O Veredito
Há segredos que nos protegem, segredos que nos mantém distantes de tudo, mas existem segredos que podem destruir as nossas vidas e tudo aquilo que está a nossa volta. Seria pecado omitir um segredo? Nem que para isso a vida de outra pessoa dependesse disso?
Karina está de volta… Mas qual a sua verdadeira intenção? E por que justamente agora ela decidiu voltar?
== FLASHBACK 1 ==
A plateia aplaude a atuação da acrobata. Miguel e Victoria estão próximos à arquibancada e aplaudem completamente perplexos.
— Uau!
— Olha, não é por nada não, Miguel. Mas a Karina é muito maravilhosa! Você viu isso que ela fez?
— Amor, você também é maravilhosa.
— Quem me dera eu ter metade do talento dela, ela é perfeita!
== FLASHBACK 2 ==
Karina conversa com Miguel e Victoria sobre sua partida e Victoria lamenta.
— Eu… Eu não sei o que dizer, eu sempre tive você como minha referência. Vou sentir a tua falta.
— Também sentirei de vocês. Bom, eu preciso ir agora, já é tarde.
Karina se retira.
— Nossa que chato, Miguel! Eu já estava começando a fazer amizade com ela e agora ela vai embora.
— Assim é a vida meu amor, afinal ela é uma mulher talentosa demais pra se limitar apenas a isso aqui.
== FLASHBACK 3 ==
Karina entrega o pingente para Victoria.
— Eu… Eu nem sei o que dizer.
— Não precisa dizer nada, quero que use este pingente hoje à noite na apresentação, vai te dar sorte.
— Obrigada!
Victoria abraça Karina emocionada, esta retribui o abraço.
== FLASHBACK 4 ==
Karina está se acomodando nas poltronas do avião e pega o seu celular para mandar uma mensagem para Victoria. No camarim, Victoria ouve o som de mensagem chegando.
“Já estou no avião, espero que você arrase. Ah não esqueça de usar o pingente que eu te dei hein? Beijos!”
-Karina
Victoria sorri com a mensagem e manda outra de volta.
“Obrigada por tudo e boa viagem”!
Victoria pega o pingente a qual Karina lhe entregou e coloca no pescoço, ela fica se olhando no espelho por alguns segundos e Luiza chega a interrompendo.
— Victoria, o que você tá fazendo? O número do Edgar e da Gardênia já vai terminar, você é a próxima!
— Me desculpa, eu só estava arrumando algumas coisas. Como acha que estou?
— O que é isso no teu pescoço?
— Ah isso aqui é um pingente que eu ganhei, achei que daria sorte usá-la hoje na apresentação.
— Não, querida. (Tira o pingente do pescoço de Victoria).
— Mas…
—…Você estará há mais de 10 metros de altura, um pingente ou qualquer outro tipo de coisa pode te atrapalhar, imagine se isso enrosca em alguma das cordas?
== FLASHBACK 5 ==
O avião onde está Karina acaba de decolar e já está sob os céus, ela olha para a janela e começa a pensar.
— Espero que você tenha conseguido alcançar voo… Victoria.
Karina esteve todo esse tempo longe, mas por qual motivo ela teria voltado? Poderia ela estar com a verdade? Ou é apenas uma distração para que o verdadeiro assassino possa atacar?
Buenos Aires, Argentina- 5 meses e meio atrás.
Karina está em um circo ensaiando um número com tecido acrobático na parte da tarde, um dos artistas chega ao picadeiro e a interrompe.
— Hola, Karina! O café está pronto!
— Gracias, Paco.
Karina desce do tecido e se junta aos demais para tomarem café, a TV está ligada e está passando uma notícia internacional. Um dos palhaços do circo chama a atenção de Karina.
— Oye, Karina! Están hablando de tu país, Brasil.
Karina ouve atentamente a notícia sobre a morte de Victoria e o envolvimento de Miguel no crime.
— Meu Deus! Não, não pode ser. Victoria?
Todos ficam entreolhando percebendo a preocupação de Karina.
Buenos Aires, Argentina- 3 semanas atrás.
Karina está em sua casa e fica atenta às notícias do Jornal que anuncia a morte de Gardênia e o julgamento de Miguel nos próximos dias. Ela desliga a TV preocupada e horas mais tarde ela está conversando com sua tia sobre o ocorrido.
— Eu não posso mais, tia! Eu preciso voltar ao Brasil imediatamente!
— Mas Karina, vai deixar toda a carreira que você construiu aqui na Argentina?
— Eu sinto muito, mas eu preciso voltar e dar um basta naquela história! Eu vou querer testemunhar naquele julgamento, tia.
— Mas você não pode fazer isso, por favor, não se meta nessas coisas. É perigoso!
— Me desculpe, tia. Mas eu já decidi e não volto mais atrás.
Neste mesmo dia Karina chega ao aeroporto de Buenos Aires e aguarda o chamado para o seu voo. Ela olha para o painel e pensa consigo mesma:
— Victoria, o que aconteceu? Quem cortou as tuas asas?
As cartas estão na mesa, cabe a você agora decidir qual o verdadeiro plano de Karina depois de retornar ao Brasil. Será por pura afeição à Victoria? Ou por algo que não pode ser revelado? Se a magia acabou ou não… É hora de descobrirmos.
<OPENING>
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AGORA…
O juiz pergunta:
— … Mas agora acho que é o momento certo de sermos apresentados, então poderia, por favor, dizer a nós como se chama?
— É claro que sim, meritíssimo. Eu sou ex-artista do circo MAXIMUS. Me chamo Karina… Karina Fernandes!
Impacto em todos, Eduardo olha para Miguel, todos ficam sem entender o motivo de Karina estar ali. O juiz dá prosseguimento.
— Bom, senhorita Karina, poderia falar melhor sobre você para nós?
— Eu trabalhei com o Seu Fausto no Circo MAXIMUS durante muitos anos, era acrobata e fazia números com o tecido acrobático, eu recebi uma proposta de trabalhar em um circo na Argentina. Como eu já tinha parentes lá, decidi ir e fiquei morando e trabalhando lá por 6 meses.
— E qual o motivo de estar aqui de volta?
— Pelo motivo que acredito que vocês devem saber… Victoria.
Joana pega na mão de Augusto impactada. Karina prossegue.
— Quando soube da morte da Victoria, eu fiquei muito abalada, principalmente quando soube que ela morreu na mesma noite que eu viajei pra Buenos Aires, a notícia só chegou pra lá mais pra frente. Depois repercutiu em todos os noticiários do mundo o incêndio no presídio onde o Miguel estava preso, a morte da Gardênia 5 meses depois e agora o julgamento do Miguel… Quando eu soube que haveria o julgamento dele, eu não medi esforços e juntei minhas coisas, larguei tudo e voltei pro Brasil! Eu precisava voltar, todos precisavam saber.
— Saber do quê, senhorita?
— De tudo o que eu sei sobre Victoria Lopes e é claro, Miguel de Paula.
Miguel no banco dos réus mal reagia. O juiz se dirige aos advogados.
— Bom, sendo assim… Qual de vocês quer interrogá-la primeiro?
Tanto Eduardo como Caroline não conseguem responder a pergunta, pois ainda estão extasiados. O juiz percebendo a distração, ressalta mais uma vez.
— Advogados?
Eles praticamente despertam de um suposto “transe temporário”. Eduardo responde.
— Perdoe-nos meritíssimo, creio que talvez a senhorita Barreto queira dar início.
Caroline se levanta devagar, o que é raro, e se dirige até Karina.
— Bom, teu nome é Karina Fernandes e você trabalhava para o Circo MAXIMUS, certo?
— Sim, senhorita.
— O Seu Fausto confirmaria isso?
— Por que não pergunta pra ele? Ele tá bem ali na “plateia”.
