A Testemunha
A tensão, a agonia, uma variedade de sentimentos perturbadores pairam nesse julgamento… Pessoas atônitas, nervos à flor da pele…
Após o “surto” de Edgar, o juiz decide fazer algo.
— Silêncio, senhores! Silêncio! Por favor! Ordem neste recinto! Devido a estes acontecimentos eu solicito suspender o julgamento por hoje até todos estarem suficientemente bem dos nervos para poder retornar a este tribunal novamente. Peço que os advogados tentem ser coerentes e tomar cuidado com suas testemunhas, retornaremos amanhã às 15:00.
O juiz bate o martelo encerrando a sessão temporariamente. Miguel abraça Eduardo bastante frustrado com a situação.
— Por favor, Eduardo, promete que vai me tirar daqui, por favor.
— Eu vou te tirar daqui, Miguel… Custe o que custar.
Os guardas chegam para levar Miguel de volta, Susana o avista sendo levado novamente com o coração apertado.
— Miguel!
— Eu sinto muito, mãe!
Susana fica completamente abalada, Alexandra tenta consolá-la. Eduardo permanece sentado com as mãos na cabeça completamente decepcionado, Isabelly se aproxima.
— Escuta, não vale a pena ficar aqui se martirizando por isso. É melhor a gente ir pra casa.
— Sim, sim, você tem razão.
Isabelly está a ponto de sair e Eduardo a chama de volta.
— Isabelly!
— O que foi?
— Eu tive uma ideia.
São cerca de 19h30 e uma boa parte dos amigos de Miguel estão reunidos na casa de Susana para comentar tudo o que ocorreu neste terrível julgamento. Eduardo lidera a reunião.
— Escutem, com esse adiamento, podemos todos confirmar sobre a ameaça que recebemos do assassino amanhã no tribunal.
Susana duvidosa questiona:
— Mas… Isso vai dar certo?
— Claro, Susana, nenhum de nós comentou isso no tribunal porque não tínhamos tempo de anexar nos registros. Mas depois do que aconteceu no julgamento hoje, podemos alegar que o assassino nos ameaçou e recebemos essas mensagens.
Luíza ressalta.
— A ideia é boa, assim ninguém precisa saber que as mensagens que o assassino nos mandou foi antes do julgamento, podemos dizer que foi hoje.
Nando também está por ali e questiona Luíza.
— Espera um pouco! De que mensagem vocês estão falando?
— Não ficou sabendo? O assassino mandou uma mensagem para todos nós escrito: “O espetáculo vai começar”.
— Essa não.
— O que foi?
— Ontem quando o Seu Fausto e eu estávamos saindo do circo, vimos que alguém queimou umas bandeirinhas e estava escrito essa mesma mensagem.
Alexandra fazendo o sinal da cruz exclama:
— Crê em Deus pai, que horror!
Eduardo impactado pergunta:
— Então você também recebeu a mensagem?
— Tecnicamente sim.
Isabelly se preocupa.
— Sabem me dizer se os outros também receberam?
Susana responde:
— O Henrique também recebeu, ele me disse quando terminou o julgamento. A mensagem apareceu no videogame dele.
Isabelly tentando disfarçar que conhecia Leandro, arruma uma desculpa.
— Ah e o trapezista, Leandro, também recebeu a mensagem, ele me falou um pouco antes de depor quando foi tomar água, pediu pra que eu avisasse ao Eduardo, mas não podia dizer a ele que já sabia.
Alexandra e Pedro pensativos, respondem respectivamente.
— Esperem, gente! Eu não recebi essa mensagem.
— Eu também não.
Susana responde o casal:
— Eu acho que o assassino só deixou essa mensagem para os que estão envolvidos com o circo, com o Miguel e a Victoria. Vocês não tem nada a ver com isso, Ale.
André bastante preocupado se lembra do que ocorreu no julgamento.
— Gente, vocês viram o que o Edgar fez com aqueles corvos? Aquilo foi horrível!
Eduardo contesta.
— Podem esperar que o Edgar vai acabar recebendo um processo por conta dessa baderna que ele fez hoje. Senhor Pedro, você estava no júri, como foi a sensação?
