Rebelião
Todos nós escondemos alguma coisa, algumas vezes são coisas que só nos dizem respeito a nós mesmos, mas outras podem acarretar sérios prejuízos a quem esteja em nossa volta. Mas qual segredo uma detetive e um artista circense poderia guardar?
— Leandro! Estou surpresa por vê-lo aqui a essa hora.
— Oi, Isabelly. Nós… Podemos conversar?
== FLASHBACK 1== Dia em que Eduardo e Isabelly verificaram as provas no circo MAXIMUS após a morte de Victoria.
Eduardo e Isabelly estão no carro saindo do circo MAXIMUS e conversam.
— Eu nunca vi isso antes, se realmente nossas suspeitas se confirmarem, esse criminoso calculou tudo de maneira bem sagaz.
Eduardo começa a dirigir e continua a conversar com Isabelly:
— Verdade, agora aproveitando a ocasião, posso te fazer uma pergunta, Isabelly?
— Claro.
— Como você sabia o nome do trapezista?
Isabelly arregala os olhos e responde:
— O que disse?
— Perguntei como você sabia o nome dele? Eu lembro de você ter falado: “O Leandro falou que…” e etc.
— Ah, por favor, Eduardo! O Seu Fausto falou o nome dele quando foi nos apresentar.
— Ele apenas disse a função dele no circo, não mencionou o nome dele, os únicos nomes mencionados ali foram o da Victoria e o do namorado dela, o Miguel.
— Tá, mas o que isso tem a ver? Nossa preocupação agora é descobrir quem está por trás do crime contra essa garota.
== FLASHBACK 2 == Noite que Leandro se encontra com alguém no Centro da Cidade de Madrugada.
Leandro já havia saído da delegacia e continua com o rosto machucado da briga que teve anteriormente. Ele está agasalhado e chega a um chafariz bem no centro da cidade. Ele olha para o relógio e parecia que estava aguardando alguém em plena madrugada.
Uma figura sai de dentro das vielas e vai em direção a Leandro que está de costas aguardando, ele virou-se para frente da figura e assustou-se.
— Nossa! Você quase me mata de susto! Até que fim você chegou! Precisamos ter uma longa conversa, e você sabe muito bem sobre o assunto que quero falar contigo.
A figura em questão que não vimos anteriormente é nada mais e nada menos que Isabelly.
— Pra quê tanta urgência a essa hora da madrugada, Leandro? Você sabe muito bem que eu estou trabalhando nesse caso da tua parceira de trapézio.
— Me desculpe, eu sei que você anda muito ocupada… Mas eu não consigo mais ficar muito tempo sem te ver.
— Por favor, Leandro, não começa! Eu sei muito bem porque você me procura.
— Não é só isso. Eu… Eu gosto de você.
— Não vamos mais fazer delongas, pegue.
Isabelly entrega algo nas mãos de Leandro. Ele pega e guarda no bolso.
— Eu, eu juro que vou parar, Isabelly. Eu estou tentando…
— Tentando? Você nem sequer está se esforçando. Mas eu não estou aqui para discutir, acho que por hoje é só.
— Espere!
Leandro puxa Isabelly pelo casaco e a beija intensamente. Ela a princípio corresponde e depois se afasta dele.
— Não podemos fazer isso, Leandro. Não sei o que aconteceria se nos pegassem juntos. É melhor eu ir embora, e pelo seu bem… Vá embora também!
Isabelly sai de lá correndo deixando Leandro sozinho.
== FIM DE FLASHBACK ==
Isabelly convida Leandro para entrar, este se acomoda em seu sofá e fica com as mãos trêmulas enquanto Isabelly se assenta no outro sofá observando ele com estranheza.
— Tá tudo bem, Leandro?
— Não, toda essa história tá acabando comigo.
— Você se refere à morte de sua colega ou ao teu vício?
— Por favor, pare de falar assim! Eu não sou um viciado.
— Não ainda, mas ficará se não parar com isso agora mesmo.
— Eu, eu não consigo, estou me sentindo tão culpado.
— Você é a única pessoa que poderia ter maturidade suficiente para levar essa história da morte da Victoria e da prisão do Miguel com mais clareza. Mas tá na cara que o teu amor pela heroína é muito mais forte que tua sanidade mental.
Penitenciária de Curitiba, 19h20.
