No Olho do Furacão
Casa de Alexandra, 18h50.
Alexandra está na cozinha cortando algumas verduras na pia, vemos que uma figura se aproxima dela lentamente, a mão da figura passa por trás dela e acaricia o seu abdômen. Alexandra se assusta e quando olha para trás percebe que é Pedro quem está ali.
— Pedro, pelo amor de Deus, que susto!
— Calma, amor, relaxa! Só queria te fazer uma surpresinha.
— E aí como foi na consulta?
— Ah, foi bem. O Doutor Vinícius disse que eu estou indo muito bem, que se eu continuar assim, eu não vou mais precisar tomar remédios nos próximos meses.
— Ai graças a Deus, Pedro! (Abraçando-o) Fico tão feliz que esse tratamento têm dado certo.
— Eu me sinto tão culpado por ter feito você sofrer tanto, eu juro que se eu pudesse, voltaria atrás pra reparar todo o mal que eu te causei.
— Você já está reparando, está cuidando de si mesmo e isso é o que importa.
— Eu te amo! (Beijando-a com ternura).
— Bom, eu até que gosto de você.
— Você não tem jeito, Alexandra, por isso eu te amo.
O celular de Alexandra toca.
— Só um momentinho, amor… É a Susana. Oi, amiga! Tudo bem? (pausa) Sim, e aí? (pausa) Sério? Semana que vem? Nossa amiga! Tomara que dê tudo certo e se faça justiça. Olha, se eu tiver um tempinho amanhã eu vou aí te visitar pra conversarmos melhor, tá? Beijos!
— Aconteceu alguma coisa, Alê?
— Marcaram a audiência do Miguel pra semana que vem.
— Sério? Poxa vida.
— Sim, eu te contei né da morte da Gardênia, assistente do mágico?
— Sim, sim, mas que barra esse pessoal tá passando, amor. O Miguel está preso há 6 meses por causa de um crime que sequer cometeu.
— Pois é, coitada da Susana… Perdeu a nora, quase perdeu o filho, sem contar que já havia perdido o marido há alguns anos.
— Olha… Se você quiser, eu troco de roupa rapidinho e vamos lá hoje mesmo fazer uma visita pra Susana.
— Sério, amor? Você não vai achar ruim não?
— Claro que não, é a amiga da minha mulher e é um ser humano como você e eu, acho que o mais coerente é fazermos uma visita a ela e dar uma força.
— Então tá bem, eu vou avisar pra ela que chegaremos lá dentro de meia hora.
— Ok, vou me trocar.
Pedro já não é o mesmo de 6 meses atrás, parece que realmente este tratamento que ele iniciou funcionou completamente, pelo menos esperamos que continue assim.
Casa de Henrique, 19h10.
Tatiana e Israel mais uma vez discutiam, e dessa vez não tiveram o pudor de colocar Henrique no sofá para escutar seus desaforos.
— Viu isso, Israel? Está vendo agora porque eu não quero o Henrique naquele circo? Porque pessoas morrem naquele maldito lugar! Primeiro a Victoria e agora a tal da Gardênia.
— Tati, não começa.
— Não começa o caramba, Israel! Imagine se acontecesse alguma coisa com o nosso filho?
— Mãe, por que você se preocupa tanto se todo esse tempo, nunca aconteceu nada comigo?
— Henrique, você é meu único filho, é tudo o que eu tenho nesse mundo.
— E daí? O Miguel também é filho único da dona Susana e nem por isso ela fica com essa “neura” por ele.
— De novo você vem falar dessa maldita?
— Mãe! Como você pode falar isso se ela salvou a minha vida uma vez?
— Ela não tinha o direito. Ela tinha que cuidar do filho marginal dela.
Henrique se levanta alterado.
— O Miguel não é um marginal! Para de falar dele! Ele é meu amigo e é como se fosse meu irmão mais velho, eu não vou deixar que vocês falem mal dele.
Henrique sai emburrado e vai para o quarto.
— Olha, Tatiana… Cada dia você me surpreende, viu?