— Olha, se vocês precisam fazer algo para que solucione o caso, que sejam rápidos. O pessoal do júri até agora não está se convencendo de nada.
— Sim, eu imagino. A Josy preferiu ir pra casa até a segunda parte da audiência, ali é uma marajá, nem me surpreende… Mas vamos manter o plano e amanhã todos nós diremos a mesma história sobre a mensagem ameaçadora do assassino. Estão todos de acordo?
Todos confirmam em uníssono:
— Sim!
— Então ok, estou indo, me mantenham informado de qualquer coisa.
Eduardo sai às pressas, Isabelly permanece ali.
— Acho que vou ficar com vocês mais um pouco, precisamos estar bem preparados para o que está por vir amanhã. Essa Caroline não brinca de ser advogada como vocês puderam testemunhar, ela é perigosa e muito implacável.
Susana trincando os dentes argumenta.
— Essa Caroline… Que mulherzinha impossível!
Horas mais tarde, Casa de Alexandra.
Alexandra se encontra de camisola na cama e segue muito preocupada com o julgamento. Ela conversa com Pedro que está no banheiro do quarto.
— Pedro, eu continuo muito preocupada. Esse julgamento não tá favorecendo em nada o Miguel.
Pedro de lá de dentro do banheiro grita:
— A gente precisa ter fé, Alexandra! Talvez amanhã as coisas estejam melhores.
— Se pelo menos eu ou a Susana pudesse depor, já ajudaria bastante.
— Talvez não era pra ser assim, amor… Vamos aguardar.
— Verdade. Bom, já vai vim deitar? Eu já vou dormir.
— Vou aí em um minuto!
— Tá bom. Boa noite!
Pedro pega o vidro de remédios que o seu médico o havia receitado, ele chega a abrir o frasco, mas logo em seguida abre a tampa da privada e joga os remédios dentro. Em seguida ele dá descarga e murmura em voz baixa.
— Quem liga pra essa droga de remédios?
Fórum de Curitiba, 14h45.
No dia seguinte é chegado a segunda parte do julgamento que tem dado o que falar, Eduardo entra dentro da sala e para a sua surpresa, Josy já se encontra lá com cara de como não quer nada.
— Olá bonitão! Parece que alguém não dormiu muito bem hoje, não é?
— Você é bem versátil pra variar, né?
Isabelly chega e se aproxima de Eduardo.
— … Eduardo, onde pensa que estava? Já estávamos todos preocupados, o Miguel estava a ponto de ter um ataque de nervos.
— Me desculpe, eu passei a manhã e a tarde inteira preparando a minha tese sobre as ameaças do assassino.
— E o juiz já sabe?
— Pedi para que o notificassem, mas sem muito alarde pra não chamar a atenção da imprensa.
— Ótimo, agora vai conversar com o Miguel antes que ele tenha um ataque.
Eduardo se aproxima da mesa dos réus e se assenta ao lado de Miguel. Este último exclama:
— Eduardo? O que aconteceu? Estava louco achando que você não viria.
— Você acha que eu ia perder essa, Miguel? Nem que me oferecessem 200 mil reais pra desistir desse julgamento, eu não aceitaria.
— Cara, as coisas só pioram pra mim. O julgamento ontem foi um fracasso!
— Nem tudo é um fracasso, precisa confiar em mim. É a minha vez de atacar.
O Juíz entra no recinto, todos ficam de pé em sinal de reverência, depois ele faz o sinal para que as pessoas se assentem e inicia o seu discurso.
— Senhoras e senhores, sejam bem-vindos ao segundo dia desta audiência, ontem tivemos vários problemas aqui dentro deste recinto e esperamos que isso não aconteça novamente. Segundo informações da defesa e do estado, temos duas aquisições no processo para ser julgado agora mesmo incluindo as demais testemunhas que iremos ouvir. Com a palavra o advogado de defesa, Eduardo Castanho, fazendo suas observações.
— Obrigado, meritíssimo!
Eduardo chega à frente com uma papelada em mãos e vira para os espectadores alternando o olhar sempre para o júri.