O alerta continua a soar por todo o presídio, um verdadeiro caos está ocorrendo, presos começam a fazer vandalismo em todas as partes, os guardas entram em alerta, mas começam a perder forças por conta da brutalidade dos presos. Na sala do Diretor, um dos carcereiros chega para dar a terrível notícia.
— Diretor, precisamos fazer alguma coisa, está acontecendo uma rebelião e os presos estão eliminando a nossa segurança.
— Como isso pode ter acontecido? Não acontece uma rebelião aqui há anos. Vou solicitar reforços.
Enquanto isso Miguel e os outros correm para uma área no extremo oposto de onde está ocorrendo o fluxo da rebelião. Miguel questiona Billy:
— Você vai nos explicar pra onde a gente tá indo?
— Confia em mim, moleque.
Eles chegam em uma das celas, trata-se da cela de Fosco.
— Aí, essa é a minha cela. Vamos fazer isso logo antes que alguém apareça.
Fosco sobe o beliche e abre um buraco que há no teto de sua cela que dá passagem à uma tubulação. Miguel olha com estranheza, Billy sacode o ombro dele e ressalta:
— Tá vendo, playboy? Nós somos os caras.
Valter os alerta.
— É melhor a gente subir logo, cara. Não vai demorar muito até o pessoal chegar aqui.
Fosco sobe pela tubulação e em seguida Valter o acompanha. Billy sobe em seguida e pede pra que Miguel o siga. Até que um dos primeiros presos que provocou Miguel anteriormente, observa a fuga dos presos e corre imediatamente para a cela impedindo o ato. O detento é Celso.
— Ei! Pra onde vocês pensam que vão?
Billy resmunga:
— Ih! Ferrou! Sobe logo, Miguel! Esse desgraçado não pode nos pegar.
Miguel ao subir no beliche para entrar na passagem é puxado bruscamente por Celso que o lança no chão e o agarra pelo pescoço.
— Me solta!
— Querendo fugir né, pilantra?
Billy percebe a frustração de seu plano.
— Puta que pariu! Ferrou tudo, gente!
Valter e Fosco estão mais a frente da tubulação e esse último pergunta:
— O que tá acontecendo aí, Billy?
— O desgraçado do Celso tá aqui e pegou o Miguel.
Valter responde:
— Deixa o playboy aí, já temos o que precisamos, vamos embora!
Billy pensa em seguir o conselho de Valter, mas se detém e desce da tubulação.
Celso ainda se agarrando ao pescoço de Miguel é surpreendido por Billy que chega por trás e desce um soco em sua cabeça. Ele tenta revidar, mas Miguel ainda no chão consegue dar uma rasteira nele. Billy esbraveja com Celso.
— Você quer mesmo estragar nossos planos, seu viadinho de merda?
Billy levanta Celso pela camisa e começa a golpear a cabeça dele contra a parede repetidas vezes. Miguel vendo aquilo não pode se conter:
— Chega, Billy! Já chega! Você vai matar ele.
— É tudo o que eu quero.
— Não! Não faça isso, ele já está quase apagado, vamos sair daqui… Por favor.
Billy para de golpear Celso e o deixa no chão, em seguida eles se preparam para entrar na tubulação quando escutam a arruaça dos presos se aproximando.
— Merda! Vão pegar a gente! Rápido, Miguel!
Os dois conseguem subir na tubulação e rapidamente encontram os outros dois. Valter reclama:
— Que merda, Billy! O que vocês acham que estavam fazendo?
— Cala a boca! A gente tem que dar um jeito de fugir daqui logo antes que descubram a gente.
Uma sequência de acontecimentos terríveis está sucedendo naquele presídio, alguns detentos começaram a atear fogo dentro de cada cela, e uma troca de golpes e tentativas de homicídio pairam sobre o local. Não há mais limites, tudo saiu de ordem.
Casa de Alexandra, 19h35.
Alexandra acaba de chegar do trabalho, ela parecia estar devidamente cansada após todo o ocorrido, ela retira os seus óculos e é possível ver com nitidez a marca roxa que ficou em seu olho, ela deixa sua bolsa no sofá e se dirige até a sala de jantar. Quando ela chega ali, está seu marido Pedro a esperando.
— Oi, querida! Que bom que chegou!
Alexandra estranha ao ver a mesa toda arrumada com alguns pratos exóticos e velas na mesa.