Caroline apenas olha para o Seu Fausto e este assente com a cabeça afirmativamente. Caroline volta o olhar à Karina e dá prosseguimento.
— Como você conseguiu isso? Em outras palavras, como conseguiu testemunhar neste júri sem nenhum tipo de intimação?
— Bom, quando eu soube que haveria o julgamento do Miguel, rapidamente eu fui me programando. Assim que cheguei ao Brasil, procurei ficar em pá de tudo o que estava ocorrendo: Data do julgamento, quem iria depor… Então entrei em contato com o TJ (Tribunal de Justiça) e redigi um memorando que eu queria prestar depoimento ao julgamento como uma testemunha extra sem que ninguém soubesse de nada; então eu tive uma reunião com o juiz Álvaro e com os ministros do TJ, expliquei toda a minha tese e eles aceitaram me colocar no quadro de testemunhas.
— Mas você sabe muito bem que o júri pode anular o seu depoimento, certo? Já que você praticamente não estava incluída no processo.
— Se eles vão anular ou não, isso não é problema meu. Mas se eu estou aqui, vou falar tudo aquilo que eu tenho pra dizer.
— Bastante corajosa você, Karina! Então por que não diz a nós e ao júri o que você tem de tão importante?
— Talvez queira perguntar por partes, senhorita promotora. Se eu for contar tudo o que eu achar importante aqui, vou começar pelo meu cabelo — que, aliás, hidrato ele todos os dias— deveria fazer o mesmo.
Burburinhos e vaias em voz baixa começam, a promotora fica sem graça, Josy em seu lugar sussurra:
— Não sei quem é essa Karina, mas já virei fã dela.
Caroline ainda desajeitada prossegue o interrogatório.
— Então senhorita Karina, qual era a tua relação com a vítima, Victoria Lopes?
— Bom, a Victoria sempre foi um doce de pessoa. Nossa amizade era mais profissional, confesso. Mas eu sei quando uma pessoa tem um bom coração.
— E sobre o réu, Miguel de Paula?
— O Miguel sempre foi um dos mais queridos do circo, um malabarista talentoso, sempre foi um bom exemplo… O namoro dele com a Victoria sempre foi muito comentado no circo, até chegar o momento desta tragédia.
— Quando foi a última vez que você viu ou falou com a Victoria?
— Bom, eu a vi pela última vez na parte da tarde antes de eu viajar, eu até a presenteei com um pingente pra ela usar no espetáculo. Quando foi à noite, eu já estava no avião e mandei uma mensagem pra ela desejando boa sorte.
Eduardo intrigado interrompe.
— Com licença, me desculpa interromper! Mas… Disse que mandou uma mensagem para a Victoria?
— Sim, mandei no whatsapp dela desejando boa sorte. Depois quando eu cheguei na Argentina, mandei outra mensagem avisando que eu tinha chegado bem e estranhei que ela não me respondeu. Só depois eu soube o que realmente tinha acontecido.
Isabelly em seu lugar indaga:
— Isso é logicamente impossível, revistamos o celular da Victoria e não tinha nenhuma mensagem de nenhuma Karina.
— Como não? A não ser que outra Victoria estava conversando comigo, pois na primeira mensagem ela me respondeu.
Eduardo confuso pergunta:
— Espera, espera. Está me dizendo que você conversou com a Victoria pelo whatsapp antes dela entrar pra se apresentar?
— Eu não sei dizer se foi exatamente antes dela se apresentar, porque eu não perguntei isso pra ela. Mas sim! Eu falei com ela antes do avião decolar.
Caroline responde.
— Mas como pode ver, senhorita. Não foi encontrada nenhuma prova no celular da vítima que ligue diretamente a você. Como vamos saber se está falando a verdade ou não?
— Vocês acham que eu sou tonta? Eu sei muito bem o propósito que vim aqui neste tribunal e eu posso provar pra todos vocês. E obviamente eu salvei todas as conversas que tive com a Victoria, se quiseram olhar…
Caroline, Eduardo e Isabelly se aproximam e começam a ler a mensagem que Karina havia mandado à Victoria e a sua resposta.
Isabelly argumenta.
— Que estranho! Tanto nós como a perícia não encontramos essas mensagens no celular da Victoria.
— Vocês três estudaram mesmo Direito ou se fazem de idiotas?
Os três em uníssono:
— O que disse?
— Será que vocês não perceberam ainda que alguém apagou as mensagens do whatsapp do celular da Victoria antes da polícia chegar?
Os advogados e Isabelly ficam impactados com o poder de dedução de Karina. Ela prossegue.
— Está na cara que a pessoa que apagou a mensagem queria desligar qualquer coisa que pudesse afastar o Miguel de ser o suspeito, era o Miguel que esse criminoso queria e não a mim. Do contrário não teria apagado a mensagem que praticamente me incriminava, a não ser que eu tenha poderes psíquicos pra ter matado a Victoria do avião onde eu estava.
Os advogados se encontram desarmados com as palavras de Karina, o juiz dá prosseguimento.
— Pelo visto, a perícia passou batido esse detalhe. Deveriam ter enviado o celular para uma análise com a equipe da Inteligência para tentar buscar as conversas antigas no celular da vítima, mas pelo visto nem o estado e nem a defesa se atentou a isso.
Eduardo envergonhado diz:
— Em nome da defesa, eu peço desculpas, meritíssimo.
Caroline também reconhece o erro.
— A promotoria também pede desculpas, meritíssimo. Houve uma falha na comunicação.
Karina responde:
— Não foi falha na comunicação, foi preguiça de investigar o caso nas partes mais minuciosas, porque era mais fácil incriminar o Miguel por conta de um objeto que foi encontrado nas coisas dele, do que arregaçar as mangas e prestar atenção em cada detalhe. Imagine quantos detalhes vocês não deixaram passar por conta de uma incompetência? Não é a toa que os criminosos estão em liberdade e os inocentes estão aqui sendo julgados. Por quê? Porque advogados que se dizem experientes não tiveram nem mesmo o pudor de rastrear um celular; dois detetives investigando esse caso, a promotora que segundo o que me disseram já venceu até casos no Supremo. Imagine que patético chegarmos ao STF por causa de uma mensagem de whatsapp que passou batido pela audiência no fórum estadual? Sério, acho melhor vocês começarem a rever a profissão de vocês.
Karina praticamente destruiu qualquer tipo de argumento que Caroline, Eduardo e Isabelly poderiam ter. O juiz enfatiza.
— Creio que da próxima vez os advogados serão mais cautelosos. Ah! Senhores do júri, creio que os senhores podem e devem levar em consideração e anotar nos registros o depoimento da senhorita Karina.
O júri assente ao juiz, este prossegue.
— Bom, alguém deseja fazer mais alguma pergunta à testemunha?
Ambos respondem que não e o juiz a libera.
— Bem, a testemunha está dispensada. Vamos nos preparar para o próximo ato onde ouviremos as três testemunhas faltantes.
Karina se retira para a sala das testemunhas, os advogados retornam aos seus lugares completamente envergonhados, Miguel questiona a Eduardo.
— Cara, o que a Karina tá fazendo aqui? Ela vai estragar tudo!
— Talvez não, Miguel. Ela foi a única que conseguiu desarmar a Caroline, talvez seja benéfico para nós.
Isabelly no banco de trás ressalta:
— Eduardo, como a gente deixou passar esse detalhe? Não vimos nenhuma mensagem suspeita no celular da Victoria, como isso pode ser possível?
— Talvez seja realmente o que ela disse. O assassino deve ter apagado antes da polícia chegar.
O juiz lança um comunicado:
— Pedimos que, por favor, as próximas testemunhas se dirijam até à sala que lhes corresponde para aguardar a sua vez.
Eduardo se levanta e vai até eles.