— Senhores, ontem tivemos uma audiência bastante intensa no qual muitos aqui saíram do controle, isso não foi legal para ninguém, podem ter certeza disso. Só que o pior de tudo, senhores, é que logo após o fim da sessão de ontem, todos os amigos e familiares do meu cliente, Miguel de Paula, receberam mensagens ameaçadoras do assassino.
Todos começam a fazer burburinhos. Eduardo prossegue.
— Exatamente, senhores, e não só eles, meritíssimo. A detetive Isabelly e eu também recebemos ameaças.
— Explique-se, Dr. Eduardo.
— Aqui eu te mostro a carta que foi deixada na porta da minha casa ontem à noite. A detetive Isabelly recebeu esta mesma mensagem no celular dela.
Isabelly se levanta e mostra o print de seu celular para o juiz e em seguida entrega ao júri para avaliar. Eduardo prossegue.
— Isso só prova, senhoras e senhores, que o meu cliente é inocente, não teria como ele ter mandado essas mensagens. Todos os que já testemunharam e os que ainda vão testemunhar receberam essa mesma mensagem, creio eu que os pais da vítima devem ter recebido também porque querendo ou não, eles estão envolvidos no caso e são testemunhas.
Joana e Augusto sentados se entreolham. Caroline com reprovação se levanta.
— Ah, por favor! Estamos enrolando essa audiência com essas ocorrências.
Isabelly responde:
— Ocorrências que aconteceram de verdade com todos nós, senhorita Barreto. Esse caso está sendo mais complexo do que você imagina e creio que uma profissional como você, não ignora os fatos. Ou eu estou errada?
Caroline vendo que Isabelly deu um bom argumento preferiu se assentar. Eduardo continua a falar.
— Senhores do júri, um fato muito importante que ocorreu logo após a morte da assistente de mágica, conhecida como Madame Gardênia, foi um cartão com uma espécie de enigma deixado pelo assassino. Para isso quero convidar a investigadora Josy Lyu para explicar melhor sobre isso no Data Show.
Após 5 minutos, estando o Data Show preparado, Josy começa a explicar sobre o cartão misterioso da “raposa”.
— Bom, como podem ver, esta é a imagem do cartão que o suposto assassino deixou logo após assassinar a senhorita Gardênia no circo MAXIMUS. Isto é uma raposa de 9 caudas, muito presente na mitologia japonesa e eu como nativa sei bem o que poderia significar. Se observarem bem, duas das 9 caudas estão em vermelho e as outras 7 estão normais, e além disso na parte de traz do cartão ele deixou um recado escrito “02/09” e isso significa que o assassino está usando essa mitologia para exercer os seus crimes.
O Juíz intrigado questiona:
— A que se refere exatamente, senhorita?
— O assassino é nada mais e nada menos que a “Raposa” ou “Kitsune” como vocês preferirem, ele está matando suas vítimas conforme o número de caudas que a raposa da mitologia possui: Nove. E acontece que duas pessoas já foram mortas, Victoria e Gardênia, nesta última o assassino deixou um cartão dizendo que já foram duas, então se o assassino seguir as normas da sua mitologia, ele vai voltar pra matar as outras sete, e pode ser qualquer um dos envolvidos no circo MAXIMUS.
Tensão em todos os que estão presentes, o júri começa a cochichar entre si, Caroline intrigada questiona:
— Mas isso não faz sentido, tem alguém do circo que é descendente de japonês?
— Não, senhorita. Tudo foi investigado, O Dr. Eduardo e a detetive Isabelly investigaram todo o grau de parentesco dos envolvidos, não tinha como eles saberem desse tipo de cultura.
Eduardo conclui:
— E é por isso senhores que devemos tomar cuidado, talvez estamos aqui julgando uma pessoa que sequer tem culpa. Que possamos rever melhor os nossos conceitos, e por aqui encerramos essa parte, meritíssimo.
— A senhorita Barreto gostaria de fazer alguma observação?
— Não, meritíssimo, para mim está claro. Prefiro que sigamos para as testemunhas.
— Ok, pedirei para que entre a primeira testemunha de hoje. E será o conhecido como Seu Fausto.
Enfim chegou a vez do Seu Fausto dar a sua opinião no tribunal e Susana, André, Luíza e os demais ficam apreensivos. Ele se assenta na cadeira das testemunhas e o juiz dá início.