— Pedro, o que você…
—… Decidi preparar o teu jantar, querida. Veja, consegui até uma lagosta para saborearmos este momento épico.
— Desculpe, mas… O que estamos comemorando mesmo?
— O nosso aniversário de casamento, tolinha. Esqueceu? Ah! Deixa pra lá! Tire esse casaco e se acomode.
Pedro faz com que Alexandra se assente na mesa, ela está completamente intrigada com a reação estranha do marido.
— Preparei um macarrão com molho inglês, perfeito para a nossa noite.
Enquanto isso o presídio continua numa atmosfera aterradora, alguns detentos degolam outros e o fogo começa a se espalhar por todos os locais. Miguel e os outros continuam dentro da tubulação quando Fosco— que está na frente deles — sente algo.
— Vocês estão sentindo esse cheiro?
Billy responde.
— De quê?
Por uma das saídas de ar, sinais de fumaça começam a entrar para dentro da tubulação onde eles estão. Valter percebe o que está ocorrendo:
— Merda! Estão incendiando o presídio!
Miguel: E agora? O que vamos fazer?
Fosco: Temos que sair da droga dessa tubulação antes que a gente morra sufocado aqui dentro.
Ao concluir a frase, eles ouvem um barulho e ficam calados por alguns segundos… Eles percebem que há movimentação na tubulação.
Billy: Droga! Descobriram a gente, vamos dar o fora daqui!
Os 4 começam a se mover com mais velocidade dentro daquela tubulação, logo atrás vemos alguns presos passando por ali.
Do lado de fora, várias viaturas com a tropa de choque chegam à porta do presídio. Um deles se comunica com a diretoria e são autorizados a entrarem no local para deter a arruaça dos prisioneiros.
Na tubulação, os 4 continuam a percorrer pelo local, até que chegam em uma parte onde uma das saídas de ar cede e Miguel e Billy vão ao chão.
— Ah!
— Merda!
Fosco e Valter olham para trás e testemunham a cena.
Valter: Billy, você tá bem?
Billy: Droga! Droga!
Fosco: Escuta, Billy. Vamos encontrar vocês no local combinado, tentem achar um modo de subir aqui novamente ou todos nós vamos morrer aqui. Mas agora precisamos ir antes que nos alcancem.
Billy: Não, esperem! Voltem aqui seus desgraçados!
Miguel: Já chega, Billy! Não adianta chorar agora.
Miguel observa o local onde eles caíram.
— Espera um pouco, onde é que a gente tá?
— Merda! A gente tá na sala do diretor.
— Sério? Tanto lugar pra a gente cair e tivemos que cair justo na sala do diretor, “que legal!”.
— Cala essa boca! Se alguém nos pegar aqui, nós estamos fritos! No mínimo uns três meses de solitária, tá ligado?
Eles escutam algumas conversas e se escondem debaixo da mesa do diretor. E quem entra ali é justamente ele acompanhado de outro guarda.
— Não é possível! Temos que deter esses delinquentes o quanto antes, estão ateando fogo em todo o presídio.
— Senhor, as tropas de choque já estão aqui.
— Sim, eu sei, mas precisamos urgentemente do corpo de bombeiros, o fogo vai chegar a qualquer momento para este lado e…
O diretor olha lentamente para cima e vê a abertura na tubulação.
— Que merda aconteceu aqui?
Debaixo da mesa, Miguel e Billy tapam a boca para não serem descobertos.
— Senhor, afaste-se! Pode ser uma armadilha.
O diretor e o guarda escutam um barulho de cima da tubulação e algumas risadas aleatórias, rapidamente eles percebem que se trata de alguns presos tentando escapar. O guarda pergunta ao diretor:
— O que deseja que eu faça, senhor?
— Atire pra matar!
O guarda esperou que os presos chegassem perto e ele dispara pra cima da tubulação metralhando todos eles sem piedade. Miguel e Billy continuam debaixo da mesa impressionados com a atitude do diretor.
— Peça para que alguém reviste todas as áreas de tubulação, com certeza tem mais ratos como esses se aproveitando da ocasião para fugir.
— Sim, senhor!
O diretor e o guarda se retiram da sala e a tranca por fora.
Billy e Miguel saem de debaixo da mesa.
— E agora o que vamos fazer, Billy?
