ESTAÇÃO MEDICINA
Capítulo 50
Os novos pombinhos

CENA 01/SÃO PAULO/JD. AMÉRICA/MANSÃO DOS MOÇA/INTERIOR/ESCRITÓRIO/NOITE

Mateus levanta, fuzilando com olhar Rita.

MATEUS – Como é que você se atreve a falar comigo assim dentro da minha casa? Onde é que estão esses seguranças nessas horas para te devolver para o seu devido lugar! A Sarjeta!

Rita corre até o telefone e impede o vilão de chamar sua segurança.

RITA – Vamos ver quem vai para onde quando eu contar para todo mundo que tudo isso está acontecendo por sua causa!

MATEUS – Você está louca? O que eu tenho a ver com isso?

RITA- Não se faça de besta, porque eu sei muito bem que essa dinheirama toda tem um único objetivo que é pagar o resgate do sequestro de Goram. Agora me responde com toda sinceridade, o que você fez para ele ser sequestrado! Anda!

Fechar na face de Mateus encurralado. Akiko desce para bisbilhotar a conversa.

CENA 02/SÃO PAULO/JARDINS/MANSÃO DOS MATOZZO/INTERIOR/SALA DE ESTAR/NOITE

Úrsula se recompõe.

ÚRSULA – Você realmente é uma mulher direta, não é mesmo Carolina!

CACAU – Eu só não sou otária, Dona Úrsula! A senhora nunca me tratou com tanto mimo, agora até cafézinho me serve.

A anfitriã mente
ÚRSULA – Na verdade isso tem haver com uma tentativa minha de mudança. Tenho tratado muito mal meus funcionários e estou revendo minhas condutas. Saiba que você faz parte dessa mudança Cacau.

CACAU – Fico feliz que a senhora esteja mudando, porque o que a senhora fez comigo aquele dia no porão com aquela ratazana, eu vou te contar… eu…

ÚRSULA – Por favor, Cacau. Vamos passar uma borracha no passado. Não pega bem esse remorso todo. Eu até pensei melhor com Heitor e acho que você está merecendo um aumento.

CACAU – Jura, Dona Úrsula! De quanto?

ÚRSULA – O que me diz de 10%?

CACAU – É pouco.

ÚRSULA – 15%?

CACAU – 25%.

ÚRSULA – Que isso, Cacau, nem os alimentos tiveram um aumento tão…

CACAU – 25%.

Úrsula sorri para a funcionária, tentando disfarçar.

ÚRSULA – Está bem, Cacau, 25%.

CACAU – Agora estamos falando a mesma língua.

ÚRSULA – Já que é uma mulher tão boa nos negócios, por que não vestir a caráter? Olha o que eu comprei para você.

E entrega um pacote de presente de embalagem brilhante para a funcionária que abre vorazmente.

CACAU – Um presente para mim?

Era um vestido da Zara, avaliado em mil reais.

CACAU – Mas isso deve ter custado uma fortuna.

Ela se levanta pegando o tecido vermelho-vivo com listras negras.

ÚRSULA – Por que você não prova ali no lavabo! Vai ficar deslumbrante.

CACAU – Eu posso, Dona Úrsula!

ÚRSULA – Claro, deixe de cerimônia, agora você é da casa, além de minha funcionária, uma grande amiga.

A empregada doméstica corre para o banheiro, quase derrubando os vasos da patroa. Úrsula torce o nariz, enojada.

CENA 03/SÃO PAULO/JARDINS/MANSÃO DOS MATOZZO/INTERIOR/SALA DE ESTAR/NOITE

MATEUS – Isso é mentira! Conversa fiada!

RITA – Deixe de me enrolar, eu já sei de toda a verdade. Sei que você pediu para sua funcionária lá na faculdade te dar uma mãozinha nas finanças.

MATEUS – Maldita Daniele! Não consegue segurar aquela boca dela!

RITA – Não me interessa como ela fez, o que ela fez ou deixou de fazer. Eu exijo uma explicação sobre o seu envolvimento nesse sequestro, se não eu vou para uma delegacia e conto tudo que eu sei.

MATEUS – Você nem experimenta para ver o que te acontece.

RITA – Isso é uma ameaça? Pode começar a gravar, Meire. Quem sabe finalmente não vou ver esse sujeito mofando atrás das grades, pagando por toda a superexploração que ele e a aquela corja do grupo de acionistas dele submete aquelas centenas de trabalhadores da universidade.

