Pedro encontra Rômulo dirigindo um carro e um jovem asiático estava ao seu lado.
Pedro viu seu amigo Rômulo com um jovem que ele tinha tido um caso no Brasil. Se escondeu atrás de uma árvore e fingiu ver o lago, enquanto o veículo dirigia-se ao outro lado da capital Tóquio.
Não entendeu aquilo, mas sabia que aquele jovem que estavas ao lado dele era o responsável pela queda futura do governador Yoichi Masuzoe. Mas sabia que algo estava errado.
Por dentro ainda doía tais palavras que foram proferidas contra a senhora que ele se exaltara dentro do hospital. Foi descabido, mal-educado e exagerou em seus xingamentos. Ele não é disso. Sabe muito bem que não.
Voltou ao orfanato e viu que tinha chegado uma carta. A pegou e viu que era do governo. E nela dizia que em dois dias o prédio iria ser demolido e o tempo que restava era para retirar os pertences de dentro para outro local.
Teria que voltar rapidamente ao hospital e logo lembrou-se da cagada que fizera. Mas, porém, era algo importante.
Voltou ao hospital rapidamente e foi até Jinoyama e entregou a carta. Não falou nada. Apenas saiu do quarto e ficou de fora vendo o garoto entubado.
Viu quando ela abriu a correspondência, leu o conteúdo e olhou de forma raivosa, mas logo sua expressão mudou para uma de medo e suas lágrimas caíram.
Seu coração cortou-se de dó ao ver aquela mãe sofrer pelo o filho estar nas últimas. Ela não merecia estar passando por aquilo.
Abraçou-se e baixou sua cabeça. Só então viu que tudo aquilo não mais valia a pena. Seu corpo pedia cama. Mas seu coração começou a enveredar-se pelos os lábios e a distinta Jinoyama-Aiko.
Viu que estava gostando dela. Não imaginava que fosse se apaixonar por uma japonesa de olhos amendoados e um corpo desenhado por Kami-sama.
— O que faremos? — Assustou-se ao ouvir a voz feminina surgir por de trás dele. Era Jin com uma expressão envergonhada.
— Senhora Jin… não sei. Devemos pegar os nossos pertences, levar a um hotel barato e as coisas dentro do prédio, levarmos a algum galpão alugado.
— Ou podemos deixar tudo no sítio onde eu morava.
— Pode ser uma das opções. E o Shiro? Como ele está?
— Só está piorando…. Vou perder meu filho! — Ela começou a chorar copiosamente e Pedro logo a abraçou.
— Não sei o que dizer….
— Vou ligar para os caminhões irem tirando nossas coisas de lá. — Se separou dele e foi pegar seu telefone.
Pedro tratou de sentar e ficar calmo, senão seria denunciado por estar ilegalmente em um país.
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Julgamento de Satoshi
— Então o senhor confirma que teve um caso extraconjugal com o falecido Procurador-geral Takeo?
— Sim. Durante alguns dias.
— Por que justamente ele a quem escolheu para ter um caso?
— Pois ele tinha interesses escusos acerca de mim, aproveitei a oportunidade e o usei para a denúncia de corrupção de meu pai fosse para frente e que ele desistisse de seu cargo como governador.
— Então você confessa que o usou para que uma denúncia anônima embasada em documentos que não sabemos a procedência, fosse para frente?
— Sim. Todos os procuradores estavam cientes do que meu pai era e fazia. Só não tinham coragem de o denunciar e serem afastados de suas funções.
— Como conseguiu o dossiê?
— Um estrangeiro juntou tudo e me deu. Todos os documentos são autênticos e até a casa dos deputados mandou uma nota de desconfiança ao governador acerca dos vazamentos dos gastos extrapolados dele.
— E quem era este estrangeiro?
— Eu não sei. Ele apenas entrou em contato comigo e me mandou via fedex uma caixa com todos os documentos dos desvios de dinheiro público do fundo público que meu pai fez.
— Mas sabe de onde ele é?
— Ele é dos Estados Unidos, mas atualmente mora no Brasil. Ele é dono de um site jornalístico de esquerda.
— Ele, por acaso, se chama Glenn Greenwald ou tem algum envolvimento com o Snowden?
— Não. Não é este jornalista. Não me lembro de ter visto o seu nome. Só sei que ele é brasileiro.
— Vocês tiveram algum contato quando tu estiveste no Brasil?
— Não. Mas ele deve ter pegado meu email com algum político influente dentro das embaixadas e me enviou mensagens.
— Sabe se ele tinha interesses escusos por trás destes documentos?
— Sim. Ele quer enfraquecer e derrubar quaisquer esforços do novo governo no Brasil, para ele poder ajudar a instaurar uma ditadura do proletariado. Em suma, é um militante político disfarçado de jornalista.
— Por que ele estaria armando contra o novo governo?
— Por que o novo governo cortou o investimento público nos jornais e os rios de dinheiro que ele ganhava, foi cortado e secado.
— E qual a ligação de ele passar um dossiê com provas que podem condenar seu pai e governador de Tóquio a morte?
— Ele recebia propina de empresários brasileiros junto com alguns empresários japoneses que têm empresas no Brasil. Havia lavagem de dinheiro de diversas formas como vi no dossiê.
— E por que querer denunciar seu pai? Não tens vergonha de denunciar a maior representação paterna, onde você pode virar homem novamente?
— Porque eu gosto de ser claro e de ser sempre íntegro e verdadeiro. Eu tenho meus valores e respeito minha tradição. Sou mais homem que todos possam pensar. Eu tive um caso com o procurador Takeo, mas foi para ele levar uma denúncia para frente. Ele negou-se a parar com nossos encontros eróticos, fui obrigado a vazar nosso vídeo íntimo.
— Sabe que você violou o foro íntimo dele né?
— E ele que me violou de diversas formas quando eu era ainda um adolescente? Isso também não conta nas suas leis?
— Ele o abusou quando ainda era um adolescente?
— Sim. Quando eu tinha quinze anos, fui para sua casa dormir com o meu amigo e colega de escola. Eu estava tomando banho, meu colega havia saído e ido num lugar distante e ia demorar a chegar. Entrei, fui tomar banho e ele entrou de toalha no banheiro, invadiu o box e lá tudo aconteceu. Foram diversas vezes que ele me estuprou. Mas fazer o que? Ele já era um procurador-geral, tinha poder, tinha influência. Eu não podia contra ele. Eu estava com medo. Muito medo. Ele me chantageava. Até eu completar meus dezoito anos e ir trabalhar longe dele.
— E por que voltou a ter relações sexuais com ele?
— Eu precisava denunciar meu pai de algum jeito e este foi o primeiro que veio em minha cabeça para eu levar este dossiê a frente.
— Sem mais pergunta meritíssima.