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Capítulo 18 (Penúltimo)

 

Jinoyama-Aiko ao final da cremação de seu filho adotivo, Shiromya-Aiko.

 

— Prometi não chorar no enterro de meu filho e vou cumprir o prometido. Ele se foi para sempre. Agora eu que preciso encontrar meu caminho, Danilo. — foi abraçada por Pedro e ele respirou fundo.

Precisava contar toda a verdade. Mas, porém, desencorajou-se. Não era o momento adequado.

— Vamos embora, Jinoyama? Você não precisa sofrer mais do que está sofrendo por agora. — foi a direcionando e saindo do crematório e, logo depois, recebendo o vaso com as cinzas de seu filho.  

— O sonho dele era conhecer o Brasil. Ele tem… quero dizer, tinha uma paixão pelo o seu país. Adorava ver as ilhas paradisíacas Fernando de Noronha, Ilha de Santa Barbara, Angra dos Reis, adorava ver a praia de Copacabana.

— Jin, vem comigo para o Brasil?

— Não sei, Danilo.

— Vem. Não me incomodará em nada. Moro sozinho e você não tem ninguém para se preocupar. É isso que Shiro desejaria. Que você vivesse sua própria vida a partir de agora.

— Não sei. Não tenho coragem.

— Não precisa ter medo. Venha comigo ao Brasil. Quando eu recuperar meus documentos, irei comprar nossas passagens e você irá espalhar as cinzas de Shiro em Copacabana.

Quando eles saíram do cemitério, logo foram cercados de policiais.

— Senhor Danilo Ribeiro da Silva?! — um dos policiais que estavam armados o perguntara.

Seu corpo gelou na hora.

— Senhores, não tem nenhum Danilo aqui…

— Sim, sou eu… — engoliu em seco enquanto encarava os homens fardados e não direcionava seu olhara mulher que estava estranhando ele ter falado que era uma pessoa que não era.

Aí que ela foi sacar o que aconteceu.

Ele fingiu ser uma pessoa que não era.

— O senhor está preso por falsidade ideológica. A embaixada brasileira juntamente com o seu advogado, o senhor Rômulo, pediram sua extradição de volta ao Brasil e já estão com todos os seus documentos pessoais. O senhor não irá a corte japonesa, por já ter um pedido feito pela à justiça brasileira de trazê-lo de volta ao seu país, para ser julgado nas instâncias jurídicas de lá. — alguns policiais vieram até ele e o algemou, o levou a viatura, deixando a mulher para trás.

Mas, antes de eles serem surpreendidos pelos os policiais, ele deixou uma carta no bolso da saia de Jin.

“Querida Jin,

 

Se estiver lendo esta carta, saiba que posso estar preso e longe do Japão. Com grandes possibilidades de estar em meu país-natal. Durante o tempo que passei aí, fingi que era um amigo meu para cumprir uma aposta horrível entre os governantes do Brasil e Japão. Meu amigo pediu-me para que eu fosse no lugar dele. Fiz documentos falsos e fui. O governador Masuzoe pediu-me para que eu a falisse. Eu não consegui fali-la, pois ele mesmo fez aquilo. Eu somente equilibrei as contas, limpei seu nome, garanti todos os pagamentos de salários e direitos dos trabalhadores que foram realocados e limpar sua ficha sobre ter quase sido presa ao ofender o governador de Tóquio. Desculpe-me se a decepcionei. Eu tive medo de contar a verdade e perde-la. Acho que fiz errado, acabei a perdendo por ter sido covarde. Nossa noite passada foi especial, não esquecerei de cada momento em que passamos naquele orfanato vazio, sozinhos, nus debaixo do chuveiro enquanto nossos corpos queimavam na mais pura luxúria. Lembrarei com muito saudosismo e carinho do que passamos. Você é uma pessoa especial em minha vida. Não quero outra mulher a não ser você mesma. Seu sorriso é como raiar do sol, seu corpo é como um lindo violão, onde as notas por si só se afinam e eu as dedilho, fazendo uma linda música ressoar em meus ouvidos. Peço para que me perdoe. Farei de tudo para que venhas ao Brasil.

Isso tudo que tenho a dizer.

Eu te amo.

Atenciosamente,

Pedro Félix de Sá Oliveira”

 

***** 

       Prédio do governo de Tóquio – 19/06/2016

 

— Ele foi preso, senhor Governador Masuzoe. — o chefe de gabinete o avisara enquanto encarava o homem que estava de costas para ele enquanto encarava toda a capital Tóquio.

— Eu governo tudo isto. Todas as pessoas que vejo, são as que tenho o dever de cuidar e dar-lhes uma vida digna. Agora não sei mais o que faço. O brasileiro deve retornar ao seu país, meu filho deve ser condenado a qualquer momento e eu posso ser morto caso eu não renuncie ao cargo e largo a vida política.

— Já tomou sua decisão?

— Já. Tudo isso por culpa do desgraçado do Satoshi. Aquele Shika (1) dos infernos! Se não fosse por ele, colocaria Yoki Masuzoe em meu lugar nas próximas eleições do governo de Tóquio. Tomara que morra!

— Ele não merece o que está passando, senhor governador.

— Está o defendendo?!

— Sim. Ele não merece o pai fracassado que tem. Um homem preconceituoso, fracassado, corrupto e um machista. Ele fez bem em morar longe de você. De preferência num país longe do nosso.

— Está de brincadeira com a minha cara?!

— Não. Hoje é o meu último dia de trabalho. Estarei me transferido para a Coreia do Sul, onde morarei com o meu esposo e os meus filhos, senhor governador. Desejo-lhe sorte ao resto de governo pelos os próximos dias. Adeus. — saiu da sala e nem percebeu a expressão de nojo e asco misturadas ao rosto de Yoichi Masuzoe.

O cara que ele mais pensava em ser um “homem de verdade” era mais um “Shika” igual ele sempre falou de seu filho.

— Só tem Shikas (1) na minha vida! Desgraça!

Pegou um copo de vidro e jogou em direção a um bonçai que quebrou em segundos.

— Eu tinha uma vida luxuosa, uma vida perfeita, um dinheiro que nunca se esgotava, mas, Kami-sama me trouxe desgraça! Eu tenho um filho inválido com uma mulher pobre que o deu a Jinoyama e eu tenho um filho “Shika”! Por que Kami-sama? Por que sofro tanto?! — Começou a destruir as coisas de seu escritório. E, por fim, depois do surto que teve, sentou-se ao canto de sua sala e chorou copiosamente abraçado as próprias pernas e com sua cabeça baixa.

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