Em uma noite de tempestade, Carlos dirigia a todo o vapor pela estreita estrada de chão no meio da mata fechada, com sua esposa, Ana, já em trabalho.

― Amor, não aguento! É muita dor! Ai! ― Ana gritava de dor, o líquido já havia estourado e eles ainda não estavam nem na metade do caminho em direção à pequena cidade onde tinha um porto de saúde aberto vinte e quatro horas para socorrê-la e já fazer o parto normal do primeiro filho homem do casal jovem recém-casado.

Carlos e Ana se casaram quando ainda eram adolescentes de dezesseis e quinze anos de idade na época. Agora, ambos já com mais de dezoito anos de idade, estavam desesperados à procura de um hospital ou uma parteira qualquer para ajudar a coitada a dar à luz para o pequeno ser que estava querendo já nascer e vir ao mundo.

Enfrentaram dificuldades antes de se casarem. Os pais da garota eram pobres e os de Carlos, ricos. Ambos, não aceitavam o casamento pelo mesmo motivo: “O garoto era rico e tinha que se casar com uma mulher rica, de sua altura. E à garota, pobre. Não podia casar-se com alguém da alta sociedade. Tinha que se casar com alguém de sua classe social.”

Enfrentaram o preconceito dos pais e os desafiaram ainda na adolescência. Um namoro complicado, cheio de proibições e conflitos de ambas às partes.

Então, em uma noite, Ana juntou suas roupas, objetos pessoais e fugiu com Carlos para uma casa de verão, em que ele havia comprado com o dinheiro que juntara do emprego em uma das empresas de seu pai. À garota entrou no veículo e os dois foram em direção à casa.

Os pais tiveram que aceitar o namoro, noivado e assinaram para os dois casarem e serem felizes em seu cantinho.

Dois anos se passaram e Ana engravidou.

Os dois já planejavam ter um filho. Já haviam comprado todo o enxoval do filho, Ana tinha um emprego e uma vida financeira estável junto de seu marido. Havia aumentado sua casa nos últimos dois anos, investido em seus estudos, investido em sua carreira como advogada, atuando na parte jurídica e defesa da empresa em que trabalha.

Havia contratado empregados, comprados móveis de luxo tudo à vista e com o dinheiro que ela juntara com Carlos para investir na velha casa de campo um ano antes. Cuidaram da arborização, segurança e compraram dois carros financiados pela empresa de Fernando Mackenzie, pai de Carlos.

Os meses foram se passando, Ana ficando com uma enorme barriga, parecendo que iria ganhar gêmeos e não um garotão do pai ou o homenzinho da mamãe.

Até que um dia, já com três dias depois de completado os nove meses de gravidez, Ana que estava sentada ao sofá, mexendo com os papéis da empresa e com os estudos da faculdade de direito, quando, de repente, sente as dores do parto.

Carlos que estava que estava jantando, ouve os gritos de socorro de sua mulher, gritando que o bebê já estava nascendo.

Ele corre, a pega pelo colo e a leva para o seu carro. A põe, coloca o cinto de segurança, fecha à porta, dá à volta no veículo e entra no banco do motorista, o liga e sai cantando pneu em direção à estrada escura, de chão e um pouco estreita naquela região chacareira.

******

― Amor, está doendo muito! Este posto de saúde que não chega logo! Daqui o Pedro nasce aqui dentro e me deixa toda bamba das pernas! ― Ana ralhava.

― Calma, Ana. Já estamos quase chegando!

― Chegando?! Não estamos nem na metade do caminho! ― Ana olhou-o e o viu concentrado na estrada, enquanto o limpa-vidros retirava a água da chuva.

Carlos acelerou, quando, de repente, surge uma vaca de dentro da mata e para no meio do caminho. O homem que vinha em alta velocidade, desvia e mergulha num barranco.

Além de Ana sentir as dores do parto, também sentia as dores dos baques que o carro dava ao atingir árvores. Cada vez mais, o veículo descia mais rápido, numa descida que não tinha mais fim.

Os dois gritaram de desesperado, até que o carro bate em uma pedra, girando o veículo, fazendo-o capotar várias vezes em alta velocidade, até ser parado por uma árvore de grande porte.

Com à batida forte, Carlos acaba morrendo e Ana sobrevivendo.

Depois de alguns minutos desmaiada, enfim, acorda. Fazia um silêncio assustador. O vidro da frente do carro, havia sido todo quebrado. Ela olha para o lado e tem uma visão assustadora.

Seu marido está morto e sua cabeça toda ensanguentada, seu olho esquerdo saltado para fora, seu braço quebrado com fratura exposta e suas pernas presas entre às ferragens.

