Ao jogar suas malas ao canto do quarto, tira seu terno, todas às vestes de um jantar de gala, ficando somente de cueca. Procurou pelo o seu banheiro, viu uma porta ao canto de seu quarto, foi em direção a ela, abriu-a e constatou de que se tratava do local de banho. Antes de entrar, reparou que seu quarto era um pouco maior, do espaço de quartos de crianças em um orfanato, que são grandes e cheios de beliches.
Entrou, viu uma pia de porcelanato, quadrada e grudada numa armação de madeira, com um espelho grande em formato oval, com outro quadrado à parede de tamanho de uma pessoa, o vaso acoplado ao lado da pia, armários em quadrados grudados acima dele, com produtos higiênicos e com toalhas brancas.
Abriu o box, ligou o chuveiro em temperatura quente e começou a banhar-se, sentindo aquela água aquecer seu corpo, numa vã tentativa de tentar relaxar e esquecer à loucura que fez pelo o seu melhor amigo, Danilo.
Pegou um dos sabonetes de cor verde, com desenhos de flores em formato de folha, dentro de uma vasilha de porcelana ao lado do box e esfregou-o pelo o seu corpo, espalhando aquela espuma por entre seus gominhos definidos, pelo o seu peitoral definido, sobre aqueles músculos eretos com alguns pelos ralos, aos seus braços fortes, em suas coxas grossas e entre suas pernas, lavando seu órgão genital.
Quando estava se lavando, ele não percebeu, mas Jin entrou em seu quarto para trazer chá e cobertores para ele. Terminou de enxaguar-se, pegou uma daquelas toalhas brancas e enrolou-a sobre sua cintura e saiu do banheiro, quando ele saiu, Jin olhou-o e logo engoliu em seco ao ver aquele homem musculado, atraente, com seu corpo definido em sua frente.
Ele percebeu logo que ela estava ali e seus olhos não piscaram, por nenhum instante, por causa dela.
― Aqui está…. ― Pigarreou. ― Seu chá e os cobertores, senhor Danilo. ― Sua expressão de vergonha, transformou-se em séria.
Engoliu em seco à visão que teve em sua frente, desejou-o um boa noite e saiu de se quarto, indo ao dela.
Ele trancou novamente à porta, já sabendo que ela tinha uma chave extra do mesmo, tirou sua toalha, ficando nu e secou-se nela.
Pegou uma cueca box de cor vermelha, vestiu-a e, depois, vestiu uma calça moletom de cor cinza e se deitou sobre o futon, embrulhando-se sobre os cobertores grossos e logo caindo em seu profundo sono.
Tentaria dormir por algumas horas, até chegar na hora do almoço e ele começar já a atuar como Danilo e tentar, de todas Às formas, acabar com o orfanato e ele poder ir embora.
*****
Passando-se algumas poucas horas, Pedro acorda e logo suas narinas sentem o aroma de peixe frito com Shoyo e um aroma adocicado tomar seu ar.
Seus olhos abriram lentamente, espreguiça-se, se levanta, veste uma calça jeans de cor azul, camisa social branca e se perfuma.
Não queria passar à imagem de que era porco e desleixado com sua higiene e vaidade.
Ao terminar de se vestir, escuta batidas em sua porta. Ele vai até lá, abre-a e fica estático diante do garoto de, mais ou menos, dezessete ou dezoito anos de idade, com deficiência física em suas duas pernas e era o garoto que via em seus sonhos.
― Você? ― Foi à única coisa que conseguira proferir naquele momento.
O menino pareceu conhece-lo. Seus olhos arregalaram-se de espanto, que, logo depois, transformaram-se de felicidade, alegrando o coração do homem que estava ali.
― Bom dia, senhor! ― Sorriu, cumprimentando-o. ― Vim chama-lo para almoçar. Mama preparou um salmão frito com Shoyo delicioso! Venha, vamos descer! ― Chamou-o.
― Bom dia. Você, por acaso, se chama Shiromya Aiko?
― Sim. Como sabes meu nome? Mama te contou? ― Estranhara à pergunta de Pedro.
― Parece que eu vi você de algum lugar. Parece que o conheço de meus sonhos. ― Respondeu, deixando o garoto estranhá-lo mais ainda.
― Deves que viu alguém parecido comigo por aqui no Japão. Já que nós somos iguais. ― Gargalhou, levando o outro homem a rir junto com ele.
― Isso deve ser coisa da minha cabeça. Mas, já vi você e outra mulher juntos em uma represa e ao seu redor, estava cheio de pés de cerejeiras e você e ela estavam sentados à beira da represa coberta pelas flores daqueles pés, dando comida aos patos que lá nadavam.
― Nossa. Eu e mama, visitamos o parque esta semana e demos comida aos patos lá da lagoa! És vidente?!
― Calma, garotinho. Isso só deve ser coisa da minha cabeça. ― Desviou o assunto, quase nervoso de ele começar a desconfiar que Pedro estava por Danilo.
