(A um poeta morto) Por Oldney Lopes

 

Adeus após adeus, foi sua trajetória,

E cada adeus foi lança a golpear seu peito

Desde o primeiro adeus quedou-se a sua história

Em sucessivos dramas de amores desfeitos…

 

 

= FLASHBACK= PRAIA DA ILHA DA PHOENIX – 15 HORAS ANTES DA CHEGADA DA EQUIPE NA ILHA.

 

Emily está andando na praia sozinha e parecia estar comendo alguma fruta, ela vai se aproximando do mar e fica por um tempo admirando.

 

— É por aqui que eu vou encontrar a minha irmã. Finalmente vou sair daqui.

 

Ficam minutos de silêncio e ela está apenas sentindo o vento bater em seu rosto, após isso, ela sente que a água do mar está começando a ficar agitada. Talvez pela mudança do percurso do vento, mas ela ouve algo e fica assustada sem saber do que se trata. Até que vemos um tufão saindo e saltando do mar em uma altura assustadora. Quando as águas abaixam, vemos que é Aragon.

 

Emily fica paralisada e Aragon “pousa” na praia e está frente a frente com a garota. Ela derruba a fruta no chão e solta um grito desgarrador.

 

— AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!

 

O desespero toma conta de Emily, ela está paralisada na frente daquele monstro, não sabe o que fazer. Dá uns passos para trás, seus olhos começam a lacrimejar de tanto medo.

Eis que Aragon solta o seu urro assustador fazendo com que Emily se movesse para tentar escapar da morte.

— AAAAAAAAAAAAAAAHH!! SOCORRO!

Emily começa a correr pelo outro lado da praia. A pequena garota sente a ameaça se aproximando cada dia mais de sua vida. Aragon solta outro urro e se movimenta para ir atrás de Emily.

A garota continua correndo, olha pra trás, vê aquele gigantesco monstro se aproximando, em seguida olha pra frente de novo e tropeça na areia.

Ela olha para trás novamente, vê o monstro se aproximando, se levanta, corre, continua a correr. Ao chegar na outra borda da praia, um helicóptero surge de trás das montanhas e se aproxima dela.

Emily fica paralisada e sem saber como reagir. Ao abrir a porta, trata-se do Dr. Addan.

— EMILY! VENHA!

Emily está hesitando, como poderia confiar no Dr. Addan?

— DEPRESSA! ANTES QUE SEJA TARDE!

Emily olha pra trás e vê que Aragon não vai cessar enquanto não caçá-la. Ela não tem escolha, terá que ir de encontro com o inimigo.

O helicóptero se aproxima mais da areia. Addan joga uma corda para baixo. Emily corre até conseguir pegar a corda. Quando a garota já está devidamente posicionada, Addan pede para o piloto levantar vôo. Aragon se aproxima e quase acerta um soco na corda onde Emily estava pendurada.

Addan e Naraj a puxam para dentro do helicóptero. A garota cai no piso tossindo e tremendo de medo.

— Calma, jovem. Você vai ficar bem. – Diz o Dr. Addan que após isso, aplica uma injeção no pescoço dela que a faz desmaiar.

 

HORAS DEPOIS…

 

Emily está inconsciente dentro de uma máquina como se fosse uma ressonância magnética, com fios conectados à sua cabeça. Addan está ali na sala. Naraj chega em seguida.

— Dr. Addan, como foi?

— Inacreditável! A Emily atendeu a todas as reações que injetamos, e manipulamos parte das memórias dela. Ela agora acha que a irmã e os outros são inimigos.

— Então o processo de manipulação realmente funcionou. Era isso que o senhor tentou fazer com a Abigail durante todos esses anos, não é?

— Sim, mas a Abigail já estava com o cérebro torrado, o que eu poderia fazer era aperfeiçoar os poderes dela e consegui. O mesmo eu vou fazer com a Emily, acho que finalmente vamos poder controlar o Aragon.

Horas mais tarde, é noite e Addan, Naraj e Emily estão na praia.

De repente, Aragon aparece do fundo do mar, ele pousa na areia e depois se aproxima deles.

Emily já sofreu a manipulação feita pelo Dr. Addan. Ela estira a mão para Aragon e ele, em sinal de reverência, se prostra diante dela.

Naraj e Addan se olham um para o outro testemunhando o êxito de seu experimento.

— Funcionou, milorde! O Aragon está obedecendo a Emily.

— Conseguimos, Naraj! Temos agora a maior arma nas nossas mãos.

 

Já no segundo adeus deu-se às mortais torpezas

Dos vícios, dos bordéis, da vida desregrada,

E foi brindando às quedas, bebendo as vilezas,

Que viu-se no lodoso chão da derrocada…

 

Emily está do lado extremo da plataforma 4. Victor, Scott e Edward ficam atentos.

— Emily, precisamos conversar.

O que eles não perceberam, era que Emily estava manipulando uma barra de ferro pontiaguda com suas projeções psíquicas ao lado dela.

— Venha conosco, Emily. A tua irmã está te esperando.

— Eu não tenho mais irmã.

Ela manipula aquela barra de ferro pontiaguda e acerta em cheio no peito do capitão Dan atravessando para as costas.

Scott, Victor e Edward em choque, respectivamente:

— PAI!!!!

— CAPITÃO!!

— CAPITÃO DAN!

 

Foi o terceiro adeus, enfim, o derradeiro

Troféu de inglórias lutas do inglório guerreiro

Frustrados os amores, a ilusão perdida…

 

Dan fica preso com aquele ferro em seu corpo. Victor, Scott e Edward se aproximam de Emily.

— O QUE VOCÊ FEZ, EMILY?

— O QUE O MEU PAI FEZ PRA VOCÊ?

— Emily… Por que tá fazendo isso?

— Eu não tenho escolha… E todos vocês vão morrer aqui.

Emily utiliza o seu pulso supersônico com toda a força e arremessa os três soldados, cada um para uma extremidade diferente da plataforma. Victor é arremessado para a parede do lado direito, Scott para o lado esquerdo e Edward para o fundo, mais atrás do capitão Dan.

Os três caem no chão desmaiados.

Emily, sem nenhum pudor, diz:

— Esse… É o juízo final de todos nós.

 

 

O derradeiro adeus quem deu foi ele mesmo:

Dos píncaros dos sonhos que sonhou a esmo

Saltou desiludido e deu a Deus a vida!”

 


 

OPENING:

 


EPISÓDIO 14:

      “PARA DIZER ADEUS”

(FINAL)


 

                 ATO I


 

 

CENTRAL DA ILHA DA PHOENIX, PLATAFORMA 4

 

Dan, Scott, Victor e Edward estão gravemente feridos, porém Dan se encontra em uma situação ainda pior.

Emily se aproxima do capitão Dan recitando o poema “Ensaio de Adeus” de Elisa Gasparini.

Acho triste como há pessoas que chegam como se vão. No invólucro do mau. Sem o toque da humanidade. Alma seca e inveja sebosa. Desespero de ser e ter. Buscando o espelho, espelho meu: “Quem será mais isso ou aquilo do que eu?”…

Dan continua com aquele ferro atravessado em seu corpo. Emily se aproxima e continua recitando.

… Tramando e urdindo vanglórias com sorrisos angelicais dissimulados. Deixando o ar pesado e negro. Quando na vida tudo é transitório, e só os humildes serão exaltados, como nos falou o Criador…

Ela fica bem próxima do capitão Dan e o olha com desdém como se fosse um pedaço de “nada”.

— … Acho triste como há pessoas que se vão e não deixaram recordações que alegram a alma.

Emily puxa aquele ferro de uma vez do peito do capitão Dan. Ele cospe sangue. Em seguida, cai novamente ficando inconsciente.

— Rum! Vocês eram as pessoas que iriam me derrotar? Isso aqui vai ser muito mais fácil e simples do que eu pensei.

No corredor para a enfermaria, Doroth vai correndo de maneira cautelosa para tentar alertar os outros. Ela encontra Fionna e Ashley ali no meio chorando no chão.

— O que vocês estão fazendo aqui? O que aconteceu?

Ashley, desconsolada, pergunta:

— Por que você não me disse que a minha mãe estava aqui?

— A Vivian… Ela tá morta?

Fionna responde:

— Não… O Cristhian está.

— Ai, droga! Cadê o sr. Makoto?

— Está lá dentro.

— Rápido, precisamos correr.

— O que houve?

— Rápido, vocês duas!

Elas se dirigem até a enfermaria. Ao chegar, Doroth se depara com Vivian debruçada sob o corpo de Cristhian.

— Ai, meu Deus! Vivian?

— Doroth? Doroth, que bom que está aqui.

— Meu Deus, o Naraj?

Fionna questiona:

— O que aconteceu? Por que o Naraj tá aqui morto?

— Foi ele que matou o Cristhian, ele que tirou meu filho de mim. E eu matei esse desgraçado!

Doroth complementa.

— O Naraj era o pai biológico da Ashley, Fionna.

— O quê?

— E essa é Vivian, mãe do Cristhian e também mãe da Ashley.

— Ai, meu Deus! Não pode ser possível.

— Escuta, não temos muito tempo. Vivian, temos um problema.

— O que aconteceu?

— A Emily.

Makoto ouve o nome de sua filha e entra no assunto:

— O que houve com minha filha?

— Ela vai matar todos nós… Ela atacou o capitão Dan e os outros e… Eu acho que eles não sobreviveram.

Fionna, Makoto, Ashley e Vivian ficam completamente chocados. Esta última diz:

— Meu Deus, o que será de nós agora?

— Onde está a Lisa?

— Ela já deve tá na torre, já deve ter encontrado com o Addan.

— Peça pra ela voltar.

— Mas…

— A Lisa é a única que pode conversar com a irmã. Ela foi quem ficou muito tempo de sua vida tomando conta dela, a manipulação cerebral que o Addan fez nela está começando a perder o efeito. Se a Lisa tentar convencê-la e fazê-la lembrar… Pode ser que dê pra reverter isso.

Vivian fica instantes sem fazer nada, apenas pensando nas possibilidades.

— Está bem. Tem razão. Por sorte estou com um dispositivo pra conversar com ela.

 

SALA DA TORRE

 

Lisa finalmente entra na sala da torre, ela está com as duas mãos firmes segurando sua arma enquanto procura pelo Dr. Addan cautelosamente. Ela estranha por não o estar vendo ali. Algo ressona no aparelho em seu ouvido e ela atende.

— Pronto?

— Lisa, é a Vivian, onde você está?

— Eu… Estou aqui na sala da torre como você pediu.

— Espera, o Addan tá aí?

— Não estou o vendo.

— Possivelmente está no terraço da torre, escute, preciso que venha imediatamente para a plataforma 4. Temos um problema e dos grandes.

— Mas voltar? Eu já estou aqui, posso apenas esperar o Dr. Addan chegar.

— Lisa, não é isso! É a tua irmã! A Emily!

— O que aconteceu?

— Ela atacou o capitão Dan e os outros soldados… Eu acho que… Eles não resistiram.

— Ai, meu Deus! Eu estou descendo, me espera!

Lisa sai imediatamente da sala da torre e se dirige para a plataforma 4.

Na enfermaria, Doroth questiona.

— Por que não falou pra ela sobre o Cristhian?

— Se eu falar agora… Ela não vai conseguir mais lutar. Quer vocês queiram ou não… A Lisa é a única que pode deter a irmã.

 

LONDRES, INGLATERRA.

 

A situação nos barcos continua de mal a pior, os marinheiros e oficiais seguem impedindo a entrada da população nos barcos, e muitos precisam apelar para a força bruta.

May se aproxima deles.

— Oi!

— Parada ou eu atiro!

— Escutem bem… Eu trabalho para o capitão Dan. Estou aqui com uma equipe e estamos representando ele.

— O… Capitão Dan? Vocês não foram para a missão na ilha?

— Não… Fomos orientados a ficar para ajuda-los.

— E como a senhorita pretende nos ajudar?

— Eu tenho um plano. Mas preciso que vocês confiem em mim.

O marinheiro olha para os outros e ficam indecisos sobre que decisão tomar.

 

CENTRAL DA PHOENIX, ENFERMARIA DA PLATAFORMA 4.

 

Fionna está chocada com as revelações de Vivian.

— Então a família Tunner também trabalhava para o Addan e você foi violentada pelo Naraj na juventude e acabou nascendo a Ashley? Meu Deus, isso é muita loucura pra mim.

— Eu sei, eu fiquei envolta dessa loucura durante todos esses anos, mas principalmente nos últimos 8 meses em que estive morta para os meus dois filhos… Assim como aconteceu com o senhor Makoto.

Makoto responde se lamentando:

— O Addan se nutriu de nossas dores, de nossos medos… Cada vez que a gente fraquejava, ele tirava proveito disso. Ele mesmo derrubou o império Melvick, e acabou com todas as famílias envolvidas: Os Ishihida, Os Greenfield, Os Tunner,e vocês… Até quando esse homem vai nos destruir?

— Eu entendo o ódio que o senhor está sentindo neste momento, Dr. Makoto, e compartilho dele. Mas há algo que preciso contar a vocês. A Lisa tem a arma principal para acabar com o Addan. Ela sabe que a torre é a única coisa que o Addan tem. Em breve essa torre será destruída e ele perderá tudo! Vocês não entendem o que isso significa? Pela primeira vez em anos… O Addan está com medo! E ele está neste momento tremendo, porque sabe que já perdeu.

