FLORESTA DA ILHA DA PHOENIX, MANHÃ.

 

Lisa, Hillary e Judy se encontram próximas de um tronco caído, entediadas. Vendo que estão esperando por algum sinal há muito tempo, Hillary se manifesta.

— Olha, eu acho que estamos há muito tempo aqui paradas e deveríamos seguir caminho. O Victor vai ficar bem. Se ficarmos aqui seremos presas fáceis.

Judy responde:

— Tem razão. Melhor a gente reunir nossas forças para chegarmos até a central. Você vem, Lisa?

— Sim, não temos outro remédio, vamos!

Elas se levantam. Lisa percebe um macaco em cima de um galho próximo a elas.

— Olha que macaquinho bonitinho!

Hillary o observa e sente que…

— Tem alguma coisa errada com ele.

 

Judy percebe outros 5 ao redor.

— Gente, tem mais.

— Eu acho que… Precisamos sair daqui e agora mesmo.

— Por que, Hillary? O que foi?

— Lisa. Esses macacos estão infectados, não percebeu?

— Ai, meu Deus! O… O que a gente faz?

Quando Hillary pensa em dar uma resposta, um dos macacos salta na direção delas.

— AAAAAAAH CUIDADO!

O macaco sobe na cabeça de Hillary, mas ela consegue tirá-lo a tempo arremessando-o ao chão.

— ATIRA NELE, HILLARY!

Hillary atira no macaco. Os outros 5 se aproximam pelos galhos, furiosos.

Judy grita:

— DEPRESSA! FUJAM!

As três mulheres correm pela mata. Os macacos as perseguem pelos galhos.

— CONTINUEM CORRENDO, MENINAS!- Orienta Hillary.

Ao continuar correndo, um dos macacos pula na frente delas em cima de uma pedra e começa a mostrar seus dentes de fúria e os olhos vermelhados.

— Ai, meu Deus!

Os outros 4 as encurralam. Quando estão prestes a serem atacadas, um disparo acerta no macaco da frente. Hillary, atônita, olha para trás pra saber o que houve.

Outros disparos matam os demais macacos.

As garotas se agrupam assustadas e ouvem passos de pessoas se aproximando.

Quando estão prestes a levantarem a guarda, ouvem uma voz:

— Vocês estão bem, meninas?

Ambas respondem em uníssono:

— CAPITÃO DAN!

As três se dirigem até ele. Em seguida se aproxima Victor, Scott, Cristhian e Demétrio.

Lisa os cumprimenta com um aceno de cabeça e depois vai direto abraçar Cristhian.

— Chris! Me desculpa, por favor, me desculpa! É tudo culpa minha. Tudo culpa minha.

— Não é sua culpa, Lisa. Não precisa se culpar.

— Não, se não fosse por minha causa, o Dylan e os outros estariam vivos. Eu coloquei vocês em perigo.

— Ei! Viemos aqui porque a gente quis, lembra? E agora eu tenho um motivo muito maior pra estar aqui. Aquele desgraçado do Dr. Addan assassinou o meu irmão… E eu quero ter a honra de olhar nos olhos dele antes de ver aquele infeliz morrer.

— Ele vai pagar por ter acabado com a nossa vida.

O Capitão Dan os orienta:

— Sei que estão todos com sede de vingança agora, mas precisamos nos concentrar. Não tem mais soldados aqui na ilha além de nós. Precisamos ir até a central sozinhos. Mas pra isso eu preciso que fiquemos juntos. Certo?

Todos respondem:

— SIM, CAPITÃO!

Eles seguem caminho pela mata.



OPENING:




           EPISÓDIO 3:

        “GUERRA CIVIL”


 

BASE MARÍTIMA DA CENTRAL DA PHOENIX.

 

Assustados com o que o Dr. Makoto proliferou, Ellie pergunta:

— Do que o senhor está falando? Quem é Abigail?

— Eu…

Edward pressiona:

— É, Dr. Makoto. Por que não contou isso antes?

— Eu não sei quem é ao certo, já ouvi algumas conversas do Dr. Addan com o Naraj. E quando eles mencionavam essa Abigail, eles sempre olhavam para um lado e para o outro como se não quisessem que as pessoas soubessem quem é ela.

Ashley pergunta:

— Será que… Ela é a pessoa que estava presa no calabouço?