— Escutem, André e Luíza. A próxima testemunha será a Joana, depois dela vem vocês. Escutem bem, a Caroline vai atacar vocês, então precisam tomar muito, mas muito cuidado, ela sabe que vocês são as pessoas mais próximas ao Miguel, então sejam cautelosos no que forem falar.
André responde:
— Não se preocupe, Eduardo. Nós não vamos te decepcionar.
— Ótimo! Acompanhem o guarda, ele os levará até lá.
André e Luíza se levantam para ir até à sala e topam com Karina voltando do local. André se pronuncia.
— Karina! O que… O que você tá fazendo aqui?
— Olá, André! Luíza? É muito bom rever vocês, agora se me permitem vou assistir o restante da audiência e aguardo com bastante curiosidade o depoimento de vocês dois. Com licença.
Karina decidiu cortar qualquer tipo de diálogo que André e Luíza estavam pensando em estabelecer naquele momento.
— Caramba André, você viu? Ela nem deu bola pra a gente.
O guarda vendo que os dois estavam parados, pediu para que eles seguissem caminho.
— Por favor, senhores, se dirijam à sala de testemunhas, por gentileza.
Os dois chegam à sala de testemunhas e lá estava Joana que sequer olhou para a cara deles. Eles se assentam no banco até que um dos guardas entram.
— Senhora Joana Lopes, o juiz lhe chama para depor.
Joana se levanta e dirige-se até a porta, ao sair da sala ela vai se dirigindo até a poltrona das testemunhas e como sempre está com seu crucifixo na mão. O juiz cede a oportunidade para que Eduardo comece.
— Com a palavra, o advogado de defesa.
— Obrigado, meritíssimo.
Eduardo se aproxima de Joana e inicia o interrogatório.
— Senhora Joana Lopes. A senhora é a mãe da vítima, Victoria Lopes. Ela era sua única filha?
— Sim, era a minha única filha.
— A tua filha é trapezista desde quando?
— Bom, creio que desde o início da adolescência ela começou a criar afeição por essas coisas, eu pra ser sincera nunca fui muito a favor, essas coisas sempre foram perigosas e vejam só o que aconteceu.
— Tudo bem, tudo bem. Sabe me dizer há quanto tempo a tua filha trabalhava no circo MAXIMUS?
— Uns 3 anos e meio, não lembro direito.
— Após o ocorrido, a senhora iniciou um processo contra o Circo MAXIMUS, certo?
Caroline ressalta.
— Protesto! O processo da senhora Joana contra o circo MAXIMUS não tem relevância nenhuma aqui.
O juiz responde.
— Protesto aceito.
Eduardo prossegue.
— Farei outra pergunta. A senhora estava na noite que a tua filha, Victoria Lopes, caiu daquele trapézio, não estava?
— Sim, eu presenciei tudo, foi a cena mais horrível e angustiante de toda a minha vida.
— Dona Joana, notou algo suspeito com tua filha antes do ocorrido?
— Não, nada de estranho, a não ser pela carta que o Miguel deixou na minha casa na noite anterior.
Algumas pessoas começam a se exaltar, o juiz intervém.
— Ordem, por favor, senhores! Continue, Dr. Eduardo.
— Ok, ok. Dona Joana, tem provas de que o Miguel deixou esta carta na tua casa?
— Não, mas é claro que foi ele. Quem entregaria uma carta debaixo da porta da minha casa desejando boa sorte pra ela?
— Sim, mas… Outra carta foi entregue à ela no dia da apresentação, pra ser mais preciso minutos antes.
— Eu não sei e nem quero saber se ela recebeu outra carta, ela está morta e eu quero que se faça justiça.
— Bom, senhora, o depoimento da testemunha-chave Karina Fernandes trouxe elementos novos a este caso que devemos levar em consideração. Como era o teu relacionamento com tua filha? Com o teu marido? Como era a vida de vocês três?
— Nós sempre tivemos uma vida estável, somos uma família religiosa que defende os bons costumes. Só queríamos dar uma vida melhor para nossa filha e maldita a hora que eu deixei que ela namorasse com o Miguel!
Susana em seu lugar reclama com Alexandra.
— Mas que miserável, essa mulher não fala coisa com coisa.
Eduardo prossegue.
— Então vai dizer que o fato de ter autorizado o namoro deles era o suficiente para provocar esta tragédia?
— Isso nunca teria acontecido se ele não tivesse cruzado o nosso caminho.
— Dona Joana, a senhora sabia que o Miguel estava a ponto de pedi-la em casamento?
— Antes morta que casada com esse ser repugnante.
Todos ficam impactados com as palavras de ódio proferidas por Joana.
— Bom senhores, depois dessa resposta, acho que termino por aqui o meu interrogatório.
— Muito bem, Dr. Eduardo, com a palavra a promotora.
Caroline se aproxima de Joana.
— Dona Joana, sabe me dizer se a tua filha já teve muitos namorados? Amigos de escola? Alguém que possa ter alguma rincha com ela?
— Mas é claro que não! A minha filha sempre foi a pessoa mais adorável e sensata do mundo, não entendo como alguém possa ter essa frieza de matar a minha pobre menina.
— Então a senhora defende a tese de que o réu, Miguel de Paula, assassinou a tua filha?
Joana olha por alguns segundos em direção a Miguel e com a boca cheia e a alma carregada de rancor ela responde:
— Sim! Ele matou a minha filha!
Todos começam a se alterar. Caroline estando satisfeita, tenta interrogar mais.
— Dona Joana, lembre-se que a senhora está em um tribunal e essa é uma acusação seríssima. Você acha que Miguel de Paula, seria capaz de matar a tua filha?
— Sim! Ele seria capaz disso e muito mais, ele se fazia de santo para nós, mas ele batia na minha filha, ela não queria me contar, mas eu sei! Porque eu sou mãe! Eu sei de tudo!
Miguel cutuca Eduardo impressionado com as mentiras de Joana.
— Edu… Eduardo, olha isso!
Joana continua:
— Ele estava doente de ciúmes porque o outro trapezista estava afim dela e não aceitava que ela ficasse próxima a nenhum homem daquele circo. Por isso ele a matou! Ele entregou as cartas, ele cortou as malditas cordas e se descuidou de não ter guardado a faca que ele usou para o crime… O Miguel é um assassino! Ele matou a minha filha e mataria outras vezes se fosse preciso!
Susana não consegue se conter e se levanta abruptamente exaltada.
— Já chega, Joana! Chega com essas mentiras!
Joana na cadeira das testemunhas se levanta.
— Não ousa defender o teu filho bastardo, Susana! Ele é um assassino! Matou a minha pobre Victoria!
— Cala a boca! O Miguel amava a tua filha!
— NÃO! Ele não amava e nunca amou! Só amava a si mesmo!
Miguel completamente nervoso grita:
— Para com isso, dona Joana! Para!
Eduardo intervém.
— Miguel, por favor…
— Ela está inventando calúnias de mim, eu nunca levantei a mão para a Victoria.
Joana debochada continua a provocar.
— Família De Paula… O filho um assassino e a mãe uma prostituta, o que será que o teu marido era Susana? O Bobo da Corte?
Susana não se aguenta e corre para perto do júri abrindo caminho na frente de todos.
— Respeita a memória do meu marido sua desgraçada!
Alexandra tenta segurar a amiga, o recinto vira um alvoroço.
— Ordem! Ordem neste tribunal!
Susana nervosa e sendo segurada por Alexandra e outras pessoas explode de fúria.
— Tirem essa mulher da minha frente! Porque eu juro que acabo com ela! Eu acabo com essa vadia!
Joana continua a sorrir debochada.
— Coitadinha, o teu lugar é o lago de fogo e enxofre sua Jezabel.
— Vagabunda! Tomara que você apodreça no inferno! Vai pagar pelo mal que causou ao meu filho e por desonrar a memória da tua própria filha.