— Senhorita Barreto, está com a palavra.
— Obrigada, meritíssimo (levantando-se). Então Seu Fausto… O senhor é o Dono do Circo MAXIMUS, certo?
— Sim, já faz 35 anos.
— Imagino que 35 anos é uma história longa pra contar, Sr. Fausto. Durante estes 35 anos de carreira circense, o senhor alguma vez teve trabalho com algum dos artistas?
— Muito pelo contrário, eu sempre me dei bem com todos eles. Claro que muitos artistas já passaram por ali e já seguiram suas vidas, mas os que continuaram sempre foram uma família pra mim.
— E sobre Victoria Lopes e Miguel de Paula?
— Bom, eles estavam entre as grandes estrelas do nosso circo. Inclusive os números que eles faziam chamavam a atenção de muitos olheiros, tanto que íamos viajar para Califórnia em um espetáculo e eles estavam convocados.
— Os dois iriam ou somente a Victoria?
— Não, os dois. O convite foi para os dois e é claro, a equipe.
— Seu Fausto, nós queremos saber se o senhor viu alguma coisa suspeita no dia da morte da Victoria?
— Bom, na verdade não. Eu estava tão… (Fausto começa a se deprimir) Tão feliz pelos meus meninos, eu sempre tive eles como se fossem meus filhos. Todos! Inclusive o próprio Miguel.
— Mas não fez nada para impedi-lo de ter matado a Victoria né?
Eduardo ressalta.
— Protesto! A promotora está induzindo a testemunha.
— Mantido.
— Tudo bem, eu vou reformular a pergunta. Por que não tomaram nenhuma medida de segurança para evitar este suposto acidente que aconteceu com a Victoria naquela noite?
— A Victoria é muito talentosa, ela geralmente apresentava seus números sem precisar de proteção.
— Não foi isso o que eu quis dizer, senhor Fausto. Eu quis dizer, por que não revistaram tudo antes do espetáculo? Para não acontecer o que aconteceu.
— Eu estava muito ocupado…
— … Tão ocupado que permitiu que duas pessoas do teu circo morressem. Será que tuas ocupações são tão importantes a ponto de permitir a morte de alguém?
— Não! Eu não permiti a morte de ninguém. Eu juro que não tenho culpa de nada.
— Então me responda uma coisa, Seu Fausto. Achas que Miguel de Paula seria capaz de matar a namorada, Victoria Lopes?
— Eu, eu… Não, não,o Miguel… O Miguel seria incapaz.
— Por quê?
— Ele é um bom rapaz, nunca faria isso.
— Acho que não conhece bem as pessoas, Seu Fausto. E é claro que certamente não deve conhecer Miguel de Paula. Bom, eu encerro por aqui, meritíssimo.
— Dr. Eduardo, pode interrogar a testemunha.
— Obrigado, meritíssimo. Bom, Seu Fausto, o senhor sempre foi o cabeça do circo MAXIMUS, estou certo?
— Sim, sim, de fato.
— E pelo que sei o circo está enfrentando um processo pelo o que aconteceu com Victoria Lopes.
Caroline ríspida argumenta.
— Protesto! Esse caso não é relevante.
O juiz em dúvida questiona Eduardo.
— Onde quer chegar com a pergunta, Dr. Eduardo?
— Retirem isso. Eu vou fazer outra pergunta… Você sabe me dizer se mais alguém do circo MAXIMUS tinha algum tipo de atração por Victoria Lopes?
— Bom, eu, eu…
— … Porque ontem tivemos a drástica revelação de que Leandro, o trapezista era apaixonado pela vítima e isso meio que o torna suspeito, mas não vamos discutir sobre isso agora.
Leandro arregala os olhos de onde está sentado, Eduardo prossegue.
— Mas o que é interessante é que com certeza deveria ter alguém além dele que também gostava dela, pode me dizer algo sobre isso?
— Eu nunca sei direito sobre os relacionamentos dos meus funcionários, claro que sempre apoiei a relação entre o Miguel e a Victoria, mas não fico me metendo nesses assuntos.