— Não, não acredito… Eu cheguei a ver a silhueta da pessoa do calabouço, e tenho quase certeza que não é ela.

Edward questiona:

— Mas então por que essa mulher apareceu pra mim e por que ela disse… Espere um pouco, estou recebendo um chamado. Ai, meu Deus! É a May, galera.

Todos se aproximam.

— Oi. May?

May está no carro conversando com eles.

— Oi, Edward. Você… Você consegue transmitir a minha chamada para os outros? Eu preciso contar uma coisa pra todos vocês.

— Eu… Sim, claro.

Edward pega o Ipad portátil, conecta à rede espiã da Phoenix e transfere a chamada de May para todas as escutas.

— Pessoal! Capitão Dan… Tá todo mundo ouvindo?

Na ilha, o capitão Dan e os outros cessam a caminhada e atende o chamado.

— Edward? Estou na escuta.

— A May precisa dar um recado importante a vocês.

— O quê? A May?

May começa a falar e todos os representantes estão ouvindo.

— Gente, eu… Eu estou bem, eu acho… Na verdade, acho que me arrependi de não ter ido com vocês… Talvez eu estaria mais segura e talvez o Trevor ainda estaria vivo, mas… Não pude protegê-lo. Não quero me estender muito… Capitão Dan?

— Sim, May?

— Eu descobri quem era o traidor. Tinha um informante perto de nós o tempo todo trabalhando para o Dr. Addan.

— O quê? Quem?

— O General Maximilion.

Todos ficam incrédulos diante da revelação.

— O quê? Não é possível, May. Foi ele quem nos deu abrigo, ele…

— … Pois é, tudo fazia parte do plano doentio dele pra nos deixar vulneráveis para o Dr. Addan. O desgraçado confessou tudo e tentou me matar.

— E… E o que você fez?

— Não tive escolha. Tive que matá-lo. Ele e também os capangas do Dr. Addan que vieram atrás de mim. Antes que vocês me perguntem qualquer outra coisa, preciso dizer que a barreira de contenção em Londres foi rompida. Os infectados invadiram a capital, e agora há burburinhos de uma guerra civil aqui dentro. Eu não sei se vou conseguir sobreviver até lá, então… Scott… Fique bem… Saiba que eu te amo muito.

— May! May, meu amor, você vai sair dessa. Nós dois vamos sair dessa, eu prometo.

— Lisa, amiga!

— Oi, amiga. Diga!

— Seja forte! Acabe com o desgraçado do Dr. Addan!

— Pode deixar, amiga, eu farei o possível.

— Se não nos encontrarmos de novo, quero que saibam que eu não sou mais a May que vocês conheceram. Terei que lutar agora, por tanto não vou permitir que vocês desistam. Eu estive há um passo de desistir quando o Trevor se matou na minha frente, mas agora eu estou disposta a seguir. Então peço que todos vocês continuem! A gente vai vencer essa guerra… Pode apostar que iremos.

Edward responde:

— Sim, May… Custe o que custar.

— Bem, eu preciso desligar agora. Nos vemos em breve, pessoal! E acabem com o maldito do Dr. Addan. Amo vocês!

May desliga. E deixa todos com uma sensação estranha no peito, mas também encorajados a prosseguir.

O capitão Dan fala com Edward ainda com a chamada em aberta.

— Edward, meus agentes e eu estamos indo pra aí. Somos 7 ao todo. Acha que falta muito pra chegarmos à Central?

— Capitão, eu vou rastrear a localização da ausculta de vocês, mas acredito que vocês não estejam muito longe. O local que nós estamos agora não é muito favorável, se me permite em 15 minutos, eu retorno.

— Tudo bem. Nos veremos em breve.

— Até mais, capitão!

A conexão é desligada.

O Capitão Dan olha para eles:

— É o seguinte: Estarei dando a vocês a última chance de decidirem se querem continuar com isso ou não. Eu já estou cansado de perder tantos companheiros. Por tanto, quem quiser voltar agora para o navio, eu vou entender e vocês jamais serão chamados de covardes por isso. Mas se quiserem continuar, fiquem cientes que estamos praticamente indo para uma missão suicida. Não sabemos se iremos voltar vivos dessa missão e se iremos concluí-la. A maioria de vocês ainda são jovens e tem um futuro brilhante pela frente, estão mesmos dispostos a sacrificar a juventude de vocês nisso? Eu sinceramente se tivesse no lugar de vocês, estaria agora em um pub tomando uma cerveja e falando muita merda. Então… Querem continuar ou desistir?