Augusto totalmente nervoso, por fim toma uma decisão.
— Já chega, querida! Por favor, não me faça passar vergonha.
— Olha só quem fala! Seu bêbado!
O juiz mais uma vez tenta interver.
— Por favor, não quero mais escândalos neste recinto. Dona Joana, já pode se retirar, a não ser que a senhorita Barreto ou o Dr. Castanho queiram continuar com o interrogatório.
Caroline responde com ar de satisfação.
— Para mim está bem claro, meritíssimo. Pra ser sincera foi o testemunho mais coerente até agora.
Na sala de testemunhas, André e Luíza se encontram nervosos e pelo visto ouviram a gritaria.
— Ai, André! O que será que aconteceu lá dentro? O que aquela bruxa deve ter falado?
— Não sei, Lú, é claro que ela não iria nunca, mas nunca defender o Miguel.
— Claro que não, ela odeia ele, odeia todos nós.
— Sinto dizer que a recíproca é verdadeira, viu?
O guarda chega com Joana. Esta olha para os dois fulminante.
— Todos vocês… Todos vocês vão queimar no inferno. Miguel e todos vocês dividirão o trono com satanás.
O guarda interrompe.
— Já chega, senhora! Não permitiremos que use estas palavras aqui. Dirija-se à outra porta se quiseres continuar no fórum e assistir o restante da audiência… Calada.
— Ha! Mas é claro que eu vou continuar aqui, não perderei a oportunidade de ver o Miguel atrás das grades.
André e Luíza bufam com o que ela diz. O guarda dá um recado.
— A próxima testemunha a ser interrogada é a senhorita Luíza Pontes.
— Ai meu Deus! Sou eu!
— Calma Lú, vai dar tudo certo. Você vai mandar bem.
— Obrigada, Andrézinho, a gente se vê.
Luíza acompanha o guarda e se dirige até à poltrona. O juiz convoca a Eduardo para iniciar o interrogatório.
— Dr. Eduardo, está com a palavra.
— Ok, meritíssimo, obrigado!
Eduardo se aproxima de Luíza tentando passar segurança para ela.
— Luíza Pontes, a senhorita é amiga do reú, Miguel de Paula e também da vítima, Victoria Lopes, confere?
— Confere.
— Há quanto tempo se conhecem?
— Bom, creio que praticamente na mesma época. Uns dois ou 3 anos, na verdade o Miguel entrou no circo na mesma época da Victoria.
— E quando ele entrou você já trabalhava lá?
— Sim, eu entrei no circo MAXIMUS com 18 anos.
— Entendi. Então Miguel e Victoria se conheceram no circo e aí eles se apaixonaram e iniciaram seu relacionamento. Me diga, Luíza, como era a relação deles?
— Sempre foram uns amores, pra ser sincera eu…
Luíza hesita.
— Eu o quê, senhorita?
— Eu não ia muito com a cara da Victoria no começo, não era nada demais. Eu comecei a criar coisas na minha cabeça sobre ela, mas só depois eu percebi que estava enganada.
— Esse seu “depois” foi antes ou após a morte dela?
— Bom… Infelizmente foi depois.
— E como você lidou com tudo isso?
— Olha, no fundo eu acho que foi minha culpa. A Karina deu aquele pingente da sorte pra ela usar na apresentação e eu não deixei ela usar… Talvez se ela tivesse usado, isso não teria acontecido.
— Senhorita Luíza, isso são meras superstições. Talvez se ela não tivesse lido a carta anterior, ela não teria pegado justo a corda que estava cortada, mas isso é um assunto pra tratar com outra testemunha. Me diga, achas que Miguel de Paula teria algum motivo pra matar a namorada, Victoria Lopes?
— De forma alguma! Eu conheço o Miguel, gente! Eu vi o quanto ele estava feliz com ela e quanto ele ficou arrasado depois de tudo o que aconteceu. Olha, se vocês tivessem tido a oportunidade de vê-lo depois da morte dela… Acabou a magia pra ele! Creio que até mesmo a vontade de viver.
Miguel se emociona diante às palavras de Luíza, esta prossegue:
— Eu sentia como se fosse comigo, ele era uma das pessoas mais alegres e mais incríveis daquele circo e do nada tudo foi por água a baixo. O Miguel não faria isso, ele dificilmente se estressava com alguma coisa, mas agora esse criminoso colocou tudo a perder.
— Senhores do júri, a testemunha tem total propriedade pra falar sobre o réu e também da vítima, ao contrário do testemunho anterior da dona Joana que alegou que o réu, Miguel de Paula, batia na vítima.
— O Miguel sequer gritava com a Victoria, quanto mais bater nela. Eu estou dizendo pra vocês, estão julgando o homem errado.
— Ok, senhorita Luíza, muito obrigado! Não tenho mais perguntas, meritíssimo.
— A senhorita Barreto já pode interrogar a testemunha.
— Claro, meritíssimo. Luíza Pontes, você é uma das acrobatas, é isso?
— Sim, sou.
— Pode-se dizer que você dividia as funções com a testemunha Karina?
— Não é bem isso, cada uma de nós tinha seu próprio estilo. E a Karina é veterana, eu estou há apenas 4 anos.
— Quatro anos muitas águas podem rolar, senhorita Luíza. Diga-me, qual foi a última vez que viu a vítima, Victoria Lopes, com vida?
— Como eu disse, foi quando eu pedi pra ela tirar o pingente porque senão ela podia se enroscar nas cordas.
— Teve uma coisa que você falou para o Dr. Eduardo que me chamou muito a atenção. Você disse que antes não ia muito com a cara da Victoria, certo?
— Bom, sim, mas na verdade…
— E depois da morte dela, “magicamente” você passou a gostar dela?
— Não foi isso que eu quis dizer.
— Ah foi sim, eu ouvi perfeitamente a senhorita falando com essas palavras com o Dr. Eduardo dizendo que só depois que ela morreu, que percebeu o quão “doce e meiga” ela era.
— Eu não falei isso com deboche, sei bem quais são as minhas intenções.
— Claro, e sabe o que eu acho quais são as tuas intenções? Está bem óbvio, não? Você tinha inveja da Victoria por ela ser talentosa, por estar fazendo sucesso e bastante requisitada no circo MAXIMUS.
— É claro que não!
— E de quebra você se aliou com o réu e planejou a morte dela, faz todo o sentido.
— Não! Eu nunca faria isso com a Victoria!
— Então me diga alguém que faria isso que não seja ele.
— Eu não sei quem foi a mente doente capaz de ter matado a Victoria e ainda ter matado a Gardênia de uma maneira tão cruel.
— Está dizendo que quem matou a Victoria e a Gardênia são as mesmas pessoas?
— É claro que sim! Nós recebemos ameaças desse assassino! Eu recebi uma mensagem dele, assim como todos os outros, como acha que o Miguel poderia ter feito isso estando na cadeia?
— Sabem o que eu acho, senhores do júri? Que essa história da mensagem do suposto assassino é apenas uma estratégia da defesa pra despistar o caso.
Eduardo incomodado se levanta.
— Com licença, como se atreve?
— Exatamente. Depois do primeiro dia de julgamento que obviamente foi favorável à acusação, você chega no outro dia com um papo pra boi dormir de uma mensagem ameaçadora do assassino. E o que é pior, ainda fez com que todas as suas testemunhas confirmassem a mesma história.
Josy sussurra para Isabelly:
— Se quiser, eu quebro a cara dela aqui mesmo na frente de todo mundo.
— Não, vamos ver como o Eduardo vai se sair nessa.
Eduardo indaga:
— Senhorita Caroline, estamos em um tribunal sério e essas tuas acusações contra mim e contra as minhas testemunhas são gravíssimas, peço que reconsidere tuas palavras ou do contrário, me retiro deste caso.
Todos levam às mãos até a boca. Alexandra comenta com Susana.