MATEUS – Claro, tinha que começar com esse comunismo todo. Você não cansa de militar não? Muda o disco minha filha, que ninguém te aguenta mais.

RITA – Se as pessoas não me aguentam isso é problema delas. ANDA LOGO, POR QUE O GORAM FOI SEQUESTRADO?

O alarme do celular de Mateus toca e ele percebe que o horário de encontro com os assaltantes chegou.

MATEUS – Se você me permitir, eu estou atrasado para meu encontro.

E pega sua maleta.

RITA – Mas se ele pensa que pode sair assim sem me dar uma explicação plausível, ele não me conhece.

ESTACIONAMENTO

O motorista de Mateus já está à sua espera. Rita corre impedindo a entrada dele no carro.

RITA – VOCÊ NÃO VAI A LUGAR ALGUM! O QUE ESTÁ ACONTECENDO? ONDE ESTÁ GORAM?

Mateus faz uma careta para ela, colocando seus óculos escuros.

MATEUS – Você vai sair da frente ou vou precisar chamar a intentona Nazista para te derrubar?

Ele tenta abrir a porta, ela o impede e ele a joga no chão com estrépito, entrando no banco de trás.

RITA – MALDITO! ANIMAL!

Ele fecha o vidro para não ter que continuar ouvindo ela. O carro dá ré com o aporta de metal abrindo no teto. O farol cega os olhos da amiga. Rita tenta se levantar e correr até o portão, mas não consegue alcançar o carro.

MEIRE – Calma amiga.

RITA – Como calma, tá na cara que esse desgraçado foi entregar o dinheiro do sequestro, isso se não está por trás desse crime!

CORTAR PARA:

VARANDA DO CORREDOR DO PRIMEIRO ANDAR

AKIKO – Então quer dizer que o local de encontro é a estação da Luz?

CATARINA – Foi isso que eu ouvi o senhor Mateus conversando com o sequestrador.

AKIKO – Pois está na hora de ligar para um velho amigo da imprensa. Quero assistir a esse espetáculo, tomar as manchetes e ver o fogaréu tomar conta desta história que está muito parada para o meu gosto.

CENA 04/SÃO PAULO/JARDINS/MANSÃO DOS MATOZZO/INTERIOR/SALA DE ESTAR/NOITE

Cacau sai vestida deslumbrantemente.

CACAU – E então como estou, Dona Úrsula?

ÚRSULA – Veja você mesma, querida, o espelho é logo ali.

E aponta ironicamente. Cacau se recorda.

CACAU – Ah, é verdade.

A empregada se emociona.

CACAU – Mas eu nunca estive tão linda desse jeito, meu Deus, eu pareço…

ÚRSULA – Madame?

CACAU – É…

ÚRSULA – Sabe, Cacau, obviamente que se você voltar a trabalhar aqui na minha casa, você não poderá andar assim, terá que voltar a usar o uniforme, mas quero realmente que nossa relação se aproxime, quero mudar o tratamento e te enxergar com…como que falam mesmo? Com humanidade!

CACAU – Ia ser um sonho…

ÚRSULA – Tudo depende de você, meu anjo e sua coragem em retirar o processo em meu nome.

Cacau a observa.

ÚRSULA – Eu sei que errei com você, Cacau, eu não sei onde eu estava com a cabeça em te tratar daquela maneira, se você quiser eu até me ajoelho aqui na sua frente e te peço perdão. Mas por favor, retire o processo.

E abraçou as pernas da empregada ajoelhada. Cacau se compadeceu.

CACAU – Que isso, Dona Cacau. Levante-se aí. Não precisa disso.

ÚRSULA – Eu não quero criar esse clima entre nós…

CACAU – Pois não há mais clima nenhum. Eu te perdoou, retiro o processo e não se fala mais nisso.

Úrsula se levanta em silêncio, encantada, feito uma serpente.

ÚRSULA – Você jura?

CACAU – Claro. Amanhã mesmo vou falar com meu advogado.

Úrsula a abraça, fingindo carinho.

ÚRSULA – Você realmente não existe, Cacau.

CACAU – Imagina, é a senhora que não existe!

Entre o ombro da empregada, Úrsula faz cara de nojo.

CENA 05/SÃO PAULO/SÃO MATEUS/CASA DE QUITÉRIA/EXTERIOR/NOITE

Sons de grilo. Silêncio. Boina estaciona o carro já com o farol desligado.

BOINA – Está entregue.