― Carlos! Carlos! Você não pode morrer! Carlos! ― tentou reanima-lo, mas de nada bastava. As dores do parto vieram com tudo. Não se sabe de onde ela tirou forças, porém, ela soltou-se do cinto, conseguiu pegar seus documentos e tentar salvar, pelo menos, à vida de seu único filho.

Por fim, consegui se soltar do cinto e sair do veículo já começando a ficar dominado pelas chamas de fogo. Começou a andar pelo caminho que o carro capotou, sendo molhada pela chuva que havia piorado mais ainda aquele tempo chuvoso.

Não se sabe como ela conseguiu andar em linha reta e subir por aquele barranco, mas, quando ela subiu o barranco todo, o carro de onde estava, explodiu…

― Carlos! ― berrou, ajoelhando-se à beirada da estrada. ― Carlos! Ai! Meu filho! Ai! ― suas mãos repousaram sobre seu abdômen e sobre à parte de cima da barriga, logo após os seus seios.

Um carro passava na hora em que ela surgiu na estrada. Pararam há tempo, a pegaram, pôr-a no banco de trás.

― Senhora, o que a senhora fazia lá naquele barranco? ― a mulher do motorista perguntava, secando o rosto da jovem com uma toalha que ela pegara de uma bolsa de viagem.

― Eu e meu marido sofremos um acidente…. Ele morreu ao capotarmos e eu consegui sair do carro a tempo, para tentar salvar à vida de meu filho, antes que vocês chegassem… ai! ― berrou ao sentir mais contrações vindas e o bebê já posicionado para nascer.

― Senhora, como é teu nome mesmo? ― a mulher perguntava, já preocupada, secando o rosto dela e pondo uma coberta para aquecê-la.

― Ana. ― respondeu, agonia, angustiada e desesperada pelo o seu marido, o amor de sua vida ter morrido. ― Ai! Por que a merda da cidade não chega logo?! Ai!

****

Enfim, o casal que socorrera Ana, finalmente chegaram à cidade e a levaram para o posto de saúde. Chegaram lá, às duas enfermeiras socorreu-a, levando-a para à pequena sala de triagem.

Tiraram tudo que estava à volta da maca, deitou à grávida sobre à cama.

Às mulheres deixaram o casal, já preocupado com Ana, pelo lado de fora da sala, trancaram à porta e foram dar à luz ao menino que já estava a nascer.

O tempo se passava muito rápido, mas nada do bebê vir ao mundo.

Até que sua cabeça sua cabeça ressurge e ele começa a chorar, quando sua cabeça já estava fora do corpo de sua mãe. Uma das enfermeiras o pequeno garoto que estava, já o puxando e ajudando Ana a tirá-lo de sua barriga.

Finalmente, elas cortaram o cordão umbilical do bebê, o enrolaram numa toalha própria para recém-nascidos e deram-no para sua progenitora. Às gotas de água misturavam-se com às de suor da mãe que acabara de parir um filho, junto com seu extremo cansaço em empurrar, com seu corpo internamente, o pequeno corpo para fora.

Ana já não aguentava mais nada. Estava, praticamente, morta de cansada e não aguentaria ou ter-lhe-ia forças para segurar seu filho unigênito.

― Senhora, segure seu bebê um pouco. Daqui a pouco vamos dar os devidos cuidados para ele e encaminhá-los os dois para o hospital da cidade próxima daqui. ― falou a enfermeira, aparentando ter uns cinquenta anos de idade, pele pálida, olhos azuis, cabelos amarrados num coque de cor amarelada misturada ao branco.

― Sim. ― Estendeu sua mão e o segurou. Logo ele aquietou, ao sentir que estava nos braços da pessoa que o amava incondicionalmente. ― Pedro Henrique dos Santos, vai se chamar. ― disse, já deixando suas lágrimas rolarem por seu rosto.

― Moça, a senhora é solteira? ― perguntou à outra das enfermeiras, anotando todas às informações a respeito dela.

― Viúva. Meu marido acabou de morrer num acidente agora a pouco, quando víamos para cá. ― Envergonhada, apenas segurou seus soluços e sentiu seu peito arder de dor, de tristeza e desespero de seu filho não uma figura masculina em sua vida para cria-lo e ensinar os valores e princípios de um homem.

― Meu Deus! Vou chamar à Polícia! À senhora trouxe seus documentos?

― Sim. Estão na bolsa daquela mulher que me socorreu e trouxe-me aqui.

