Cama de Gato
Delegacia de Polícia, 21h00.
No Gabinete do Delegado Monteiro, todos estão perplexos com a revelação que a funcionária da perícia acabara de trazer.
— Essa garota verdadeiramente foi assassinada e isso não resta dúvidas.
Isabelly questiona:
— Mas tem pistas de quem pode ser o assassino?
— Felizmente ou não, foram encontradas digitais na faca, estamos fazendo as análises e creio que até de madrugada teremos um resultado.
— Tão rápido?
— Claro, Dr. Eduardo, investimos pesado na tecnologia aqui, principalmente se tratando de assuntos criminais. Não é porque estamos no Brasil, que não podemos evoluir.
Monteiro a responde:
— Tá, isso é o de menos. Quando sair o resultado, me procure.
— Tudo bem, se me permitem, vou me retirar.
A funcionária da perícia se retira do gabinete deixando os três intrigados. Isabelly preocupada questiona:
— O que faremos agora? Aquele pessoal está lá na sala de espera da recepção.
Eduardo: Eu acho que vou até lá dá um parecer de que o processo está em análise.
Monteiro: Procure não dar muito alarde, Dr. Eduardo.
Eduardo: Delegado, não tem que se preocupar com minha restrição profissional. Com licença.
Casa de Henrique, 21h15.
Henrique está em seu quarto assistindo televisão e por mais que tentasse, não conseguia se divertir, sua mãe Tatiana passa pelo corredor e viu que a porta do quarto dele está semiaberta e apenas o observou do lado de fora por alguns segundos e continuou seu caminho até descer as escadas e encontrar seu esposo Israel na sala, ele é um homem alto de barba e bom físico.
— Esse maldito circo está acabando com a infância do nosso filho!
— Não exagera, Tatiana, ele só está triste com tudo o que aconteceu. Será que não percebeu uma coisa? A Victoria está morta!
— Eu sei disso! Por que acha que eu não quero que meu filho volte aquele circo mequetrefe?
— Nosso filho não é um trapezista, não tem que se preocupar.
— Eu tenho sim, Israel! Não vou permitir que aconteça com a nossa família o que aconteceu com a Joana, antes a filha dela do que o meu filho!
— Tatiana? Você ficou louca? Isso não se fala nem brincando.
— Estou pouco me lixando pra o que você pensa! Lembre-se que é obrigação nossa cuidar do Henrique com todas as nossas forças.
— Você diz isso porque está com medo! Medo de descobrirem que você…
Tatiana esbraveja e aponta o dedo na cara de Israel:
— …Não se atreva a mencionar o que eu acho que você vai dizer, Israel!
— Claro, diz isso porque o teu pescoço está em jogo. Quer saber? Eu já não reconheço mais a mulher com quem eu me casei.
Israel se retira da sala deixando Tatiana furiosa.
Na delegacia Luíza continua a conversar com André.
— Eu estou com muito medo do que possam ter descoberto, André, quem poderia ser essa pessoa que matou a Victoria?
— Shh, fala baixo, Luíza! O pessoal deve tá tudo ali.
— Pior que eles estão.
Eduardo caminha pelo corredor e deu de frente com André e Luíza.
Luíza: Detetive, acho que o senhor se lembra de nós, queremos saber se já sabe alguma coisa em relação à Victoria?
Eduardo: Por enquanto eu não posso adiantar nada, só dizer que a perícia está fazendo todas as análises possíveis, creio que de madrugada teremos um resultado convicto. Eu preciso avisar a Dona Joana e o Seu Augusto, com licença.
Eduardo segue caminho deixando André e Luíza parados no corredor.
Na casa de Miguel este se encontra atônito.
— Caramba! O André não deu mais notícias, agora eu estou morrendo de preocupação aqui.
— Calma, Miguel, sei que é difícil, mas precisamos manter a calma.
— Estou tentando, mãe, eu juro que estou tentando.
Na delegacia, Eduardo está dando um parecer a todos que estão ali presentes.
—… E por enquanto são as únicas notícias que eu tenho. Eu vou voltar ao Gabinete do Delegado para conversar com ele.
Joana: Mas detetive, eu…
Eduardo: …Vai ficar tudo bem, Dona Joana, relaxa!
Eduardo se retira deixando todos ainda mais nervosos.
Gardênia: Só o que faltava, veio para dar uma informação e essa foi a informação? Pra ficarmos calmos?
Augusto: Por favor, vamos fazer o que o detetive mandou, é melhor pra todos nós.
No gabinete do Delegado Monteiro, este ainda está perplexo com o ocorrido.
