DUAS CELAS, SEM ARMAS E CONFISSÕES

 

Uma semana se passou e numa tarde em Vila de São Cristóvão um grupo armado invadiu um banco, ameaçou clientes e funcionários, estourou os caixas eletrônicos com dinamites e saquearam uma considerável importância de dinheiro, aliás, aquelas figuras não temiam ser reconhecidas, ou seja, assaltavam de “cara limpa” sem cobrir o rosto e são conhecidos na cidade por serem o chefe do tráfico de drogas e seus subordinados.

A população corria, gritava e clamava a Deus em desespero e aquela cena parecia mais um faroeste aos moldes do sertão contemporâneo. O que antes aterrorizava nas terras sertanejas era o cangaço e suas víeis política e a outra de cunho pessoal, seja por qual motivo foi sem se deixar levar a interpretação pela ótica das fantasias e o romantismo daqueles que tem saudade do tempo que não viveu. O tráfico de drogas ganhou de forma tímida o vazio do cangaço, sentou em seu trono e o que se pode resumir é que a praga das grandes cidades denominadas pela maioria como “desenvolvidas” empesteou as menores.

Duas viaturas da polícia chegaram na porta do banco e os policiais começaram a trocar tiros contra os traficantes, alguns cidadãos corriam desviando das balas quando de repente alguns adolescentes e crianças carentes que moravam nas ruas atravessavam assustadas pelo tiroteio quando uma bala vindo da arma do Sargento atingiu acidentalmente um desses adolescente e acabou caído no chão desfalecido. O Sargento assistiu aquela cena lhe pareceu em câmera lenta e o medo escorria pelo suor do seu corpo como o sangue da vítima que descia pela calçada do banco. Os demais policiais continuaram a trocar tiros contra os traficantes que conseguiram fugir correndo, subiram na caminhonete e saíram em alta velocidade.

A população se aproximava do corpo do adolescente morto na calçada, era um rapaz de dezesseis anos, negro, usava calção preto, sem camisa e chinelas desgastada e carregava uma bola com uma parte murcha que rolava caindo no esgoto. O Sargento olhou para sua mão que segurava a arma.

A morte do adolescente era o comentário da cidade que se dividia entre as seguintes opiniões: alguns acreditavam que o Sargento atirou acidentalmente no adolescente, outros confirmavam veemente que o policial atirou de propósito por ser a vítima um negro, pobre e morador de rua, já outra parte dos cidadãos desconfiavam de que o adolescente estivesse participando do ato criminoso junto com os traficantes.

De manhã a calçada onde o adolescente foi morto acontecia uma manifestação dos grupos se denominavam da minoria: periféricos, negros, pessoas que se alto declaravam de demais sexualidades além da heterossexualidade, os retirantes e mulheres que se denominavam participantes do movimento feminista protestavam gritando palavras de ordem, com tambores, apitos, rostos pintados de tinta preta e cartazes pedindo justiça pela morte de Pedrinho, o adolescente morto pelo policial.

— Justiça! Queremos justiça! — gritou uma mulher sem camisa.

De repente Alfredo entrou no meio da multidão com um cinegrafista.

— Vejam a manifestação que está acontecendo na porta do banco onde o menor de rua foi brutamente assassinado por um policial militar numa troca de tiros com os traficantes que saqueavam o banco na tarde de ontem.

Um manifestante tomou o microfone da mão do jornalista.

— Estamos aqui gritando por justiça porque não podemos aceitar esse tipo de violência. Mataram mais um menino negro e pobre no Brasil! Queremos justiça! Justiça!

Outra manifestante tomou o microfone.

— Quem cometeu esse crime tem que pagar na cadeia! Justiça! Justiça!

Alfredo pegou o microfone das mãos da manifestante.

— Eu tive informações que o garoto era conhecido como Zezinho. Vou perguntar alguém aqui se o conhecia. — aproximou de uma jovem que segurava um cartaz. — Você conhecia a vítima?

— Só de vista. — mascava chiclete.

— A quanto tempo o Zezinho morava na rua?