 

ÁREA EXTERNA DA CENTRAL

 

Judy continua conduzindo os reféns que estavam presos na ilha. Todos os soldados são obrigados a esvaziarem seus bolsos em sinal de rendição. Os soldados que acompanharam Judy estão tratando de fazer toda essa triagem a risca.

Um dos pilotos chega até ela.

— Cabo, lotamos a primeira remessa.

— Certo, leve-os para o navio. Não vão tudo de uma vez para não bagunçar e correr o risco de provocar um acidente, já perdemos pessoas demais.

— Certo, cabo!

— Obrigada!

Ela olha para o alto, suspira e diz:

— Depressa, Lisa! Estamos contando com você.

 

PLATAFORMA 4

 

Emily continua ali em pé, parada, olhando para os 4 soldados que estão totalmente abatidos.

— Foi até fácil, por assim dizer.

Vemos levemente alguém aparecendo aos poucos lá atrás. Quando Emily vira novamente, trata-se de Lisa, segurando uma arma.

— Emily.

— Olá, irmã! Quanto tempo!

— O que você fez, Emily? Por que está fazendo isso? Não se lembra que está do lado errado? Está do lado da pessoa que tentou nos destruir.

— E quem me garante isso? Você? Eu acho que não, maninha. Eu me lembro que você tentava fazer de tudo para se desfazer de mim, usava a minha doença como o seu troféu. Sentiu inveja quando eu adquiri os poderes por conta do vírus e por isso quis me mandar para a ilha para se livrar de mim.

— Ai, meu Deus! O que fizeram com você, Emily? Que tipo de lavagem cerebral fizeram contigo?

— Pelo amor de Deus, vocês fizeram uma lavagem em mim. Me manipularam todo esse tempo porque queriam que eu controlasse as criaturas pra vocês.

— Era o que o Addan queria, Emily. E ele conseguiu! A Fionna tentou estudar você para que fizesse contato com o Neon antes dele despertar, mas depois aconteceu alguma coisa enquanto a gente se preparava para vir pra cá com você, que não sabemos o que é.

— A essa altura do campeonato, Neon está morto. Não sinto mais a presença dele. Ele escolheu um lado ao invés de aliar-se a mim e ao Aragon.

— Você quer mesmo saber quem era Aragon e Neon antes deles se transformarem nesses monstros, Emily? Eles eram crianças como eu fui e como você é. Eles eram filhos do Dr. Addan. Ele fez um experimento macabro com eles e os transformou em monstros. Imagine o que ele pode fazer com outras pessoas sendo que fez pior com os filhos!

— Você está blefando!

— Eu juro pela memória da nossa mãe que eu estou dizendo a verdade. Você se lembra, Emily? Se lembra da mamãe?

Emily começa a ter pequenos flashs de lembranças, sua cabeça começa a doer.

— Para! Para de falar bobagem.

— Quando a mamãe morreu, você era bem novinha, mas sempre foi muito apegada a ela assim como eu. Depois que ela faleceu, eu ajudei o papai a te criar. Você precisa se lembrar, Emily!

Emily se afasta de Lisa e começa a ficar desnorteada colocando as mãos na cabeça.

— Sai daqui! Você só tá tentando me confundir.

Lisa coloca a arma no chão, vai se aproximando de Emily devagar.

— Escuta… Eu nunca, nunca machucaria você, Emily. O Addan te usou, ele só está tentando te colocar contra nós porque é conveniente pra ele. Por favor, vem com a gente!

— EU JÁ DISSE PRA VOCÊ FICAR LONGE DE MIM!

Emily usa seu supersônico e faz Lisa “voar” para trás.

— Aaah!

Lisa cai de bruços no chão.

— E… Emily.

Na enfermaria, todos ouvem o barulho. Doroth diz:

— Eu acho que é a Lisa. Vamos, depressa!

Na plataforma 4, Lisa continua ali no chão, mas se levanta aos poucos.

— Eu não vou desistir de você, Emily. Eu passei os últimos meses traçando planos, treinando, fazendo coisas que eu jamais faria no meu habitual para poder te salvar. Você pode até me matar… Mas não vai tirar de mim a sede que eu tenho de te salvar e derrotar o Dr. Addan.

— VOCÊ NÃO ENTENDE? O Dr. Addan só tentou nos salvar dos planos do nosso pai.

— Pelo amor de Deus, Emily! Nosso pai jamais faria tamanha barbaridade. O Addan te enganou esse tempo todo, você mesma viu as coisas que ele fez.

— Não, não, eu não posso aceitar.

Neste momento, chegam Fionna, Ashley, Makoto, Vivian e Doroth. A última diz:

— Lisa!

Fionna, assustada, diz:

— Meu Deus! Capitão? Victor? Scott e Edward! O que aconteceu aqui?

Emily a princípio ignora a presença dos demais e continua focada em Lisa.

— Vocês todos foram manipulados, aliás, vocês todos sentiram inveja de mim. Inveja pelos meus dons, pelos meus poderes.

— PARA DE PENSAR NISSO!

Makoto se prontifica.

— Emily, minha doce Emily. O que houve com você, filha? Você não é assim.

— Papai, tome cuidado! A Emily não está bem.

— Filha, você se lembra quando o papai te carregava na “cacunda” e depois te colocava pra dormir? Você adorava dormir a tarde toda enquanto sua mãe cuidava das plantas e fazia tricô.

— PAREM!

Lisa insiste.

— Precisa se lembrar, Emily! Nós somos a tua família.

— Será que você não consegue perceber que cada vez que você tenta lutar… Coloca em risco a vida dos teus amigos?

Emily manipula uma das armas dos soldados e com sua telecinesia, faz com que a pistola flutue apontada para a direção dos outros 5.

— Me diz aí, Lisa. Qual dos teus amigos você quer que morra primeiro?

— Emily, por favor, não faça isso!

— Se você estava tão disposta a vir até aqui me salvar, também estará disposta a sacrificar um deles pra fazer isso.

— Não, por favor! Não faça isso!

— Bem… Não tenho outra escolha.

Emily faz com que a arma dispare. A bala vai percorrendo na direção deles. Ela passa por Makoto, passa por Fionna, por Doroth, até finalmente atingir… Ashley!

— Ahhh!

Ashley sente o sangue escorrer em seu peito.

— Ai não.

Vivian que estava atrás dela, a segura para que não caia.

— Não, Ashley, filha! Não, não, por favor!

Fionna e Doroth olham para trás e tentam acudir a jovem.

— Ashley, por favor, não faz isso comigo, por favor.

— Aguenta firme, Ashley!

Lisa, incrédula, diz:

— Por que tá fazendo isso, Emily?

Na contrapartida, Edward vem correndo por trás para tentar agarrar Emily.

— Ahhhhhhhhh!

Emily percebe o ataque, se vira de frente pra ele, estende a mão e faz com que Edward sinta um forte impacto no peito a ponto de sangrar pela boca.

Fionna grita:

— EDWARD!

Lisa e Fionna correm na direção de Emily, ela com apenas uma mão, arremessa as duas para lados opostos com sua força psíquica.

Makoto em desespero.

— LISA!

Doroth tenta ajudar Fionna.

— Fionna, você está bem?

— Eu… Eu não entendo. Por que ela tá fazendo isso com a gente?

Lisa se levanta aos poucos, tenta negociar mais uma vez com Emily.

— Por favor, minha irmã. Precisa se lembrar.

— Já vi que você não vai me dar outra escolha, Lisa.

Emily aperfeiçoa ainda mais os seus poderes, faz Lisa tirar os pés do chão e a traz para mais perto dela.

— Me solta, Emily! Me solta!

Lisa está há 3 metros do chão, o desespero toma conta de todos. Makoto quase chorando.

— Emily, não faça isso com tua irmã, por favor!

Emily começa a fechar lentamente o seu punho e Lisa começa a se sentir sufocada como se tivesse apertando o seu pescoço.

— Arrgh, para… Para…

— É hora de dizer adeus, maninha…

Quando Emily está prestes a fechar o punho de uma vez, alguma coisa corta a conexão entre ela e Lisa. Lisa cai no chão tossindo e sufocada, Makoto corre para acudi-la.

— Filha! Filha, você tá bem?

Emily fica confusa.

— Mas o que aconteceu?

Alguém para bem na frente de Lisa e Makoto, de frente para Emily. Esta diz:

— Não pode ser possível.

Doroth de onde ela está, exclama:

— ABIGAIL!

— Olá, pequena Emily! Vejo que aprendeu alguns truques desde o nosso último encontro.

— Sua, sua vaca! Você não vai conseguir me vencer dessa vez!

Emily usa seu supersônico. Abigail desvia o golpe para o teto. Ela faz o mesmo procedimento e usa contra Emily.

A garota cai no chão. Tenta se recuperar.

— Eu não quero machucar você, Emily!

— Mas eu quero! Aaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh

Emily corre furiosa na direção de Abigail.

As duas travam uma luta com disparos e ondas psíquicas, Abigail domina melhor os seus poderes e consegue desviar de quase tudo. Mas Emily está cada vez mais forte, oferecendo um embate muito mais acirrado para Abigail.

Lisa, Makoto, Fionna, Doroth e Vivian assistem aquilo, temerosos.

Emily usa a força do seu pensamento para tentar enfraquecer os poderes de Abigail.

— Emily, pare!

— NÃO! Eu já perdi pra você uma vez, eu não vou perder de novo.

— Você foi controlada, Emily! Assim como eu fui. Essa não é você.

— NÃO, ESSA É EXATAMENTE QUEM EU SOU!

Emily traz dentro de sua força psíquica, vários cacos pontiagudos que se desprenderam das janelas com as lutas.

— Eu não aguento mais isso!

Enquanto projeta essa quantidade absurda de energia, seus pensamentos começam a aflorar, aos poucos, e as lembranças vão vindo.

— Não, não.

Ela começa a se lembrar, se lembra de ser levada para ilha, dos cachorros, de Aragon pela primeira vez. De seus olhos, lágrimas escorrem.

— Não, não. EU NÃO AGUENTO MAIS!

Emily expulsa toda aquela energia com os cacos de vidro para frente. Quando Abigail está prestes a se posicionar para impedir, Makoto surge na frente dela.

— JÁ CHEGA!!

Makoto de braços abertos recebe toda aquela descarga de energia psíquica e os cacos de vidro penetram na sua carne. Abigail tentando entender o motivo dele ter feito isso. Fionna, Doroth e Vivian em choque. Lisa completamente perplexa.

— PAPAI! NAAAAAAAAAAOO!!

Lisa se levanta imediatamente e vai acudir o seu pai.

— Papai, o que você fez? O que você fez? Por que se colocou na frente? Por quê?

Emily cai no chão ajoelhada. Enquanto isso, Makoto está ali nos braços de Lisa.

— Eu… Não podia permitir… Que minhas filhas se matassem assim, eu não podia permitir.

— Papai, papai… Por favor, não me deixa.

Emily, ainda ajoelhada, coça o olho e olha para os lados e, em seguida para frente.

— Lisa? Papai? O… O que aconteceu?

Lisa percebe que aquela é de fato a sua irmã.

— Emily!

Emily se levanta e vai correndo na direção de Lisa e de seu pai. Ela os abraça e fica tentando conciliar tudo o que está acontecendo.

— O que houve? O que eu fiz? Papai!

— Minha Emily… Minha pequena Emily. Eu sabia que você iria voltar, meu amor.

— Pai, eu sinto muito, eu… Eu não sei onde eu estava, eu não me lembro o que aconteceu, eu estava na praia, o Aragon apareceu, depois o Addan me colocou no helicóptero e… Eu não sei mais, parecia que eu estava dormindo e outra pessoa controlando o meu corpo esse tempo todo.

— Não se preocupe, minha filhinha. O papai esperou por você.

— Pai, por favor, seja forte! Nós duas precisamos de você.

— Minha Lisa, como você se tornou corajosa! Que orgulho eu tenho de você. Tenho muito, mas muito orgulho de ter sido pai de vocês duas. E eu tenho certeza que a mãe de vocês está neste momento lá no céu vendo as filhas lindas e maravilhosas que ela teve. Meu coração sangra apenas pelo fato de que não vou mais conseguir passar mais tempo com vocês.

Emily e Lisa choram desconsoladamente.

— Papai! Não!

— Por favor, pai! Fica com a gente!

— Continuem sendo boas pessoas para a sociedade. Nunca esqueçam a origem de vocês… Sejam prósperas e sejam felizes. E onde vocês estiverem, sua mãe e eu estaremos orando por vocês. Obrigado por tudo… Minhas filhas.

Makoto dá o seu último suspiro e se encontra com a morte. Lisa dá um grito alto, dolorido e terrível.

— NÂAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAOOO!!!

Emily, por sua vez, completamente destroçada e sem lembranças do que fizera há poucos minutos.

— PAPAI! PAPAI! NÃO ME DEIXA, PAPAI! POR FAVOR, NÃO ME DEIXA!

Lisa abraça Emily forte.

— Eu sinto muito, minha irmã! Eu sinto muito! Eu fiz de tudo… Eu fiz de tudo, eu juro, eu juro! Papai… Não! Por que, meu Deus? Por quê?

Emily e Lisa perderam o seu pai.

Abigail, Doroth, Fionna e Vivian observam aquilo totalmente desconsoladas. Ashley continua no chão, gravemente ferida.