Cada um deles começa a expressar seus sentimentos um seguido do outro.

Começando por Scott:

— Eu já te disse, pai. Eu não vou te abandonar nessa. Conte comigo!

Victor:

— O senhor me confiou esse trabalho… E não irei decepcioná-lo.

Judy:

— Posso não conhecer muito bem vocês ainda. Mas estou disposta a lutar até o fim.

Hillary:

— Eu quero acabar com as pessoas que mataram o Brian e os nossos amigos.

Cristhian:

— Antes eu não tinha um real propósito para vir aqui, mas agora eu tenho. Aquele desgraçado vai pagar por ter matado o meu irmão.

Lisa:

— Eu não vou deixar a Emily nas mãos daquele cretino. Eu irei concluir a minha vingança desde aquele dia que escapamos da Central em Londres.

Demétrio:

— Quando eu vi o Dylan sendo levado e o Cristhian entrando em desespero daquele jeito… Percebi que eu estava esse tempo todo levando essa missão na brincadeira. Tudo bem, ainda sou jovem, talvez até imaturo, mas eu agora pude perceber que minha vinda para esta ilha é muito mais que uma missão para puro reconhecimento. Se o senhor tivesse feito essa pergunta há umas 3 horas atrás, capitão, eu diria que NÃO, que não quero continuar, que quero voltar pra casa, virar 4 copos de cerveja e me entupir de nuggets, sorvete, enquanto maratono uma série no streaming. Mas hoje eu percebo que… Eu agora sou um homem! E eu não vou deixar meu melhor amigo (referindo-se a Cristhian) sozinho nessa. Ele pode ter perdido o irmão, mas acaba de ganhar outro. Sim, capitão Dan! Eu irei até o fim.

O Capitão Dan olha para todos eles com orgulho e diz:

— Então tá decidido… VAMOS PRA GUERRA!

 

BUNKER SECRETO DA ILHA DA PHOENIX.

 

Emily está dormindo no quartinho dentro do bunker. Apesar de ser um abrigo subterrâneo, ele é grande e confortável e possui uma estrutura tão boa quanto a própria Central.

Emily está tendo um sono perfeito até que é interrompido por uma voz feminina.

Emily…”

“Olá… Emily!”

“Você quer brincar comigo?”

Os olhos de Emily começam a se mexer. Ela que está deitada de um lado, vira para o outro, mas as vozes continuam.

“Vamos, Emily!”

“Vamos nos divertir!”

Emily começa a se debater e em seguida acorda assustada.

Naraj bate na porta e em seguida, entra.

— Você está bem, Emily? Trouxe o seu chá.

— Quem estava me chamando?

— Como assim, querida? Não tinha ninguém te chamando.

— Eu ouvi a voz de uma mulher me chamando. Eu juro.

— Querida, deve ter sido um sonho. Você deve estar exausta por ter acessado os seus poderes mais profundamente hoje.

— Senhor Naraj, eu realmente sou poderosa?

— Claro que sim, meu doce. Mas ainda precisa de auto-controle. Por enquanto você só consegue controlar com maestria os infectados, mas a evolução do vírus em sua estrutura genética- que faz você ter essas projeções psíquicas- ainda precisam ser controladas. Por favor, tome o seu chá e depois volte a dormir. Avisarei ao Dr. Addan para que te deixe descansar pela tarde.

— Tá bom.

— Até mais tarde, criança!

Emily realmente teve um pesadelo ou de fato havia uma mulher que a estava chamando?


 

CENTRAL DA ILHA DA PHOENIX, LABORATÓRIO CENTRAL.

 

Edward e os outros voltam para cima e se encontram no laboratório central, onde a maioria dos cientistas trabalhavam ali em seus postos. Ele envia a localização para o capitão Dan encontrá-los e em seguida conversa com os outros.

— Tá legal, galera. Não vai demorar muito para o Capitão Dan e os outros chegarem aqui. Assim que eles estiverem perto, iremos até os portões. Até lá, melhor que fiquemos todos juntos, ok?

Todos concordam. Fionna puxa Ashley levemente pelo braço e diz:

— Ashley, eu preciso ter uma conversinha em particular contigo, rapidinho.