— Cala essa boca, seu estúpido! Vai caçar o que fazer! Não tem futebol hoje não? Me deixa!
— Boa ideia,vou jogar bola com meus amigos que eu ganho mais.
— Idiota!
Na prisão, Miguel está pensativo sentado na cama escorado na parede, um dos colegas de cela o questiona:
— Miguel, você tá bem? Tá tão calado hoje.
— Foi mal, cara, é que agendaram o meu julgamento.
— Sério? Mas isso é um bom sinal não é?
— Eu não sei, estou com medo do que possa acontecer. Teve outra morte no circo onde eu trabalhava.
— Poxa cara, sinto muito! Você conhecia a pessoa?
— Sim, eu conhecia, ela era a assistente de palco do mágico do circo. A gente não era muito próximo, mas… Foi horrível a morte dela, eu nem quero me lembrar disso.
— Cara, não fica assim não. Eu e os “moleque” aqui gosta muito de você, nós vamos torcer pra que dê tudo certo nesse teu julgamento.
— Valeu, irmão!
Ambos cumprimentam-se com o bater de mãos.
Casa de Susana- Meia hora depois.
Na casa de Susana, acaba de chegar Pedro e Alexandra. Susana fica impressionada que Pedro também veio visitá-la.
— Nossa, Pedro! Estou lisonjeada com tua visita aqui na minha casa.
— Sim, eu ia falar pra Ale vim de qualquer jeito te dar uma força, mas eu pensei em vir também pra saber como você está.
— Você tem um marido e tanto, Alexandra!
— E não é, menina?
— Bom, sentem-se! Fiquem a vontade.
Todos se acomodam no sofá.
— Vocês dois querem tomar alguma coisa?
—Talvez mais tarde, amiga. Mas vimos de verdade saber do Miguel, como ele tá?
— Bom, o Miguel tá bem, mas agora que aconteceu essa morte da Gardênia, parece que as coisas pioraram.
— Mas gente, é óbvio que não tinha como o Miguel ser acusado por isso, ele estava preso quando a Gardênia morreu, isso não faz sentido nenhum.
— Infelizmente ou não, Alexandra, ele só irá ser julgado pelo caso da Victoria, a morte da Gardênia foi apenas um impulso pra eles abrirem um inquérito pra levar ao tribunal.
Pedro, curioso, pergunta.
— Susana, desculpa, eu fiquei a pouco tempo sabendo de tudo. Tinha provas que incriminavam o Miguel sobre a morte da namorada dele?
— Pior que sim, encontraram as digitais dele na faca que foi usada pra cortar as cordas do trapézio. Mas alguém a deixou no armário pessoal dele, foi um golpe baixo.
Alexandra completa.
— Muito baixo por sinal.
Alguém bate na porta de Susana.
— Estranho. Quem será?
Susana vai atender e ali está Eduardo e Isabelly.
— Detetives?
Eduardo: Olá, dona Susana. Boa noite!
Isabelly: Boa noite, dona Susana!
Susana: Boa noite, que surpresa!
Eduardo: Eu sei que deveríamos ter avisado, mas trouxemos uma pessoa aqui que queremos que a conheça. Vem pra cá, Josy!
Josy: Olá!
Eduardo: Susana, essa é a Detetive Criminal Josy Lyu, ela está nos ajudando a desvendar os crimes do assassino.
Josy: Eu estou mais pra uma caçadora de recompensas, colega, mas se ele me vê como uma Detetive Criminal, quem sou eu pra discordar, não é mesmo?
Susana: Ah! Muito prazer.
Alexandra do lado de dentro percebe as novas visitas e levanta-se do sofá.
Alexandra: Susana, talvez eu deva voltar uma outra hora.
Susana: Não, amiga, fique. É importante, não é Eduardo?
Eduardo: Bom, sim, só que… (Olhando para Pedro).
Pedro: Ah eu me chamo Pedro! Sou o esposo da Alexandra. Talvez eu possa sair pra comprar alguma coisa para tomarmos enquanto vocês conversam, o que acham?
Josy totalmente irreverente entra dentro da casa de Susana.