As duas irmãs que até então estavam em guerra, estão ali abraçadas sob um único propósito. Como o próprio Makoto dizia: Addan destruiu todas as famílias uma por uma. Ele consumiu a paz, a carne e o espírito de todas aquelas pessoas que estiveram o seu caminho.

Não há escapatória, não há perdão… Addan precisa cair. Antes que mais pessoas venham a sofrer.


 

                   ATO II


 

 

LONDRES, INGLATERRA.

 

May se encontra no barco olhando para além do rio enquanto pensamentos aleatórios passam por sua cabeça. Peggy se aproxima e fica do lado dela.

— Pelo visto, você conseguiu convencer eles, May. O teu plano deu certo.

— Na verdade eu não sei por quanto tempo, Peggy. Ainda tá cheio de inocentes lá fora sendo atacados por essas criaturas.

— Mas não muda o fato de que você foi genial. Mais uma vez. Detesto elogiar alguém, você sabe. Mas eu particularmente te acho uma mulher foda.

— Bem, se isso é um elogio, vou aceitar. Apesar de não me dar muito bem com elogios.

— Se falar demais eu retiro tudo o que eu disse agora, hein?

May sorri. Benjamim vai até elas.

— Olha só que linda está a lua! Daqui a pouco ela ficará da cor de sangue. Não souberam? Hoje teremos o eclipse da Superlua. Combina com esse tom de fim do mundo que estamos encarando.

May começa a interroga-lo.

— Escuta, Benjamim… Preciso que me conte de uma vez por todas… Quem realmente é você e por que está aqui?

— Já disse… Sou um matador de aluguel. Eu mato por recompensas, recebo milhas e milhas de dinheiro para cada pessoa que eu mato. Eu não sou daqui, vim para a Inglaterra a mando de um cliente que queria a cabeça de um investidor corrupto oriental que estava aqui em Londres fazendo tráfico ilegal de mulheres da Europa para a Ásia. Eu já dei a lição que ele merecia e já estava com planos de voltar, mas as coisas aqui com esses infectados me deixaram extremamente excitado, então pedi pra ficar mais um pouco porque precisava me divertir.

— Então tecnicamente você mata por dinheiro? É isso?

— Não me olhe assim, eu não sou um monstro. São apenas ossos do ofício, e se te serve de consolo, ninguém que eu mato é inocente. Todos têm culpa no cartório, considere até mesmo uma “queima de arquivo” dependendo do cliente. Mas não vou entrar nessa questão.

Peggy ironiza:

— Perfeito! A gente agora está trabalhando do lado de um assassino de aluguel que não tá nem aí se a gente morrer. Eu me meto em cada uma, viu?

Sam se aproxima deles com cara de preocupação.

— Pessoal!

Peggy mais uma vez debochando, diz:

— Pronto, agora soldadinho de chumbo resolveu aparecer.

— Nós temos um problema.

— Que problema? – Questiona May.

— Parece que os teus amigos estão vindo na nossa direção… Batman!

Cortamos para o momento onde os 4 chegam até a borda do barco se unindo à tripulação e observam um bando gigantesco de morcegos se aproximando do barco. O comandante da tripulação diz:

— Essa não… PREPAREM OS CANHÕES! SOLDADOS, EM SEUS POSTOS!

Os morcegos estão se aproximando em um bando unido e bem condensado, o que facilitaria aos marinheiros de obterem o alvo. Porém quando eles se aproximam do barco, imediatamente eles se dispersam dificultando o trabalho dos que estavam mirando neles.

As criaturas imediatamente fazem um rodeio pelas duas bordas do barco e começa a atacar quem estava em sua frente.

May, Peggy, Sam e Benjamim tentam agir.

— RÁPIDO! PRA DENTRO TODO MUNDO!- Dispara Sam.

Os 4 se dirigem para dentro do barco, Peggy começa atirar em alguns morcegos, Benjamim faz o mesmo processo, eles atacam as pessoas e os soldados que estão na proa, impiedosamente.

May tenta reunir as pessoas civis que estão ali para dentro do barco.

— DEPRESSA, GENTE! SE ESCONDAM NO CONVÉS! RÁPIDO!

As pessoas vão entrando para descerem ao convés. Há mulheres e crianças nesse meio, o que dificulta ainda mais o processo de proteção para com eles.

Sam, Peggy e Benjamim continuam atirando neles para dar cobertura à May que está colocando todos os civis pra dentro.

— Porra, essas coisas não acabam nunca?- Diz Peggy.

Os morcegos continuam vindo em quantidade cada vez mais densa. May os alerta.

— Pessoal, entrem rápido!

Eles tentam atirar neles mais um pouco e rapidamente entram. Eles tentam fechar a porta da cabine principal enquanto as pessoas estão abaixo no convés.

Os 4 se abaixam e formam um círculo um olhando para o outro. Benjamim diz:

— Escuta, essas portas não vão segurar por muito tempo, e eles estão aumentando, precisamos fazer alguma coisa.

Peggy diz:

— Verdade. May… Qual é o plano?

— Eu? É…

— Sim, May. Você já nos tirou de situações piores, o que sugere?

May olha pelas janelas, vê aquela quantidade absurda de morcegos infectados, lembra que geralmente esses barcos contém explosivos ou coisas do tipo e diz:

— Escuta… O único jeito é atrair todos esses morcegos para um único lugar e explodir ele com dinamites ou granadas, acredito que há explosivos no convés.

Benjamim pergunta:

— Tá, garota. Mas como a gente vai atrair esse tanto de morcego? E se explodirmos eles, a gente pode afundar o barco também.

Sam olha pra eles e diz:

— Eu já sei como vamos fazer.

Os três olham para ele, incrédulos.

Cortamos para o momento onde eles estão no convés e Sam entrega um galão de combustível para Benjamim.

— Tá legal, agora você joga todo esse óleo em cima de mim até me deixar completamente melecado. Assim vai facilitar pros morcegos grudarem no meu corpo.

May, reprovando a ideia, diz:

— Escuta, mas você não precisava fazer dessa forma. Se sacrificar desse jeito?

— Olha, eu vi meus dois companheiros sendo dilacerados que nem uns vermes, então o mínimo que eu posso fazer, é proteger esse tanto de gente que tá aqui dentro. Não é sobre mim, não é sobre vocês… É sobre eles. As pessoas que não podem se defender.

May olha pra Peggy, ela responde.

— Nem olha pra mim, essa ideia ridícula é dele.

— Anda logo com isso, rapaz! Joga todo esse óleo logo em mim que não temos muito tempo.

Poucos minutos se passaram, Sam está completamente coberto de óleo. Peggy oferece a ele um capacete.

— Esse capacete vai te ajudar pra você não sofrer danos graves antes de conseguir… Bom, você sabe.

— Obrigado, senhorita!

Benjamim entrega a ele, as dinamites.

— Tá aqui. Você tem certeza que quer fazer isso?

— Sim, eu tenho.

— Bom… Você que sabe.

— Como eu disse antes, quando abrir a porta, vocês me dêem cobertura até eu chegar na proa do barco. Chegando lá, vocês entram na cabine novamente e eu vou atrair todos os morcegos para a proa até mim. Vou tentar segurar o máximo possível para que esses idiotas grudem em mim. Quando perceber que não há mais nenhum morcego no céu e estão todos grudados ao meu corpo… May irá correr para a popa disparar um sinalizador para o céu. Esse é o meu sinal para ativar as dinamites… Vocês entenderam?

Todos balançam a cabeça fazendo a afirmativa, mesmo sabendo que aquela era uma missão suicida. Sam fica na frente da porta e Benjamim e Peggy ficam esperando o momento oportuno para abri-la.

Como um incentivo, May diz a Sam:

— Sam?

— Sim?

— Boa sorte! E acabe com eles!

— Pode deixar.

— Beleza, gatinho. Você tá pronto?- Pergunta Peggy.

— Eu já nasci pronto, querida.

Benjamim faz a contagem:

— Então vamos em 3, 2,1. AGORA!

Benjamim e Peggy saem pela porta e começam a atirar nos morcegos pelo céu. Sam sai correndo na direção da proa.

May fica na porta do lado de dentro aguardando. Os dois continuam atirando pra dar tempo de Sam chegar até a proa.

Finalmente ele consegue chegar e grita a eles.

— PRONTO, GALERA! ENTREM NA CABINE!

Benjamim e Peggy param de atirar e entram na cabine, fechando a porta.

Sam começa a provocar os morcegos.

— Aí, seus arrombados! Venham aqui me pegar, seus filhos da puta de merda! Venham! Pode vim, porra!

Os morcegos são atraídos pelos gritos de Sam e rapidamente eles se aglomeram na direção dele. Sam vira de costas para que os morcegos não o peguem de frente correndo o risco dele cair e estragar com todo o plano.

Os morcegos começam a grudar naquele óleo e ficam se retorcendo no corpo de Sam. O capacete foi extremamente útil para evitar alguma lesão cerebral antes do plano finalizar. Afinal, são morcegos infectados, poderiam causar um dano muito maior que um morcego comum.

Sam está tentando lutar com toda a sua força para se manter de pé. Ele tenta andar mais um pouco para ficar bem, mas bem próximo mesmo do bico da proa. Ele quer evitar danos ao barco com a explosão.

Os morcegos não param de se aglomerar em Sam. May sai da cabine cautelosamente e fica olhando para o céu e para os arredores do barco se ainda há morcegos sobrevoando. Peggy observa também e a orienta.

— Acho que já estão todos lá, May. Corre para a popa, e qualquer coisa eu te dou cobertura.

— Tá bom.

May corre imediatamente com o sinalizador nas mãos em direção à popa do barco. Ela chega em seguida, olha para um lado e para o outro. Pega o sinalizador, beija a sua mão e diz:

— Deus, que isso funcione.

May dispara o sinalizador de cor avermelhada para o céu.

Do lado da proa, Sam pôde sentir o clarão avermelhado vindo da parte de trás do barco. Ele sequer precisou se virar para olhar, já sabia o que era pra fazer.

— Acho que esse é o sinal.

Sam pega um isqueiro e acende o pavio de todas as dinamites que estão amarradas à sua cintura.

— Bem… Foi um prazer servir ao meu país, foi um prazer… Servir ao meu povo.

Sam salta do bico da proa. Quando está prestes a cair na água, as dinamites chegam ao fim e explodem fazendo com que restos mortais de morcegos se espatifem para todos os lados.

Uma explosão curta e certeira atingindo o objetivo da missão. Peggy e Benjamim saem da cabine e ficam na lateral do barco observando.

May chega correndo e se une a eles.

— Me diz que o plano deu certo pelo amor de Deus.

— Veja você mesma, May. Não sobrou nem a carcaça. Nem dos morcegos… E muito menos do Sam. – Responde Peggy.

— Meu Deus… Pobre Sam.

— E lá se vai mais um homem bonito que eu nunca vou poder beijar. Nasci pra ser uma solteirona mesmo.

— Se você quiser, eu estou aqui disponível, gatinha.

— O quê? Eu beijar um assassino de aluguel? Não, gato. Prefiro beijar um sapo.

— Não comecem com brincadeiras, acabamos de perder um aliado.

— May, eu sei que você ficou mal por causa dele, mas o plano deu certo. Foi graças a você e ao Sam que esse plano deu certo. Eu sei que eu e o “killer” aqui tivemos participação, mas se não fosse a sua geniosidade e a coragem do Sam, não teríamos conseguido. Então, por favor, não se culpe por isso, o sacrifício do Sam não foi nada em vão.

— Ow, meninas! Geralmente quando um infectado morde uma pessoa, ela também se transforma em infectado, né?

Peggy responde:

— Sim, por que a pergunta?

— Isso serve também para os morcegos?

— Do que você tá falando?

— Eu acho que temos um problema.

Benjamim aponta pra frente e elas avistam várias pessoas da tripulação se levantando já infectadas. May diz:

— Essa não, a gente só lembrou dos morcegos e esquecemos das vítimas, não é?

Do outro lado, mais pessoas infectadas começam a se levantar.

Os três se unem juntando suas costas um no outro e segurando suas armas para cada lado específico do barco.

— Bem, acho que ainda temos uma missão extra pra fazer, galera. – Diz Peggy.

— Bem… A noite é uma criança, baby. Se as moças quiserem voltar pra cabine, eu dou conta desses vermes inúteis.

— Por quê? Só porque a gente é mulher? May… Vamos mostrar pra esse machista narcisista aqui do lado como é que se trata uma mulher nessa porra.

— É claro que sim, Peggy. Vocês estão prontos, dama e cavalheiro?

Benjamim e Peggy responde, respectivamente:

— Estou sempre pronto nessa porra.

— É só mandar, “chefa”!

— Bem… É hora de expurgar a infecção!

 

Conseguirão vencer?


 

CENTRAL DA ILHA DA PHOENIX- PLATAFORMA 4

 

Emily e Lisa continuam chorando desconsoladamente sob o corpo de seu pai, Makoto. Nitidamente, um sofrimento que não há explicação, e o pior ainda para Lisa saber que sua própria irmã causou tudo isso, ainda que inconscientemente.

Mas não há tempo para lamentações agora, a missão ainda não acabou, resta derrubar o “gigante”. Resta derrubar o Dr. Addan.

Vivian pede pra Doroth e Fionna ficarem com Ashley e vai até Lisa.

— Lisa? Eu sinto muito!

— Ai, senhora Tunner! Eu lutei tanto pra nada (Abraçando-a).