— Sim, claro. O que houve?

— Olha, eu vou ser bem direta. Por que você chamou a Hilda de “mãe”? O que você sabe que eu não estou sabendo?

Ashley fica baqueada diante da pergunta de Fionna.


 

LONDRES, INGLATERRA.

 

Uma guerra civil entre homens e infectados já é praticamente autorizada. Mesmo com a ausência da rainha Elizabeth, as tropas britânicas que permaneceram no país começam a sair nas ruas e tentam evacuar todas as pessoas que ainda estão fora de casa.

Homens, mulheres e crianças são levados para locais mais afastados da capital londrina para evitar o contato direto com as criaturas.

May está no carro “emprestado” escutando as notícias pela rádio e temendo que as coisas piorem.

— Se as coisas continuarem assim, será o nosso fim. Meus amigos precisam voltar logo.

Dirigindo, May percebe uma movimentação estranha vindo de uma rua. E era justamente a rua onde ficava uma creche.

May ouve gritos de crianças naquela rua e não hesita em virar o carro para aquele destino. Ela vê um pequeno grupo de crianças correndo pelo pátio da creche e alguns infectados entrando.

— Puta merda!

May imediatamente desce do carro e vai em direção à aquela escolinha.

— Ei, vocês! Deixem elas em paz, estão ouvindo?

May entra na creche, já se encontra devidamente armada para enfrentar as criaturas. Ela ouve o grito de uma das crianças e corre na direção dela. Um infectado aparece na frente e May não hesita em atirar bem na sua cabeça formando um buraco enorme.

Ela percebe que as crianças estão dentro de uma salinha. São 5 ao todo. 3 meninas e 2 meninos.

Quando vai passar pela porta, outro infectado chega do lado e está pronto para atacá-la. Mas a heroína não dá o braço a torcer e consegue eliminá-lo a tempo.

May entra. As crianças estão encurraladas em uma parede morrendo de medo.

— Ei, ei, calma, gente, calma. Eu vim ajudar vocês, não se preocupem.

Uma das garotinhas, Sasha, de 7 anos, cabelos ruivos em formato de Maria Chiquinha, responde pelas outras.

— Nós estávamos brincando no pátio quando pediram pra todo mundo sair. Quando saímos, eles apareceram na nossa frente. O que são essas coisas?

— Tá legal, essas coisas são perigosas, muito perigosas. Se alguma delas morder vocês… Vão ficar igual eles.

— Ai, meu Deus!

— Sim… Mas eu estou aqui. E enquanto eu estiver aqui… Irei proteger vocês.

A porta começa a ser batida com força. As crianças gritam assustadas.

— Shh, shh, acalmem-se, por favor! Nós vamos conseguir sair daqui. Confiem em mim.

Pelas ruas de Londres, já é notória a mudança drástica na rotina após a invasão dos infectados. Tropas militares pelas ruas e entrando em todos os compartimentos públicos para que as pessoas se protejam.

Um policial entra em uma lanchonete enquanto todos estão distraídos.

— Aí, pessoal! Todo mundo pra fora. É toque de recolher. A cidade foi invadida, precisam ir para as suas casas e se protegerem.

A dona da lanchonete, muito irritada, confronta o policial.

— Mas que tipo de absurdo é esse? Meus clientes não podem mais comer em paz?

— São ordens, senhora. Precisa obedecer.

— Ordens? Ordens de quem? Desse governo fascista? Escuta aqui, eu tenho formação em…

Uma das clientes grita:

— MEU DEUS!

Todos olham para a porta e vê que um homem está ali parado com sangue escorrendo pelo seu pescoço.

— PARADO AÍ OU EU ATIRO!

O homem que ainda está parado, não dá nenhum passo a princípio. As pessoas o encaram com um olhar assustado sem saber “qual é a dele?”.

Até que ele se inclina pra frente e começa a vomitar muito sangue. Os clientes ficam horrorizados com a aquela cena deplorável de revirar o estômago.

Claramente o homem está entrando no processo de transformação. O policial mais uma vez o alerta:

— Eu vou avisar pela última vez. Fique parado, ponha as mãos na porra da tua cabeça e não se mexa!

O homem termina o seu estágio de transformação, olha para o policial e em seguida vai direto no balcão e pega uma das moças que estava sentada ali e morde o seu pescoço.