— Eu já vi de tudo nesse mundo, mas planejar a morte de uma garota no próprio número dela em um circo? Isso é muito doentio.
Isabelly: Estou tão intrigada quanto o senhor, Delegado. Eu preciso ir ao banheiro, lavar o rosto… Tá sendo um dia difícil pra mim.
Monteiro: Claro, entendo perfeitamente.
Isabelly: Com licença.
Isabelly sai do gabinete e se dirige até o banheiro, antes de chegar ao mesmo, o celular dela toca e pela expressão em seu rosto ela já conhecia quem está do outro lado da linha. Então ela entra pra dentro do banheiro, verifica se não tem ninguém lá dentro e vai para um dos box atender o celular.
— (Cochichando e nervosa) Você enlouqueceu? Por que você tá me ligando agora? Eu estou no trabalho! Se me virem falando contigo, a casa cai!
Já passava da Meia-Noite e todos estão nervosos sem saber de nada, Joana não consegue disfarçar sua aflição e Augusto tenta acalmá-la.
— Meu bem, você precisa se acalmar.
— Eu não posso ficar calma enquanto não descobrir o que aconteceu com a minha filha!
— Fique calma, querida, se continuarmos nesse estresse todo, só vamos prejudicar o trabalho deles.
— Eu não me importo! Eu só quero saber o que diabos eles descobriram a respeito da nossa filha!
Fausto se aproxima deles no corredor.
— Com licença!
— O que você quer?
— Como assim? Eu sou o dono do circo, tenho todo o direito de saber o que está acontecendo.
— Tudo isso está acontecendo por causa do teu maldito circo!
— Você tá maluca? Como se atreve a culpar o meu circo por tudo o que aconteceu? Pra mim você não passa de uma desequilibrada!
— Seu Fausto, por favor, não fale assim com minha esposa. Ela só está nervosa.
— É, eu percebi.
Enquanto isso, na casa de Miguel , ele está sentado no sofá da sala, a luz principal está apagada, e apenas as luzes dos abajures permaneciam ligadas. Ele está com um cubo mágico nas mãos e parecia estar bem nervoso, cada instante coçava o cabelo. Susana chega até a sala para falar com ele.
— Filho, vai deitar, não pode ficar a noite toda aqui pensando nisso.
— Mãe, eu não posso dormir enquanto não descobrir o que está rolando, tem alguma coisa de muito errada, do contrário não chamariam os pais dela para a delegacia após o enterro.
— Tudo bem, mas não vai dormir muito tarde. Quer que eu traga um café com leite pra você?
— Pode ser mãe, obrigado!
— Eu vou lá trazer.
No Gabinete do Delegado Monteiro, os três continuam a conversar até que dois funcionários da perícia acompanhados de um policial chegam no local.
Policial: Com licença, delegado! Eles vieram falar com o senhor e disse que é urgente.
Monteiro: Obrigado, policial, deixe-nos a sós, por favor.
O policial fecha a porta do gabinete e o delegado Monteiro questiona.
— E então o que descobriram?
— Exatamente tudo o que imaginávamos. A garota realmente foi assassinada, a faca que encontramos foi a mesma que cortou as cordas do trapézio e… Já avaliamos de quem eram as digitais encontradas na faca.
Isabelly: E de quem era?
— Melhor vocês mesmo verem.
O perito pega um tablet e mostra a análise da digital através de um programa. Do lado da digital aparece a foto de identidade de Miguel.
Isabelly: Não pode ser.
Eduardo: Puta que pariu! Droga!
O delegado Monteiro olha para o tablet e fica extasiado com o que acabara de ver.
Monteiro: Isso não pode ser possível, o próprio namorado dela.
— Isso mesmo, Delegado, já recebemos ordens de adiantar o mandado de prisão dele agora mesmo.
Monteiro: Estão loucos? Isso nem sequer passou por mim.
— Assim que descobrimos, escaneamos e enviamos para o Diretor do Fórum de Curitiba, ele deu a ordem de prisão imediata a Miguel de Paula.
Monteiro: Mas que droga!
Isabelly: É bem “comum” namorado matar namorada, mas desse jeito?
Eduardo: Eu não creio que ele possa ter feito isso.
Isabelly: Você está louco, Eduardo? Não ouviu o que eles disseram? As digitais do Miguel foram encontradas na faca.
Eduardo: Isso não quer dizer nada, vamos esperar que ele venha até aqui para interrogarmos.
— Bom mesmo, até porque dentro de alguns minutos uma viatura deve está batendo na casa dele.