― Ok. Vou chamar os policiais a comparecerem aqui e vou chamar o motorista da Ambulância para vir aqui te buscar, logo depois dos policiais fizerem todo o processo de registro de perícia em você e ir ao local. ― Deu às costas e à outra enfermeira foi cuidar do bebê.

Ana foi levada ao hospital, já tinha dado depoimento e os homens começaram a investigação

No caminho, não parava de chorar, por causa de seu falecido marido e agora estaria sozinha e o avô de seu homem ia tentar tirar à guarda de seu filho dela. À enfermeira teve que sedá-la para ela se acalmar.

Chegou ao hospital, a socorreu e logo descansava em um quarto UTI neonatal junto de seu filho.

Passou-se dias, ela saiu do hospital, registrou seu filho e voltou para sua casa num táxi alugado. Demorou três horas de viagem, até que chega, finalmente, em sua casa tão amada. Pagou o taxista, pegou sua pequena bolsa de roupas de seu bebê e ela, somente com à roupa do corpo, fechou à porta do veículo e andou em direção à sua residência.

Entrou, e logo viu seu sogro sentado ao sofá, junto de sua mulher.

― Ana, sua estúpida! Assassina! ― ele a xingara, se levantando e andando em sua direção.

― Olha à boca e como fala comigo! Está em minha casa e não vou aceitar que fale estes tipos de coisas na frente de meu filho!

― Meu neto e eu vou leva-lo! Me dê ele agora! Ande! Me dê ele! ― se aproximou dela e, ela foi recuando!

― Ana, dê Pedro para nós! Você não tem condições de cria-lo nem a si mesma, vai querer criar um bebê?! Dê ele aqui logo! Vamos saber cuidar dele.

― Não! Eu sofri um acidente, seu filho morreu por sua causa… ― apontou para à mãe de Carlos. ―, e por causa! ― apontou para o pai dele, com à outra mão, segurava seu filho, logo os dois braços aninhavam o pequeno ser, apertando, levemente contra o corpo de Ana. ― Agora inventam de vir até minha casa tentar roubar o meu filho?! Não vou deixar! Ele é meu e de mais ninguém! Se não saírem daqui, vou chamar a polícia e contar que vocês estão tentando roubar meu filho!

― Nos entregue este moleque, agora! ― o homem berrou, aproximando-se de Ana, que já se afastava para trás, quando encosta em um criado-mudo, abre à gaveta e saca uma pistola ponto 40 de lá, apontando para o homem já velho.

― Eu só vou te entregar o meu filho, quando eu morrer lutando para que eu não o deixo sair daqui. ― falou, convicta de que teria coragem para matar, para defender sua cria.

― Ana, calma. ― O homem aconselhou, já com voz calma.

― Ah, agora que está sob a mira de uma arma, o machão fica igual à uma baitolinha com medo é? Eu sou mais macho e tenho mais coragem de matar alguém, do que você ter coragem de tomar o filho de uma mãe, só porque o marido falecido dela, é seu filho.

― Vamos conversar, Ana? Com calma, por favor?

― Eu só converso na bala. Ou sai daqui vivo, sem o seu neto e nunca, nunca mais me procure e nem mande ninguém tomar meu filho, ou sai você e sua mulher mortos daqui. E eu não brinco em serviço. Você que escolher. ― Engatilhou à pistola, sobrando quatro balas disponíveis para matar quaisquer pessoas.

― Você vai se arrepender, vadia. ― Dizia o homem com às mãos para cima e andar, lentamente, para fora de casa, saindo da sala de estar e indo para à área de casa junto de sua mulher, que não se manifestava em nenhum momento.

Os dois entraram no carro ao lado da casa e foram embora, para sempre.

Ana entrou, guardou à arma dentro do criado-mudo, sentou-se do lado dele, ainda com seu filho aos braços. Ele começou a chorar, logo ela balançava-o para acalmá-lo.

― Calma, filho. Vai dar tudo certo. Calma. ― Às lágrimas desciam sem parar, até que ela não aguenta e deixa seu choro invadir à garganta.

Dois anos depois, seu filho já com dois anos de idade, fica órfão de mãe e pai. Ana sofreu uma parada cardíaca e ele ficou sob à custódia de sua tia Marlene, que o cuidou até ele completar seus dezoito anos de idade e ir morar na capital do estado.

*****

Tóquio, Japão.

Um garotinho havia nascido, bem no mesmo dia que Pedro nascera, mas não no mesmo ano. Ele era um ano mais novo.

Mas, uma família tradicional, retrógrada, não aceitou à pequena diferença de Shiromya-Aiko. Ele é deficiente físico. Quando ele nasceu, apenas chorou, movimentou os braços energicamente, mas nada de suas pernas darem sinal de vida.