— PARA, SEU DESGRAÇADO!

Ele atira no homem infectado e uma gritaria inicia na lanchonete. As pessoas começam a correr tropeçando umas nas outras. A mulher mordida está no chão sentindo muita dor. O policial se aproxima dela, mesmo sabendo que não terá salvação.

— Você está… Droga! Ela tá infectada.

A dona da lanchonete se aproxima do policial.

— O que está pensando em fazer? Ela precisa de um médico.

— Não, dona. Infelizmente ela não tem outro remédio…

— POR FAVOR, ME AJUDE! ME AJUDE!

— Sinto muito, moça.

O policial atira na cabeça da mulher. A dona da lanchonete ao ver aquilo, desmaia.

— Ah, puta que pariu! Isso é hora de desmaiar?

Ele chama pelo Walkie-Talkie.

— Aí, alguma unidade aqui perto? Estou na Lanchonete Spring, há duas baixas aqui e uma senhora precisando de uma ambulância. Eu estou sozinho, alguém na escuta?

Do outro lado da transmissão e próximo a uma viatura, está o oficial Sam Ashford, 33 anos, 1,85, forte, bonito, sem barba. Ele responde o chamado do outro policial.

— Tudo certo, oficial. Estou a caminho.

Antes de entrar na viatura, outro policial mais velho e ruivo se aproxima.

— Ashford?

— Sim?

— O comandante pediu para que você tomasse conta do perímetro norte.

— Cara, é só há uns três quarteirões daqui, o nosso colega está precisando de ajuda.

— Sabe muito bem que não podemos mais desobedecer ordens, não sabe?

— E quem disse que estou desobedecendo ordens? Estou apenas fazendo uma espécie de hora extra. (Entrando na viatura). Você vem comigo ou não vem?

— Está bem, eu irei. Mas se o chefe descobrir, vou negar até a morte e dizer que você me obrigou.

— Vale a pena o risco, papaizinho. Entra aí que temos um longo trabalho pela frente.


CRECHE MUNICIPAL

As crianças continuam apavoradas e temem que os infectados invadam aquela sala. May olha pela janela do lado extremo da porta para ver se tem algum deles lá.

Ela olha bem para os dois lados e parece que os infectados, embora não muitos, estão todos reunidos na porta daquela sala, pois obviamente sentem o cheiro do medo estridente das crianças.

May se aproxima mais uma vez dos pequeninos e sinala para que elas prestem atenção nela.

— Vamos sair por aquela janela bem devagar. Não podem fazer nenhum barulho, senão eles vão entrar. Tudo bem?

As crianças balançam a cabeça repetidamente concordando com a ideia de May.

— Ok. Venham comigo!

May passa pela janela primeiro pra se certificar de que não será surpreendida por nenhuma criatura do lado de fora. Enquanto os infectados continuam tentando arrombar a porta, May vai segurando cada uma das crianças colocando-as pra fora da sala.

Ao terminar de retirar a última, ela pede para que as crianças andem “pisando em ovos” para que se afastem das criaturas.

— Venham, gente! Muito cuidado. Droga! Pra onde a gente vai agora?

Sasha diz:

— A gente pode se esconder dentro do anfiteatro.

May mira o olhar para o anfiteatro e pede para as crianças a seguirem.


 

CENTRAL DA ILHA DA PHOENIX- LABORATÓRIO CENTRAL.

Ashley ainda baqueada e tentando encontrar palavras diante da pergunta de Fionna, responde:

— Eu… Eu não tive tempo de contar muita coisa sobre mim, mas… Eu nunca saí desta ilha, Fionna. Desde que me lembro, eu fui criada neste lugar. Nunca conheci o mundo lá fora. Estudei e aprendi sobre a vida e sobre todas as coisas aqui dentro. Eu não posso negar que o Dr. Addan me ensinou muita coisa, mas naquela época eu era ingênua, não fazia ideia que os planos dele eram tão malignos assim. Mas depois… Depois de uns anos, eu fui percebendo certas conversas dele com a Hilda. Eu sempre perguntei pra ele quem eram os meus pais e ele sempre dizia que meus pais morreram em um acidente e que eu fui criada por eles aqui, mas teve um certo dia, que eu não pude evitar ouvir uma conversa entre os dois.