QUITÉRIA – Você tem certeza que quer me deixar aqui e não quer me levar para sua casa?

BOINA – Menina, menina. Por que você me provoca desse jeito? Não vê que é menor de idade, se seus pais descobrirem também o que nós fizemos…

Quitéria toca em seus lábios, tentando silenciá-lo.

QUITÉRIA – Mas eles não precisam saber de nada. Será nosso segredinho e eu até prefiro sabe, fica mais sexy.

Ela tenta jogar o corpo para cima dele, mostrando o decote. Quando a porta de sua casa se escancara e Paulo sai com um cinta nas mãos.

O casal se assusta.

PAULO – SAI DESSE CARRO, SUA VAGABUNDA!

E bate no carro. A menina tenta se esconder, mas antes de Boina conseguir travar a porta, o homem abre a retira com violência.

PAULO – FOI ESSA EDUCAÇÃO QUE EU E SUA MÃE TE DERMOS? PARA VOCÊ SE DEITAR COM O PRIMEIRO HOMEM QUE VOCÊ VER NA RUA!

E começa a agredi-la. Afrania assiste a cena com gosto. Quando Boina sai do carro para defender a jovem.

BOINA – LARGA ELA!

Paulo não para de descer a cinta nas costas da enteada com força, até que Boina parte para cima dele com força, jogando ele contra a parede, tirando as cintas das suas mãos, o homem dá um soco em sua cara.

PAULO – VOU TE ENSINAR A NÃO DESTRUIR FAMILIAS!

BOINA – COMO VOCÊ SE ATREVE A FALAR EM FAMILIA?

Paulo derruba ele no chão, dando-lhe socos, Boina consegue driblá-lo e roda seu corpo, com pontapés. Quitéria assustada grita alto com a roupa rasgada e começa a bater na cabeça de Paulo. Afrania surge e a puxa pelo braço.

QUITÉRIA – ME LARGA!

AFRANIA – ENTRA, SUA INGRATA! PARA DE TEIMAR!

Quitéria se contorce no chão ao ver o rosto ensanguentado de Boina. Ela tenta lutar contra a mãe, mas não consegue.

Paulo dá um murro forte que tira a consciência de Boina. Ofegante, o homem se levanta.

PAULO – Agora eu vou apagar esse bosta para sempre!

Ele tenta arrastar o corpo de Boina, quando Quitéria num ímpeto, escapa dos braços da mãe e gritando.

QUITÉRIA – LARGA ELE!

Ela o empurra no meio da rua e um caminhão que estava vindo não consegue parar, passando por cima do corpo de Paulo.

DESESPERO. Afrania fica de queixo caído. Quitéria chora de desespero abraçada ao corpo de Boina. Close no corpo de Paulo morto.

CENA 06/SÃO PAULO/ESTAÇÃO DA LUZ/EXTERIOR/NOITE

O carro de Mateus estaciona. O telefone toca.

MATEUS – Alô?

CAPANGA – Eu só espero que você não tenha chamado a polícia, porque se não já sabe, a gente mata o indiozinho.

MATEUS – Pelo amor de Deus, eu juro que não chamei.

CAPANGA – Então desce do carro, entra na estação e pega a saída para Avenida Cásper Líbero.

MATEUS – Ok. Vocês vão me entregar o menino, né?

O telefone fica mudo.

MATEUS – Alexandre você sabe o que fazer né? Depois que eu estiver com Goram em minhas mãos.

ALEXANDRE – Sei, perfeitamente.

E bate no revólver na cinta.
Instrumental de mistério.

Lentamente, Mateus abre a porta ajeitando seu colete a prova de bala por baixo da blusa. Com o malote na mão se afasta do carro, passo a passo, adentrando-se e sumindo da estação da Luz. Pouco tempo depois, olhando para os lados, o motorista sai do carro.

CENA 07/SÃO PAULO/SÃO MATEUS/CASA DE QUITÉRIA/EXTERIOR/NOITE

Afrania grita indo em direção ao caminhão. O motorista desce totalmente assustado. A mulher o empurra para o lado, em desespero, tenta medir os pulsos do marido, sem sucesso.

AFRANIA – PAULO, NÃO ME DEIXA! MEU AMOR, NÃO ME DEIXA, AAAAAAA.

Ela se levanta fora de si e parte para cima da filha.

AFRANIA – Olha o que você fez, sua ingrata, assassina sanguinária.

E começa a dar pontapés na filha, batendo com violência, até que a vizinhança a separa.