— Ele é louco? Se ele desistir do caso, já era.
O juíz argumenta.
— Senhorita Caroline, lembre-se que quem está sendo julgado aqui é o réu e no momento a testemunha deveria estar sendo interrogada, então não será permitido essas ofensas diretas ao advogado de defesa.
— Sim, meritíssimo, me perdoe.
— A testemunha deseja ressaltar alguma coisa?
— O Miguel não matou a Victoria, e vocês estão cometendo um erro gravíssimo.
Luíza sem receber permissão se levanta do assento e sai do recinto. Dentro da sala de testemunhas ela chega e abraça André.
— Lú, o que aconteceu? Como foi?
— Aquela Caroline é um monstro! Ela até acusou o Eduardo de inventar toda essa história de que recebemos as mensagens do assassino.
— O quê?
— Você precisa dizer a eles, André. Fala pra eles do telefonema que recebeu.
— Mas eu…
— Por favor, você é a nossa última esperança. A vida do Miguel tá nas tuas mãos.
André olha para Luíza por instantes e em seguida responde:
— Tudo bem, eu vou fazer isso.
Luíza abraça André, o guarda chega nesta hora.
— Senhor André, você é o próximo!
— Vai lá, amigo! E mostra pra aquela bruxa da Caroline quem é que manda.
No recinto, o juiz anuncia:
— Que entre a testemunha André Alves!
André finalmente entra pela porta das testemunhas, ele olha em direção a Miguel e lança um sorriso, ele corresponde da mesma forma. André se assenta e o juiz prossegue.
— Dr. Eduardo, talvez queira começar primeiro.
— Obrigado, meritíssimo. Então vamos lá, André Alves. Que idade você tem?
— 21 anos.
— E há quanto tempo você trabalha no circo MAXIMUS?
— Tem mais ou menos uns 3 anos. Eu entrei quase na mesma época do Miguel.
— Você e o Miguel sempre se deram muito bem, não é?
— Sim, sim. Como nós sempre fomos filhos únicos, a gente se juntava pra conversar, ler histórias, assistir filmes, eu quase sempre ia na casa dele e a dona Susana já estava a ponto de me expulsar de lá.
Susana sorri discreta. Eduardo prossegue o interrogatório.
— Isso é muito bom. E sobre a Victoria? O que tem a me dizer dela?
— Ah! A Victoria sempre foi brilhante! Linda, deslumbrante… Não é a toa que conquistou o coração do Miguel, pra ser sincero ainda não caiu a ficha que tudo isso aconteceu. Éramos uma família muito feliz: O Miguel, a Victoria, Henrique, Luíza e eu… Não desmerecendo os demais,mas nós cinco sempre fomos uma equipe forte. Sempre! Eu… Eu sinto muita falta desses momentos.
== FLASHBACK 1 ==
Victoria entra no camarim e encontra Miguel e André brincando como duas crianças.
Victoria: Que brincadeira é essa aqui hein? Se eu não soubesse que o Miguel é meu namorado, diria que vocês dois estão tendo um caso.
André: Cuidado que eu vou acabar roubando teu namorado, Vi.
Victoria: Estou percebendo isso.
Miguel: Ah qual é, amor? Eu sempre tiro todo o tempo do mundo pra você, mas agora eu sou apenas do André.
Victoria: Me trocando pelo amigo? Os valores estão se invertendo mesmo.
== FLASHBACK 2 ==
Miguel e Victoria estão na arena e Henrique veio correndo em direção a eles.
Henrique: Victoria! Miguel!
Henrique chega com um sorriso no rosto e Miguel o abraça e o coloca nas costas.
Miguel: Chegou o nosso guerreiro Henrique!
Victoria: Por que você tá correndo tanto hein?
André: Está correndo de mim!
Henrique: Essa não!
André vem em direção à arena onde os demais estão.
André: Ele perdeu uma aposta e agora vai ter que me pagar um sorvete, venha aqui garoto!
Henrique: Me põe no chão, Miguel, ele vai me pegar.
Miguel coloca Henrique no chão e este último sai correndo, André vai correndo atrás dele até saírem do circo.
André: Henrique, volta aqui! Ah você está devendo o meu sorvete!
Victoria: Crianças!
== FIM DE FLASHBACKS==
— Eu posso dizer que… Éramos uma família feliz.
Miguel prestando atenção no depoimento de André, tenta segurar as lágrimas.
— Bom André, agora vou começar a lhe fazer perguntas mais sérias. Antes da Victoria subir naquele trapézio, uma pessoa na plateia te entregou uma carta e pediu para que você entregasse pra ela. Pode-nos explicar melhor isso?
— Sim, eu tinha acabado de levar o “Geral…”, o coelho do Edgar até ele, pois ele estava fazendo o seu número de mágica. Depois disso eu cheguei perto de uma arquibancada e senti alguém cutucar o meu ombro e jogaram a carta na minha mão e quando virei pra arquibancada no meio daquela muvuca, não consegui ver quem me entregou. Foi muito estranho! A pessoa simplesmente sumiu no meio da multidão.
— Essa pessoa estava dentro da plateia?
— Sim, na arquibancada, eu estava do lado de dentro da arena ali próximo.
— Com certeza a pessoa que lhe entregou a carta saberia o momento certo de se esconder na arquibancada ou então fingir que era apenas alguém assistindo o espetáculo, afinal de contas não tinha como você saber.
— Se eu soubesse, jamais teria entregado essa carta pra Victoria. Essa carta foi que sentenciou ela, eu… Eu me arrependo muito.
— E depois disso, você apenas entregou a carta pra ela e não viu mais nada?
— Não, depois eu voltei pro camarim pra falar com o Miguel. Aí quando terminou o número do Edgar, eu, a Luíza e o Miguel fomos assistir o número solo da Victoria. Foi aí que… Tudo aconteceu.
— André, em algum momento você desconfiou de algo ou de alguém?
— Não, não. A única coisa que eu achei estranho é que antes de entrar no palco, a Victoria estava muito nervosa, eu nunca a vi daquele jeito, era como se ela tivesse pressentindo o que iria acontecer.
— Após a morte da Victoria, vocês receberam alguma mensagem que intimidasse vocês?
— Bom, não até ontem à noite quando recebemos todas aquelas mensagens do assassino.
— André, fiquei sabendo que o assassino te ligou, isso é verdade?
André tentando segurar as lágrimas, responde.
— Sim, sim, é verdade.
— O que ele queria?
— Eu… Eu não sei, a única coisa que ele disse foi “Quando o coelho sair da toca, a raposa vai atacar”.
Todos no recinto ficam com expressão de espanto.
— Imagino que isso aconteceu assim que ele deixou o aviso na porta da minha casa, ele deve ter te ligado e em seguida enviou as mensagens para todos os outros. O que é intrigante é que ele também fez um aviso “físico” lá no circo ao invés de enviar uma carta ou mensagens no celular… Creio que nós estamos lidando com um assassino esperto, senhores, seja lá quem for ele sabe os passos de cada um dos amigos do Miguel.
— Mas por que alguém faria isso com o Miguel? Com a Victoria? Eles são as melhores pessoas desse mundo.
— Acreditamos que o assassino não quer saber do nível de bondade das pessoas. Tanto que não satisfeito em ter matado a Victoria, ele assassinou brutalmente a senhorita Gardênia. André, você acha que o crime com Victoria Lopes, tem ligação com a morte da Gardênia?
— Sim, sim, sem sombra de dúvidas. Tenho certeza que foi a mesma pessoa e ele ou ela quer incriminar o Miguel por causa disso.
— Acredito que foi o suficiente para mim, meritíssimo. Não tenho mais perguntas.
— A senhorita Barreto pode iniciar o seu interrogatório.
— Tudo bem, meritíssimo, com prazer.