Josy: Nossa, eu estou sentindo cheiro de café. Você que tá fazendo?
Susana sem graça responde.
— É… É…
Eduardo: Josy, por favor!
Josy: Ah não começa, né Eduardo? Nossa, o cheiro tá uma delícia! É ali a cozinha, né? (Se dirigindo à cozinha).
Isabelly: Ela não vai entrar na cozinha alheia, vai?
Josy entra na cozinha.
Isabelly: Ela vai entrar na cozinha alheia.
Alexandra: Bom, acho que literalmente precisamos ir embora, tchau Susana!
Susana: Mas… Espera, tá cedo.
Alexandra: Vocês tem muito pra conversar, fiquem com Deus! (Cochichando para Pedro) E o senhor nem invente de piscar na direção dessa garota, tá ouvindo?
Pedro: Mas eu não fiz nada.
Alexandra: Bom mesmo.
Passaram-se alguns minutos e Eduardo está contando tudo o que já descobriu sobre o suposto nickname do assassino. Susana fica impressionada.
— Meu Deus! Isso é uma coisa muito doentia, Eduardo.
— Sim, amanhã eu irei até o Miguel juntamente com a Josy pra explicar tudo isso.
— Eu estou bem preocupada, pra ser sincera.
— E pra piorar Susana, infelizmente eles não vão te intimar pra depor.
— Mas por quê? Só porque eu sou mãe dele?
— Também, mas não se trata apenas disso…
Isabelly completa.
—… É que eles disseram que não viram necessidade de chamar você pra depor justamente por ser mãe e obviamente você é “suspeita” em falar, entendeu? Mesmo que você desse seu depoimento, o júri não encararia com tanta relevância. Você não está isenta de depor, mas realmente eles preferiram não te intimar.
— E agora? Terei apenas que assistir meu filho ser julgado por tudo e todos.
Josy olhando para as suas unhas responde a Susana.
— Relaxa, gata! Agora o casalzinho aí (referindo-se a Eduardo e Isabelly) recebeu alguém extremamente qualificada como eu pra ajudar no caso, não tem erro.
Eduardo olha para Josy e em seguida segue a conversa com Susana.
— Ignora ela, Susana… Olha, a essa altura do campeonato, a intimação já começou a chegar nos lares de algumas pessoas. Até o final da semana todo mundo já vai ter recebido.
E assim como Eduardo disse, realmente aconteceu.
No dia seguinte praticamente todos os que estavam envolvidos no circo no dia da morte da Victoria receberam a intimação pra depor. Eduardo vai ao presídio juntamente com Josy pra explicar os fatos.
Miguel: Raposa? Então realmente o assassino está matando essas pessoas e simbolizando com as caudas?
Josy: É sim, bonitão! Mas a titia aqui já está dando um jeito na situação.
Eduardo: Praticamente todos os teus amigos ou não amigos, receberam a intimação pra depor, exceto a tua mãe.
Miguel: Por quê?
Eduardo: Não viram razão sustentável para que ela seja testemunha. Principalmente na defesa.
Josy: Mas você pode chamar ela como testemunha, Eduardo, pra fazer alguma construção de raciocínio sobre a cena do crime.
Eduardo: Poder eu posso, mas eu teria que estabelecer algo pra poder chegar nesse ponto, mas… Os teus amigos vão depor ao teu favor, Miguel. Então fique tranquilo.
Miguel: Eu só vou ficar tranquilo depois que eu sair daqui e descobrir quem é o desgraçado que matou a Victoria.
Josy: Homens vingativos… Isso é tão excitante!
Eduardo revira os olhos e Miguel apenas ignora o comentário de Josy.
Na casa de Henrique, Tatiana acaba de ler a carta de intimação para o filho.
— Olha pra isso, Israel, isso é um absurdo! Como podem chamar o meu filho para depor? Ele só tem 12 anos, não deveria ser contra a lei?
— Olha amor, eu sou totalmente leigo nisso, mas acho que se chamaram o Henrique, então deve ser permitido sim.
— Eu não acredito nisso.