— Não diga isso, filha. Não diga isso. Você foi uma mulher extremamente corajosa e lutou como nunca. Eu sei que você está muito triste e destroçada nesse momento, mas você precisa focar na missão: O Addan é o teu alvo.

— Espera… Cadê o Cristhian?

— Escuta, não se preocupe, a Fionna, a Doroth e eu vamos cuidar de todos os feridos, mas você precisa focar agora, Lisa. Precisa ir até o Dr. Addan. Lembre-se que foi ele que provocou tudo isso, foi ele que causou a morte de seu pai. Por tudo que é mais sagrado, não coloque culpa na tua irm… Você sabe.

Lisa limpa as lágrimas e diz:

— Tá bom… Eu vou tentar.

Abigail diz:

— Se quiser, eu posso ir com você pra te ajudar.

— Não, Abigail, não precisa. Essa luta é dela. É hora de pagar sangue por sangue. Se a Lisa tem um pouco de sangue Melvick nas veias… Somente uma Melvick pode derrubar outro.

Fionna diz:

— Lisa, por favor, tome muito cuidado.

— Eu irei tomar, Fionna.

— Mana… Não quer que eu vá?

Se abaixando na altura dela, diz:

— Não, Emily. Fique aqui com a Fionna e os outros. Eu vou voltar e trazer a nossa liberdade junto. Eu prometo!

— Tá bom… Eu te amo, maninha!

— Eu também te amo, Emily!

Lisa abraça Emily, ela pega as suas coisas e olha para os demais em sua volta.

— Eu vou colocar um fim nessa guerra. Aquela pobre garota normalzinha de antes não pode mais existir, o Addan mexeu com as pessoas erradas e com a família errada. Está na hora dele pagar por toda maldade que ele fez.

— Lisa? Não se esqueça daquilo que eu te falei.- Orienta Vivian.

— Pode deixar, senhora Tunner. Até logo, pessoal!

Lisa se retira e vai em direção à Torre para finalmente enfrentar o Dr. Addan cara a cara.

Doroth se aproxima de Vivian:

— Me admira muito essa tua frieza, Vivian. De não contar pra ela sobre o que aconteceu com o Cristhian.

— Por favor, Doroth. Eu acabei de perder meu filho. Eu sou a pessoa que mais deveria estar destroçada nesse momento, a Lisa acabou de ter um baque muito forte com o pai dela, coisa que não deveria ter acontecido. Mas talvez isso sirva de motivação pra ela enfrentar de vez aquele desgraçado. Se ela descobre sobre o Cristhian e principalmente o que ele iria fazer quando saísse daqui, ela…

Emily interrompe.

— Espera… O que aconteceu com o Cristhian?

Vivian olha para Doroth e em seguida responde:

— Ele… Morreu, Emily.

— Ai, meu Deus! A minha irmã vai ficar arrasada.

Enquanto estão conversando, Victor suspira no chão e começa a se arrastar tentando se levantar. Emily percebe e vai na direção dele.

— VICTOR?! Você está bem?

Victor se assusta e se rasteja para trás com medo dela.

— Ah! Não, não, não…

— Senhor Victor, sou eu, a Emily.

— Emily? Você… Você está de volta?

— Sou eu, senhor Victor. Lembra do dia que você me salvou na minha casa quando os cachorros entraram? Você disse que não iria me machucar e que era amigo da minha irmã.

— Ai, meu Deus! É você mesmo. Graças a Deus, pequena Emily! O que aconteceu com… Scott? Scott!

Ele se levanta e vai até Scott tentar acordá-lo.

— Scott, meu amigo, acorde! Por tudo que é mais sagrado, acorde!

Scott começa a acordar aos poucos.

— Vi… Victor?

— Graças a Deus você tá bem, irmão.

Victor o abraça.

— Espera… Onde tá meu pai?

Eles avistam mais a frente, o capitão Dan desmaiado e sangrando muito.

— Ai, meu Deus! Pai, pai, por favor, reage!

Victor se aproxima juntamente com ele.

— Ele ainda tá vivo, mas tá muito mal.

Edward, no chão, começa a tossir. Fionna percebe isso e vai imediatamente na direção dele.

 

 

— Edward? Edward, você está bem? Aguenta firme!

— Qual é, Fionna? Ficou preocupada comigo?

— Cala a boca, seu imbecil! Por que você faz essas coisas?

— Bem, se isso te serve de consolo… Essa será a última vez.

— Mas é claro, porque iremos todos sair desse lugar.

— Não, Fionna… Agora eu realmente sinto que minha hora chegou.

— Não, não, não, você não pode. Você já me disse uma vez que vaso ruim não quebra, não pode partir agora.

— Acho que esse vaso já fez tanta ruindade que… Não aguenta mais se reconstruir.

— Não, não pode fazer isso. Precisa se reconstruir de novo.

— Eu só quero pedir um último favor.

— O quê?

— Me beija. Eu quero ter o prazer de sentir o sabor desses teus lábios antes de morrer.

Fionna hesita. Fica completamente receosa, olha para trás como se tivesse se sentindo ofendida. Edward diz:

— Eu… Eu sabia, era só pra fazer um teste mesmo.

— Ah, cala a boca, seu idiota!

Fionna o beija. Segura seus lábios no dele por mais ou menos uns 20 segundos. Ao tirar, Edward a olha em seus olhos fixamente e diz:

— Em outra vida… Eu iria me casar com você, Fionna.

— Por favor, Edward… Não vá embora.

— Fionna, eu… Te…

Ele suspira fundo como se tivesse se engasgando e em seguida para de respirar, fechando os seus olhos definitivamente.

— Não… Edward, não.

Fionna chora, os demais ficam também desconsolados. Restaram poucos deles. E Lisa está com toda a responsabilidade sob suas costas.


 

 

TERRAÇO DA TORRE

 

É quase meia-noite. O eclipse da lua de sangue deverá começar a acontecer a qualquer momento. Addan se encontra na beira do terraço da torre olhando para a direção do mar. Acima dele, há o relógio principal da torre.

Está ventando, Addan está olhando agora pra baixo. Atrás dele, a silhueta de alguém se aproximando.

— Esperava mesmo que você viesse… Lisa.

Lisa olha para Addan desafiante, apontando a sua arma para ele.

— Addan.

Addan vira para ela.

— Parece que os nossos caminhos se cruzaram, não é mesmo?

— Anos e anos trabalhando nisso aqui. Construindo um império inabalável, um império que meu pai tentou construir com a Melvick S.A. Eu comprei a Melvick S.A anos depois e a transformei na Phoenix, transformei em uma das redes científicas mais famosas e mais privilegiadas do Reino Unido e, quiçá, do mundo. A Phoenix nasceu através da chama de um Melvick… E agora… Uma Melvick quer destruir tudo isso.

— É como dizem, Addan. Ás vezes o sangue precisa se pagar com sangue.

— É irônico pensar que… Tudo isso aconteceu por conta de um descuido da idiota da minha irmã. Se a Florence não tivesse se esfregado pra aquele farmacêutico de merda, a Violet não teria nascido e consequentemente você também não.

— Agora me culpa pelo fato de eu ter nascido? Eu sequer sou desse país, Addan. Eu nasci em Seoul, na Coréia do Sul. Meu pai é nativo coreano e se envolveu com minha mãe que era inglesa. Sou uma mestiça, assim como a Emily também é. Mas diferente da Emily, eu peguei mais os traços orientais do meu pai, e é por isso que eu não me sinto digna nem um pouco de me considerar do mesmo sangue dos Melvick.

— Você só diz ser uma Melvick quando te convém, não é, Lisa? Só usa o nosso sobrenome pra me atacar.

— E não é isso que você faz? Usa o teu sobrenome para atacar os outros? Você acha o quê? Que os Melvick são os cabeças da sociedade? Que o mundo gira em torno da família Melvick? Nem mesmo a rainha aceitou as tuas artimanhas, Addan… Então não me venha falar que os Melvick têm algum poder.

— Pobre Lisa. Acha que o mundo gira em torno de seu umbigo, não é? Se tivesse conhecido meus pais e meus irmãos… Saberia que sempre fomos uma família unida e firme nos negócios. Meu pai fez coisas que eu particularmente não faria, como seduzir o pai da Hilda para poder ter parte com as ações dos Greenfield.

— O quê?

— Sim, Lisa. Essa parte não te contaram, não é? Meu pai se deitava com o pai da Hilda para “negócios”. Eu me sinto culpado de uma certa forma, porque eu incentivei ele a seduzir a dona Adelaide, a mãe da Hilda. Mas nunca imaginei que ele iria ser tão baixo, seduziu logo o patriarca da família.

Lisa tenta disfarçar o choque com o que está descobrindo.

— Imagine o choque, Lisa! O choque que minha mãe teve ao descobrir que o meu pai, Craig Melvick, um homem charmoso e desejado por todas as mulheres da Inglaterra… Gostava de pau?

— E o que tem a ver a sexualidade dele? Diz isso como se fosse um crime.

— Não, querida, não estou falando da sua sexualidade, e sim das coisas sujas que o meu pai fez usando essa sexualidade dele. Os pais da Hilda morreram, isso você já deve ter descoberto, e foi ela mesma que incendiou eles. Meu pai já não tinha mais o senhor Samuel pra suprir os desejos carnais dele. Então… Ele mirou direto em sabe quem, Lisa? No seu querido avô.

— O quê?

— Sim, Craig Melvick seduziu o farmacêutico marido da minha irmã… Pai de sua mãe, Violet.

— Isso, isso só pode…

— O meu pai confiava em mim porque eu nunca contava os planos sujos dele, então eu acabei descobrindo isso. Meu pai queria seduzir o pobre Evan para que ele fornecesse informações da clínica onde ele trabalhava para que possa roubar fórmulas de medicamento para a Melvick S.A. Sendo assim, a Melvick S.A lançaria linhas de remédios originais no mercado, mas utilizando a fórmula que foi roubada da clínica onde o seu avô trabalhava. Em troca disso… Meu pai o forçava a transar com ele. Era de tudo, sexo oral, anal… Evan era um rapaz bonito, de fato, e meu pai safado estava adorando ter um pau jovem pra chupar todos os dias. Mas sabe quem pagou por isso, Lisa? Minha irmã… Florence. A Florence descobriu tudo o que estava acontecendo, descobriu que o próprio marido estava se deitando com o seu pai. Soube que o Evan tentou explicar das mil e uma maneiras que ele foi usado esse tempo todo, mas a Florence não caiu nesse papo. E sabe o que aconteceu? Ela se matou! A tua avó, Florence, se matou por desgosto.

Lisa fica baqueada.

— E quer saber mais, Lisa? Ela se matou quando a tua mãe tinha apenas 6 meses de vida.

— Ai, meu Deus!

— A Violet nunca pôde ter uma mãe, Lisa. Diferente de você. Apesar dos apesares, você viveu muito tempo com a tua mãe.

— Não o tempo que eu gostaria.

— Mas viveu! Isso que importa. Por isso que eu odiava a tua mãe. Por culpa do nascimento daquela bastarda, que a Florence morreu.

— Pelo amor de Deus, Addan! Você vai mesmo usar esse argumento? Vai mesmo virar a mesa pra você desse jeito? Tá achando que é a vítima aqui? Pois eu te digo, amigo, não é não. Sinto muito pela tua irmã e pelo teu pai, realmente as coisas que aconteceram foram muito tristes e eu entendo o teu descontentamento. Mas tentar justificar um ato sujo com outro ato sujo é uma puta de uma hipocrisia. Addan, você fez os seus próprios filhos de cobaia. Transformou os teus filhos gêmeos naqueles dois monstros. Você fala mal do teu pai que seduziu o pai da Hilda, seduziu o teu cunhado, e realmente foram coisas muito ruins, mas, por favor… Isso nem se compara com o que você fez. Se aproveitou da doença de seus dois filhos e fez uma experiência com eles, você os transformou nesses dois monstros e os apelidou de Aragon e Neon. Você tirou a memória deles, tirou a vida deles, condenou a Doroth a uma vida de cárcere e sofrimento. Você tirou o meu pai de mim quando eu mais precisava, tirou a Vivian do Cristhian e do Dylan. Roubou a liberdade da Hilda, envolveu o capitão Dan em um plano baixo e macabro, afastou o filho deles para que eles não ficassem perto dele. E você quer me dizer que a culpa foi da minha mãe por ter nascido do ventre de sua irmã? Eu já vi gente alienada no mundo, mas você acabou de bater todos os recordes.

— Você não entende nada da vida mesmo não é, menina? É só uma tola que nunca saberia o que é vencer na vida.

— E você sabe o que é vencer, Dr. Addan?

— É claro que sei, porque eu já venci!

— Venceu? Venceu? É sério isso que eu estou escutando? Você está tremendo de tanto medo. Porque finalmente depois de tanto tempo a gente descobriu que você tinha um ponto fraco, Addan. Eu pensei: “Não é possível, todo ser humano por mais diabólico que seja, tem que ter um ponto fraco”. Essa torre é o teu ponto fraco, Addan. Em outras palavras, o que tá aqui é o teu ponto fraco.

— Do que você tá falando?

Ela tira do bolso, um frasco.

— Aqui está… A última amostra da substância que você utiliza para transformar as pessoas em mutantes. Enquanto você estava aqui distraído pensando na vida, eu fiz o favor de destruir todas as amostras que ainda restavam. A Vivian me deu acesso e eu acabei com todos os frascos na sala da torre, antes de subir pra cá (Enquanto Lisa comenta, vemos flashs dela na sala da torre destruindo todas as amostras).