Caroline se aproxima sorrateira de André.
— André Alves, imagino que você seja um dos mais jovens do circo?
— Na verdade não, eu tenho quase a mesma idade do Miguel.
— Interessante. Mas vamos ao que realmente interessa. Você falou que alguém entregou uma carta nas tuas mãos direcionada à Victoria, como você sabia que era especificamente pra ela?
— Estava escrito na parte de fora do envelope “Para Victoria”.
— E num passe de mágica essa pessoa desapareceu?
— Sim, mas…
—… André, essa história está muito mal contada. Mesmo que alguém realmente tenha deixado esta carta nas tuas mãos, você a teria visto.
— Ela se escondeu no meio da plateia.
— E você deixou por isso mesmo? Senhores do júri, percebem que não há um pingo de verossimilidade nessa história?
— Olha, eu também não queria ter recebido aquela carta, mas eu a recebi. E se eu entreguei pra Victoria é porque eu pensei que fosse algo importante.
— E você não teve em nenhum momento curiosidade de abrir a carta pra saber o que estava escrito?
— Mas é claro que não! Eu não iria quebrar a privacidade alheia desse jeito.
— Eu acredito que você esteja inventando toda essa história para acobertar o seu “amiguinho”. Admita que o próprio Miguel te entregou esta carta e você inventou essa história para que ele pudesse se safar.
— Não! Isso não é verdade! Eu não estou inventando nada. O Miguel não seria capaz de matar a Victoria.
— Outro detalhe importante é que vocês sempre foram muito próximos, sabe lá se a Victoria não era um estorvo pra você, André.
— O quê?
Luíza já estando no recinto se incomoda.
— Mas que vadia.
Caroline prossegue.
— Vamos, admita! Ou melhor, acho que aconteceu a mesma coisa com os outros. Se o Miguel não é o assassino, o que me diz sobre você, André? Você certamente era apaixonado pela Victoria e não conseguia vê-la com o seu amigo, e decidiu matá-la.
— Não! Isso não é verdade!
— Então vocês dois são cúmplices! Claro, os dois se juntaram para assassinar a pobre Victoria, só que a casa caiu apenas para um de vocês.
— A senhorita não tem o direito de falar assim!
— Escuta aqui, garoto! Você pode ter enganado todo mundo, mas a mim você e o Miguel não enganam. E que tal colocarmos a Luíza no meio do angu? Ela tinha inveja da Victoria, qual de vocês três tiveram a brilhante ideia de cortar aquelas cordas?
Eduardo se levanta exaltado.
— Já chega! Meritíssimo, a senhorita Caroline está pressionando a minha testemunha.
Caroline responde.
— Perceberam que toda vez que eu faço um pouco de pressão nas testemunhas da defesa, o advogado intervém? Porque sabe que eles não se encontram aptos para responder nenhum tipo de pergunta.
— Eu sei muito bem por qual escolhi as minhas testemunhas, Caroline.
— É, dá pra notar, esse aqui então não consegue nem responder direito.
André fica nervoso.
— Olha, eu já me cansei! Eu falei tudo aquilo que eu tinha pra falar, quer vocês acreditem ou não! O Miguel é inocente, então acabem logo com isso e tentem encontrar a pessoa que está por traz de tudo isso!
Caroline aproximando-se pra bem perto de André fala:
— Pra quê eu querer encontrar? Estou olhando pra eles. Você e o Miguel são os assassinos.
André com os olhos lacrimejando olha para Caroline e em seguida olha para Miguel. O juiz pergunta:
— Alguém tem mais alguma pergunta para a testemunha?
Caroline responde:
— Não, meritíssimo. Acho que o caso já pode ser resolvido.
— A testemunha pode se retirar.
André se retira e fica bastante baqueado com todas as acusações feitas pela senhorita Barreto.
Alguns minutos se passaram e o juiz anuncia:
— Senhoras e senhores, já ouvimos todas as testemunhas durante esses dois dias de julgamento, agora por fim nós e o júri teremos a chance de ouvir o depoimento do réu, Miguel de Paula. Aproxime-se!
Eduardo juntamente com outro guarda acompanham Miguel até o banco das testemunhas. Sem sombra de dúvidas é o depoimento mais aguardado do julgamento, Miguel se calou durante todo esse tempo, o que ele teria a dizer agora?
— Queremos ouvir o teu depoimento, senhor Miguel de Paula. Dr. Eduardo?
— Sim, meritíssimo. Miguel, o que você e Victoria Lopes fizeram no dia do acidente?
Miguel olha para todos os demais e inicia o seu discurso.
— Naquele dia, a Victoria e eu estávamos felizes, pois acabávamos de receber a notícia de que iríamos apresentar na Califórnia. Era um momento importante para a nossa vida e para a nossa carreira, a Karina também havia recebido a proposta de trabalhar na Argentina, e estávamos todos felizes com isso… Foi aí que eu pensei que agora seria o momento certo pra pedi-la em casamento, eu passei meses juntando dinheiro pra comprar o melhor anel pra ela, então na noite anterior do espetáculo eu finalmente pude resolver isso.
== FLASHBACK == NOITE ANTES DA MORTE DE VICTORIA- CENA QUE NÃO VIMOS NO CAPÍTULO 1.
Após terem saído do circo, Miguel acaba de descer de um Uber e leva André nas costas até a porta da casa dele.
— Nossa André! De onde veio esse sono todo?
— Ahh, eu estou exausto!
— Cadê a chave da tua casa?
— (Sonolento) Ai, tá no meu bolso, eu acho.
— Vamos ver.
Miguel puxa as chaves do bolso de André, abre a porta e entra quase carregando ele nas costas de tão sonolento que André está.
— Cadê teu pai?
— Eu… Eu não sei, ele deve estar dormindo.
Ao anunciar isso aparece um senhor numa cadeira de rodas, é a primeira vez que vimos o rosto do pai de André, ele já era um senhor de aparentemente 60 anos e está com a saúde debilitada.
— Fi… Filho?
— Senhor Carlos, o André acabou adormecendo após o espetáculo e eu vim trazê-lo até aqui, não se importa, não é?
— Ele tá bem?
— Sim, sim, ele tá ótimo!
— Pode me ajudar a ir me deitar?
— Claro que sim.
Miguel leva o pai de André até o quarto e o ajuda a deitar-se na cama.
— Tenha uma boa noite, senhor Carlos.
Miguel retorna à sala onde deixou André no sofá.
— Ele já está na cama, André. Não se preocupe!
— Ele vai ficar chateado comigo, vai pensar que eu bebi.
— Todo mundo sabe que você não bebe, André.
— Ele tá com essa paranoia agora.
— Eu preciso ir, quero saber se a Victoria chegou bem em casa.
— Tá bom.
Miguel estava a ponto de sair e se detém por alguns segundos e começa a falar ainda de costas pra André:
— Sabe André? Amanhã eu vou cedo pegar as alianças. Finalmente vou pedir a Victoria em casamento, logo após o espetáculo. Você por caso não quer ir lá co…?
Miguel vira para trás e André já está completamente adormecido no sofá. Ele sorri e diz em voz baixa:
— Boa noite, amigo!
== FIM DE FLASHBACK==
Miguel continua a falar:
— Depois que eu saí de lá, eu pensei em ir até a casa da Victoria, estava disposto a pedir ela em casamento naquele mesmo dia. Talvez tivesse sido melhor se eu tivesse ido até lá. No dia seguinte, eu acordei cedo e fui até a joalheria pegar a aliança que eu havia encomendado e estava tudo certo, naquela noite eu iria pedir ela em casamento; e então ela me mostrou a tal carta que ela recebeu e eu nem levei muito a sério, talvez eu devesse ter prestado mais atenção nesse detalhe. A Victória queria me falar algo, algo que a incomodava, mas eu estava tão distraído contando as horas pra chegar a noite pra finalmente poder fazer o pedido a ela que…
Miguel começa a se emocionar.