— E o que tem de errado, Tati? Ele vai falar simplesmente o que viu no dia da morte da Victoria e talvez da Gardênia.
— Bom, sendo assim… Espero que eles não façam nenhuma pressão psicológica no meu filho, pois terão de se ver comigo.
No apartamento de Isabelly, ela está no chuveiro e suavemente desliza seus dedos em seus cabelos enquanto os enxágua. No meio do banho, ela ouve um barulho estranho de dentro do apartamento, ela se detém por alguns segundos e depois fecha o registro.
Ela sai do box completamente nua e procura escutar aquele barulho novamente, ao ver que não tinha mais nada, ela pega uma toalha e se enrola nela.
Alguns minutos depois ela já estava vestida com um top e calcinha, ela chega ao seu quarto enxugando o cabelo, então ela encontra uma mensagem na sua cama escrita com uma espécie de tecido: “Você se lembra?”.
Isabelly arregala os olhos e rapidamente apanha a sua arma na gaveta e fica de prontidão.
— Quem tá aí? Vamos, apareça!
Isabelly está nervosa, mas não demonstra medo. A jovem detetive vai andando lentamente pelo apartamento tentando descobrir alguma movimentação.
— Escuta aqui, babaca! Eu estou armada! Então se não quer que eu estoure seus miolos agora mesmo, é melhor aparecer de uma vez por todas!
Isabelly caminha firme segurando sua arma até que ela sente uma sombra passando pela parte de trás. Ela rapidamente muda o sentido que estava andando e se dirige por onde supostamente sentiu a sombra.
— Quem tá aí?
Ela retorna ao banheiro, a porta está fechada e ela percebe pela brecha que há uma movimentação lá dentro. Ela se posiciona corretamente, dá um impulso e chuta a porta de uma vez apontando a sua arma.
— Parado!
Mas para a sua decepção (ou não) era um gato que havia entrado no apartamento e estava bagunçando tudo.
— Ai puta que pariu! Merda de gato!
Alguém bate na porta.
— Droga!
Ela vai até a porta ainda segurando a arma. Quando abre, uma vizinha era quem batia e se assusta quando vê Isabelly com a arma.
— Ai meu Deus! Por favor, não me mate!
— Calma, calma, me desculpa! É que eu sou policial, eu ando sempre prevenida.
— Ah sim, é… Eu vim saber se você não viu um gatinho todo preto, a coisa mais linda de mamãe?
— Tá falando de um que me matou de susto ainda pouco?
— Ele está aí?
Minutos depois, a vizinha consegue apanhar o gato que estava escondido no apartamento de Isabelly. Ela se dirige até a porta, Isabelly parecia molesta com toda a situação.
— Me desculpe, senhorita, prometo que meu gato não vai mais te incomodar.
— É bom mesmo, porque senão eu vou dar um tiro nele.
— Ai que horror!
— Tá bom, tá bom, eu tenho mais o que fazer, tá? Até logo!
Isabelly praticamente fecha a porta na cara da vizinha de apartamento e suspira escorada na porta por alguns segundos.
— Ah meu Deus! Eu devo estar ficando maluca.
Isabelly se dirige até o quarto, mas ainda sim ficou intrigada… Um gato não iria fazer uma mensagem pra ela com uma espécie de tecido. Ela desfaz o tecido que formava as letras, pega-os e começa a cheirá-los.
— Quem será que fez isso? Alguém entrou no meu apartamento, eu tenho certeza.
3 dias depois…
Vai se aproximando o momento do grande julgamento de Miguel, mas ainda há muitas coisas para serem tratadas. No Fórum de Justiça, Eduardo, Isabelly, o delegado Monteiro e Josy participam de uma reunião para acertar detalhes da audiência que será realizada nos próximos dias, o secretário de comunicação conversa com eles.
— Boa tarde, senhores! Vamos de imediato esclarecer alguns procedimentos do processo que o réu Miguel de Paula está respondendo pelo homicídio de Victoria Lopes. Acompanhamos todo o processo desde que o réu estava alojado em outra penitenciária e acabou sendo baleado no meio da rebelião demorando semanas e semanas para se recuperar até ele ser deslocado para outra penitenci…
Josy impaciente interrompe-o.