— Não é isso que me interessa, Seu Fausto. Eu quero saber se o senhor sabe ou desconfia de alguém que além do Leandro, também gostava da Victoria?
Fausto hesita, fica segundos pensativo, mas decide responder.
— Sim, Fernando Santos, o domador de leões, mais conhecido como Nando.
Todos ficam bastante atentos, Eduardo satisfeito com a resposta conclui.
— Ora, ora, quem diria? E o melhor é que ele será a próxima testemunha. Creio que já podem liberá-lo e trazer o senhor Fernando Santos, meritíssimo.
— A acusação tem alguma objeção?
— Não, meritíssimo. Por mim está tudo bem.
— Pode se retirar, Sr. Fausto, tragam a testemunha Fernando Santos, o Nando.
Fausto retorna à sala de testemunhas enquanto Nando sai da mesma para poder ir até local do interrogatório. Eduardo nem sequer se sentou para aguardar a chegada de Nando.
Assim que ele se senta, Eduardo pede permissão ao juiz.
— Posso começar, meritíssimo?
— A vontade, Dr. Eduardo.
— A pergunta vai ser bem clara e objetiva, Nando, por que você matou Victoria Lopes?
Nando fica impactado com a pergunta.
Enquanto isso, Edgar está em algum lugar onde não é possível identificar, ele assiste a TV e segura uma carta de baralho. Ele toma alguma bebida alcóolica enquanto flashes viam em sua mente sobre a morte de Gardênia e respectivamente sobre o que ocorreu na tarde anterior no tribunal.
Após se lembrar de tudo isso, ele se levanta, pega um pincel e se aproxima do espelho. Ele começa a escrever algo no espelho, quando termina se retira dali e vimos que a frase que ele escreveu é: “VINGANÇA”.
No julgamento, a tensão continua. Eduardo pressiona Nando.
— Pode me dizer por que fez isso, senhor Nando?
— Está enganado, eu não matei ninguém!
— É verdade, acho que não fiz a pergunta correta. Você já teve algum tipo de atração por Victoria Lopes?
Nando começa a suar com a pergunta e ele tem lembranças do dia que ouviu a conversa de Miguel com André mostrando a aliança de casamento que daria à Victoria. E depois veio a lembrança dele visitando o túmulo de Victoria no meio da madrugada.
Após a sucessão de lembranças, Eduardo continua a questioná-lo.
— Vamos! Não vai me responder? Você tinha ou não tinha alguma atração por Victoria Lopes?
Ele totalmente baqueado responde:
— Sim, eu tinha, eu tinha sim.
Mais uma vez Miguel fica atordoado com a revelação ao igual que todos os demais. Eduardo prossegue.
— Interessante. Há quanto tempo?
— Já faz algum tempo, não lembro.
— Senhores do júri, desde ontem tivemos essas revelações sobre dois homens do circo MAXIMUS admitirem que gostavam da vítima Victoria Lopes. Acho que finalmente estamos chegando na parte que nos interessa, quero que depois investiguem em peso os senhores Leandro e Nando por serem os principais suspeitos do assassinato de Victoria Lopes!
— O quê?
Todos ficam impressionados, Luíza argumenta de onde está.
— Gente, o que o Eduardo tá fazendo?
Nando fica nervoso.
— Precisam acreditar em mim, eu não matei a Victoria!
— Achas que o assassino diria que a matou se não quisesse ser pego? Tenho quase certeza que Victoria Lopes foi assassinada por uma paixão não correspondida. Agora me diz qual de vocês a matou? O Leandro ou você?
Nando olha para Leandro no fundo da sala sentado, ele prefere não fazer nenhum tipo de reação. Ele olha para Eduardo novamente e nem sequer consegue responder.
— Eu acho que isso encerra o nosso interrogatório e creio que até mesmo ficou claro para a senhorita Barreto já que ela não me interrompeu nenhuma vez durante essa testemunha, o que é raro (Caroline bufa). Não tenho mais nada que esclarecer com essa testemunha, meritíssimo.
— A promotora está com a palavra.
Caroline decepcionada se levanta de onde está e se expressa.
— Eu creio que ouvi tudo, meritíssimo, por mim podem liberar a testemunha.