À mãe logo após ver aquilo, falou que Kami-sama havia amaldiçoado sua família com um inválido em sua vida. Todos os seus cinco filhos já nascidos eram fortes, saudáveis e tinham movimentos sobre suas pernas e quanto a Shiro, não tinha funcionalidade, serventia nenhuma para aquela família agricultora.

― Sumi, largue esse lixo em qualquer lixeira. Ele não vai ter serventia nenhuma para nós!

― Para quê jogá-lo em um lixo? Vamos colocá-lo em uma cesta e deixar numa casa de cuidados para deficientes. Pelo menos lá, eles vão dar serventia para esse moleque e Kami-sama nos abençoe novamente com um filho saudável e “normal”. ― Enfatizou na última palavra que falara.

― Está certo. Pode leva-lo a qualquer orfanato e largue-o lá. Não quero inválidos em minha família. ― À mulher se levantou da maca, guardou suas coisas na bolsa e às roupas de Shiro, ela juntou num monte e queimou-as ao ar livre.

Sumi, enrolou seu filho num cobertorzinho, o colocou numa caixa de papelão velha, entrou em seu fusca velho e o levou para um orfanato perto de seu sítio.

Ele escreveu um bilhete e nele dizia:

“Fiquem com este inválido. Kami-sama nos amaldiçoara e queremos o motivo dessa maldição e quebra dela, bem longe de nós. Fiquem com ele e boa sorte. Não queremos um homem que não possa lavrar uma terra ou colher arroz. Adeus. “

À diretora do orfanato viu o veículo saindo de frente à instituição e correu em direção à porta de entrada. Ao abri-la, avistou um bebê dentro de uma caixa de tamanho médio de papelão.

Ela correu em sua direção, pegou à caixa e o levou para dentro do local.

Ficou perplexa com tamanha maldade do ser humano e à que ponto ele pode chegar para abandonar um filho, e ainda por cima, inválido! Um filho especial, de cuidados especiais, ser abandonado a migalhas.

Ela leu o bilhete, ficou chocada e logo duas funcionárias chegaram para ver o que havia acontecido.

― O que aconteceu, senhora Jin-San? ― perguntou sua secretária.

― Um homem largou um bebê…. Inválido. ― Dizia, com sua voz inteiramente embargada, à ponto de explodira em choro.

― Por Kami-Sama! Como alguém pode abandonar um bebê especial, novamente?! ― dizia à outra que chegara junto com à secretária.

― É o que me pergunto… Todo os dias. Como alguém quer um filho perfeito, que ande, que trabalhe, sejas saudável e não quer um filho que tenha deficiência física?! À que ponto chegamos, Hiro e Saki?

Lavou o pequenino, pegou algumas roupas de bebê que haviam no orfanato e pôs nele. Jin, o pegou no colo, aninhando aos seus braços. Logo o bebê que pedia o peito de sua mãe, acalmou-se ao ouvir aquela voz suave, calma, serena da diretora do orfanato.

O local havia sido passado para modo estatal e era sustentado pelos os recursos pelo o governo de Tóquio e sido o único a acolher inválidos e dar-lhes uma chance de serem “aceitos” na sociedade nipônica ou em qualquer país.

Mas, porém, os pais não deixavam mais seus filhos lá. Eles, por pura maldade, jogavam às crianças na rua ou deixavam-nas perdidas na floresta, para que lobos ou outro animal as devorassem. Isso, nos dias atuais.

Então, o orfanato foi esvaziando-se.

Às crianças que restaram lá, tornaram-se adultas e foram tentar uma vida melhor fora do país nipônico. Então, só sobraram elas e às cuidadoras no local.

Com à chegada de Shiromya no local, uma luz de esperança e ódio se acenderam nos corações daquelas mulheres e de todos os homens que eram funcionários de lá.

― A partir de hoje, você se chamará: Shiromya-Aiko. Meu pequeno raio de sol. ― Dizia Jin ao batizá-lo e registrá-lo como se fosse sua mãe e colocando pai desconhecido.

Ela, como não tinha uma casa para morar, ficou com um quarto presidencial no último andar do prédio, num andar para dormitórios. Então, pedira que trouxessem um berço do quarto dos bebês e todas às roupas de menino que elas tinham nos guarda-roupas e as porem no guarda-roupa ao lado do berço que fica do lado da cama dela.

― A partir de hoje, meu Shiro, terás uma família de verdade. Uma família que vais cuidar de ti. Durma bem, meu pequeno raio de sol. ― Beijou docemente à testa do pequeno bebê e o pondo dentro de um berço.