— Nossa! Para de enrolação, vai direto ao ponto!
Eduardo a repreende.
— Josy?
— O que é?
O secretário prossegue.
— Bom, como eu estava tentando dizer… Uma grande vantagem que a defesa terá é que realizaremos o julgamento sobre o rito comum e não na Lei de Tóxicos como era de se esperar.
Eduardo responde satisfeito.
— Ai graças a Deus! Eu teria que revirar esse processo de ponta cabeça se fosse pela Lei de Tóxicos.
Isabelly completa.
— Um ponto ao nosso favor, Eduardo. Mas o rito comum está tão complexo quanto o outro.
— Sim, eu sei.
O secretário comenta.
— A propósito, Dr. Eduardo… Já começou a realizar o treinamento de formulação de perguntas com o teu cliente?
— Sim, já comecei. Inclusive quando eu sair daqui, eu irei no presídio vê-lo.
— Estou ciente que vocês ouvem isso centenas de vezes, mas é importantíssimo que o réu fique a par de tudo o que lhe espera. Principalmente um caso tão complicado quanto esse.
Josy o responde.
— Não é que o caso seja complicado, secretário, acontece que temos um assassino extremamente genioso que conseguiu fazer com que esse rapaz caísse na armadilha dele.
— Sabemos senhorita, Lyu, por isso julgo o caso como um dos mais difíceis que vocês da defesa vão lidar.
Eduardo o responde.
— É, eu estou percebendo isso. Fiquei anos sem subir em um tribunal exercendo apenas a minha função de detetive. Voltar a advogar com um caso desses, será um desafio e tanto.
— Bom, já foi enviado a intimação para as pessoas que farão parte do Júri. O magistrado que ficará a cargo do julgamento será o Juíz Álvaro Caiedo, no qual já realiza várias audiências aqui no município, e na promotoria foi convocada a Promotora de Uruguaiana- SC, Caroline Barreto.
Eduardo e Isabelly em uníssono:
— O quê?
— É o que está dizendo aqui no memorando.
Eduardo um pouco nervoso, questiona.
— Mas tanta gente pro estado trazer, e foi escolher logo essa mulher?
Josy sem saber de nada, questiona:
— E o que tem de especial nessa mulher?
Isabelly a responde.
— Ela é simplesmente a “Rainha do Júri”, completamente implacável e já fez muito advogado passar vergonha no tribunal.
— Que horror!
Monteiro que até então não se pronunciava, dá a sua opinião.
— Eduardo, é essa promotora que você me disse que já ganhou 5 casos no Supremo?
— Ela mesma, delegado.
Josy escora na cadeira e argumenta.
— Morta! Quem essa mulher pensa que é? A Viola Davis?
— Infelizmente eu não posso interver sobre isso, se o Estado escolheu a senhorita Barreto como a promotora oficial desse julgamento, só resta nos prepararmos muito mais, principalmente o senhor, Dr. Eduardo.
— Claro, eu sempre fico com a pior parte, né?
— Eduardo, você é um profissional competente. Tenho certeza que fará jus ao pisar naquele tribunal.
— O problema, Sr. Monteiro, é que como eu falei anteriormente, já faz um tempo que eu não atuo em um tribunal como advogado de defesa. Exercia apenas a minha função de detetive e eu ia aos julgamentos pra testemunhar as provas que eu coletava sobre os culpados… Mas pra defender alguém, principalmente um inocente?
Isabelly completa.
— E ainda por cima colocam essa mulher na promotoria. Teremos um trabalho difícil nos próximos dias.
— Dr. Eduardo, informe ao seu cliente tudo o que foi dito aqui hoje. É imprescindível isso.
— Não se preocupe, secretário. Me reunirei com ele hoje mesmo.
Algumas horas se passaram e Eduardo está na prisão dando algumas dicas para Miguel pra que ele possa estar preparado para o que vai acontecer no tribunal.
— Quer dizer que as coisas estão tão complicadas assim, Eduardo?
— É sim, Miguel, principalmente pelo fato de terem contratado essa mulher pra ser a promotora. Estamos no olho do furacão, Miguel… Então preciso que você siga todas as minhas dicas para conseguirmos vencer esse caso e provar a tua inocência.
Na casa de Alexandra, Pedro entra com um papel na mão e rapidamente vai até Alexandra que se encontra sentada no sofá.
— Amor, você não vai acreditar!
— O que houve, Pedro?
— Eu fui intimado pra fazer parte do júri do julgamento do Miguel.
— Ai meu Deus! Sério?
— Sim, olha!
Alexandra se levanta do sofá ansiosa e confirma a intimação.
— Nossa, por essa eu juro que não esperava.
— Sim Alê, e como eu conheço o Miguel, posso tentar convencer os demais de sua inocência. Claro que eu não vou dizer que conheço ele.
— Nossa, Pedro! Isso já seria um peso a menos pra Susana e para o próprio Miguel.
— Sim, eu sei. Isso não é demais?
— A Susana vai ficar muito feliz ao saber disso.
— Por isso que eu vim logo dar a notícia pra você, meu amor.
— Quando vai ser o julgamento mesmo?
— Segunda-Feira.
— Nossa, precisamos nos preparar. Vamos torcer pra que o advogado do Miguel faça o possível pra que ele saia daquela prisão.
Casa de Susana, 18h20.
Susana recebe novamente Eduardo, Isabelly e Josy em sua casa, ambos discutem sobre o que lhes esperam nesse julgamento.
Susana: Agora confesso que fiquei preocupada, agora pouco a Alexandra me liga dizendo que o esposo dela será um dos componentes do júri e agora vocês me lançam essa bomba?
Isabelly: Sentimos muito, dona Susana. Mas realmente não poderíamos de maneira nenhuma deixar a senhora de fora disso.
Eduardo: Ao menos temos um juiz decente, o Meritíssimo Álvaro Caiedo é conhecido por seu enorme senso de justiça. Mas confesso que me preocupa muito a chegada da Dra. Barreto.
Susana: Mas gente, o que tem de tão relevante nessa mulher? Essa tal de Caroline?
Josy: Olha, querida, se você tivesse na nossa profissão queria estar bem longe dela nesse momento, isso eu posso te garantir só pelo o que me falaram.
Eduardo: A senhorita Barreto é uma excelente promotora de Uruguaiana, Santa Catarina… Já atuou em 109 audiências criminais pelo país e entre elas venceu 5 casos no Supremo. Já ouvi falar sobre advogados que saíram chorando por apenas ter trocado algumas palavras com ela.
Susana: E dessas 109 audiências, quantas ela já perdeu?
Eduardo suspira e diz:
— Nenhuma.
Susana: O quê? E como podem ter contratado essa mulher? O Miguel será arruinado por ela.
Isabelly: Sinceramente não sei o que é pior.
Susana: Meu Deus! O que vou fazer agora? Posso perder o meu filho pelo resto da vida.
Josy: Ainda não podemos esquecer da Kitsune, né queridinha? Não queria falar nada, mas ainda tem um assassino a solta por aí.
Eduardo se coloca na frente das três mulheres e prossegue o discurso.
— O assassino é o “menor” dos problemas, pois agora temos uma inimiga muito pior e mais sorrateira do que já imaginamos, e seu nome é…
Em algum lugar da cidade, um táxi estaciona em frente a um prédio. Pés femininos são mostrados descendo do veículo, um transfer chega imediatamente para atender a mulher.
— Por favor, senhorita, deixe que eu ajude com as malas.
A mulher cede as malas para o transfer enquanto ela se dirige à recepção. Ela diz alguma coisa para a recepcionista sem que possamos ouvir.
— Ah claro, senhorita! Vou olhar a tua reserva. É… Como se chama?
A mulher tira seus óculos escuros finalmente revelando seu rosto.
— Eu me chamo Caroline, querida… Caroline Barreto.
Próximo Capítulo:
Sexta, 19 de Abril.