— Aquela maldita da Vivian, eu deveria tê-la matado quando podia.

— Pois é, Addan. Agora você está neste momento diante do único frasco com o soro genuíno dessa substância. E nem adianta você me falar que existe mais delas em outros lugares, porque… A Phoenix Sede caiu em ruínas, o Departamento de Estabilidade também, aqui na ilha todos os experimentos que você fazia, você pegava daqui da torre e levava pra seu setor respectivo e utilizava imediatamente. O senhor nunca guardou essas amostras em outro lugar daqui da ilha, porque sempre achou que era indestrutível e que jamais poderia encontra-las. Francamente Addan. Você se considerava inteligente e vai perder tudo por conta de uma burrice? Hoje em dia todo mundo faz um back-up de suas coisas, e o senhor como um cientista talentoso em pleno século 21, não saber justamente disso? Pra ser franca… Esperava mais de você.

— Sua insolentezinha de merda, eu vou acabar com a tua raça (pega uma arma).

— Ah ham, não senhor, vai abaixando essa arma e tirando seu cavalinho da chuva aí, meu querido. Eu estou com a única amostra que sobrou… Se caso você se comportar… A gente pode fazer uma negociação para que eu não possa destruir essa amostra.

— Sua chantagista de merda, acha mesmo que vai me induzir a fazer isso? Acha que eu irei aceitar qualquer tipo de negócio contigo?

— E por que não, titio? Você passou a sua vida inteira negociando valores, por que não agora?

— Vagabunda! O que você quer? Dinheiro? É isso que você quer?

— Ai, por favor, Addan. Dinheiro? Acha mesmo que eu ia querer algum centavo de você? Por favor.

Lisa olha para a direção da lua.

— Veja só, a lua está ficando vermelha. O eclipse da super lua vai encerrar exatamente à meia-noite. Ou seja… Em poucos minutos. Esse será o momento perfeito para darmos como terminado essa luta que se perdura por tantos anos.

— Eu não vou perder.

— Você já perdeu, Addan. Passou mais de 40 anos atormentando a vida das pessoas ao seu redor, para ter o seu fim aqui, no lugar onde você tanto venerou e protegeu. Absolutamente nada mais pode ser feito, querido Addan.

— Passa pra cá esse frasco agora!

— Vem aqui pegar. (Mostrando o frasco)

— Sua insolente!

Addan corre até Lisa e ela desvia.

— Ooolêe! Acho que errou, Addan.

— VAGABUNDA!

Ele mais uma vez tenta avançar até ela pra pegar o frasco.

— Opa, opa, opa. Precisa ser mais rápido que isso, senhor Addan. Deve ser a idade, não é? Pobrezinho.

— Sua vagabunda! Eu vou te matar bem devagar, eu vou arrancar as suas vísceras e colocar para os meus animais comerem. Vou arrancar seu coração e tritura-lo como se não fosse nada.

— Ow, Addan. Você não percebe a posição que está agora, não é?

Ela pega o frasco e ameaça jogar no chão.

— NÃO, NÃO, POR FAVOR! Por tudo que é mais sagrado, não quebre esse frasco, eu te peço!

Lisa dá um sorriso sarcástico.

— Ha! Mas que ironia do destino! Addan Melvick implorando?

— Não faça isso, por favor, eu… (Começa a se ajoelhar)

— Isso, isso, assim… Assim que eu quero te ver. Humilhado, implorando, como um cachorrinho querendo o seu osso. Você tem que sentir na pele o que todos nós sentimos. Você precisa saber o que é ser humilhado, Addan.

— Eu já estou ajoelhado, tá bom? Já estou aqui me humilhando pra você, não é o suficiente? Agora me dê esse frasco e vamos acabar de uma vez por todas com isso!

— Calma, meu nobre Addan. As coisas não funcionam dessa forma.

Ela guarda o frasco novamente no bolso e pega alguma outra coisa que não podemos ver.

— Sabe, Addan… (Vai se aproximando dele enquanto ele está ajoelhado)Eu aprendi uma coisa na vida que pode parecer até clichê, mas… Todo mundo fala aquele ditado do “Aqui se faz, aqui se paga”. E eu concordo plenamente com esse ditado. Mas uma coisa que eu também preservo, meu caro Addan. É que não há nada mais gratificante quando uma cobra cascavel… Prova do próprio veneno!

Lisa mostra que estava com uma seringa e aplica no pescoço do Dr. Addan ejetando o líquido que estava ali dentro.

— Aaaaaaaaaaaahhh!! O que você fez comigo, sua vagabunda?

— Sabe, Addan. Eu confesso, eu menti. Aquela não era a última amostra da substância que tinha. Ainda tinha essa da seringa que eu acabei de ejetar em você.

— Ma.. Maldita, você usou isso em mim?

— Você não queria saber, Dr. Addan? Como é sentir o gosto de seu próprio veneno? De como é fazer parte da sua própria criação?

— Eu vou te matar! Eu juro que vou te matar, sua puta desgraçada!

Addan tenta avançar pra cima de Lisa, ela o golpeia com uma coronada em sua cabeça.

— Você é patético, Addan. Patético! Gostava de botar medo em todo mundo, mas não passa de um velho patético e sem graça. No final das contas você é só mais um cachorrinho do sistema, Addan. Nunca foi e nunca será alguém de prestígio.

— Filha da puta! Sua desgraçada, eu vou… Eu vou te matar!

— Veja, Addan! A Lua está completamente vermelha! Que linda! Dentro de alguns minutos, você se transformará na sua criação, você sentirá na pele como é doer, como é que aquelas pessoas que você infectou sentiram, como é o processo de transformação que acredito eu, seja doloroso. Você vai sentir o que os teus dois filhos sentiam quando você ejetava essas substâncias neles para que eles se transformassem nesses monstros que eles são hoje.

Addan começa a se sufocar aos poucos.

— Você vai sentir por alguns minutos, como é vagar por aí como um morto-vivo, como é não ter consciência, como é ser um nada!

— Hahaha! Sua idiota! Se eu me transformar, eu vou direto matar você.

— Mas é claro, Addan. Eu sei disso. Eu sei que teria o risco de você se transformar nessa torre e ficar extremamente violento e vier direto me matar. Por isso que eu sou uma mulher muito prevenida. Vivian me ajudou nessa missão final, me ajudou a cumprir essa vingança. Dentro da seringa que eu ejetei em você, estava de fato o seu soro vivium, mas também estava… Pó de beladona.

— O quê?

Um pó paralisante, Dr. Addan. Vivian diluiu esse pó em um frasco e eu juntei com o seu soro e os misturei dentro da seringa.

— Sua… Sua…

— E se meus cálculos estiverem corretos, você deve ficar paralisado em 3, 2, 1…

Addan termina de cair ao chão.

— As… As minhas pernas. Eu não sinto as minhas pernas, o que você fez comigo? Sua… Sua…

Os olhos de Addan começam a mudar de cor, sua pele vai aos poucos ficando azulada, ele se retorce no chão como se estivesse tendo uma convulsão. Uma espuma começa a sair da sua boca e, em seguida, sangue. Lisa o observa tranquilamente até chegar o momento total da transformação.

Addan agora está transformado em um infectado. Ele está de bruços tentando se levantar, mas suas pernas estão paralisadas devido ao efeito do beladona.

Lisa se aproxima, dá passos lentos, se agacha bem de frente pra ele.

Addan está com o rosto branco e azulado, os olhos esbranquiçados e rangendo os dentes.

— Olhe só pra você… O grande Addan Melvick.

Ela pega o frasco do líquido do vírus que havia guardado e quebra no chão. Addan está furioso tentando agarrá-la, mas não consegue sair do lugar.

— Bem, Addan Melvick… Acabou. Este é o momento em que minha vingança… Finalmente é cumprida.

Lisa pega a sua arma e atira diretamente na testa do Dr. Addan, matando-o instantaneamente.

Um império de maldade, experimentos ilícitos e morte de vários inocentes… Finalmente chegou ao fim.

Lisa respira. Se levanta. Olha para o céu e de repente, o relógio aponta para meia-noite.

O sino do relógio da torre começa a ecoar. Todos na ilha ouvem aquele sino tocar.

Na praia, os guardas que estão lidando com o resgate dos sobreviventes ouvem.

— Mas… O que é isso?

Na plataforma 4, os heróis estão escutando aquele sino ecoar. Fionna questiona:

— Mas… O que tá acontecendo?

Doroth olhando para o alto e colocando a mão em seu peito, diz:

— Ela conseguiu!

— O quê?

— A Lisa conseguiu! Eu posso sentir… Ela derrotou o Dr. Addan.

Todos ficam perplexos com o sentimento de esperança.

Na torre, Lisa vai para a ponta do terraço observando a lua que está deixando aos poucos o seu tom avermelhado.

— Poderíamos ter sido uma família normal e feliz como todas as outras, Addan. Mas você escolheu o jeito mais difícil. Eu não me arrependo de nada do que fiz aqui. Nada!

Na plataforma 4, Vivian orienta a todos:

— Gente, precisamos ir todos até a sala da torre agora mesmo.

Fionna diz:

— Mas não podemos ir, e os feridos e o corpo dos nossos amigos? Como vamos deslocar eles?

Abigail se coloca na frente e diz:

— Deixe comigo… Eu tenho experiência no assunto.

 

Alguns minutos depois, Lisa ainda está ali no terraço da torre. Vivian e Doroth se aproximam.

— Lisa?

— Ow, Vivian! Doroth?

— Como você está, filha? – Pergunta Doroth.

— Bem… Agora acabou.

As duas observam o corpo de Addan ali no chão. Vivian tentando acalentar Lisa, diz:

— Ele teve o que mereceu, Lisa. Não tem que se sentir culpada de nada. Agora venha, a tua irmã e os outros estão te esperando na sala da torre.

Vivian segura Lisa pelo braço e a direciona para baixo.

— Venha, querida.

Doroth antes de segui-las, fica em frente ao corpo de Addan, e diz:

— A probabilidade que eu vi não era bem essa, Addan… Mas confesso que foi muito melhor do que eu esperava.

Ela tira uma flor murcha do bolso de sua camisola e a coloca em cima da cabeça dele, prendendo em seus cabelos brancos.

— Bem… Adeus… Querido esposo!

Doroth se retira dali. Em seguida, chega ali na sala da torre, Lisa, acompanhada de Vivian e Doroth, vindo em seguida.

— Mana!

Emily corre para abraça-la.

— Minha Emily, que bom que está bem.

— Você conseguiu.

Fionna se aproxima juntamente com Victor.

— Lisa! Ai, meu Deus! Eu não acredito.

— Fionna, obrigada! (Abraçando-a)

— Parabéns, Lisa! Foi uma mulher muito corajosa.

— Muito obrigada, Victor. Muito obrigada mesmo.

Ela abraça Victor, ao terminar de abraçá-lo, ela vai pra frente, avista apenas Scott ali com Abigail e a dúvida paira sobre ela.

— Espera, onde é que tá o…

Quando Scott vira um pouco de lado, Lisa vê o corpo de Cristhian ali estirado no chão.

Uma lágrima violenta desce de seus olhos enquanto observa aquilo:

— O… O que aconteceu aqui?

Vivian se aproxima dela.

— Lisa… Ele disse que queria te entregar isso aqui quando vocês saíssem dessa ilha.

 

 

Entrega a ela a caixinha com a aliança. Lisa abre.

— Ele ia te pedir em casamento, Lisa. Esse era o último desejo do meu filho.

Lisa perde o mundo. O chão parecia não ter firmamento. Ela derruba a caixinha da aliança no chão e vai imediatamente até o corpo de seu amado.

Podemos simplesmente ouvir o grito de choro mais sofrido e mais terrível que poderia vir dos pulmões de uma mulher destruída.

Todos ali presentes observando Lisa ajoelhada ao chão chorando sem parar, como se não bastasse ter perdido o pai ainda a pouco. Mas o pior sofrimento para Lisa, é que enquanto enfrentava o seu pior inimigo, ela tinha esperança. Ela tinha esperança que o homem que ela amava ainda estava vivo.

Mas… Não foi o que aconteceu. Cristhian se foi sem poder se despedir de Lisa. E ela… Carregou tudo sozinha sem saber que o seu amado já havia partido.

Victor e Scott abraçam Lisa tentando controla-la e ela coloca pra fora toda a dor e todo o sentimento que está sentindo. A pergunta que faremos: Se essa foi a vitória… Imagine qual seria a derrota?

 


                 ATO III


 

 

LONDRES, INGLATERRA.

 

A tensão no barco continua a todo vapor. Peggy acaba de atirar na cabeça de um infectado.

— Ai porra! Eles brotam do nada.

— Não pensei que os morcegos tinham atacado tantas pessoas assim pra elas se infectarem.- Diz Benjamim.

— Não foram apenas os morcegos, já tinha gente infectada aqui dentro, por isso que os marinheiros se revoltaram.- Complementa May.

— Aí, meninas! Não queria dar uma notícia triste pra vocês não, mas… Olha o presentinho que tá vindo pra a gente no céu.

As duas olham para o céu e vê uma tempestade se aproximando.

— É sério? Uma tempestade? Tudo isso pra combinar com o apocalipse?- Murmura Peggy.

— Calma aí, gatinha. As coisas ainda podem piorar. Veja a lua, ela está voltando ao normal e as nuvens vão começar a tomarem conta.