― Senhor Danilo, vamos almoçar. Mama está nos esperando. Empurra minha cadeira? ― Pediu-o. Mesmo com uma voz grossa e seu corpo já crescido e ele com sua mente sã, sem nenhuma deficiência, ainda parecia um garotinho, o bebê de sua mãe.
― Sim. ― Respondeu-o, já fechando à porta de se quarto e indo para de trás da cadeira de rodas de Shiro. Chegou por de trás da cadeira, pegou pelas duas alças dela e empurrou-a, logo sentindo o pesar do corpo magro do filho da mulher que ele teria que “fiscalizar” durante três meses.
*****
― Hiro, quem era aquele senhor que você falou mais cedo, que estava com aquele homem que veio me perturbar durante três meses?
Hiro olhou-a de soslaio enquanto terminava de pôr chá em sua xícara. Calou-se, pensando que Jinoyama ia mudar de assunto. Mas se enganara.
― Era o seu ex-marido que a abandonou por outra? ― Jin tocou em uma ferida, que, não cicatrizara na velha zeladora do orfanato.
― Chega deste assunto, senhorita Jinoyama Aiko. Este assunto, para mim, está morto. Igual meu amor por Nagani. ― Encerrou, finalmente, aquele assunto que lhe trazia os velhos fantasmas de seu passado sofrido.
― Desculpe-me, Hiro. ― Desculpou-se, encolhendo-se ao canto da mesa baixa, em que estava sentada à sua ponta.
Então, Shiro e Pedro entram na sala de jantar, que era ao lado da sala de chá e recepções. Ele fica estagnado ao encarar de frente, à mulher que vira desnuda em seus sonhos.
Engoliu em seco quando seus olhos se encontraram com os olhos “puxados” de cor negra e daquela pele pálida.
― Bom dia, mama! Bom dia, Hiro-chan! ― Sorriu, cumprimentando às duas mulheres. À mais velha, curvou sua cabeça, expressando um leve sorriso em sua boca e, à mais nova, apenas deu um “bom dia” para seu filho, virando seu rosto logo depois ao encarar o homem que ficaria em seu orfanato durante o tempo determinado pelo o homem que veio avisá-la sobre isto.
― Dê bom dia ao senhor que trouxe seu filho, moleca! ― Hiro ralhou, para Jin.
― Não dou, “bom dia”, a quem fica torcendo pela minha derrota. Com licença! ― Saiu da sala de jantar, passando por ele e esbarrando seu ombro esquerdo ao direito de Pedro, nem dando atenção a seu filho.
― Sente-se senhor. O café está posto à mesa. ― Hiro convidou-o a sentar-se. Ele curvou-se em respeito à mulher já de idade e logo se sentou ao chão, tendo a visão de uma mesa farta de comida, peixe frito e chá de hortelã, feito na hora, borbulhando no bule.
― Bom dia, senhora….
― Hiro. Bom dia, senhor. Soube que vais passar três meses aqui, é verdade? ― Indagou séria. Sua expressão amistosa, transformou-se numa expressão séria, tentando descobrir algo dele, apenas com seu olhar.
― Verdade. ― Respondeu, nervoso.
― Sobre o quê, exatamente, vais fiscalizar, Jinoyama-san?
Mas, ela é investigadora ou o quê?!
― Sobre como…. Como…. Como ela vai administrar o orfanato e conseguir arrecadar fundos durante estes três meses, para poder se tornar uma instituição do governo e ele poder repassar, mensalmente, fundos para manter o orfanato. ― Contou-lhe os detalhes, mas não contara sobre à parte de fazer ela desistir, ou, até mesmo, fazer ela perder e ele poder assinar o contrato de associação de uma empresa estatal japonesa e outra estatal, brasileira.
― Hum. Estarei torcendo por ela. Vigie. Aqui no Japão, não é brincadeira, igual ao Brasil. Nós japoneses, prezamos pelo o nosso respeito, nossa honra. Então, não tente fazê-la perder. Seja homem e jogue limpo. Está me ouvindo, rapaz?!
― Sim. Estou te ouvindo. ― Respondeu-lhe, já suando frio e temendo que algo saísse dos planos do presidente da estatal, do governador e das mãos dele.
― Que bom. Jogue limpo. Porque aqui, não é o Brasil. Aqui, é o meu Japão. À minha terra lavada do sangue dos meus pais, durante à segunda guerra mundial, que houve há cem anos atrás. Bom almoço e boa sorte. Com licença. ― À mulher saiu silenciosa e o garoto, pôde, enfim, falar com o homem que passaria alguns meses junto dele.
― Não liga para ela. Ela é estranha assim mesmo. Tome seu chá, senhor Danilo. ― Shiro desceu da cadeira, sentou-se à mesa, ao lado dele e passou à xícara de chá de hortelã para Pedro.
― Obrigado, Shiromya.
― Me chame de Shiro, mesmo.
― Está bem, Shiro. ― Bebericou um pouco do líquido fervente dentro do recipiente todo decorado de flores e alguns “kanjis”.
Saboreou o salmão frito com Shoyo, os “sushis” preparados e sorvete de pistache que Hiro havia preparado um dia antes de ele chegar ao local.
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Apartamento de Satoshi
Ainda era tarde da noite, quando ainda deitado, seus olhos não permitiam que ele dormisse. Rômulo, sua família, sua expulsão de casa, sua sexualidade, seu trabalho estressante eram os motivos pelo o qual ele não conseguia pregar os olhos.
Tirou o coberto de cima de seu corpo, levantou-se, esfregou seu rosto com as mãos, suspirou e seus olhos miraram a maleta de couro que continha uma bomba-relógio no colo de seu pai.
Lembrou-se de quando, finalmente, conseguiu aquilo.
Um funcionário, braço direito de seu pai, pegou as notas fiscais, vídeos, fotos e documentos comprovando a corrupção generalizada dentro da gestão Masuzoe. Até escândalos de assédio e abusos sexuais tinham no meio da tempestade.
Decidiu que ainda não era a hora de entregar aquilo a polícia. Comprou folhas e um scanner, fez cópias de todo aquele dossiê e escondeu-os em um cofre que só ele sabia onde estava escondido e sua senha.
Voltou a cama, sentou-se e logo Rômulo vem a sua mente. Era um caso sem solução. Ele ama muito o homem brasileiro. Seu corpo ama-o muito. Mais do que ele imaginava.
Pegou seu celular e abriu o aplicativo de mensagens.
Viu que o seu amado de terras tupiniquins, havia enviado vários áudios, textos e fotos. Ele não poderia se entregar agora. Não agora.
Tem que decidir se acaba com as provas da bomba-relógio do governo de Tóquio, ou se entrega para a Procuradoria-geral da capital e para a Assembleia de deputados.
Deitou-se na cama, cobriu-se, pegou o celular e abriu a foto de perfil de seu homem. Ficou olhando-o até lágrimas surgirem e ele chorar até dormir.
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Algumas semanas antes…
― Sente-se, Satoshi.
O jovem advogado acomodou-se na cadeira ao fundo do restaurante junto de um dos braços direitos de seu pai. Todo o tempo ele ficava olhando para os lados, para não levantar suspeitas ou ver se alguém estava o seguindo e espionando-o.
― Eu trouxe o que juntei, jovem. ― Entregou a maleta e levantou-se para ir embora, porém, voltou para lhe dar um último aviso. ― Esquece que eu vim aqui. Não sei de nada. Não vi nada. Nunca tiver uma relação próxima ou cheguei a ter convivência com você. Por via das dúvidas, guarde esta maleta num cofre e faça cópias de tudo que há aí dentro.
― Sim. Muito obrigado, senhor….
― Não fale meu nome. Isso é uma obrigação de você, como cidadão, jurista e advogado para com a população de Tóquio. Entregue estes documentos a Procuradoria no tempo certo. Saiba dar o xeque-mate em seu pai. Adeus. ― Ele deu às costas e foi embora rapidamente dali.
Satoshi escondeu a maleta por debaixo de seu paletó, pagou a conta, saiu do restaurante, entrou no seu carro e deixou a “bomba-relógio” no banco do carona.
Teve ainda a sorte grande de não ter nenhum de seus parentes presentes em casa, correu para o seu quarto e escondeu-a.
Aquilo não podia cair em mãos erradas.
No mesmo dia, soube que ia ao Brasil em prol do governo e Tóquio para conseguir minério e alguns políticos “ajudarem” os bolsos de Masuzoe.
Dias depois viajou ao país tropical, abençoados por Cristo e bonito por natureza.
Chegou ao hotel que ficava em frente à praia de Copacabana. Como ainda era dia, ele resolveu ver aquela visão do mar mais próxima. Vestiu uma camisa regata, uma bermuda, passou um protetor solar para sua pele sensível e foi andando a pé até a praia.
Antes de pisar na areia, seus olhos vislumbraram um homem, praticamente deus-grego em sua frente, jogando futevôlei. Estava apenas de cueca e a visão era maravilhosa.
Todos pararam de jogar e foi aí que aquele homem o viu. Ele soltou um sorriso de orelha a orelha, enquanto Satoshi ficou parado olhando-o fixamente.
― Olá! Você é estrangeiro ou fala minha língua? ― O homem falou em inglês e ele respondeu na mesma língua.
― Sim. Um pouco. ― Respondeu num português enrolado.
― Bem. Está precisando de uma ajuda para ir a algum lugar?
― Não. Só estou vendo a praia. Acabei de chegar do Japão e resolvi ver essa paisagem linda. ― Respondeu em inglês, que era melhor para se comunicar e não parava de reparar no corpo malhado daquele homem.
― Ah, tá. Esqueci. Me chamo Rômulo. ― Apertou a mão dele e logo sentiu algo estranho acontecer com seu corpo.
― Satoshi-Masuzoe.
― Quer ir tomar uma água de coco comigo e conhecer um pouco da idade maravilhosa.
― S.… sim. ― Respondeu timidamente, depois foi seguindo o homem que o chamou até um quiosque próximos deles ali.