AFRANIA – EU VOU TE ENTREGAR! VOU FALAR O QUE VOCÊ FEZ, QUE VOCÊ EMPURROU ELE PARA MORRER! MALDITA MENINA, QUE ARREPENDIMENTO EU TENHO, QUE DESGOSTO…

Quitéria assustada é levantada com a ajuda de conhecidos. Ela mal bebe um copo de água, quando senta na cadeira, observando aquela cena em sua frente. Olha para Boina ainda desacordado. Escuta uma voz ao fundo.

VIZINHANÇA – Já chamamos o Samu e a polícia.

Sente medo.

CENA 08/DIADEMA/BARRACÃO/INTERIOR

Araponga caminha de um lado para o outro, preocupada.

ARAPONGA – Por Maíra e Macunaíma! Araponga não gostou dessa ideia de Bernardo ter ido para ação. Ele não estava em condições de saúde.

CAPANGA – O time é pequeno, dona. Não havia ninguém para dirigir. Ele ainda pegou o menor dos trampo.

ARAPONGA – E por que tu não foi no lugar dele? Pois que eu saiba foi muito bem pago para ajudar nisso, assim como os outros.

CAPANGA – Preciso guardar o local. Aqui no morro, não pode ser qualquer um a fazer isso não?

ARAPONGA – Conversinha fiada é essa? Quis ficar foi na mamata aqui.

O homem se irrita.

CAPANGA – Se me respeita, dona. Você sabe quem sou eu, compadre?

Ele se apavora quando ele se aproxima e começa a passar a mão nela.

CAPANGA – Se bem que a dona não é de se jogar fora, se quiser dar um rapadinha a gente pode…

ARAPONGA – Por favor, se afasta de Araponga!

CAPANGA – Foi você que propôs, eu fico de boa, mas um piu e já tô aqui de novo.

Close no rosto da indígena cabreira.

CENA 09/SÃO PAULO/HOSPITAL ORLANDO MOÇA/INTERIOR/EMERGÊNCIA

A ambulância abre e dela sai na maca, Tiffany desacordada. Giovana e Larissa saem do carona. Marcela estava com André, acompanhando o plantão noturno no Pronto Socorro, ela se apavora.

MARCELA – Meu Deus, o que houve com a Tiffany?

LARISSA – Eu não sei, ela estava estranha, não reconhecia objetos.

MARCELA – Como assim não reconhecia objetos?

CAIO – Tentem se acalmar e me contem com calma como tudo começou.

O profissional do Samu começa.

SAMU – Fomos chamados por conta de um episódio de síncope seguido de…

Elas ficam ouvindo tudo, em desespero.

CENA 10/SÃO PAULO/VILA MADALENA/CLÍNICA PSIQUIÁTRICA/INTERIOR/QUARTO DE HELOÍSA/NOITE

Suzy termina de ler o livro O Pequeno Príncipe para a amiga.

HELOÍSA – Essa história sempre me deixa mais calma.

SUZY – Conseguiu deixar de pensar um pouco no porquê o Goram não te vem te visitar há alguns dias.

HELOÍSA – Pior que não. Eu não sei estou com um pressentimento ruim, como se alguma coisa ruim fosse acontecer.

O celular de Suzy toca alto.

SUZY – Tira essas bobagens da cabeça, só um minuto.

Ela estranha ao ver o número de Meire. Atende.

SUZY – Oi Meire! Está tudo bem por aí?

Depois de uns instantes, a japonesa se estaca. Heloísa percebe.

HELOÍSA – O que foi?

SUZY – Você tem certeza?

HELOÍSA – Certeza de quê, amiga?

SUZY – Tá bem, vou avisar, tchau.

HELOÍSA – Anda, conta logo, o que houve?

SUZY – Você vai prometer para mim que vai se acalmar.

HELOÍSA – O que está acontecendo, amiga? Você está me assustando.

SUZY – Rita e Meire estão na Mansão Moça!

HELOÍSA – O que elas estão fazendo lá?

SUZY – Parece que ligaram chantageando o Mateus! Goram foi sequestrado.

HELOÍSA – AAAAAAAAAAA.

CENA 11/SÃO PAULO/TATUAPÉ/EXTERIOR PRÉDIO DE VITOR/NOITE

Fabiana está sentada na guia ao lado de GUTO

GUTO – Nossa, pretinha. Está demorando demais, estou tremendo de frio aqui.