— Droga. Peggy! As pessoas que estão dentro do convés vão ficar apavoradas, essa tempestade vai balançar o barco.

— Puta merda, é verdade!

— Eu vou lá até eles.

— Não, May, pode deixar. Eu vou.

— Tem certeza?

— Tenho. Me deem cobertura, eu já volto.

Peggy vai correndo para entrar na cabine, May atira em dois infectados que estavam se aproximando dela.

Peggy entra, desce direto para o convés. A ventania do lado de fora começa a ficar forte balançando o barco.

Dentro do convés, homens, mulheres e crianças desesperadas. Peggy desce até lá. As crianças começam a gritar por conta da fúria da tempestade.

— Ei, gente! Escutem! Por favor, escutem! Eu sei que no momento todos vocês estão com medo, mas eu juro pela minha vida… Que eu irei proteger vocês. Nós vamos vencer essa luta e sairemos daqui vivos! Vocês entenderam?

Os demais apenas balançam a cabeça fazendo a afirmativa.

— Ótimo!

Quando Peggy está prestes a subir as escadas do convés, um dos homens se coloca na frente e declama:

— À esperança!

Peggy vira pra trás.

— O quê?

Outro homem, concordando com o primeiro, diz:

— É, à esperança!

Duas mulheres falam respectivamente:

— Esperança!

— À Esperança!

Aos poucos, cada uma das pessoas dentro do convés, começam a falar repetidamente:

— ESPERANÇA! ESPERANÇA! ESPERANÇA! ESPERANÇA!

Peggy se sentindo cada vez mais motivada com aquele protesto, sobe as escadas, sai da cabine, atira nos infectados que estão próximos e se junta à May e Benjamim.

— Que gritaria é essa lá embaixo, Peggy? Ele estão bem?

— Esse é o som… Da nossa vitória, May. É o som da esperança!

— Se as senhoras tiverem alguma ideia brilhante de esperança, é melhor falarem logo. A tempestade está aumentando e ainda tem essas coisas vivas.

— May, qual é o plano?

— Dessa vez, sem nenhum plano mirabolante, gente. Vamos lutar até derrubar o último deles.

— Agora você falou a minha língua, boneca.

— Então está feito, May.

— Até o fim!

— Até o fim!

Benjamim encerra, dizendo:

— ATÉ A PORRA DO FIM!

Os três se dispersam pelo barco e enfrentam cada uma das criaturas enquanto a chuva os castiga. Mas a esperança falará mais alto.

A esperança que nós temos de vencer todo esse mal e expurgar de uma vez por todas o vírus.

 

CENTRAL DA ILHA DA PHOENIX, SALA DA TORRE, 00H20

 

Lisa ainda está ali no chão sendo acudida por Victor e Scott. Ela está completamente abalada ao descobrir que Cristhian havia morrido sem ela saber. Victor tenta consolá-la como pode.

— Calma, eu sei, eu sei que tá doendo. Não precisa se envergonhar em estar assim, eu sei que dói.

Enquanto estão tentando consolar Lisa, Fionna vai até eles.

— GENTE!… A Ashley.

Todos olham uns para os outros.

Vivian está segurando as mãos de Ashley que já está se despedindo.

— Que bom que te achei… Mamãe.

— Ashley… Você também vai me deixar?

— Eu… Eu sinto muito mesmo. Muito. Fionna!!

— Sim, Ashley! Sim, minha amiga! Eu estou aqui.

— Eu amei trabalhar ao seu lado… Foram semanas maravilhosas que nós duas passamos juntas… Obrigada por ter sido luz para mim durante esse tempo que eu estive aqui.

— Você é que foi uma luz pra mim, Ashley. Se não fosse por você, eu não estaria viva até essa hora.

— Pequena Emily?

— Senhorita Ashley!

— Promete pra tia que você será uma boa menina e que vai ser um exemplo para as outras crianças da tua idade. E você vai crescer e virar uma moça linda e cheia de sonhos! Promete pra mim?

— Eu prometo! Eu prometo de coração.

— Obrigada… Obrigada a todos!

Ashley fecha os olhos dando o seu último suspiro. Como se não bastasse, Vivian que havia acabado de perder o seu filho mais velho com Ted… Também perdeu a sua primogênita. Ainda que tenha nascido por circunstâncias erradas, Ashley ainda era a sua filha. E agora… Vivian Tunner se encontra sem o marido e os três filhos.

Doroth vendo cada um chorando em um corpo diferente, fala com eles:

— Pessoal… O capitão Dan. Ele ainda está vivo, mas… Não sei por quanto tempo. Perdeu muito sangue.

Vivian diz:

— Droga, precisamos tirar ele daqui. Na verdade todos nós precisamos sair daqui antes que…

 

 

As luzes da central começam a piscar.

Um painel holográfico aparece na ilha de comando da sala.

Atenção! 5 minutos para a autodestruição da Torre.

Repito! 5 minutos para a autodestruição da Torre.

 

Vivian sabendo do perigo, diz:

— Essa não! A torre vai se autodestruir e não temos como sair.

Todos olham uns para os outros temendo o pior.

Na praia, enquanto Judy está coordenando algumas pessoas, um dos soldados aponta pra ela.

— Cabo…

— O que foi?

— Veja!

Eles olham para o mar, que começa a ficar agitado, borbulhas gigantescas começam a sair do fundo da água.

— Mas… O que é isso?

Um tufão sai do mar e assusta a todos os que estão ali presentes.

Na torre, Vivian está tentando de tudo para desativar os sistemas.

— Droga! Droga! Eu devia ter feito isso assim que a Lisa desceu, como eu sou burra!

Lisa se aproxima.

— O que foi, Vivian? Não dá pra desativar?

— Daria se eu tivesse pego antes de faltar 5 minutos, agora é tarde demais. Não vai dar tempo da gente ir direto pra central. Tem os feridos e eu não vou deixar o corpo dos meus filhos aqui nesse inferno. Doroth, o que fazemos?

— Eu… Eu não sei, Vivian. Não estava preparada pra acontecer isso agora, achei que depois do Addan tudo iria acabar.

Fionna diz:

— Pessoal, mas tem que ter um jeito. Não podemos morrer aqui assim. Chegamos tão perto.

Lisa olha para os demais, pede pra eles se reunirem.

— Aconteça o que acontecer… Eu sou muito grata por ter conhecido vocês… Eu amo todos vocês, meus amigos!

Victor, Scott, Emily, Fionna e Vivian abraçam Lisa. Doroth e Abigail ficam apenas observando.

Quando todos estão ali presos naquele abraço esperando pacientemente pelo seu fim. Ouve-se um barulho vindo do teto e da parede lateral da sala da torre.

Um estrondo é ouvido e abre-se uma cratera na parede e no teto da sala da torre. Todos se abaixam e temem o pior.

Emily se levanta, espera aquela poeira abaixar. Quando ela tira as mãos de seus olhos, rapidamente seu semblante de medo se transforma em um sorriso esperançoso, dizendo:

— NEON!

Todos se levantam e se deparam com a presença gloriosa de Neon na parede da sala da torre. Ele pula para o piso da sala, todos vão para trás temendo a presença imponente do monstro.

Neon estende sua mão direita e:

Vocês querem ser livres? Venham comigo!

— Neon, você veio ajudar a gente!

Scott ao lado de Victor, diz:

— Puta merda, aquela coisa fala!

— Isso não pode ser possível- Complementa Fionna.

Doroth, emocionada, diz:

— NOAH!

Ele vira o rosto levemente para ela.

Mãe.

Todos impactados diante de tal fenômeno.

Enquanto olham para o monstro. Ouve-se um piar. Uma sombra gigantesca se aproxima do teto daquela torre. Quando essa sombra sai da penumbra e se aproxima deles, Emily sabe muito bem do que se trata.

— Águia! Você também veio!

A águia real gigante pousa dentro da sala e faz um sinal de cumprimento à Emily.

— Ela disse que pode levar alguns de nós nela também.

Scott diz:

— Nem pensar, eu não vou subir nessas coisas.

Lisa se agacha na altura da Emily, dizendo:

— Emily, como podemos ir com esses monstros?

— Eles não vão nos machucar, irmã. Vieram mesmo nos ajudar.

Fionna diz:

— Gente, como vamos levar os feridos e o corpo dos nossos amigos nesses monstros? Não tem como.

Vivian diz:

— Verdade. Se tivéssemos pelo menos um…

Uma chamada é bipada do aparelho que está no ouvido de Lisa.

— Tem… Tem alguém me chamando. Alô?

— LISA! É A JUDY!

— JUDY?

— Escuta, eu vi aquele monstro horroroso saindo do mar e indo na direção de vocês, por favor, me digam que estão bem.

— Escuta, Judy! Esse monstro está do nosso lado agora.

— O quê?

— Não dá tempo de explicar agora, escute… Preciso que você mande um helicóptero pra cá imediatamente. Temos alguns feridos e vítimas fatais que precisamos extrair daqui, mas não temos muito tempo, a torre vai se destruir. Então você tem exatamente…

Olha para a tela.

— Dois minutos. RÁPIDO!

— Puta merda. Me coloquem em um helicóptero agora. BORA, PORRA! AGORA!

Lisa diz a eles:

— A Judy tá vindo.

Victor pergunta:

— Será que vai dar tempo?

— Tem que dar.

— Mana, precisamos ir nos adiantando. Neon, me coloque nas suas costas.

Neon  estira as mãos no chão para que Emily pudesse subir e ele a coloca em suas costas.

— Mana, venha comigo!

— Eu… Eu…

— Não precisa ter medo, ele não vai te machucar, prometo.

— Tá bom…

Neon, igualmente, segura Lisa com a sua mão e a coloca em suas costas. Ela solta uma corda que ficava amarrada à sua cintura para que elas pudessem ter um apoio.

— Se importa de eu colocar isso aqui? É… Neon?

Neon mesmo ajeita a corda em seu pescoço para servir de “cela” para elas. Após se ajeitar, Lisa diz:

— Fionna, deveria vir com a gente também.

— Eu?

— Precisamos otimizar o nosso meio de transporte e deixar o helicóptero para os feridos.

— É, doutora Fionna. Você esteve com o Neon esse tempo todo no laboratório, lembra? Ele não vai te fazer mal.

Fionna se aproxima temerosa. Neon estende a sua mão e antes dela chegar perto, diz:

É um prazer conhece-la… Doutora.

— Oi, Neon.

Neon coloca Fionna nas suas costas e ela fica atrás de Lisa. Emily dita as regras para a águia.

— Águia, leve as senhoras contigo. O senhor Victor e o Scott podem esperar o helicóptero chegar pra colocar o pessoal lá. Abigail, pode ajudar eles?

— Deixa comigo, Emily.

A águia se aproxima de Vivian e Doroth. Ela abaixa o seu pescoço no chão para que elas subam. Vivian sobe primeiro, em seguida, Doroth.

Neon vai para a ponta da cratera que abriu na torre. Lisa vendo aquela altura desproporcional, diz:

— Só pra eu ter certeza… O Neon sabe voar, né?

Emily olha pra ela fazendo a negativa.

— Ai, não!

SEGUREM-SE EM MIM!

Neon pula da torre e começa a descer deslizando pelas montanhas. Emily, Lisa e Fionna gritam de medo. A águia levanta voo e leva Vivian e Doroth dali.

Victor e Scott ficam impactados.

— Caralho, Victor! Como isso pode ser real?

— Eu não sei, Scott.

Ouve-se o barulho do helicóptero.

— Veja, Scott! É a Judy!

Judy está chegando com o helicóptero perto deles.

— GENTE!

— JUDY! AQUI! Rápido, Scott. Me ajude a levar todo mundo para o helicóptero.

Abigail se prontifica:

— Vou ajudá-los.

O relógio marca 1 minuto.

 

Em Londres, a luta contra os infectados no barco continua. Enquanto na ilha, o céu ainda está normal, por aqui uma tempestade violenta ameaça a segurança de todos eles.

Os infectados estão morrendo um por um, mas a força das águas está começando a prejudicar o percurso e estabilidade do barco.

— Oh, meninas! A gente tá em um barco, né?

— Isso é pergunta que se faça, garoto? – Murmura Peggy.

— Se a gente está em um barco e no meio de uma tempestade… Quem é que tá no leme?

May e Peggy param imediatamente e falam em uníssono:

— PUTA QUE PARIU!

 

Na ilha, Scott e Victor terminam de colocar o capitão Dan no helicóptero. Abigail sobe, em seguida.

— Meu Deus, quanta gente querida morreu!

— Não conseguimos salvar todos os corpos, infelizmente… Agora vamos Judy!- Diz Victor.

O helicóptero levanta vôo, quando se afasta mais um pouco, a torre começa a cair. Ao invés de uma explosão convencional, a torre começa a se desconstruir aos poucos, se destruindo em pedra e pó.

Nas margens da ilha, Neon está vindo a toda velocidade carregando as moças em suas costas. A águia está se aproximando da praia juntamente com Doroth e Vivian, os soldados que ficam ali na praia se assustam diante do que estão vendo e se preparam para atirar.

Judy, do helicóptero, faz uma chamada no walkie talkie dos oficiais.

— Pessoal, não atirem! São dos nossos!

— Mas… Tem um pássaro gigante chegando perto da gente.

— Senhor, daquele lado tá tremendo, tem alguma gigantesca vindo na nossa direção.

— REPITO, NÃO ATIREM! SÃO OS SOBREVIVENTES! REPITO! NÃO ATIREM!

