quarto e dando-lhe às roupas para ele vestir e ela o ajudar se vestir, quando não conseguia fazer isto só.

Terminou de se ajeitar, os dois desceram à cozinha, tomaram chá com biscoitos de erva doce e Jin levou Shiro ao carro, colocando-o no banco do carona, pôs à cadeira no porta-malas, deu à volta no veículo e entrou no banco do motorista, ligou o veículo e partiu em direção à escola de seu filho adotivo.

Em silêncio, os dois foram até o colégio. Jin o ajudou a descer e o pôr na cadeira, levando-o até à porta da escola. Beijou sua bochecha, se despediu dele com um terno sorriso, acariciando seu rosto e deu às costas, indo ao seu veículo.

Entrou e logo deu partida, indo em direção ao prédio do governo de Tóquio.

*****

Em uma noite chuvosa, um carro percorria em alta velocidade por uma estrada escura e rodeada pelos os dois lados, com uma floresta densa e sombria.

Era uma mulher grávida dirigia o carro, enquanto seu marido agonizava no banco de trás, com uma pancada de um pedaço de pau que levara de um desafeto seu em terras vizinhas, por causa de sua criação que invadira à plantação de milho e comera quase toda à colheita.

Ela estava desesperada. O amor de sua vida estava se desfalecendo e ela acabara de entrar em trabalho de parto.

Às contrações vieram e ela não pôde mais conter o carro, segurou sua barriga sentindo uma forte dor e seu abdômen e o carro, em alta velocidade, sai da estrada e começa a capotar.

À porta do motorista abre e ela, que estava sem cinto de segurança, é lançada para fora, rolando entre o gramado fino, até bater de frente em uma pedra com sua barriga amortecendo à batida e ela desmaiar no mesmo momento.

Horas depois, ela é resgatada e levada com extrema urgência ao hospital.

Seus olhos se abrem e um resplandecer toma conta de sua visão e ela fecha seus olhos, incomodada com aquilo. Logo se lembra do ser que estava em sua barriga, esperando para respirar um ar puro.

Então, enxerga pessoas completamente de branco ao seu redor, examinando-a. Olha para um lado, sua visão embaçada, enxerga um vasilhame todo ensanguentado e algo volumoso dentro dele.

Era o bebê que nascera natimorto.

Desmaiou no mesmo momento que viu aquilo e só foi acordar três dias depois de entrar em um coma induzido. Seu marido, Jung, foi sepultado junto de seu bebê na mesma sepultura e ela se recuperou do acidente e da cirurgia que foi feita em sua barriga.

Foi levada para o orfanato, onde administrava e, de lá, não voltara mais ao local de onde morou com o grande amor de sua vida.

Sua casa, sua vida, seu amor, ficaram naquela pequena propriedade afastada da cidade mais próxima e da capital, Tóquio.

Os dias se passaram e ela começou a ver uma menina correndo pelos os cantos do orfanato, então, teve que ter acompanhamento psiquiátrico até o dia em que Shiromya entrou em sua vida e ela pôde então, ter paz no coração e poder administrar o orfanato com pessoas que amam e cuidam dela, uma futura mãe que perdera sua cria, sendo adotada por pessoas que a amam e a considera, como se fosse de uma família de sangue.

Adotar e registrar Shiro como seu filho, foi uma forma de perdão dos deuses que deram a ela, por ter tirado uma vida inocente, que nem vira a luz do sol e nem respirar pelos os seus pulmões.

Fazia-se em 2016, dez anos que o orfanato tinha recebido o aviso da retirada de crianças e o seu fechamento. Com ajuda da justiça e de um jovem japonês, estudante de direito, que era muito apaixonado por Jin, conseguiu deixar somente as crianças serem levadas aos seus respectivos pais adotivos e ela, junto dos funcionários ficarem às custas do governo e não serem dispensados de seus empregos.

Com à chegada de Shiro, Jin conseguiu, finalmente, voltar a ser como era antes e desenvolver seu lado “mãe”, com ele.

Suas conquistas em deixar o prédio do orfanato fechado em pé, derrubando a ordem de implosão dele, os cortes de energia, água e gás que à gestão fazia para eles saírem de lá e os políticos poderem construir shoppings, restaurantes, teatros, casas de gueixas, para lavarem dinheiro e mostrar-lhes que têm poderes na terra do sol.

Dos sorrisos encantadores, doces de Shiro, de sua voz e de seu carinho tão grande com ela, que nem era sua mãe de sangue, porém, era seu anjo da guarda.

Lembrou-se disto tudo enquanto dirigia em direção ao prédio do governo de Tóquio.

Ao chegar à entrada do centro de Tóquio, dirigiu por quase vinte minutos, até chegar ao prédio e estacionar seu veículo num local um pouco afastado e foi de a pé até chegar ao prédio, passar pelo o reconhecimento e ser acompanhada por vários seguranças até à cobertura do prédio. Ela foi conduzida até uma sala enorme e com vista para toda à capital japonesa do país.