— …Que eu não percebi que ela estava tendo um pressentimento de alguma coisa, eu vi o quanto ela estava nervosa e isso não é do feitio dela, então ela subiu naquele trapézio e aconteceu o que todos já sabem. Eu vi a mulher que eu mais amei em toda a minha vida cair de vários metros de altura na minha frente, ela morreu nos meus braços, nos meus braços! Sabem o que é isso? Ver a pessoa que você mais ama morrer na tua frente sem que você possa fazer nada?
Susana e os amigos de Miguel começam a se emocionar com as palavras dele. Eduardo continua a interrogar.
— Miguel, você em algum momento desconfiou de alguém que pudesse querer te incriminar?
— Não, colocaram a tal faca que foi usada pra cortar a corda do trapézio bem nas minhas coisas e é óbvio que vocês iriam encontrar as minhas digitais lá, sendo que eu a peguei e perguntei de quem era. Mas foi muito mais fácil me incriminarem né? Porque está na moda isso: Namorado matar namorada.
— Pra resumir Miguel, você acha que essas acusações que estão sendo feitas contra você são falsas?
— Claro que sim! Do contrário como mataram a Gardênia depois? Pessoal, vocês do júri, será que não perceberam ainda? Todo esse julgamento é uma faixada para o verdadeiro assassino atuar às escondidas. E eu não duvido nada… De que o verdadeiro assassino está aqui neste recinto rindo das nossas caras.
Todos começam a fazer burburinhos, o juiz pede silêncio.
— Por favor, senhores, ordem!
Os advogados desejam fazer alguma pergunta ao réu?
Caroline se levanta do assento:
— É até difícil fazer alguma pergunta pra ele sendo que ele já disse praticamente tudo nesse discurso barato.
Miguel retruca:
— O que disse?
— Pra mim toda essa história foi apenas um apelo emocional pra convencer o júri que você é um pobre coitado, a vítima perfeita, sendo que na verdade sabemos muito bem o tipo de pessoa que você é, Miguel de Paula. Assuma de uma vez por todas! Você matou Victoria Lopes! Você usou os teus amigos André e Luíza para acobertarem toda a tua estratégia suja, e tem coragem de vir até este tribunal pra mentir dessa forma? Assuma de uma vez por todas!
— Diga o que quiser, a minha opinião não vai mudar.
— Veremos se não vai mudar quando for sentenciado a pelo menos uns 20 anos de cadeia.
O juiz ressalta:
— Dr. Eduardo, deseja interrogar o teu cliente?
— Eu só tenho uma pergunta a fazer. Miguel, você desconfia de alguém que tenha matado a Victoria?
Miguel hesita com a pergunta, ele mira o seu olhar em Karina, fica a ponto de mencionar um nome, até que desiste.
— Não, eu não sei de ninguém que possa ter feito isso.
— Sem mais perguntas, meritíssimo.
— Bom, já ouvido todos os testemunhos, daremos mais um recesso de 15 minutos para que o júri possa fazer a avaliação com suas considerações finais e assim dando o veredito deste caso. Retornaremos em 15 minutos.
O juiz bate o martelo. Eduardo se aproxima de Miguel.
— Você foi muito bem, agora devemos aguardar o veredito.
— Eduardo, estou com medo de tudo isso.
— Vai dar tudo certo, Miguel. Precisa ser forte!
O tempo vai passando, os demais vão conversando entre si. Susana levanta uma questão:
— Será que dessa vez conseguiremos vencer?
Alexandra responde.
— Eu não sei, o depoimento da mãe da Victoria foi o que destruiu tudo. Pobre Pedro, como será que ele deve estar reagindo fazendo parte do júri de um dos julgamentos mais difíceis desse país?
André a responde.
— Espero que o teu esposo tenha ao menos conseguido convencer o restante do júri, dona Alexandra.
— Também espero, André.
Luíza meio incômoda diz:
— Gente, será que dá tempo de eu ir no banheiro? Estou muito apertada.
Susana responde:
— Vai rápido, viu? Daqui a pouco eles vão dar o veredito.
— Eu vou bem rápido, não demoro.
Ainda dentro do recinto, Leandro se aproxima para falar com Karina.
— E aí, quanto tempo?
— Leandro? Não me diga que você também está no meio de tudo isso?
— Como pode ver… Sim. E você como está?
— Estaria melhor se não tivesse acontecido isso com a Victoria. Eu espero que a justiça seja feita.
Neste momento, o seu Fausto chega.
— Karina, filha!
— Seu Fausto! Que prazer em revê-lo!
— Por que não disse que viria, querida? Eu teria o enorme prazer em recebê-la.
— As circunstâncias não eram favoráveis, Seu Fausto. Mas é bom revê-lo.
— Uma pena que tenha sido nessas condições… (Fausto percebe que Leandro está entre eles sem dizer uma palavra) Algum problema Leandro?
— Não, não, eu estou bem. Vou deixá-los a sós, com licença.
Leandro se afasta, olha Isabelly conversando com Eduardo e Josy, ele disfarça e volta para o seu lugar.
Isabelly termina de conversar com Josy e Eduardo.
— Gente, eu vou tomar uma água. Querem que eu traga alguma coisa?
Eduardo responde.
— Está tudo bem, Isabelly. Volte logo antes que anunciem o veredito.
— Tudo bem, já volto.
Isabelly se retira e Leandro fica a observando até passar pela porta. Israel observa a forma que Leandro olhava para Isabelly já que ele havia testemunhado os dois em uma discussão no banheiro anteriormente.
Enquanto Isabelly caminha pelo corredor do fórum, o seu celular bipa e ela verifica uma mensagem de texto em seu celular. Quando abre, vê a imagem da raposa e uma mensagem dizendo: “03/09”.
Isabelly fica baqueada.
— Ai meu Deus!
Ela começa a acelerar o passo até determinado lugar.
Outra mensagem aparece escrito “Quer me pegar? Vem cá!”
Isabelly guarda seu celular no bolso e saca discretamente sua arma, ela caminha mais um pouco e vê de um canto da parede um rastro de sangue. Ela vai até o local e vê um dos guardas do fórum completamente morto.
Ela fica aflita e vai passando pelos corredores. Vemos uma câmera de vídeo no teto que filmou tudo o que ocorreu ali. Isabelly encontra marcas de sangue pequenas nas paredes e segue o rastro até entrar numa sala pequena.
Quando entra, saca seu celular e tenta se comunicar com Eduardo.
— Eduardo, se está ouvindo esse áudio, preste muita atenção! O assassino está aqui. Ele está no fórum!
Quando olha pra trás avista algo.
— Meu Deus! Você é o…
Antes que pudesse concluir, ouve-se o som abafado de um disparo. Isabelly fica com os olhos esbugalhados. Primeiro vemos a sua arma cair ao chão e em seguida o seu corpo completamente sem vida.
No recinto, Miguel está preocupado.
— Eduardo, o que será que vai acontecer, hein?
— Como assim, Miguel? Fica tranquilo, vai dar tudo certo.
— Não sei não, eu estou com um mal pressentimento.
Josy com seu jeito irreverente argumenta.
— Gente, essa água da Isabelly tá demorando demais, vocês não acham não?
Eduardo a responde seco.
— Ela bebeu água, certamente foi ao banheiro, como toda mulher comum, Josy. Deveria fazer o mesmo.
— Nossa, quanta brutalidade!
Em um dos corredores, um dos agentes do fórum passa por ali e quando chega no corredor onde Isabelly havia passado, mãos masculinas o puxam para dentro do corredor e ouvimos alguns baques e gritos abafados. O sangue do agente começa a escorrer pelo corredor.