— A gente tá ferrado, irmão, bem ferrado.
Enquanto isso, Alexandra continua sentada na mesa estranhando a maneira que seu marido está agindo. Ele se assenta sobre a mesa e começa a dar uma garfada num pedaço de lagosta.
— Humm, isso aqui tá ótimo! Vamos, meu amor! Coma! Está uma delícia!
— Pedro, eu… Eu não estou com fome.
— Como não? Precisamos comemorar o nosso aniversário de casamento, querida.
— Pedro… Não é o nosso aniversário de casamento. Isso foi há 3 meses.
Pedro está a ponto de dar outra garfada quando escuta esta última frase de Alexandra, ele golpeia a mão sobre a mesa e assusta Alexandra.
— Quer dizer que… Você não quer comemorar o nosso aniversário comigo?
— Não, não é isso que eu quis dizer, é que…
Pedro se levanta bruscamente, ele pega a lagosta nas mãos e começa a parti-la ao meio enfurecido.
—. … Então pra que diabos aceitou se casar comigo? Pra poder me humilhar?
— Não, não é isso, é que…
Pedro derruba todas as coisas da mesa, Alexandra levanta-se assustada.
— Você não passa de uma ingrata! Depois de tudo o que eu fiz por você.
— Pedro, você não está bem, você precisa de ajuda. Você tá doente!
— Doente? Quem aqui é doente, sua vagabunda? A doente aqui é você, por isso que em anos de casado você nunca me deu um filho saudável. O único que tivemos, o único que tivemos você o deixou morrer.
— Não diga isso! Eu jamais faria isso! Jamais deixaria um filho meu morrer. Isso é tudo culpa tua!
Pedro se aproxima bruscamente de Alexandra e golpeia seu rosto.
— Ah! Por que tá fazendo isso, Pedro? Você não era assim.
— Que coincidência! Você também não era.
Pedro agarra Alexandra pelo pescoço e começa a sufocá-la, quando ela já estava ficando sem ar, ele a arremessa contra a parede deixando-a desacordada.
No presídio, Miguel e Billy continuam na sala do diretor.
— Billy, o que a gente vai fazer agora?
— Eu não faço ideia. Merda! Ele trancou a gente aqui dentro.
— E agora?
— Calma! Vamos procurar alguma coisa pra quebrar a fechadura.
Os dois procuram objetos pela sala até que encontram um grampeador industrial. Billy começa a bater com força até arrebentar a fechadura e por fim saíram da sala. Mas percebem que nenhum local é seguro ali.
— Billy, o fogo vai chegar aqui há qualquer momento, vamos morrer se ficarmos aqui.
— Eu sei, cara, mas o que quer que façamos?
— Vem comigo! Tem que haver extintores aqui perto.
Do lado de fora, o corpo de bombeiros chega ao local, alguns presos que preferiram não reagir foram tragos para fora pelos policiais. Uma equipe de reportagem chega por ali e faz a cobertura da tragédia.
Casa de André, 19h45.
André já se encontra em sua casa após o encontro com Luíza, sua TV está ligada e algo chama a atenção do rapaz logo de imediato. São as notícias do ocorrido no presídio onde Miguel se encontra.
— Um incêndio na Penitenciária de Curitiba começou há cerca de meia hora e tropas de choque e bombeiros estão tentando impedir o tumulto. As informações que nós temos é que começou uma rebelião entre os detentos no qual provocou toda essa desordem…
André vendo aquilo, não pôde se conter e pega seu celular rapidamente.
Na casa de Susana, seu celular toca e quando atende, se trata de André informando o ocorrido.
— Alô?
— Dona Susana! Aconteceu alguma coisa no presídio onde o Miguel tá.
— O quê? Como assim, André? Eu fui lá hoje visitá-lo.
— Começou uma rebelião e o presídio tá pegando fogo. Eu estou com um mal pressentimento, dona Susana, temo pelo Miguel.
— Não, eu não vou deixar que nada aconteça com o Miguel, com o meu filho não.
Susana desliga o celular e se arruma para sair. Ela vai até a garagem quando percebe que está faltando algo.
— Droga! Eu esqueci que eu não tenho mais carro.
No presídio, Billy e Miguel correm pelos corredores até que Billy encontra um extintor de incêndio.
— Aqui está, Miguel. Vamos usar essa belezinha aqui.