— Pode se retirar, senhor.
Eduardo retorna ao banco com ar de vitorioso. Miguel o agradece.
— Você tá indo muito bem, Eduardo. Obrigado!
— Não tem que me agradecer de nada. É o meu dever.
Passaram-se alguns minutos para que as próximas testemunhas sejam colocadas na sala para aguardar a sua vez, após isso o juiz dá prosseguimento.
— Que entre a próxima testemunha. E é o pai da vítima, Augusto Lopes.
Cresce a expectativa de todos, afinal de contas o pai de Victoria nunca teve opinião própria em nada. O que ele poderia dizer no tribunal? André intrigado argumenta com Luíza e Susana.
— Cara, o que será que o Seu Augusto vai falar?
Luíza responde.
— Ele é capacho daquele bruxa da dona Joana, com certeza vai falar tudo o que ela quer.
Augusto já está sentado na cadeira das testemunhas, o juiz cede a oportunidade para Caroline.
— Pode começar, senhorita.
— Obrigada, meritíssimo. Augusto Lopes, certo?
— Sim, senhorita.
— O senhor é o pai de Victoria Lopes?
— Sim.
— Única filha ou ela tem irmãos?
— Não, ela é… Era a nossa única filha.
— Como era a relação dela com o réu, Miguel de Paula?
— Boa.
— Boa? Desculpe-me, mas isso não é o suficiente para me convencer, quem dirá o júri?
— Eles sempre foram… Ou pelo menos pareciam ser felizes.
— Pareciam?
— Sim, sim pareciam.
— Significa que o senhor não tem certeza que eles tinham uma relação estável?
— Olha, eu ando muito confuso com toda essa história. Eu perdi uma filha, será que vocês não conseguem respeitar a nossa dor neste momento?
— Se está aqui é justamente para fazer justiça pela tua filha, Sr. Augusto. Pois você tem a chance de colocar o assassino atrás das grades pelo resto da sua vida.
— Eu, eu só quero que todo esse pesadelo acabe.
— Uma pergunta bem simples, Sr. Augusto. Você acha que o réu, Miguel de Paula, seria capaz de matar tua filha?
Augusto fica segundos sem reagir, olha para todos, Miguel fica apreensivo ao igual que Eduardo que está do teu lado. Ele olha para Joana sentada assistindo tudo, Caroline mais uma vez repete a pergunta.
— Sr. Augusto, achas que Miguel de Paula teria motivos pra assassinar a tua filha?
— Eu, eu não sei. Eu não sei de nada, por favor, estou com falta de ar.
O juiz intervém.
— O senhor está bem?
— Eu estou com falta de ar, por favor, eu não quero mais continuar com isso. Eu e minha esposa estamos sofrendo muito, eu não quero mais responder nada.
— Bom, se a testemunha se recusa a responder as perguntas, não há mais nada que possamos fazer, espero que os advogados entendam isso.
Caroline responde.
— Pra ser sincera, acho que conseguimos o bastante da testemunha.
Augusto se retira ainda abalado, um dos guardas se aproxima do juiz e cochicha algo em seu ouvido.
— Oh sim, claro! Solicito 5 minutos, senhores! Precisamos resolver um assunto interno.
Ao solicitar a pausa, Caroline se aproxima descaradamente de Eduardo.
— Meus parabéns, Eduardo! Foi muito bem hoje. Nem parece aquele amador que estava aqui ontem.
— Não tem que me agradecer, Caroline. Se quiser eu marco um dia pra te dar umas aulas particulares de como vencer um caso no tribunal.
— Sempre sarcástico, mas é uma pena eu te dizer que não vou permitir que vença esse caso.
— E quem disse que eu vou me render?
O assistente da acusação se aproxima de Caroline.
— Senhorita Barreto, pode me dar um minuto?
— Claro que sim, afinal temos que nos preparar pra vencer esse caso ainda hoje.
Eduardo revira os olhos, Miguel o encoraja.
— Não tem que se preocupar com ela, Eduardo. Você tá indo muito bem.
Isabelly e Josy se aproximam e o parabenizam respectivamente.
— Muito bem, Eduardo, acho que dessa vez vamos conseguir ganhar esse caso.
— É, vocês viram que a vadia quase não te interrompeu, fiquei chocada! Será que alguém fez uma pressãozinha nela?
Eduardo responde:
— Para de falar besteira, Josy! Acha que ela vai desistir assim tão fácil?
Miguel pergunta.
— Escuta, Eduardo, falta muita gente pra testemunhar?
— Bom, pelo que eu sei faltam 3 pessoas. A dona Joana, o André, a Luíza e você vai depor por último.
Isabelly avistando ambos ainda dentro da sala, estranha e pergunta a Eduardo.
— Por falar nisso, por que eles ainda estão aqui? Pensei que a pausa fosse justamente para colocar os três na sala de testemunhas já que eles serão os próximos a depor.
Eduardo também questiona:
— Será que ninguém avisou a eles?
— Eu vou lá ver.
Isabelly vai às cadeiras onde estão sentados Susana, Alexandra, André e Luíza.
— Com licença, André? Luíza? Ainda não chamaram vocês para a sala de testemunhas?
André responde.
— Não, eles disseram que teria mais testemunhas antes da gente.
Luíza argumenta.
— Sim, seria no caso a dona Joana. Mas até ela continua aqui no recinto, vejam do outro lado.
Isabelly avista Joana sentada com semblante de preocupação e indaga:
— É verdade. Acho que ela nem percebeu que já era pra ir pra lá.
O juiz chega neste exato momento.
— Por favor, senhores, retomem aos seus lugares porque temos um comunicado importante.
O juiz espera que todos se acomodem novamente ao seus lugares, o Seu Fausto também retorna ao recinto pra continuar assistindo a audiência. O juiz prossegue.
— Bom, no início dessa sessão havíamos avisado de que haveria duas aquisições no processo,uma seria as mensagens ameaçadoras que o suposto assassino teria mandado para os amigos e familiares do réu. E a outra é que a sessão abriu um parêntese para o depoimento de uma testemunha.
Eduardo na cadeira questiona:
— Que testemunha?
Caroline igualmente estranha o pronunciamento.
— Espera um pouco, meritíssimo, a promotoria não estava ciente disso.
— Sim, eu sei. Explicarei com mais detalhes depois. Pode entrar a testemunha chave!
A porta da sala de testemunhas se abre, o guarda acompanha a testemunha, pelo seu ponto de vista, vemos a reação de todos os presentes. Miguel em seu lugar arregala os olhos quase se levantando.
— Ah meu Deus! Não, não pode ser.
Eduardo olha para Miguel totalmente intrigado.
Enquanto a testemunha se dirigia à cadeira, todos os demais ficam completamente boquiabertos. André comenta com os demais sem acreditar.
— Luíza, isso é uma piada né?
— Ai meu Deus, André! Eu não estou acreditando no que estou vendo.
Susana completamente extasiada comenta com Alexandra:
— Meu Deus! Isso… Isso é…
Fausto também comenta de onde está.
— Isso só pode ser uma brincadeira e de muito mal gosto.
Leandro e Nando em seus respectivos lugares argumentam.
— Mas… Que porcaria é essa?
— Como isso pode ser possível?
A testemunha por fim se assenta, Caroline cochicha com o seu assistente de acusação. Miguel mal conseguia respirar, Eduardo percebe que ele ficou bem nervoso, André e Luíza estão a ponto de se levantarem de suas cadeiras.
Tensão com angústia e muita aflição está tomando conta de todos, o júri fica sem entender ao igual que Isabelly e Josy. Isabelly olha para Leandro e vê que ele está com as mãos na boca impressionado e mal piscava.
Os olhos de Miguel estão quase se enchendo de lágrimas. O juiz finalmente quebra o gelo:
— Bom, você não deu seu nome à lista de testemunhas e preferiu que nem a defesa e nem a promotoria soubesse de sua existência. Mas agora acho que é o momento certo de sermos apresentados, então poderia, por favor , dizer a nós como se chama?
— É claro que sim, meritíssimo. Eu sou ex-artista do circo MAXIMUS. Me chamo Karina… Karina Fernandes!
Terça, dia 30
Não percam o Último Capítulo
de NØ Magic!
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