― Pode entrar. ― Falou uma voz lá dentro logo depois de um dos seguranças baterem na porta.

― Com licença. ― Entrou e se aproximou do homem engravatado e se curvou perante ele e o grande gestor de Tóquio, repete o mesmo movimento em respeito à uma cidadã, logo depois cruzando suas mãos, já suadas de nervosismo enquanto via aquele homem a encará-la, como se fosse um pedaço de carne.

Por fim, o homem dá um sorriso para ela e Jin volta com meio sorriso, ainda estagnada em seu lugar e não acreditando que estava no prédio do governo de sua cidade natal.

― Sente-se, por favor, senhorita Jin. ― Ele esticou seu braço em direção à poltrona de couro de frente a sua mesa.

Ela se sentou, cruzou suas pernas sob à saia curta que vestia e encarou-o, esperando pelo o que ele faria ou tentaria derrubar seu lar, seu esconderijo ou sua proteção.

― Senhora Jin, você está aqui, porque quero fazer-lhe uma proposta. Se aceitar, irá lucrar muito com isto, senão, eu mesmo a farei aceitar o que tenho a lhe dizer. ― Começou falando, recostando o meio de seu braço sobre à mesa, curvando seu braço direito e elevando sua mão ao alto, segurando uma caneta.

― Sobre o quê, é esta proposta, se não incomoda que eu o pergunte, Senhor Governador? ― Perguntou a ele, logo depois de ele concluir sua fala e ela indagá-lo, depois baixando sua cabeça.

― Eu soube por pesquisas de solo, dos minerais, etc… ― Tossiu. ―, que lá de onde à senhorita mora, há terras férteis para plantio e ótimas minas d’água para abastecer mais da metade de toda à capital. Senhora Jin, o que tenho a lhe dizer, é: que não vou aceitar NÃO, como resposta. Irá aceitar e eu vou recompensá-la com muito dinheiro, mansões e uma vida que você sempre quis. Te darei o luxo, caso aceite E ACEITARÁ, minha proposta de demolição do local de onde vive. Ou então, em vez de explorar solos e ver se realmente é rico, posso derrubar e limpar aquela área e construir prédios e mais prédios no terreno e em volta dele, com aquela pequena floresta em volta do orfanato já falido.

― Não. Eu não aceito, Senhor Governador. Foi lá que eu encontrei à paz e foi lá que vivi de verdade ao redor de pessoas que me amam. Não deixarei construírem nada lá. Me recuso a isto. Com licença. ― Quando ia se levantando, é posta de volta à poltrona e o homem a encara.

― Acha que sou idiota, Meinu (1) ?!

― Não me chame de vadia! ― Exclamou para o governador, segurando-se em sua poltrona para não voar na cara daquele homem engravatado.

― Grite mais uma vez comigo, e estará entre as grades do presídio ou ser punida pela pena de morte por enforcamento, Meinu!

Ela se calou, engolindo em seco aquilo e às lágrimas da humilhação já escorrendo por entre seu rosto.

Masuzoe, o atual governador de Tóquio, a encarou seriamente, quase querendo pegá-la pelo o pescoço e enforcá-la de raiva, por recusar uma proposta milionária.

Mas se recompôs, voltando a ser o gestor corrupto, novamente.

― Mulher não serve para fazer negócios. Homem que sabe negociar. Mulher, só sabe cozinhar, cuidar dos filhos, limpar e cuidar de casa e abrir suas pernas à noite. Já que não aceitastes minha proposta, dentro de três meses, um aviso de demolição chegará ao local de onde mora, este documento se tratará do despejo de vocês e de todos que trabalham lá. Agora, se quiser uma vida boa…. ― Se levantou, curvou-se sobre à mesa, encarando-a e seu braço esquerdo se aproximando da perna esquerda dela. ―, basta deitar-se comigo todas às noites e ser minha Meinu. ― À mão recostou-se sobre a pele pálida das coxas de Jin e ela se levantara revoltada.

Os homens engravatados, logo atrás dela a fez sentar-se novamente na poltrona.

― Se quiser me servir, ser minha Meinu número 01, basta aceitar minha proposta e, daqui ir direto à mansão de onde moro.

― Não. ― Foi o que ela respondeu, encarando-o com extrema raiva e humilhada pelo o que ele disse e quis fazer na frente de todos aqueles homens olhando-a.

― Pense bem. Eu tenho poder, administro à terceira maior economia do mundo junto do presidente, posso mandar uma máquina de demolição ir lá e derrubar tudo com as pessoas que estão lá dentro, caso não aceitar minha proposta. Você que escolhe. ― Falou cinicamente, deixando sua voz sair calma e ameaçadora ao mesmo tempo.