— Sei não, ele vivia ali mesmo na praça cheirando cola e pedindo comida pro povo.

— Você sabe se ele tem família? Algum familiar do Zezinho se apresentou depois do ocorrido?

— Não, acho que ele não tem família não, moço. Ele era jogado por aí mesmo, ninguém ligava.

— Então, o Zezinho vivia por aí na rua e era querido pela comunidade que o ajudava dando um prato de comida?

— Sei não dessa estória se o povo ajudava não.

— Você o ajudava?

— Eu não. O bichinho não era peça que prestasse não e gostava de roubar as bolsa das mulé, vice?

Os demais manifestantes começaram a invadir a gravação pulando e gritando por justiça e o jornalista decidiu encerrar a matéria.

— Mais informações desse crime bárbaro no jornal da manhã, Alfredo Dias, para o jornal da noite. Boa noite.

Dois dias se passaram e a comoção da morte de Zezinho havia se tornado um assunto nacional nos meios de comunicação e redes sociais acontecia debates acirrados daqueles ditos “intelectuais”, a “classe artística” e os “influenciadores digitais” tanto da visão política de direta, esquerda e centro.

As autoridades de Vila de São Cristóvão eram insistentemente cobradas para que o Sargento fosse preso e pagasse pela morte de Zezinho. Em uma manhã, Dario se encontrava parado encostado na cela quando de repente ele viu o Sargento sendo colocado na outra cela a sua frente. Os dois policiais saíram e Dario aproveitou para provocá-lo.

— O que faz aqui, Sargento? Ficou com saudade de mim?

— Cale a boca, seu filho da puta! — segurava a cela e cabisbaixo.

— O que fez, hein? Matou o Alfredo e a quenga da tua mulé?

— Estou nesta pocilga porque infelizmente não tem cela especial pra mim nessa merda de cidade. Eu tô preso e não foi porque eu quis…— respirou fundo como se estivesse segurando toda tensão do seu corpo que pulsava querendo explodir. — matei um moleque…por engano…ele passou na minha frente na exata hora que trocava tiros com os traficantes. Foi por causa de um bandido como você que matei um inocente…— a respiração estava descompassada.

— Mas se foi sem querer, então…

— O moleque era morador de rua e negro e são motivos suficientes por acreditarem que eu o matei porque eu quis.

Em casa na varanda a dona do Céu costurava o vestido de Ester até que ela surge na janela.

— Mainha, tem certeza que quer fazer esse casamento hoje à noite? Dario está preso e ainda vai que ser julgado, não acha melhor eu retornar quando toda essa situação estiver resolvida?

— Teu irmão vai passar anos na cadeia se for esperar quando ele for solto eu e teu pai já estaremos mortos.

Marlon abraçou Ester por trás.

— Não, Marlon! O noivo não pode ver o vestido da noiva antes do casamento dar azar. Pode voltar…

— É superstição, amour…eu só quero dar uma olhadinha…

Ester fechou a janela e empurrava Marlon para dentro do quarto.

— Onde será que tu anda, Romão? — olhava para o horizonte.

No cemitério, Romão olhava para o túmulo de seu filho Francisco.

— Eu fiz de tudo pra que teus irmãos não tivessem a mesma morte que a tua, cheguei onde cheguei e faz anos que não consigo me olhar no espelho, fio. Teu pai vergonha você, eu sei. Teu irmão tá preso e já pensei tirar ele de lá, mas vou botar ele em que canto? Não tem lugar fugir. Não acho que teu irmão vai querer sair fugido…confesso que tô cansado, fio, dessa vida…esse vêio pede descanso, sei que se eu parar não vou ter sossego e vou ficar louco por todas as coisas ruim que fiz. — agachou e pegou um punhado de terra. — Me perdoa, fio Francisco, perdoa, painho.

De tarde na delegacia, Onélia entrou desesperada atrás do marido e correu pelo corredor das celas.

— Meu amor, Sargento! Meu amor!

Ela viu o Sargento sentado no colchão dentro da cela.