FABIANA – Aguenta firme que ela já deve estar chegando.

Viviane chega do uber, descendo.

FABIANA – Eu não disse, agora que eu meto a mão na cara dessa vadia.

E atravessa a rua correndo.

GUTO – Olha lá o que você vai fazer.

FABIANA – ONDE QUE A CADELA PENSA QUE VAI?

Viviane se vira assustada. Seus olhos se encontram com o de Fabiana.

FABIANA – VIGARISTA! SALAFRÁRIA! LADRA BARATA!

Ela tenta entrar, mas Fabiana a puxa pelo cabelo, partindo para cima dela a empurrando no chão.

VIVIANE – SOCORRO!

FABIANA – VOCÊ VAI APRENDER A NÃO TER SE METIDO COMIGO.

Segurança se aproxima para tentar apartar, mas Guto o impede.

CENA 12/SÃO PAULO/ESTAÇÃO DA LUZ/EXTERIOR/NOITE

Instrumental explosivo.

Mateus desce escadas saindo pela saída do poupatempo quando avista um homem de preto que o fez sinal.

Ele se aproxima. É revistado de cima abaixo. A ele é indicado o caminho.

Avenida Cásper Líbero

Um carro do outro lado da rua revela o semblante de Goram.

MATEUS – GORAM!

Antes dele atravessar a rua, dois homens mascarados sai das laterais. Um deles revela.

CAPANGA – Joga o malote!

Mateus trêmulo, rebate.

MATEUS – Qual vai ser a garantia de que não vão zarpar com o carro e vão liberar o rapaz?

Capanga ri, olhando para os outros homens que o acompanham.

CAPANGA – Aqui não tem garantia de nada, patrão. Vai ter que confiar na nossa palavra ou prefere que a gente estoure os miolos dele!

Mateus se estaca, pelo olhar lateral tenta procurar por Alexandre.

CAPANGA – Joga logo o malote!

Mateus joga no meio da rua. O carro se abre trazendo Goram nos braços de um homem. É quando Mateus percebe um detalhe inesperado, o capanga no volante possui uma tatuagem no pulso semelhante ao que Bernardo possui.

MATEUS – Eu sabia, eu sabia que essa história estava estranha demais!

Ele perde o controle e se aproxima do carro.

CAPANGA – Para trás, compadre. Para trás!

MATEUS – Eu já sei quem está por trás disso tudo, é você, não é Bernardo?
Bernardo tenta zarpar com o carro sozinho e os outros homens se irritam, batendo na lataria.

CAPANGA – Mas o que esse cara tá fazendo? Tá pensando em deixar a gente aqui a pé?

Mateus se aproxima irritado do carro, Bernardo tenta zarpar com o carro para não ser pego e os capangas largam Goram indo atrás dele com o malote.

Quando começa um tiroteio e Mateus se abaixa, Goram também e percebe que Alexandre está atirando contra os homens que correm desesperado, trocando tiroteio com um homem que não conseguem ver, mas está os alvejando. Bernardo se desespera e tenta acelerar o carro, tremia de febre.

MATEUS – Parem de atirar! Parem! Paraaaaaa.

Alexandre para. Mateus resguarda Goram por debaixo do braço. Bernardo ferido consegue escapar, apesar do vidro todo estilhaçado. Os caras correm desesperados para os lados tentando levar o dinheiro. Goram se desespera pelo plano poder ter dado errado.

SILÊNCIO. LIGAR SOM DO CORAÇÃO DE GORAM BATENDO FORTE A TODO VAPOR MISTURANDO-SE AO SOM DO CORAÇÃO DE MATEUS, AMBOS CONGOS ACELERADOS.

Um monte de luzes começam em suas faces, cliques e flashes.

GORAM – O que está acontecendo?

MATEUS – Mas o que essas emissores de televisão estão fazendo…

Eles tentam escapar daquelas pessoas que logo bloqueiam suas passagens.

REPÓRTER – Por favor, Doutor Mateus, que sequestro foi esse envolvendo o aluno de sua universidade?

REPÓRTER 2 – Uma palavrinha, Doutor Mateus, qual é sua relação com Goram…

REPÓRTER 3 – Por que toda essa intimidade que transborda a institucionalidade, Doutor…

Ele se levanta em meio aos ruidos e declara.

MATEUS – Goram é meu novo namorado!

Goram se desespera. Os cliques estão a todo vapor. Mateus olha para o jovem aliviado.

CONGELA…

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