 

Em Londres, a tensão continua. O barco está prestes a bater em outro à deriva. Peggy e May entram na cabine do comandante.

— Tá legal, me diz que você sabe dirigir um barco desses, May.

— O quê? É claro que não!

— Gata, você é filha de um general do exército, como não sabe dirigir um barco? E eu nem sei se fala “dirigir” mesmo.

— O quê? E você acha que só por isso eu sou obrigada a saber de tudo?

May avista o barco a deriva e vê que eles estão prestes a colidir.

— Ai, meu Deus! Rápido, Peggy! Me ajuda a virar o leme!

Peggy segura o leme juntamente com May.

— Porra! Tá emperrado!

— Força, Peggy!

— Eu juro que se eu afundar nesse barco, eu não aceito menos que encontrar o Leonardo Di Caprio no fundo do oceano.

— CALA A BOCA! A GENTE VAI BATER! FORÇA!

Elas giram o leme com toda a força para se desviar do outro barco, as pessoas do convés ficam desesperadas com a manobra que o barco está fazendo.

Na popa, Benjamim termina de liquidar o último infectado que restava e tenta se segurar nas grades para não ser lançado às águas.

— O que essas duas estão fazendo com esse barco?

 

Na ilha, as coisas parecem ter se ajeitado. Lisa, Emily e Fionna já desceram de cima do Neon, da mesma forma que Vivian e Doroth também já desceram da águia.

O helicóptero vem em seguida e pousa na areia. Judy, Victor, Scott e Abigail descem dali para verificar se estavam todos bem.

— Gente, como vocês estão?

Lisa vai imediatamente abraçar Judy.

— Judy! Não sabe o quão feliz eu estou por te ver.

— Eu também estou muito feliz por ver você, Lisa. Como sempre, as mulheres orientais arrebentando, não é?

— Com certeza, minha amiga. Obrigada!

Emily que estava um pouco mais afastada, se aproxima deles e chama por…

— Senhora Vivian?

— Sim?

— O Neon quer que você veja uma coisa.

Menos de um minuto depois, Vivian chega a um determinado local na beira da praia e ali está o corpo de seu filho… Dylan.

— Meu Deus… É o meu Dylan.

— O Neon disse que encontrou ele no oceano e o trouxe pra cá antes de ir nos salvar.

— Meu caçula… Meu pobre Dylan.

Lisa e os outros se aproximam dela. Victor e Scott chegam para pegar o corpo de Dylan e leva-lo ao helicóptero.

— Lamento muito, senhora.

— Vamos colocar ele perto do Cristhian.

Os dois jovens colocam o corpo de Dylan no helicóptero. Nesse meio tempo, o capitão Dan que continua ferido já havia sido transferido para outro helicóptero.

Lisa, Emily, Vivian, Fionna, Doroth, Victor, Scott, Judy e Abigail se reúnem. Fionna pergunta:

— Acabou, não é?

Lisa responde:

— Sim, finalmente isso aca…

 

 

Ouve-se um estrondo na praia. A terra treme e todos caem ao chão com o tremor.

 

— Ahh! O que é isso?- Dispara Judy.

Quando a areia da praia abaixa, eles finalmente descobrem o que é.

Emily exclama:

— Essa não… É o Aragon!

Aragon ressurgiu. E está com uma fúria ainda mais avassaladora vindo dele. Neon imediatamente se coloca na frente e começa a se comunicar com ele na sua linguagem tradicional.

 

— Já chega, Aragon! Por que ainda insiste nisso, irmão?

— Eu ainda não acabei o que comecei.

 

Emily tenta negociar.

— Aragon! Acabou! Você não tem mais que fazer isso.

— Você mesma disse… Que não suporta traições, e você mesma está traindo a todos.

— Não! Tudo isso foi um erro. Eles são nossos amigos, o Addan que era o inimigo todo esse tempo, nós fomos enganados!

— Muito tarde para desculpas esfarrapadas. Está na hora… Da minha reivindicação.

 

Aragon se posiciona. Neon olha para os outros atrás dele e dessa vez na linguagem que todos entendam, diz:

FUJAM!

Os heróis imediatamente começam a correr para se distanciar deles, Aragon vem correndo na direção de Neon e o ataca tentando socar o seu rosto. Neon segura o seu golpe e ambos ficam se atracando.

A terra treme prejudicando a fuga dos heróis. Lisa diz:

— Precisam levar os helicópteros com o pessoal pro navio, antes que aconteça o pior. Depressa, Judy!

— Está bem! Bora, galera! Tirando as vítimas e levando ao navio, rápido!

Aragon e Neon continuam se enfrentando. Os heróis observam aquilo temerosos, Abigail se aproxima e estende os seus braços usando as suas projeções psíquicas.

Isso faz com que Aragon fique fraco e fique paralisado por alguns segundos.

— EMILY! VEJA! Dá pra segurar ele por um tempo.

— Ai, meu Deus! Sério?

Doroth se aproxima.

— Ara… ARTHUR! OBEDEÇA A SUA MÃE AGORA!

Aragon olha para Doroth e rapidamente vários lapsos de memórias permeiam a sua cabeça.

— Aaaaaaarghh!

Enquanto está se retorcendo de dor, Doroth tem uma visão de algo apontando para dentro do corpo de Aragon. A visão cessa e ela imediatamente conta para os outros.

— Ai, meu Deus!

— O que houve, Doroth?- Pergunta Lisa.

— O coração… Acabei de ver o ponto fraco do Aragon. Está no coração. Se perfurarmos ele… O gigante cai.

— Meu Deus!

Emily grita:

— NEON, SAI DE PERTO DELE!

Neon se afasta, Aragon ainda está tentando se recuperar. Lisa reúne os aliados.

— Escutem, eu tenho um plano. Só preciso de uma lança, você, Emily. Sua amiga Abigail… E aquela águia.

Victor, assustado, diz:

— Lisa… O que você vai fazer?

— Se a Doroth conseguiu ver o ponto fraco do Aragon… A hora é agora. É tudo ou nada!

 

Em Londres, Benjamim entra na cabine do comandante.

— Ei! Cadê vocês?

As duas, no chão, se assustam!

— Aaahhh!

— Ah! Ow, o que vocês estão fazendo aí?

— A gente morreu, não é? E o que estamos vendo agora é um fantasma, certo?- Diz Peggy.

— Poxa, os fantasmas não são tão charmosos assim.

May se levanta.

— Espera, então… A gente conseguiu desviar?

— Não pode ser possível, a gente foi péssima.

— Bem, meninas… Duas notícias, a primeira é que derrotamos todos os infectados e aparentemente o nosso barco não vai mais afundar.

Peggy pergunta:

— E qual é a outra?

— A outra é que como não temos nenhum comandante, vamos ter que navegar dentro desse barco até aparecer alguém ao amanhecer. Em outras palavras… Não tem como a gente voltar pro continente agora.

— Não tinha como piorar, não é? – Murmura Peggy.

— Já chega! Pelo menos conseguimos. Obrigada vocês dois!

— Não precisa agradecer, May. Não teríamos chegado até aqui sem a sua ajuda. Graças ao seu plano, conseguimos salvar essas pessoas.

 

ILHA DA PHOENIX

 

Fionna, Vivian, Victor, Scott e Judy já se encontram no navio observando o que acontece na ilha.

Ali na praia estão Lisa, Emily, Abigail e Doroth.

Neon está ali do lado e Aragon está do lado oposto tentando se recuperar para ataca-los. Lisa conseguiu arrumar uma lança com os soldados de Judy.

— Bem, está na hora. Peça para a águia me segurar, Emily.

— Tá bom, mana.

Emily chama a águia.

Ela se aproxima de Lisa. Lisa segura em uma das garras da águia e ela levanta vôo.

Emily olha para Neon.

— Agora, Neon!

Desistiu de vir me atacar, irmãozinho? Esperava mais de você!

— Seu… Seu miserável, eu vou te matar!

 

Aragon avança pra atacar Neon. Emily diz para Abigail:

— AGORA!

As duas usam as suas projeções psíquicas para paralisarem Aragon. Neon sai do caminho para que a águia viesse juntamente com Lisa.

Doroth grita:

— LISA, AGORA!

— ISSO É POR TUDO O QUE FIZERAM COM OS NOSSOS AMIGOS. MORRA!!!!

No céu, Lisa pula das garras da águia e se posiciona com a sua lança para ir direto para o peito de Aragon.

— Pela minha mãe, meu pai, o Cristhian… E todos os inocentes! Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhh!!!

Lisa acerta em cheio a lança no peito de Aragon, que perfura diretamente o seu coração, o monstro urra de dor, se retorce. Rapidamente Neon tira Lisa dali e a afasta do monstro.

Aragon começa a se desfalecer pouco a pouco, até que por fim… Ele cai morto na areia da praia provocando um grande estrondo.

Lisa diz a todos:

— Agora sim acabou.


 

 

2 horas depois…

 

A batalha na ilha chegou ao fim, mas deixou marcas que jamais poderemos repará-las. Os heróis levaram com eles, os corpos de Cristhian, Dylan, Ashley, Edward, Makoto e Hillary. Abigail conseguiu dar um jeito de pegar o corpo de Ellie e levar para os outros para tirar da ilha.

Os corpos dos outros soldados seriam resgatados em seguida, ao amanhecer, para facilitar a coleta. Mas enquanto isso, os heróis estão voltando pra casa. O helicóptero que transporta o capitão Dan está também com Scott, Victor, Lisa e Emily.

— F… Filho?

— Pai? Pai, você tá bem?

— Preciso que me responda apenas uma coisa:

— Sim, papai! O que quiser.

— Vocês… Venceram o Dr. Addan?

— Sim, papai! Nós vencemos! Já estamos voltando pra casa, graças a Deus.

— Que bom! Agente Victor?

— Sim, capitão! Estou aqui.

— Eu nunca te contei isso… Mas eu sempre tive você como um filho. É como o irmão mais velho que meu Scott precisava ter. E eu sei o quanto vocês se dão bem e os considero praticamente irmãos. Essa será a decisão mais difícil que eu vou tomar, mas… Eu acredito que o meu filho têm maturidade o suficiente para isso, porque eu sei que o que ele pretende… É sair desse lugar e levar a mulher que ele ama pra bem longe. Sendo assim… Lisa e Emily, que bom que estão aqui, pois quero que sejam testemunhas do que vai ser dito aqui hoje.

Emily e Lisa se aproximam dele. Dan segura na mão de Victor.

— Você foi um homem bom e íntegro. E serviu com maestria, lealdade e honra. Por isso a partir de hoje… Você é Sir Capitão Victor Evans.

Victor arregala os olhos.

— É de líderes como você que o nosso país precisa. Estou oficialmente te subindo de cargo, filho. Será o capitão do nosso pelotão no meu lugar. E eu tenho certeza que fará por essas pessoas… Muito mais que eu fiz.

— Capitão, eu… Eu…

— Você concorda com essa nomeação, Scott?

— É claro que sim, é claro que eu concordo.

— Mas… Por que eu? Por que não o Scott? Ele é o teu filho!

— Victor, irmão… Meu pai não erra nesse ponto… Ninguém é mais capacitado pra ficar no lugar dele do que você.

Lisa diz:

— E eu tenho certeza que será o melhor capitão que esse mundo poderá ter.

— Obrigado a todos vocês que lutaram ao meu lado… Vocês lutaram com tudo de si. E agora… Eu posso descansar em paz. Aqui, eu capitão Dan, posso dizer: “Venci o bom combate, acabei a carreira… Guardei a fé”.

Após isso, o capitão Dan descansa para a eternidade.

 

Está quase amanhecendo, Lisa está na borda do navio e coloca a aliança em seu dedo e fica a admirando. Vivian se aproxima.

— Pensei que tinha perdido no meio de toda aquela confusão na torre.

— Não, não… Eu consegui pegar antes da gente sair de lá. Obrigada por guardar pra mim.

— Meu filho realmente gostava muito de você, Lisa. Ele nunca teria feito isso por uma qualquer.

— Obrigada, Vivian. Você me ajudou muito.

— Não tem que agradecer, filha.

— O que vai fazer agora, Vivian?

— Bom… Sou uma mulher de 45 anos viúva, perdeu os três filhos, não tem uma casa pra voltar… Então… Não tenho muito o que fazer, não é?

Victor se aproxima delas juntamente com Emily.

— Gente, desculpa interromper, é que… Ainda não acabamos 100%. Soube que os infectados ainda estão tocando o terror em Londres.

— Ai, droga! É verdade. E tem notícias da May?

— Scott conseguiu entrar em contato com ela. Ela está bem, ela e a Peggy.

— Ai, graças a Deus!

— Tá, mas e agora, o que a gente vai fazer? Como vamos parar esses infectados sem fazer outra chacina?

Emily diz:

— Mas há um jeito… Há um jeito de… Pararmos os infectados e erradicarmos de uma vez o vírus, mas vou precisar de ajuda. Principalmente sua, Vivian.

— Minha?

É manhã na Inglaterra, os infectados estão espalhados pelas ruas, até que ouvem uma chamada através de vários interfones de comunicação. É a voz de Emily:

— ATENÇÃO, TODOS! SENHORES INFECTADOS. PAREM IMEDIATAMENTE O QUE ESTÃO FAZENDO E ME ESCUTEM.

Todas as criaturas em toda a parte da Inglaterra paralisaram imediatamente para escutar a voz de Emily.