― Não. Pode fazer o que quiser, mas não saio de lá e nem vou ser qualquer uma, que o senhor pega em qualquer prostíbulo aqui ou de Seul. O povo não o vê como defensor, o vê como inimigo, igual eu vejo. Se o senhor me permitir…. ― Levantou-se, engolindo suas lágrimas de humilhação diante daquele homem.

Ele se levantou, indo em direção a ela.

Quando Jin ia dando às costas a ele, o homem pega pelo seu braço e dá seu ultimato à mulher.

― Olha aqui, senhorita Jin, eu, como autoridade da capital, iria ordenar sua morte, mas, como és deliciosa, dar-lhe-ei mais uma chance de repensar sobre o que lhe propus. Agora saia daqui! ― Soltou-a de uma vez e os seguranças a tirou de lá, levando-a até fora do prédio do governo.

Ela saiu e logo chorou por dentro. O governador ia derrubar o orfanato.

Ele irá dar a ordem de despejo a ela.

*******

Alguns dias depois de Pedro chegar em Tóquio e estar no orfanato….

Depois de esperar alguns longos minutos no trânsito, enfim, chegou ao prédio do governo. Suas malas foram levadas a um hotel próximo dali e ele tratou logo de entrar.

Ao se aproximar da porta, ela é aberta bruscamente e uma mulher de meia-idade japonesa esbarra nele e o pede desculpas curvando um pouco o seu corpo.

Ela saiu rapidamente e ele logo entrou. Logo depois foi recepcionado pelos os serviçais e levado até o elevador. Entrou e foi até o último andar, saiu e logo chegou a um corredor com tapetes persas expostos nas paredes juntos de quadros artísticos de Picasso.

Foi guiado até uma porta toda trabalhada com imagens de flores, orvalhos e paisagens. Esperou por alguns segundos e, finalmente, a porta se abriu. Ele logo viu Masuzoe sentado em sua poltrona.

Se aproxima ficando de pé em frente a ele, o homem que estava sentado abre um sorriso naquela cara séria e mal-humorada, o cumprimenta com um aperto de mão já de pé e o chama para sentar-se.

Os dois tomaram suas cadeiras, porém, antes de começarem as negociações foram interrompidos por um jovem que entrou de cabeça baixa e de mãos cruzadas atrás de seu corpo.

― Com licença, meu querido pai. Peço sua permissão para falar contigo.

― Essa voz… eu conheço… ― pensou consigo mesmo. Logo ele se vira para trás ainda sentado na poltrona em frente a maior autoridade na capital do país e reconhece quem era o dono da voz.

Era ele.

Seu coração acelerou ao vê-lo. Rapidamente se virou. Sua concentração foi para os ares.

― Fale Shika (02). Permissão concedida.

― Peço a permissão para pegar minhas coisas de sua residência oficial e leva-las até o meu apartamento.

― Permissão concedida. Nakada, leve os caminhões de mudança e peça para que o secretário da fazenda e economia, pague-os.

― Sim, senhor Governador Masuzoe. ― Ele reverenciou o chefe do executivo da capital Nipônica e saiu logo em seguida da sala.

― Então, o que lhe traz aqui em Tóquio, senhor….

― Rômulo.

― Rômulo, o que lhe traz aqui na capital Tóquio?

― O senhor sabe o que é. Vim aqui negociar o fim do desafio sem constrangimento entre os nossos governos e libertar Danilo.

― Sem o meu aval?

― O senhor acha que vim aqui no escritório para que? ― Semicerrou seus olhos seriamente em direção ao homem à sua frente.

― Está muito ignorante para meu gosto. Isso lhe dará uma bela prisão.

― Só tente encostar um dedo em mim, Masuzoe. Não tenho medo de você e nem do seu governo. Irei libertar Danilo e acabaremos com tudo isto. Não precisamos de chegar a um acordo econômico. Esqueçamos disto e vida que segue.

― O tal DANILO somente será liberado após cumprir o que lhe ordenei.

― O que é então?

― De terminar de falir um orfanato e eu puder construir um shopping ou algo que dê dinheiro ao meu bolso.

― E quanto tempo falta?

― Dois meses e meio.

― Ficarei este tempo aqui até ele cumprir seu dever e o levar de volta ao Brasil.

― Então está decidido. Devolverei os documentos dele somente no dia de sua liberação.

― Negócio fechado, senhor governador Masuzoe. ― Se levantou, apertou a mão dele, fez uma reverência à autoridade executiva, deu às costas, saiu da sala e logo deu de cara com Satoshi logo ao fechar a porta.

― Rômulo-chan (3)?

― Satoshi-chan? ― Sua voz quase não saiu ao ver aquele lindo homem à sua frente, por quem tinha um amor quase que assassino interno.

Glossário

 

  1. Meinu – Prostituta, vad**.
  2. Shika – Veado, veado campeiro.
  3. Chan – Pronome de tratamento carinhoso com pessoas com muita proximidade.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo