Pedro, viu o garoto que vê em seus sonhos, deitado sobre o futon, dormindo feito uma criança. Foi então que pôde, então, sair do quarto dele e ir a outro, sentindo um aroma adocicado e lágrimas sendo derramadas pelo o chão.

Sentiu empurrado. Num piscar de olhos dele, já estava dentro de um quarto ao lado do de Shiro e viu uma mulher, abraçada às próprias pernas, encosta à parede do quarto.

Estava somente de camisola, sem seu sutiã e calcinha, então, ele se sente um pouco desconfortável ao vê-la naquelas vestes, porém, seu corpo amolecido no meio de suas pernas, teve uma reação e ficou a ponto de bala.

Desejou tanto acordar e aquele sonho estranho acabar de uma vez, que ele começou a dar tapas em seu rosto, numa vã tentativa de sair daquele pesadelo.

Logo à mulher levanta sua cabeça e olha em sua direção, mas ela não percebe à presença de Pedro naquele quarto. Começa a acalmar-se, se levanta e o homem que a via, engole em seco ao ver aquele corpo magro sob aquela camisola de cor branca transparente, andar pelo o quarto em direção, mostrando à uma luz parcial sobre o quarto, os seus seios médios inchados, seu corpo magro, sua bunda mediana, mas chamativa. Não deu tempo de ver mais, contudo, viu ela despindo-se de costas para ele e entrar no banheiro, mergulhando no ofurô.

Amanhece e ele acorda. O sol já adentrava seu quarto e outro dia já havia começado.

Ao abrir seus olhos, se depara com três homens de pé em frente ao seu futon.

― Levante-se homem. É hora de arrumar suas roupas e ir cumprir o desafio. ― Dizia o homem mais velho.

Pedro se levantou rapidamente, arrumou seu futon, foi ao banheiro e lavou-se rapidamente, veio ao quarto correndo e se arrumou na frente deles.

Quando terminou de arrumar-se, os homens pegaram suas malas e as levou para o carro, levando-o junto também.

Um dos seguranças se sentou ao banco do motorista, enquanto o outro se sentou no banco do carona. O homem mais velho do trio, se sentou no banco de trás, junto de Pedro.

― Você será o homem que “fiscalizará” o orfanato durante os três meses, para conseguir levantar fundos todos os meses que ficará lá, para poder ficar lá no local. Se não conseguirem arrecadar fundos para poder manter os funcionários e tudo em geral, o estado manda uma carta de expulsão de todos os moradores de lá e manda demolir o local, que é o intuito nosso.

― E o que querem fazer lá, depois de demolirem aquilo? ― Pedro indagou, estranhando o que estava para fazer, ou tentar fazer pelos os próximos três meses.

― Vamos mandar construir prédios, superfaturar contratos e associar à estatal brasileira com à nossa e ganharmos bilhões de dólares com isso. Simples assim. É um desafio que compromete o governo brasileiro e o japonês daqui de Tóquio. Não vá fazer cocô, senão o governador Masuzoe cai e é preso por corrupção. Então, faça valer à pena e ganhe este desafio, para ele poder assinar o documento autorizando à união entre os dois países economicamente e culturalmente, para podermos lavar dinheiro. Ok? ― Pedro ficou impressionado com o que ele falara e com mais medo de que tudo dê errado e ele morra lá e ninguém mais saiba notícia alguma sobre seu paradeiro.

― Ok. Arigatou. ― Agradeceu-o pela à pasta que foi lhe entreguem em suas mãos e o veículo parou em frente à um prédio de, mais ou menos, uns seis sete andares, um pouco desgastado pelas À chuva e o tempo, um enorme gramado a sua frente, com uma cerca pequena de tijolos paralelepípedos, árvores ao redor dela e um floresta logo atrás do prédio.

― O teatro vai começar. O jogo vai começar. O desafio já está sendo realizado. Vamos entrar e já deixá-lo-ei responsável pelo o que vai realizar. Desejo-lhe boa sorte e cuidado com o que vai fazer. À morte rondou por estas terras, há setenta e dois anos, cuidado para não a chamá-la antes de terminar o seu desafio. Aqui, não temos dó. O sangue lavou essa terra, choro, lágrimas, agonia e angústia foram derramadas sobre nosso país. Não seja um burro e não foda, Jinoyama Aiko. Entendido? ― O homem ameaçou-lhe.

― Sim. Entendidos.

― Então, vaza fora do carro e se vira para cumprir com o que se comprometera a fazer. A partir de agora, não tenho mais responsabilidades contigo. Você que se vira com o governo e o presidente desta empresa. Boa sorte, garoto. ― À porta do banco de trás de Pedro, foi aberta e ele saiu, junto dos homens que o acompanham até à porta.

*****

O governador conversava com Satoshi Wan em seu escritório, relacionado ao desafio que começara há alguns minutos.

― Senhor Governador, o que vai fazer quando eles descobrirem que tudo é uma farsa para o senhor lavar dinheiro e gastar dinheiro público com despesas pessoais? ― Falou para ele, um pouco alto.

― Cale-se, verme! Quer acabar com minha gestão e minha diversão? Se alguém descobre isso, estamos ferrados! ― Ralhou, advertindo-o da quase merda que ele ia fazer.

― Está bem, senhor Governador. E quanto ao governo brasileiro, o que ele vai fazer quando descobrir é só uma farsa sua?

― Cancela nossas relações econômicas, perdemos à exportação deles e nos ferramos. Mas, porém, quem disse que precisamos de minérios de um país vasto de corruptos? ― Levantou-se, pôs suas mãos dentro dos bolsos de sua calça social e se virou para à parede vidro que refletia parte da capital, Tóquio.

― E o senhor acha que não é corrupção e lavagem de dinheiro que faz? Sabe que o salário de corrupção aqui é à morte, caso comprovado e provado.

― Então serei condenado por outro crime. ― Respondeu, encarando os prédios, seriamente,

― Por qual crime?

― Assassinato de gestores cagões feito você. Parece que não tens uma genital masculina no meio das pernas! Coragem, homem! Essa brincadeira vai acabar bem e vamos dar uma dívida para o Brasil. ― Deu uma risada, não sabendo direito sobre relações econômicas e nem dos problemas sérios que virão por vir, ainda em sua gestão.

― E se eles forem para a ONU?

― Estou pouco me lixando. Que eles roubem dos pobres e paguem o rombo que faremos com eles. Não gastaremos nenhum iene sequer, para comprar exportação de minério algum com eles. Nosso país não precisa deles. ― Era um erro que acabou de falar. Porém, o povo nipônico não é burro.

― Eu acho tudo isso, uma brincadeira de mau gosto, estranho e sem noção demais o que você montou. Quer quebrar um país, onde ele é um dos maiores, ou O MAIOR, exportador de minérios e produtos agrícolas?! Querido, não brinque com o poder que tens. ― O presidente o aconselhou.

― Eu faço o que quiser! ― Exclamou. ― Eles não farão nada. Nem podem fazer nada. É um bando de ladrões em seus congressos, um bando de ladrões que levam multidões às ruas, dizendo que fazem milagres, outro bando de ladrões que constroem igrejas enormes para abrigar pessoas de quaisquer religiões para poder roubarem seu dinheiro e comprarem fazendas, mansões, tríplex, outro bando de ladrões que recebem montanhas de dinheiro para poderem cantar uma hora e meia ou uma hora em shows, ladrões arrombando casas, lojas, departamentos, gerindo o país, assassinatos, lava-jato, pobreza, etc. E ainda quer me dizer, que só por ele exportar produtos agrícolas e ser o maior do mundo, ou estar entre eles, devo-me ficar medroso deles, por causa disso?! Ah, poupe-me, senhor! ― Ao terminar de falar, pediu um café e sua secretária foi pôr e trouxe para os dois tomarem e a continuarem a conversar sobre este assunto.

*****

Keio Plaza Hotel Tokyo Premier Grand

 

Rômulo terminou de ler aquela carta eletrônica estarrecido.

Aquilo só podia ser uma brincadeira de muito mau-gosto.

Leu novamente, releu novamente até que um desespero foi tomando conta de si.

Como aquilo poderia acontecer? Era loucura.

A pena de morte por se passar por outra pessoa era a mais provável das condenações para Pedro naquele momento. Então se lembra de que Danilo pediu para que ele advogasse em prol de seu amigo. Ele sabia do que ia acontecer e sabia que Rômulo era especialista em advogar nas causas de brasileiros fora do país de origem.

Esfregou as mãos em seu rosto, tentando acordar daquele sonho irreal que ele estava vivenciando.

Era ir buscar o amor da vida dele, advogar para um cara que se passava por um parente seu e das merdas que teria que cobrir das empresas brasileiras fizeram e, que se expostas, iria ser uma Lava-jato 2.0.

― Mas que merda! ― Xingou socando a mesa. ― Estou ferrado, Deus! Muito ferrado! Que loucura! Não parece que isso está acontecendo. ― Esfregava as mãos em seu rosto, achando que aquilo era um pesadelo, porém, era ledo engano. É mais real do que pensava.

Repousou seus braços em cima da mesa japonesa e deixou sua cabeça se apoiar neles escondendo seu rosto. Quando, de repente, ouve o telefone tocar. Se levanta, vai até lá e atende. A moça fala em inglês para melhor entendimento e a transmissão da mensagem.

― O senhor tem uma visita.

― Quem é? Desculpe-me a pergunta, moça.

― Ele está subindo.

― Já sei quem é. Arigatou.

Encerrou a ligação e logo ouve a campainha da porta tocar.

A abriu com a chave eletrônica e logo viu Satoshi em pé abraçado a si mesmo de cabeça baixa. Ele mirou dos pés à cabeça de Rômulo. Seus olhos rasgados de cor amendoada encarou o corpo forte marcado naquelas roupas de dormir.

― Entre, por favor. ― O brasileiro liberou o caminho e o jovem asiático entrou, logo depois a porta foi trancada. O homem mais velho ali encarou-o, mas não se manteve naquele silêncio brutal. ― Por que, Satoshi-chan? ― Falou em Nihongo (01).

Ele se manteve em silêncio com a cabeça baixa.

― Olhe para mim, Satoshi! ― Exclamou dando um pequeno susto no jovem asiático em sua frente.

― Não podemos, Rômulo-chan….. É proibido em nosso país…. ― Gaguejou ao tentar responde-lo.

― Foda-se o seu país! O que me importa é você. Nada mais! Eu te amo, Satoshi!

― Mas eu não posso te amar, Rômulo-chan. Meu pai é um machista e isso vai contra a nossa cultura nipônica….

― Eu não quero saber do seu país. Quero saber de você, Satoshi-chan. O levarei junto de mim de volta ao Brasil. Ou eu saio morto daqui deste hotel.

― Meu pai, o governador Masuzoe, é um homem nojento. Ele jamais aceitaria…

― Um gay na família?!

― Mas…

― Mas o quê? Seu pai é um ladrão, corrupto e vagabundo! Quem é ele para julgar um filho homossexual, Satoshi?! Acorda para a vida, filho! Cara, eu nunca amei um homem, como eu amo você. Por favor, junte suas malas e venha fugir comigo daqui há dois meses e meio. Ou fuja ainda hoje para cá. Eu pago sua hospedagem aqui comigo.

― Eu vim aqui acabar com tudo isso, Rômulo-chan.

― Como assim? Você quer acabar com o nosso relacionamento?! ― O brasileiro começa a se debulhar nas lágrimas. Soluços já são possíveis de se ouvirem vindo dele.

― Vou me casar com uma moça. Não posso continuar com o nosso…. ― Respirou fundo enquanto ia em direção à porta, mas, seu braço foi segurado e ele teve de ficar muito mais próximo daquele corpo que aproveitou ao máximo quando estava no Brasil. ―… nosso relacionamento. Acabou. Continue sua vida. Não posso iludir você. És um homem bom, inteligente, bonito, incrível. No entanto, não é eu que devo ser seu par.

― Admita. ― Seu rosto foi se aproximando ao de Satoshi.

― Você ainda gosta de mim.

― Senhor…

Seu corpo foi agarrado, sua cintura delineada, quase delicada, foi segurada pelo o homem mais velho e seu rosto ficou mais próximo, tanto que ele sentia o hálito de Gim saindo da boca de seu amante.

― Cala a boca e me beija. ― Seus lábios carnudos e pequenos foram tomados pelos os lábios grossos de Rômulo. Tentou se desvencilhar, porém, seu corpo estava grudado ao do homem por quem alimentava uma paixão secreta.

Mais tarde daquele dia, os dois emaranhavam-se eroticamente em cima da cama.

Depois dos dois cometerem aquele ato, Satoshi se veste rapidamente, pede desculpas e vai embora rapidamente.

Contudo, Rômulo sabia que o seu jovem de olhos rasgados iria voltar. Com um sorriso vitorioso em seu rosto, ele vai ao banheiro, toma banho e veste outras roupas de dormir.

Glossário

 

  • Nihongo – Língua oficial japonesa do leste asiático.

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