— Silêncio, quenga! — gritou Dario.

— Não se mete, peste!

— O que faz aqui, Onélia? — a perguntou o marido.

— Vim te ver, meu amor assim que eu soube que foi preso.

— Já me viu, agora vá embora.

— Me perdoa, Sargento, vamos esquecer tudo que aconteceu, hein? Alguém colocou minhoca na sua cabeça, meu amor, jamais trair você.

— Colocaram foi outra coisa. — riu. — um par de chifres! — Dario gargalhava.

— Você é cheio das gracinhas, seu pistoleiro de araque, fica na tua que a conversa não chegou no circo, seu palhaço.

— Onélia, eu não tô nenhum um pouco afim de discutir com você e nem com ninguém. Vá embora daqui eu estou pedindo! — virou de costas pra ela.

— Eu sei que não deve estar sendo fácil pra você tudo que está te acontecendo. Eu conheço você, é meu marido e é inocente. Saiba que eu sou a única que está aqui fora esperando e lutando por você, meu amor. Eu irei até as últimas consequências pra te tirar desse xilindró, benzinho.

— Já disse o que tinha que falar, então, vá embora.

Onélia olhava para Dario com desprezo e saiu do corredor.

Anoiteceu e Ester vestia o vestido de noiva no quarto com auxílio de sua mãe e de Tereza.

— Você está linda, Ester.

— Sabia que esse vestido iria ficar certinho em você, fia, tem o mesmo corpo que eu tinha quando casei com seu pai. — riu.

— Tem algo que preciso saber.

— O quê, fia Ester?

— Sobre Manuela.

Tereza se afastou e olhou para a janela.

— Manuela saiu de casa ainda moça. Ela namorava um rapaz chamado Cristiano que trabaiva com o teu pai e teu irmão, um dia alguém contratou o Romão para matar o Cristiano, e aí…

— O seu pai matou o Cristiano?

— Sim, quando Manuela soube foi um labafero[1] dentro de casa. Ela saiu de casa e em pouco tempo a gente descobriu que havia se tornado mulé da vida numa casa da luz vermelha. O Romão quando soube ficou louco de raiva e proibiu dela entrar em casa e nem citar o nome dela pode.

— Coitada da Manuela, ela me parece ser uma pessoa tão boa.

— Nossa irmã tem um coração enorme, Ester, e peço a Deus todos os dias que assim como o Dario saía desses caminhos errados.

— Você também sofre, Tereza.

— Eu sei, mas amo o Milton, ele é meu marido e pai dos meus fios. O lugar da mulé é ao lado do marido.

Ester olhou para a mãe.

— Já ouvir essa frase antes. Bom, me desejem sorte. O Marlon me espera.

— Você será muito feliz, minha fia, muito feliz.

A matriarca abraçou Ester.

Acontecia o casório de Ester e Marlon em uma capelinha próxima da casa, foi uma cerimônia simples e estavam presentes: padre Jarbas, os pais da noiva, Tereza e seus filhos, exceto Milton que decidiu assistir tudo no lado de fora, pois não queria adentrar em uma igreja que “não professasse como a igreja dele.” Após terminado o casório a família e os noivos retornaram para casa.

No rádio tocava um baião, o Seu Romão se encontrava sentado no balanço da varanda, Ester e Marlon dançavam em frente à casa ao redor deles as crianças corriam, dona do Céu colocava a comida em uma mesa junto com Tereza enquanto Milton estava sentado na rede.

— Não é que aquele besta feroz do Dario faz falta. — riu o pastor.

Tereza saiu da mesa e entrou na varanda.

— Vamos dançar, Milton?

— Eu não danço música do mundo.

— Se tu não quer dançar, eu danço. Vem, fia Tereza.

— É pra já, painho.

O pai e a filha deram as mãos e foram dançar junto com os noivos, depois dona do Céu também se animou e também entrou na dança e aquele momento se tornou único, pois depois de anos após a morte do Francisco a alegria aconteceu na casa daquela família.

Na cela, Dario olhava pela brecha de luz que saía da janela do corredor.

— É lua cheia.

— Como sabe? — perguntou o Sargento.

— Pelo clarão. É coisa de quem tá acostumado.

— Quando vi que tu havia sobrevivido aquela queda no rio fiquei surpreso. Tu tem sete vidas igual gato, caba, como conseguiu se salvar?

— Não era o meu dia de morrer e acho que alguém do além me protege. — deu uma breve risada.

— O que rola solto por aí é que tu fez o pacto com o tinhoso.

— Tudo conversa do povo. Eu só afilhado de Padim Padi Cíço, mainha fez promessa porque quase nasci morto, passei do tempo. — olhava para a corrente pendurada no pescoço. — É Padim Padi Cíço que me salva dos probremas.beijou o pingente com a imagem do beato.

— Não sei se o milagre dele vai ser tão forte pra te tirar dessa, macho.

— Se for pra passar uns anos preso vou ter que pagar pelo que fiz. Já não me importo mais com o que acontecer comigo porque perdi Maria Rita pra sempre.

Oxe, o que houve com ela?

— Ela casou.

O Sargento gargalhou.

— Eu acho é pouco! Seu corno!

— Só seu eu for o corno xing ling porque a gente não tava junto quando ela se mandou com outro, ao contrário de tu que é corno oficial.

— Nisso tu tem razão. Mulheres apesar de nós destruir não vivemos sem elas. Qual é o macho que vive sem um rabo de saia?

— É. — tragou o cigarro. — Maria Rita fez o certo de ter se casado e ido embora da cidade. Eu não faria ela feliz, sou um miserável que não tenho nada de bom pra oferecer.

— Cadê o dinheiro que te paguei pra matar o infeliz do Alfredo?

— Não é só dinheiro, não caba, é paz e sossego. Eu sei que mesmo saindo dessa vida da pistolagem continuar a vevé desconfiado.

— Então, você vai continuar com a sua vida do crime?

— Não sei, tenho muita coisa pra pensar na minha cachola.

De manhã, Dario recebia a visita de Ester e Marlon.

— Vim me despedir de você, irmão. — o abraçou entre a cela. — É uma pena que você não pôde está no nosso casamento.

— Ester, você vai voltar? — a olhava nos olhos.

— Sim, eu volto, Dario, e quando retornar eu tenho a esperança que você vai está solto.

— Vai ser muito tempo, irmã. — olhou para o cunhado. — Cuida bem dela, caba.

— Pode deixar, Dario.

O casal se despediu de Dario.

No início da tarde, Dario fumava um cigarro e o Sargento juntava as mãos e fazia uma oração em voz baixa.

— Ei, macho. Vai querer um? — mostrava uma carteira de cigarros.

— Manda!

Dario jogou a carteira que caiu próxima da cela do Sargento que conseguiu pegá-la esticando o braço.

— Relaxa, caba, logo tu sai daqui.

— Acho que não essa gente toda quer me ver atrás das grades pro resto da vida. — acendeu o cigarro com o isqueiro que estava dentro da carteira. — Sabe o que acho mais interessante nesta estória? — tragou o cigarro.

— O quê?

— É que essas mesmas pessoas que me condenam não ajudavam aquele moleque, sabe? Quantos como ele estão nas ruas com fome, cheirando cola, usando drogas e roubando por aí. Onde estavam essas pessoas quando ele estava vivo?

— Pra meter o bedelho todo mundo se mete, mas na hora de pega pra capar ninguém chega pra ajudar.

— Olha nós dois, Dario, quem somos sem nossas armas? Nada! Dois infelizes presos nessas celas e disputando as comidas com os ratos. — olhava para a quentinha no chão e os ratos se alimentavam dela.

— Maria Quitéria, eu devo tudo que sou e tenho por causa dela. Ela que me deu comida, me vestiu e me fez ser o caba mais temido deste sertão, não foi ninguém que chegou na hora da precisão pra ajudar.

— A verdade é que todos estão preocupadas consigo mesmos de certo modo essa é a lei natural da vida: a sobrevivência. Também vi de uma família humilde lá de Penedo, o meu sonho desde menino era ser policial. Quando vestir aquela farda e peguei numa arma pela primeira vez me tornei o primeiro da família a ter uma profissão que pudesse dar uma vida digna dentro de casa. Me lembro como hoje os olhos de painho cheios de lágrimas com orgulho de ter um filho policial. Ontem eu era o herói e hoje sou o bandido.

No outro dia no período da manhã, Dario recebia a visita de dona do Céu.

Fio! — o abraçou entre a cela aos prantos.

— Mainha, já te disse que não quero a senhora aqui.

— Uma mãe que é mãe de verdade não abandona um fio. Teu pai me proibiu de vim, mas eu não aguento ficar sem saber de você, fio, nem consigo pregar os olhos pra dormir, quando me dou conta o dia já clareou. — acarinhava o rosto do filho. — como você está?

— Eu tô bem. Painho como tá?

— Calado. Sai de manhã cedo e só volta tarde da noite.

— Ester e Marlon passaram por aqui ontem.

— Eles casaram e foi algo bem simplesinho. Fio, aconteça que acontecer eu estou pedindo aos meus santinhos que cuide de você. — beijou a mão dele.

Um carcereiro chegou no corredor e gritou:

— Acabou o horário das visitas!

— Se cuida, mainha, bença?

— Deus te abençoe, fio. — fez um sinal da cruz nele. — Mainha te ama. — saiu chorando.

— Há mães que já nasceram mães. Ainda bem que a minha morreu há alguns anos e não teve o desgosto de me ver atrás das grades e preso igual um assassino.

— Tu também é assassino e não é diferente de mim.

— Sou sim, sou estudado e matei por acidente.

— Será que foi mesmo um acidente?

— Foi! — deu um soco na grade.

— Nada vai trazer o menino de volta, ele morreu.

— Eu sei…todos me julgam…todos esses que se aproveitam dessa morte pra se promover se dizem defensores dos fracos e oprimidos, da minoria, e o que eles realmente querem é lucrar e ter fama…nas minhas custas…na minha desgraça. — ajoelhou e socando o chão.

            — Você também não fez nada pra ajudar.

— Quem?

— O menino.

— Eles também não.

— Sim, a diferença que você que o empurrou para os braços da morte e os outros só assistiam.

Pela tarde, Manuela e Wandeca visitavam Dario.

— Estão cuidando bem do Catamarã e da Maria Quitéria?

— Estamos, Dario, está tudo bem com eles. — respondeu a irmã.

— Manuela, peço que se eu for condenado não venda o Catamarã.

— O que faço com Maria Quitéria?

Dario percebeu que o Sargento ouvia a conversa.

— Depois eu te falo.

— Maninho, eu e o bordel em peso está torcendo por você. Chega os dedos das meninas e os meus estão calejados de tanto rezar o terço pedindo a Deus que você não seja condenado. Veja. — mostrava as mãos. — Quando você sair dessa vamos fazer uma farra daquelas.

— Também tenho saudades das meninas e de você, Wandeca.

— Eu já disse a patroa, que o que estão fazendo é uma injustiça com você.

— Já não me importa mais se vou ser soltou ou não, o que adianta se Maria Rita casou com outro?

— Casou? — perguntaram as duas quase ao mesmo tempo.

— Sim, casou e não tenho mais o quer lutar.

— Tem irmão, lute por você. — disse Manuela.

No final da tarde, Dario recebia o defensor público.

— Dario, trago uma notícia.

— Boa ou ruim, doutor?

— Depende. Amanhã será o seu julgamento.

— Eita boba da peste! Mas já assim tão rápido?

— É, vamos dizer que como não há muitos crimes nesta cidade, pelo menos o que se registra, seu julgamento foi antecipado e amanhã vai acontecer o tribunal do júri. Eu também fui pego de surpresa, enfim, esteja preparado e vou adiantar algumas coisas pra você…

[1] A gíria alagoana labafero significa confusão.

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