Casa de Miguel, 00:16.
Susana está na cozinha e a água do café está no fogo, ela se escora na mesa e aguarda alguns instantes para poder desligar. Após isso, ela pega a garrafa térmica e começa a coar o café enquanto Miguel espera na sala impacientemente com o cubo mágico na mão pra se distrair.
Na delegacia, Joana continua exaltada.
Joana: Não vou hesitar em processar esse teu maldito circo, Seu Fausto!
Fausto: Cala a boca! Você não tá com moral pra dizer nada aqui.
Leandro: Caramba, vocês não param de discutir um só minuto?
Luíza: Estamos nos exaltando aqui à toa.
André: Pois é, parem com essa palhaçada!
Nando: André, e você veio pra cá com quem mesmo? Porque que eu saiba a gente não te viu mais lá no circo quando dissemos que viríamos pra cá.
André: E o que te importa?
Nando: Tá querendo apanhar, moleque?
André: Vem aqui e descobre.
Edgar: Parem com isso!
Um verdadeiro tumulto inicia e o delegado Monteiro chega ao corredor impondo sua autoridade.
— Silêncio, por favor!
Joana: Delegado, o que houve? O que descobriu a respeito da minha filha?
O delegado olha para Joana e para todos os presentes e seu olhar é de preocupação, mas ainda sim preferiu dar o recado do qual veio trazer.
— Vocês vão precisar ser bastante fortes com o que eu vou dizer.
Joana: Por favor, delegado, o que aconteceu? Por que tanto suspense?
Augusto: Delegado, seja lá o que for, conte-nos! Temos o direito de saber.
— Bom… Saiu o resultado da perícia, fizeram uma análise completa no circo e principalmente no trapézio, e além do que já sabemos, existe outro fator que a perícia descobriu que… Não estávamos esperando.
Joana a cada instante mais preocupada e se agarrando às mãos de Augusto pergunta:
— Do que está falando, delegado?
— Estou falando que o que aconteceu com a tua filha não foi um acidente.
Os demais que estão ali começam a fazer várias perguntas. O delegado os interrompe.
— Chega! Calem a boca!
Augusto: Delegado, o que o senhor quis dizer com “não foi um acidente”?
— Exatamente isso que o senhor ouviu. Não foi um acidente, alguém sabotou o trapézio pelo qual a tua filha se apresentava… A tua filha foi assassinada, senhores!
Inicia-se um terrível tumulto, Joana começa a chorar desesperada, Fausto dá um passo a frente e se aproxima do delegado.
— Do que você está falando? Como isso pode ter sido homicídio?
— E esse não é o pior, nós já descobrimos quem está por trás disso.
Joana: O quê? Como assim? Quem? Quem fez isso? Responde!
Fausto: Delegado…
O delegado Monteiro olha para todos e responde a terrível notícia.
— Foi Miguel de Paula, o namorado da Victoria.
Todos os que estão presentes ficam em choque, Joana e Augusto começam a chorar desesperados, Fausto com lágrimas nos olhos pergunta:
— Isso é um engano não é? Me diz que isso é um engano!
— Quem me dera fosse um engano, senhor, encontraram as digitais dele na faca que foi utilizada para cortar as cordas do trapézio.
Fausto: Não pode ser.
André: Não! O Miguel não pode ter feito isso! É tudo mentira!
Leandro: Cala a boca, André!
Monteiro: A esta altura do campeonato, Miguel deve está sendo preso em sua própria residência.
Casa de Miguel, 00:20.
Miguel continua sentado no sofá e Susana está colocando o café com leite com algumas torradas em uma bandeja quando a campainha toca.
Susana: Mas quem será uma hora dessas? Deixa eu ver.
Miguel grita da sala:
— Pode deixar, mãe, eu abro!
Ele se levanta do sofá e vai até a porta, quando abre a mesma, há dois policiais ali.
— Pois não?
Um dos policiais pergunta:
— O senhor é Miguel de Paula?
Susana vinha com a bandeja na mão até a sala enquanto Miguel está na porta.
— Sim, sou eu, em que posso ajudar?
O outro guarda mostrando o distintivo responde:
— O senhor está preso… Pelo assassinato de Victoria Lopes!
— Quê?
Ao escutar o que o policial disse, Susana deixa a bandeja cair quebrando a caneca com o café com leite e em seguida ela desmaia, Miguel se desespera e corre para tentar acudir sua mãe.
— Mãe! Mãe, acorda!
— Garoto, não temos tempo! Você precisa vir conosco.