No banheiro feminino, Luíza ainda está fazendo suas necessidades e ela sente que alguém havia entrado no banheiro, a figura começa a vasculhar os boxes do banheiro um por um, Luíza podia ver a sombra das botas pela brecha da porta. A sombra enfim fica de frente para a porta do box onde ela se encontra e a figura começa a abri-la lentamente, Luíza segura a porta e diz:
— Com licença, tá ocupado.
A figura desiste e a sombra dela se afasta, Luíza ainda permaneceu ali completamente intrigada.
Enquanto isso no recinto, André demonstra preocupação.
— Eu estou mandando mensagem aqui pro celular da Luíza, ela tá demorando demais pra voltar.
O juiz chega juntamente com o júri.
— De pé, senhores! Vamos agora anunciar o veredito desse caso.
No banheiro, ouve-se o som de descarga e Luíza sai do box e vai para a pia se lavar. Ela escuta algum barulho no banheiro, mas ignora.
No recinto, André fica nervoso com a demora de Luíza.
— Ah! Eu vou mandar outra mensagem pra ela. Tá demorando demais!
No banheiro, Luíza está na pia e acaba de ver a mensagem de André, ela responde com “Já estou indo”. A mensagem chega para André e ele passa o recado para Susana:
— Ela disse que tá vindo.
Retornamos à Luíza novamente, ela guarda o celular na pequena bolsa e sente um vulto atrás dela. Quando olha para o espelho, é o assassino que está atrás dela e ele avança com uma faca.
— AAAHHH! Socorro!
Luíza desvia, o assassino acerta a pia e depois tenta ataca-la novamente, ela pega uma das lixeiras, e joga contra ele pra tentar ganhar tempo. Mas quem está diante dela é muito mais esperto do que ela imaginava.
No recinto, o juiz finalmente pega a papelada para anunciar o veredito.
— Bem, senhoras e senhores. Chegamos ao fim deste julgamento e o nosso júri já tem o resultado.
André comenta com Susana:
— Caramba, mas a Luíza tá demorando demais! Ela vai perder o veredito.
No banheiro, a luta continua.
— Fica longe de mim seu desgraçado!
Luíza chuta o pé do estômago do assassino, ela tenta correr para fora e ele passa uma rasteira nela. Estando ela no chão, ele a puxa pelos cabelos até que ela fique de pé e em seguida a arremessa contra os espelhos do banheiro, ela cai por cima da pia que quebra com o impacto, e em seguida começa a jorrar água do cano por todos os lados.
No recinto, o juiz continua a falar e Eduardo preocupado questiona Josy:
— Josy, você viu a Isabelly?
Josy responde:
— Ela deve tá vindo.
— Estranho.
A luta pela sobrevivência continua, o assassino puxa Luíza pelas duas pernas, ela começa a se debater de todas as formas.
— Alguém me ajuda! Socorro!
Ele pega a sua faca e ameaça enterrar no peito da moça, mas ela consegue segurar o braço do assassino e fica forcejando contra ele.
— Fica… Longe… De mim!
O assassino desiste de forcejar contra ela e pega uma carta de baralho do bolso do manto preto que está usando, é um valete. Luíza completamente intrigada pergunta:
— Edgar? Você é o assassino?
No recinto, o juiz está para anunciar o veredito.
— Pelo crime de homicídio qualificado não hediondo segundo o Art. 121 do Código Penal…
O assassino queria fazer de tudo para tirar a vida de Luíza e mais uma vez tenta esfaqueá-la, ele consegue fazer um corte em seu braço e mais uma vez ela chuta com a ponta do salto no estômago dele várias vezes e depois usa o mesmo objeto pra golpeá-lo na cabeça e ela o empurra para dentro do box fazendo com que ele bata contra a parede, ela não parou pra pensar no ato corajoso que fez e decidiu fugir dali sem olhar para trás.
No recinto, o celular de Eduardo vibra e vê uma mensagem de texto escrito: “04/09”.
— Ai meu Deus!
Após isso ele abre o whatsapp e ouve o áudio de Isabelly.
— Essa não… O assassino está aqui.
O Juíz continua.
—… Diante deste tribunal no Fórum de Curitiba, o júri decidiu por uma maioria de votos que o réu Miguel de Paula, é…
Expectativa em todos, uma forte apreensão toma conta.
Nos corredores, vemos Luíza que está completamente ensanguentada nos braços e na cabeça se apressando para chegar à sala principal.
Na sala todos aguardavam curiosamente o veredito final do juiz.
—… Declaramos que o réu é culpado!
Baque em todos. Miguel vai aos prantos.
— Não, não, não!
O juiz declara:
— Sua sentença será de 12 anos e 6 meses de prisão em regime fechado.
Caroline sorri satisfeita, Susana se enfurece:
— Vocês são loucos!
— …E tendo dado o veredito, essa sessão está encerrada.
André, Karina, Alexandra e Susana começam a se indignar, essa última não hesita em gritar aos 4 ventos:
— Seus corruptos! Vocês não sabem o que estão fazendo! Prenderam a pessoa errada! Vocês vão pagar!
Eduardo impactado diz:
— Isso não pode tá acontecendo.
O juiz irritado exclama:
— Ordem neste recinto ou todos vocês vão sair daqui presos!
Em meio à crise de nervos, um grito agudo e desgarrador veio da porta daquele recinto. Todos olharam para trás e ali está Luíza coberta de sangue, ela escancarou as duas portas e todos ficaram impactados diante do que estão vendo, ela em meio à dor grita:
— O Miguel não é o assassino! Eu sei quem matou a Victoria e a Gardênia!
Antes que ela pudesse pronunciar, um disparo a acerta pelas costas, todos ficam baqueados como se o tempo tivesse parado e no final do corredor vemos que o assassino é que está ali com uma pistola. No impulso, um dos guardas que estava próximo da mesa do júri pega a sua arma rapidamente, mas não foi mais rápido que o tiro que o assassino deu na sua testa matando-o instantaneamente. Eduardo grita:
— TODO MUNDO PRO CHÃO!
Luíza cai baleada, o assassino inicia uma troca de tiros e depois sai correndo, uma verdadeira gritaria começa dentro do recinto, guardas são acionados, as pessoas tentam fugir pulando pelas cadeiras e tropeçando umas nas outras, Tatiana se abaixa com Henrique.
Leandro e Nando tentam escapar, Susana quer ir até Miguel, mas Alexandra e André a impede.
— Vamos, dona Susana! A gente vai morrer aqui! Rápido!
— Não! MIGUEL!
Eduardo abaixado na mesa dos réus, saca a sua arma e fala para Miguel:
— Eu vou atrás daquele maldito!
— Não, Eduardo! Volta aqui!
Eduardo corre pra fora do recinto e encontra Susana e os outros no corredor.
— Dona Susana!
Quando ele olha para baixo, vê o assassino mirando direto para eles no piso inferior e Eduardo os empurra imediatamente para o chão.
— CUIDADO!
A troca de tiros continua, o assassino está eliminando a todos que estão em seu caminho. Todo guarda que se aproximava dele era morto a sangue frio.
No corredor, Eduardo conversa com Susana.
— Susana, vocês estão bem?
— Onde tá o Miguel?
— Ele tá lá dentro! Se protejam! Eu vou pegar aquele desgraçado!
Josy se aproxima.
— Eduardo!
— Josy, trouxe a tua arma?
— Com certeza.
— É a nossa chance. Vamos atrás dele!
— Só se for agora!
Eduardo e Josy saem correndo na caçada contra o assassino.
Dentro do recinto, Miguel se levanta e encontra Luíza deitada no chão toda ensanguentada. Ele segura nas mãos dela e diz:
— Luíza, Luíza, por favor, o que aconteceu?
— Mi… Miguel.
— Você disse que sabia quem era o assassino, Luíza.
— Eu, eu…
— Me diga de uma vez por todas! QUEM É O ASSASSINO?
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