 

FLASHBACK- SALA DO DR. ADDAN- 3 ANOS ANTES.

 

Com seus 20 anos de idade, Ashley se aproxima da sala do Dr. Addan carregando uns documentos nas mãos.

Quando está prestes a entrar, percebe que a porta está semiaberta e ouve uma pequena discussão entre Addan e Hilda.

— Acha mesmo que esse plano estúpido vai dar certo? Você vive investindo dinheiro em coisas a cegas, Addan?

— Por favor, Hilda. Precisa me agradecer por fazer tanto por você e por todos aqui.

— Eu passei anos da minha vida enfiada numa mentira após a minha separação com o desgraçado do Dan.

Nesta época, Hilda ainda não havia sofrido o acidente que provocou a perda de seu olho.

— Por isso mesmo têm que me agradecer, e veja só, agora você têm uma ótima pupila que é a Ashley.

— Não use a Ashley pra justificar suas merdas.

— Por quê? Cadê o seu extinto de mãe, Hilda?

— CALA ESSA BOCA!

— Ora, ora, ora. O que ela iria pensar ao te ver assim mostrando os dentes? O que a sua filha iria pensar?

Ashley atrás da porta, ouve aquilo e fica totalmente apreensiva.

— Não fale isso nunca mais. Scott é meu único filho e aquela bastarda nunca será minha filha. NUNCA!

Ashley sai correndo dali em prantos antes de que seja descoberta.

 

FIM DE FLASHBACK

 

Voltamos pra Ashley terminando de contar o seu relato à Fionna.

— E foi aí que eu descobri que a Hilda é a minha verdadeira mãe. E fiquei esses últimos 3 anos fingindo que não sabia de nada.

— Meu Deus do céu! Mas se a Hilda é a tua mãe… Quem é o teu pai?

— Eu não sei, mas não me surpreenderia se meu pai fosse o próprio Dr. Addan. Se já sou filha de uma mãe demônio, nada mais justo que um pai demônio também.

— Ai, Ashley! Eu te julguei tão mal. Pelo visto as pessoas de dentro dessa ilha sofreram ainda mais do que as que estão do lado de fora. Precisamos tirar todos vocês daqui imediatamente.


LANCHONETE SPRING.

 

O policial se encontra no chão tentando reanimar a dona do estabelecimento. É uma mulher gorda e alta, precisaria de mais dois homens para tirá-la dali.

— Vamos, senhora. Por favor, acorde!

O policial ouve passos pela porta da lanchonete.

— PARADO AÍ MESMO!

— Ei, calma, bebê. Tá nervosinho?

É Sam que acaba de chegar ali.

— PUTA QUE PARIU, SAM! Como você chega assim de fininho?

O policial retira o capacete de proteção. Seu nome é George Douglas, 32 anos, cabelo liso e ondulado, barba por fazer.

— Pega leve, George. Precisava ver o gato escaldado aqui do Arnold que nem queria vir.

Arnold Simpson é seu outro colega. 45 anos, ruivo, barba e bigode grande e crespo.

— Eu falei pra ele que o comandante queria a gente no perímetro norte, já é a terceira vez que ele desobedece uma ordem.

— Não faz mal, Arnold, eu realmente estava precisando de ajuda.

— Tá legal, qual é a..? Aliás, o que aconteceu aqui mesmo? Quanto sangue!- Questiona Sam, com repulsa.

— Esse cara aí do lado entrou e se transformou na frente de todo mundo. Então ele atacou uma moça no balcão e eu infelizmente tive que eliminá-la senão ela iria se transformar. Aí a dona aqui acabou desmaiando.

Sam diz:

— Caralho, então essas são as coisas que aquele tal do Dr. Addan criou?

— Essas e sabe lá quantas outras coisas aquele doente não deve ter feito.

Arnold pergunta:

— Mas quem estava envolvido nessa parada toda não era a doutora lá, a tal da Fionna?

George responde:

— Não, Arnold. Não viu as notícias na época? Teve uma reunião parlamentar na corte pra julgar a inocência da doutora sobre a participação da criação do vírus. Ela foi obrigada a mentir e agora tá sequestrada naquela ilha junto com uma galera.

Sam diz:

— Mas ela vai sair de lá, porque o Capitão Dan é foda! Cara de respeito, sabe liderar.