— Será que não tá vendo que ela tá desmaiada? Eu não vou sair daqui enquanto ela não acordar.
— Se não vier conosco agora, teremos que levá-lo a força.
— Façam o que quiser, eu não me mexo daqui enquanto minha mãe não estiver bem.
Susana começa a despertar aos poucos, Miguel tenta reanimá-la de todas as formas.
— Mãe, acorda, por favor! Acorda!
— Mi… Miguel, o que aconteceu? Por que esses policiais vieram te prender, filho?
— Eu não sei, mãe, estão me acusando de ter matado a Victoria.
Susana tenta se levantar.
— O quê? Enlouqueceram? O meu filho jamais faria algo assim.
— Agora que a mamãezinha já está bem, você pode vir com a gente.
O policial “arranca” Miguel dos braços de Susana e começa a algemá-lo.
— Não! Não! Solta meu filho!
Susana engatinha até a porta completamente atônita.
— Mãe, me desculpa!
— Soltem ele! Miguel!
Os policiais tiram Miguel de dentro da casa e o levam até à viatura. Susana, mesmo cambaleando, se levanta para ir até lá fora.
— MIGUEL!
— Mãe, volta pra dentro!
Um dos policiais resmunga:
— Você só vai poder vê-lo na delegacia, senhora, volte pra casa.
— Não! Eu não vou deixar.
— Mãe, por favor, me encontra na delegacia, deixa eles!
— Não!
Susana não mediu esforços e foi até à viatura bater de frente com os policiais, foi quando um deles irou-se e sacou sua arma.
— Parada aí sua vaca!
Susana se detém e levanta as mãos, Miguel de dentro da viatura grita:
— Você tá louco? Não aponta a arma pra minha mãe, seu desgraçado!
O segundo policial soca o rosto de Miguel enquanto Susana continua na mira do primeiro.
— Eu deveria saber, policiais corruptos, bem o teu estilo.
— Melhor ficar calada porque senão eu meto uma bala bem nas tuas tetas, sua vadia!
— Então atira! Vai! Atira seu merda! Tem medo de atirar em mulher?
— Mãe! Para!
— O que você tá esperando? Me mata logo!
— Cala a boca, sua desgraçada!
O policial apenas empurra Susana ao chão e volta para a viatura, Miguel grita da parte de trás do carro desesperado.
— Mãe! Mãe!
— Miguel! Voltem aqui, seus desgraçados!
A viatura sai disparada do local e Susana rapidamente entra para dentro da casa, pega as chaves do carro em cima do rack e se dirige até a garagem, ela abre a porta automática da garagem e entra para dentro do carro, suas mãos estão suadas e trêmulas, mas ela quis dirigir mesmo assim pra tentar salvar o filho.
— Eu não vou deixar que prendam o meu filho assim.
Susana sai com o carro da garagem, porém o mesmo desliga do nada, Susana fica nervosa.
— Ah droga! Você vai fazer isso comigo justo agora?
Delegacia de Polícia, 30 minutos depois…
O clima de tensão continua na delegacia, uns acreditando e outros não sobre a acusação contra Miguel.
Leandro: Se isso for mesmo verdade, o Miguel estava o tempo todo nos enganando.
Luíza: Como se atreve a falar assim do Miguel? Você nem o conhece o bastante.
Leandro: E pelo visto você também não conhece né Luíza? Do contrário saberia do que ele é capaz.
Fausto: Querem parar com essa palhaçada? Está tudo muito confuso na minha mente, preciso pensar.
Neste momento, os policiais chegam com Miguel algemado, todos o avistaram perplexos. Nando parecia não estar ali no momento, porém Joana se aproxima dele cheia de ódio.
Miguel: Dona Joana, eu…
Joana o interrompe dando-lhe uma forte bofetada em seu rosto.
— Maldito malabarista! Como pôde ter feito isso? Como pôde ter matado a minha filha?
Miguel: Você está louca! Eu jamais faria isso com a Victoria, eu a amava! Até mais do que a senhora que não passa de uma fanática religiosa que se esconde por trás dos teus bons modos.
Joana: Cala a boca! Cala a boca! Tomara que você apodreça na cadeia!
Nando chega no final do corredor e avista Miguel discutindo com Joana, ele não hesitou em ir até lá cheio de fúria.
Nando: Saiam da frente!
Nando dá um soco em Miguel fazendo-o cair no chão, os policiais não impediram o ataque e Nando prosseguia chutando seu estômago.
Nando: Então é isso, seu desgraçado? Você matou a Victoria!
Miguel: Cala a boca! Todos vocês enlouqueceram! Se eu não tivesse algemado, eu juro que arrebentava a sua cara!
Um dos policiais olha para o outro com malícia e pega a chave das algemas.
— Vamos deixar os filhinhos de papai se divertirem um pouco.
Ao abrir as algemas, Miguel se levanta com toda a fúria e parte pra cima de Nando, os demais começam a gritar observando toda a confusão, Leandro também não se contenta e parte pra briga empurrando Miguel.
Miguel: Quer cair pra briga também, é Leandro?
André: Não! Vai ter que passar por cima de mim!
André chuta a perna de Leandro e este ao sentir o golpe proferiu um soco no nariz do primeiro e já não se reconheciam nenhum daqueles homens— que estão em um momento de fúria sem limites— Miguel se atracou com Nando no chão e ambos trocam golpes, da mesma maneira que Leandro e André.
Edgar, Fausto e Augusto tentam apartar os rapazes, mas de nada adiantava, a confusão parecia não ter fim até que o Delegado Monteiro veio correndo se certificar da confusão.
— O que tá acontecendo aqui? Parem agora mesmo seus malditos!
A discussão continuava, até que Monteiro perde a paciência e atira para o teto paralisando automaticamente a todos.
— Que diabos vocês pensam que estão fazendo na minha delegacia? Querem ficar atrás das grades?
Ninguém diz uma só palavra, Monteiro olha para Miguel e percebe que ele não está algemado e ainda por cima todo machucado com os golpes que recebera de Nando.
— Miguel de Paula? Por que ele não está algemado?
Os policiais gaguejam evitando falar que eles mesmo foram quem tirou as algemas de Miguel para vê-lo brigar.
— Vocês o soltaram de propósito? Viram a confusão toda aqui e não fizeram nada?
— Calma, chefe, a gente pode explicar.
— Calma o caramba! Amanhã de manhã vocês dois venham ao meu gabinete, devolvam sua arma e distintivo, estão demitidos deste departamento.
— Mas chefe…
— …Demitidos! Ou do contrário eu não hesito em colocar vocês dois dentro de uma cela.
Os policiais se entreolham e em seguida se retiram do local, Isabelly se aproxima abrindo caminho entre as pessoas e coloca as algemas em Miguel.
— Miguel de Paula, o senhor está detido sobre suspeita do assassinato de Victoria Lopes (levando-o para outro local), tudo o que você disser deve e será usado contra você no tribunal. Na dúvida chame um advogado e caso não tenha condições de contratar um advogado, disponibilizaremos um defensor público, você estará sobre a nossa custódia até segunda ordem.
Enquanto isso, Susana ainda está na estrada depois de muito tempo tentando fazer o carro pegar. Ela passa pela rodovia e vê tudo parado, parece que um acidente acabou de acontecer ali.
— Droga! Eu preciso chegar nessa delegacia!
O guarda de trânsito se aproxima da janela do carro.
— Com licença, moça. Mas vai precisar aguardar ou pegar a outra rodovia.
— Mas a outra rodovia demora muito.
— Esse é o único jeito pra chegar ao seu destino.
— Ah! Que seja! Melhor eu pegar outro caminho mesmo.
Susana deu ré e pegou outro caminho para chegar à delegacia.
Enquanto isso, na delegacia, Eduardo percebe que todos ainda estão muito tensos com o ocorrido.
— Escutem! Já é quase 1 hora da manhã, vocês estão muito alterados e creio que o melhor é que vocês vão para as suas casas descansarem.
O Delegado Monteiro está com um olhar distante e meio atordoado. Eduardo se aproxima dele.
— Tá tudo bem, delegado?
— Eu posso dizer que essa foi a pior noite da minha vida, Eduardo.
Na estrada, Susana pegou uma rodovia perigosa com uma densa floresta nos lados, ela ainda está preocupada com Miguel.
— Não se preocupa, filho, eu vou tirar você daquela delegacia.
Susana pega o celular para verificar se tinha chamadas e quando ela olha para frente, percebe que tem alguém parado em frente à estrada.
— Ah meu Deus!
Susana tenta frear o carro e vendo que não tinha jeito ela desvia o mesmo do caminho para não atingir a pessoa em questão e o carro desce ladeira abaixo pelas árvores, Susana tenta de algum jeito conduzir o carro que descia inconstantemente até chegar perto de uma árvore que pegaria em cheio a parte da frente do carro.
— Essa não!
O carro vinha com toda velocidade para acertar a árvore que está em sua frente, até que…
PRÓXIMO CAPÍTULO:
TERÇA, 26 de Março.