— Tá, mas isso não vai nos assegurar por muito tempo.
De repente, alguns presos chegam no corredor e ao ver ambos, tentam atacá-los. Billy reage.
— Imbecis! Saiam da minha frente!
Billy usa o extintor de pó químico nos presos deixando-os atordoados.
— Billy! Não faz isso!
— Eles vão nos matar se não fizermos alguma coisa.
O fogo chega até o local onde eles estão, mas eles se encontram ocupados tentando não serem mortos pelos detentos rebeldes. Um deles agarra Miguel pelo pescoço, mas ele consegue dar um soco em sua pelve fazendo-o se retorcer de dor. Na contrapartida, Billy acerta o extintor na cabeça de outro detento.
— Ah merda!
Miguel e Billy tentam escapar, mas começam a sentir falta de ar devido a fumaça.
— A gente vai morrer, Miguel. A gente vai morrer aqui, não era pra isso ter acontecido, não era!
— Calma, Billy! A gente vai ficar bem.
Miguel observa alguém se aproximar violentamente por trás de Billy com uma faca.
— Billy, cuidado!
Miguel empurra Billy e tenta impedir o ataque do preso que se trata de nada mais e nada menos que Granada.
— Você? Você me traiu! Traiu a todos nós!
Miguel prefere não responder e dá um chute no estômago do detento, este sente uma forte dor, mas arruma forças para golpear Miguel que cai no meio do corredor, eles estão próximos ao pátio onde tudo começou. Granada se aproxima de Miguel para golpeá-lo, Billy chega e o agarra pelas costas.
— Solta ele, desgraçado!
Granada arremessa Billy contra a parede. Na distração do primeiro, Miguel pega a faca que Granada deixou cair no chão e acerta a perna dele.
— Ah! Desgraçado!
Miguel consegue derrubá-lo, então ele arranca a faca da perna de Granada, se levanta e segura o objeto com as duas mãos a ponto de dar o golpe final.
— Ahh! Seu maldito!
— Miguel!
Miguel percebe que está prestes a verdadeiramente cometer um homicídio. Seu olhar transmite fúria e suas mãos estão trêmulas.
— Me mata! Me mata, desgraçado! Duvido você ter coragem.
— Cala a boca, cala a boca! Eu vou te matar!
A ponto de apunhalá-lo, Miguel começa a ver imagens em sua mente da noite que Victoria morreu, ele se encontra inerte com a faca a poucos centímetros da garganta de Granada, Miguel escuta de dentro de sua cabeça a voz doce de sua amada.
— Você não é um assassino!
Neste momento, Miguel desiste e começa a dar vários socos na cara de Granada, ao terminar ele se levanta ofegante e exclama:
— EU NÃO SOU UM ASSASSINO!
Billy fica impressionado com a atitude de Miguel, ele olha para o jovem malabarista que se aproxima dele completamente exausto.
— Miguel, você salvou minha vida.
— Eu não sou um assassino, Billy. Eu não sou.
Neste momento Granada se levanta, agarra Miguel pelas costas e o leva para a ponta do andaime.
— Miguel, cuidado!
— Vamos juntos para o inferno!
Granada se prepara para pular juntamente com Miguel para o meio do pátio onde o incêndio está mais forte.
— Não! Me solta!
— Miguel!
Billy corre para tentar impedir e pelo reflexo do olhar dele, vemos Granada caindo do andaime de costas segurando Miguel enquanto o restante do local levanta brasas e mais brasas. Sem poder fazer nada, uma lágrima de arrependimento escorre dos olhos de Billy acompanhada de um grito desgarrador:
— MIGUEL!
Enquanto isso no apartamento de Isabelly, continua a conversa entre ela e Leandro.
— Escuta, Isabelly, estou tentando ser a melhor pessoa do mundo, mas eu não consigo, não consigo mesmo.
— Não se preocupe, querido. Estarei aqui para o que precisar.
— Obrigado, apesar de tudo… Você têm me ajudado muito a superar tudo isso.
Isabelly se levanta do sofá e se senta do lado de Leandro, ela toca suavemente seu rosto deslizando-a sobre sua barba, até que ela olha para ele atentamente com olhar de compaixão questionando:
— Diga-me uma coisa, Leandro… Por que você matou a Victoria?
Próximo Capítulo:
Terça, 09 de Abril.