George com um pouco de desdém, responde:

— Ele tão sabe liderar que levou quase todo o exército do Reino Unido pra essa missão na ilha. E agora estamos aqui desfalcados tendo que lidar com uma invasão, pessoas correndo, morrendo e por aí vai.

Arnold aponta para George.

— Aí, acho que a dona tá acordando.

— Graças a Deus! Senhora, está bem? Precisa de um médico?

— Eu, eu, eu morri?

— Ainda não. Quer dizer, não você está bem sim. Gente, me ajuda a levantar ela.

Os três homens unem forças para conseguir levantar aquela mulher pesada.

— Obrigada. Vocês são uns anjos!

Sam responde:

— Olha, e desculpe ser direto, mas caso não queira virar um anjinho lá no céu também, é melhor sair daqui.

— Ai, meu Deus! Obrigada, rapazes! Vou pegar minha van e sair desse lugar.

Alguns minutos mais tarde, a van da senhora está saindo da lanchonete enquanto os três policiais observam ela partir.

Sam diz:

— Bem, acho que tivemos a missão mais fácil até agora. Estou ansioso pra próxima fase. Você vem com a gente, George?

— Pelo visto, não tenho outro remédio, né? Vamos nessa!

Os três entram na viatura. Sam ao volante. George no banco de trás e Arnold no banco do passageiro, já dizendo:

— E agora? Vamos finalmente cobrir o perímetro norte?

Sam responde:

— Claro, chefe! Você que manda!


 

ANFITEATRO DA CRECHE MUNICIPAL.

 

May começa a entrar com as crianças uma a uma no anfiteatro.

— Rápido, gente! Mas com calma, sem fazer barulho.

As crianças vão entrando, May fica perto da porta. Quando o último garotinho está prestes a entrar, sente mãos segurando as suas pequenas pernas.

— O que…?

O garoto é arremessado ao chão e arrastado pelo infectado. May se desespera.

— NÃO!

May segura as mãos do garoto.

— SOCORRO, ME AJUDA, POR FAVOR!

— SEGURA FIRME! SEGURA!

As crianças ficam no canto chorando e gritando desesperadas.

— ME AJUDA, MOÇA!

— SOLTA ELE, DESGRAÇADO! SOLTA ELE!!!

May tenta tirar o garotinho das garras daquele infectado, mas perde tudo ao ver que ele acaba de morder uma das pernas do garoto.

— AAAAAAAAAAAAAAHHHHH!!!

— NÃO! NÃO! SEU DESGRAÇADO!

May não consegue mais segurar o garoto e ele é arrastado de vez pelo infectado que, em seguida, não hesita em estraçalhar aquele garotinho com seus dentes.

— MEU DEUS! NÃO!

May fecha a porta. Ouve o barulho das criaturas se aproximando.

— Não pode ser, como eles podem estar aqui dentro?

Sasha responde:

— Eu esqueci… Tem… Tem outra porta pelos fundos.

— Droga! Crianças fiquem perto de mim, rápido!

A 4 crianças que ainda restaram se seguram nas pernas de May.

Ela pega uma de suas armas e aponta para o ponto cego da outra porta onde ela está ouvindo o barulho das criaturas se aproximando.

— Podem vir, seus desgraçados!

Quando alguns dos infectados saem para o salão principal, tiros são disparados contra eles.

May fica confusa, percebe que há uma movimentação estranha vindo de dentro daquela outra porta.

— MENINOS, PRO CHÃO!

May se abaixa com as crianças.

Barulho de cortes, punhaladas, e alguns disparos são ouvidos enquanto eles continuam abaixados sem olhar para trás.

É possível ver a silhueta de alguém ou alguma coisa dilacerando todas aquelas criaturas que estavam se tumultuando no salão.

Cabeças sendo cortadas, balas perfurando crânios, não sabemos ainda o que está acontecendo ali.

Enfim, o som de lutas e morte parece ter cessado.

May continua abaixada com as crianças, ambas tampando os ouvidos. Ao perceber que aquela chacina chegou ao fim. May tira as mãos dos ouvidos e de repente, escuta-se um som de botas de couro se aproximando.

Pelo ponto de vista da pessoa em questão, vemos May de costas com as crianças. May vai se levantando e virando lentamente para nossa direção. Ela arregala os olhos e se surpreende diante do que vê.

— Ai, meu Deus!… PEGGY?


 

 

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