DEZESSETE ANOS DEPOIS….

― Shiro, se senta. Vou te ajudar a ir ao banheiro. ― Jin já se oferecia para ajudar, mas logo recebe a recusa de seu filho.

― Não precisa, Jin-Chan. Posso me sentar sozinho. ― respondeu, se sentando e se empurrando com os braços em direção à cadeira de rodas, sentando-se, logo após nela. ― Viu? ― deu um longo sorriso aberto para ela, que logo retribuiu com um afago nos cabelos lisos e escuros.

― Mas é eu que vou te levar para passear hoje no parque das árvores e te contar um pouco sobre à Segunda Grande Guerra que aconteceu em meados dos anos 40 aqui em nosso país e sobre à Floresta dos suicídios. Vamos lá lavar seu rosto e ir tomar café. ― Empurrou à cadeira em direção ao banheiro adaptado e os dois fizeram sua higiene matinal.

Eles desceram para à sala de chá, sentaram-se e logo sentiram o cheiro de chá de erva-doce invadirem às narinas deles. Jin ajudou a Shiro sentar-se sobre o chão para ajeitar-se à mesa baixa.

À senhora, Kun, cozinheira do orfanato, chega com o café da manhã à sala. Põe sobre à mesa e cumprimenta os dois, inclinando seu corpo para frente.

― Arigatou (1), Kun. ― Jin e Shiro agradeceram o chá e o café que fora servido para eles.

O sol já esquentava o ar fresco e o tempo frio que já se afastava, cada vez mais. Os raios solares pelas grandes janelas da sala de chá, em estilo de uma casa de gueixas.

À mulher sorriu, agradecendo-a visualmente e logo dando costas, procurando a fazer seus afazeres.

― Shiro, meu raio de sol. ― Sua mãe o chamou.

― Sim, mama. ― Seus olhos amendoados, brilhosos, olhavam em direção à mulher. Shiro é um garoto diferenciado de todos. Claro, por sua deficiência, mas isso é o de menos. Ele tem características físicas que atrai ou chama à atenção de qualquer pessoa. Por exemplo, seus olhos são “puxados”, amendoados, seus lábios pequenos e carnudos, seu rosto pálido, magro, cabelos castanhos ondulados que chegam aos ombros e repicados, sua voz doce e sua personalidade magnética. Por isso, o faz ser tão especial ou diferente de todos os outros a sua volta.

― Qual o seu maior desejo? Ou maior sonho?

A encarou, um pouco receoso de sua resposta.

― Voltar a andar…. ― Baixou sua fronte, engolindo em seco.

― Se Kami-sama (2) quiser e permitir, você voltará a andar, meu raio de sol. ― O abraçou de lado, atravessando seu braço esquerdo por de trás da nuca dele, repousando sobre o ombro, logo afagando os seus cabelos. ― Não é só porquê nasceu paraplégico, que não possa andar. Viu o que o Doutor Mack, aquele doutor lá dos Estados Unidos nos falara na última consulta?

― Não. O que é? ― encostou sua cabeça ao ombro dela.

― Que você pode andar. Só que precisará de uma cirurgia para reparar o erro dos dois ossos das suas pernas e você poderá andar normalmente, igual eu, à senhora Kun, à Hiro e à Saki.

― Pena que não temos dinheiro para isso, mama. Mas estou feliz por estar nesta cadeira, com à senhora, à Kun-San e às meninas que trabalham aqui. ― respondeu-me, voltando-se ao seu chá, bebericando o líquido, do qual saía o vapor dele, contrastando que ele havia acabado de ser fervido.

Os olhos de Jin nublaram-se, mas ela segurou às lágrimas.

O maior sonho dela, era que seu filho andasse. Uma simples má-formação nele que podia ser corrigido, porém, à cirurgia era muito cara e ela havia sido inserida a poucos dias no país nipônico, não havendo um número de cirurgiões para atender à demanda de pacientes com má-formação nos ossos ou em outras partes do corpo.

Os dois saíram do local e foram passear pelo o parque e à floresta, depois ir visitar o memorial das vítimas do horror da segunda guerra mundial

Jin estava a prestar atenção na explicação que o guia dava, quando, de repente, seu celular toca. Em um ato de respeito, ela pediu desculpa, encerrou à chamada e se retirou de lá, deixando seu filho junto de outros garotos que o acompanhavam ou estavam a passear pelo o local.

O número voltou a tocar, ela atendeu e logo soube da notícia, que não era boa.

Glossário

 

  1. Obrigado
  2. Deus

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