— QUERO QUE TODOS VOCÊS VÃO ORGANIZADAMENTE PARA O PORTO E SUBAM NO NAVIO QUE ESTARÁ A ESPERA DE VOCÊS. NÃO OLHEM PARA TRÁS E NEM MACHUQUEM NINGUÉM, APENAS VÃO PARA O PORTO.

Todos os infectados começam a andar na direção que Emily orientou. Entre esses infectados, está a irreverente Ru ali entre eles. Esse processo de limpeza poderia demorar horas ou até mesmo um dia inteiro até assegurar que todos os infectados da Inglaterra se deslocaram para ir até o porto.

Para garantir que isso aconteça, representantes passaram de helicóptero para levar os infectados dentro de containers até o navio. Principalmente aqueles que estavam mais longe da capital.

Finalmente todos os infectados do país inteiro estão no navio de maneira organizada.

Demorou horas para que isso se concretizasse, mas finalmente estão lá as criaturas descendo do navio e se aglomerando ali na praia da ilha.

Em um dos barcos, Vivian pergunta à Doroth e à Abigail.

— Tem certeza que quer fazer isso, Doroth?

— Sim, Vivian. Quero morrer ao lado do meu filho Noah para descansarmos juntos em paz.

— E você, Abigail?

— Minha… Minha missão terminou. Quero me unir a eles.

— Bom… Se essa é a decisão de vocês duas… Vou respeitá-la.

Cerca de meia hora depois, Doroth, Abigail e Neon estão ali na praia olhando para o navio que já está há uma certa distância dali.

Doroth olha para Neon e diz:

— Você foi excelente, filho! Estou orgulhosa de você.

Obrigado… Mamãe.

— Que estranho!

— O que é estranho, Abigail?

— Eu… Estou feliz. Porque eu finalmente vou poder ficar ao lado da minha mamãe.

— Sim, querida. Todos nós vamos nos encontrar com nossos entes queridos na eternidade. Vamos agora nos dar as mãos, agradecer a Deus pelas bênçãos e… Aguardar, apenas aguardar.

No navio, Vivian está com seu Ipad e ativa o lançamento do míssil balístico que ela havia comentado com Lisa.

— Bem… Esse é o fim da ilha da Phoenix. Adeus, Doroth! Adeus, Abigail! Adeus, Neon! Adeus… Todos!

O míssil está vindo a toda velocidade na direção da ilha.

Doroth está tranquila, serena, não está com nenhum tipo de medo.

— Vejo vocês na eternidade, queridos!

E como já era esperado, o míssil atinge a ilha e provoca uma explosão fabulosa destruindo tudo o que vê pela frente. A ilha finalmente se extinguiu para sempre juntamente com a infecção criada pelo Dr. Addan.

Enquanto isso acontecia, os heróis finalmente voltaram para Londres. Eles saem do barco e lá estão May e Peggy os esperando.

Scott vai imediatamente até May. Ela sorri com alegria, mas percebe que o seu amado não está com uma reação muito boa.

— Scott?

— Ele se foi, May… Meu pai se foi.

May fica sem acreditar, e abraça Scott.

Por outro lado, Peggy está ali vendo as pessoas que saem desse barco e pensamentos permeiam a sua mente.

Eu fiquei ali esperando que alguém que eu queria ver fosse aparecer, fiquei imaginando ver um daqueles garotos, fiquei esperando a Hillary, a Ellie aparecer, o capitão Dan… E nada. Nenhum deles apareceu. Eu nem soube como reagir, mas me senti confortável quando vi o Victor saindo daquele barco e vindo na minha direção”.

— Victor? O… Cadê o capitão? A Hillary, a Ellie, os garotos novatos?

— Eles… Eles não sobreviveram, Peggy. Não sobreviveram.

Victor começa a chorar e abraça Peggy.

— Meu Deus… Não pode ser… Não pode ser.

May ainda está abraçada a Scott. Emily vai até ela.

— Tia May!

— Emily! Emily, graças a Deus você está bem.

— Eu senti a tua falta.

— Eu também senti a tua falta, minha pequena. Onde está a… Lisa?

May vai até Lisa.

— Amiga, graças a Deus!

Abraça Lisa.

— Scott me contou o que aconteceu com o capitão Dan, mas cadê os garotos? Cadê as meninas? Hillary, Ellie, Jennifer… E o seu pai?

Lisa rompe a chorar.

— Nenhum deles conseguiram, May. Nenhum deles.

— Meu Deus, não pode ser. Não pode ser possível.

As duas se abraçam e ficam chorando desconsoladamente.

Um pouco afastada dos demais, está Fionna que também se encontra perdida em seus pensamentos.

“Ele foi o primeiro cara que eu beijei depois de 5 anos, o primeiro cara que eu beijei depois de um tempo… E morreu logo em seguida. Acho que eu realmente não nasci pra isso. Já aceitei o meu destino.”

Emily se aproxima.

— Dra. Fionna?

— Ham? Sim, Emily?

Ela a abraça forte.

— Obrigada! Obrigada por cuidar de mim todo esse tempo lá na ilha.

— Pequena Emily, não precisa agradecer. Eu sempre irei proteger você… Não importa o que aconteça.

Benjamim aparece ali com a sua moto chamando a atenção de todos.

— Bem, acho que está na hora de eu partir.

May e Peggy vão até ele.

— Já vai?

— Não vai nem ficar pra uma social?

— Não, moças, agora sim preciso retornar, antes que minha chefa me processe por violações no contrato. Mas… Foi divertido trabalhar com vocês. Até qualquer dia aí.

Benjamim monta na sua moto, sai cantando pneu, mas deixa uma carta cair ali do lado. Peggy a apanha e mostra pra May.

— É um valete de paus.

— Esse cara… Ele é maluco.


 

 

2 dias depois …

 

Chega o momento do enterro de todos aqueles que nos deixaram. Boa parte dos corpos foram recuperados em seguida, antes daquele míssil destruir toda a ilha.

Como novo capitão, Victor exigiu que a cerimônia para o capitão Dan fosse da mesma maneira para os outros, pois todos lutaram como soldados e merecem as homenagens, até mesmo aqueles civis que morreram em combate injustamente.

No caso dos civis, foi feito um enterro um pouco antes do cortejo militar do capitão Dan e dos outros soldados. Um dos generais do exército presta às suas condolências e pede para que mais alguém que queira expressar suas últimas palavras aos seguintes soldados, que vão até ali na frente.

Após tudo isso, a rainha Elizabeth emitiu uma nota de agradecimento a todo o Reino Unido e ao mundo que a infecção havia sido contida, mas que precisavam reestruturar o país e dá suporte aos sobreviventes que ficaram desolados.

Todos os países do Reino Unido, da Europa, e até mesmo países rivais cooperaram com verbas para que a cidade fosse reconstruída novamente. Mutirões de todos os lados começaram a se organizar para limpar a cidade e colocar tudo de volta aos trilhos.

Dois meses depois, no comitê do exército, finalmente chega o momento da coroação de Victor como o novo capitão da cidade.

— É com muita honra que eu nomeio Victor Evans como o vosso novo capitão.

Todos ali presentes começam a aplaudir. Victor sobe no palco. Ele está bem uniformizado e com um quepe elegante e algumas estrelas no seu uniforme.

— Bem… Eu quero que saibam primeiramente que se eu estou aqui hoje… É porque tive alguém que acreditou em mim. Se não tivesse sido o capitão Dan, meu líder, meu mentor… Nunca estaria aqui, então… Toda honra e todo mérito serão oferecidos unicamente ao capitão Dan.

Todos começam a prestar continência como uma forma de respeito à memória do Capitão Dan.

(VOZ EM OFF- LISA)

Victor finalmente agora vai poder ser algo que estava dentro dele há muito tempo: Ser um bom líder. Não será fácil obviamente, pois ele ainda está cheio de cicatrizes. Só depois que voltamos pro continente que eu soube que o chacal era o pai dele e que… Ele teve uma vida bem conturbada na infância.

Victor convidou Peggy e Judy para formarem parte de seu pelotão, ele queria pessoas que vivenciaram toda essa experiência com ele, para que pudessem trabalhar de perto e atender as necessidades da população. Obviamente as duas aceitaram e Peggy não demorou muito para subir de cargo.

Mesmo com o seu jeitão irreverente, ela mostrou ser uma ótima profissional e boa no que faz. Victor também perguntou se eu queria seguir nessa carreira, mas eu recusei. Aquilo não era nem de longe o que eu planejei para a minha vida. Victor sempre compreensivo, respeitou a minha decisão.

Fionna se tornou chefe de um comitê de ciências e tecnologia em Oxford. Ela usou toda a experiência dela para orientar futuros cientistas a não cometerem os mesmos erros que foram cometidos na Organização Phoenix.

Scott pediu May em casamento, e é claro que ela aceitou. Não demorou muito, e eles se mudaram para os Estados Unidos. Scott foi promovido a sargento na unidade de Houston e é claro que May o apoiou em tudo.

Vivian ficou uns dias comigo e com a Emily. Ela precisava raciocinar tudo o que aconteceu, mas depois pediu para que o governo britânico preparasse outro lar para ela que não fosse em Londres.

Ela foi recebida no País de Gales e vai trabalhar em um centro de tecnologia e robótica. É possível dizer que sim, que Vivian deve estar feliz apesar dos apesares. Ela vai aos poucos reconstruir a sua vida lá e desejo tudo de melhor para ela.

E quanto a mim? Bom…

Não tenho absolutamente nada de bom para contar.

Emily e eu fomos recebendo ajuda do governo britânico, a nossa casa foi consertada e estávamos conseguindo morar ali tranquilamente, mas… Todo dia era um vazio.

Nós levamos a Emily para uma sessão de hipnose, para que ela esquecesse tudo aquilo que ela provocou enquanto estava controlada pela lavagem cerebral. Eu poderia muito bem conviver com isso, mas uma garota de 9 anos descobrir que provocou a morte de dezenas de pessoas… Seria demais pra ela.

Emily esqueceu. Lembrou-se das outras coisas que aconteceu na ilha, mas… Não se lembra e nunca vai se lembrar como o papai morreu. E eu vou assegurar para que isso aconteça.

Os meses foram se passando, era toda semana em consultas com psicólogo. Emily fez um pouco também, mas depois da hipnose, ela já não estava mais tão mal como antes, exceto por alguns pesadelos que a pobrezinha tinha durante a noite.

— AAAAHHH! Lisa! Lisa!

— Emily, o que foi, mana? O que aconteceu?

— Eu tive um sonho horrível, um sonho horrível.

— Calma, calma, vai passar. Tua irmã está aqui.

Os pesadelos da Emily de fato passaram, mas os meus estavam longe de terminar. Toda vez eu tentava parecer uma mulher forte nas consultas, mas sempre saía de lá completamente fragilizada.

Eu comecei a trabalhar em uma floricultura, acho que era uma espécie de homenagem à minha mãe e também à minha avó Florence. Eu soube também depois pelo Scott que a Hilda chegou a trabalhar em uma floricultura.

Atendia os clientes com um sorriso no rosto, mas por dentro eu estava destroçada. Eu não conseguia me recuperar de jeito nenhum do que aconteceu. Houve um dia que eu fechei a floricultura 1 hora mais cedo.

Por qual motivo? Porque eu queria me trancar lá dentro e chorar. Nesse dia eu me sentei no chão atrás do balcão e chorei muito.

Todos os dias que eu estava em casa e via que a Emily estava na escola, eu desabava. Eu muitas vezes comprava um balde de sorvete, ia pro sofá, colocava em um dorama pra assistir e em 5 minutos eu chorava de soluçar. Melecava a minha cara de sorvete e lágrimas. Um conglomerado de saudade, remorso e culpa ficavam corroendo a minha alma.

Eu cheguei a pensar: Eu realmente venci? Se eu venci, então por que ainda dói tanto? Todos os outros conseguiram superar e seguir em frente em 6 meses, não dizendo que eles não tem sentimentos, mas eles encararam tudo isso de forma mais rápida. Mas já passava mais de, 7, 8 meses e eu continuava a mesma, ou melhor, piorava cada dia mais.

Eu estava me deteriorando, não tinha mais forças pra fazer nada. Minha irmã começou a ficar extremamente preocupada comigo, eu já não estava mais comendo com tanta frequência. E dia após dia eu sentia tontura e vontade de vomitar. Cheguei a fazer alguns exames, mas não era nada clínico.

Crises de ansiedade, ataque do pânico… Comecei a ter medo do meu próprio reflexo no espelho. A Emily completou 10 anos de idade. Victor, Fionna e os outros vieram prestigiar.

Mas eu estava tão distante, tão triste, eu juro que tentei expressar alegria ao ver minha doce irmã completando mais um ano de vida, mas eu não consegui.

Os meses foram se passando, e eu já não era mais nem a sombra da Lisa que eu era. O que restou de mim foi uma mulher amargurada, ferida, sem nenhum consenso de felicidade. Essa sou eu agora, e não consigo fugir dessa realidade por mais que eu tentasse.

May resolveu passar uns dias aqui em Londres de férias. Obviamente ela ficou na minha casa. Estávamos conversando no sofá.

— Nossa, eu tinha até esquecido como fazia frio em Londres nessa época do ano.

— Eu ainda te avisei, mas pra tua sorte, tenho muitos agasalhos ainda aqui em casa.

— Como você está, Lisa?

Lisa suspira e diz:

— Nada bem, May. Nada bem.

May abaixa a cabeça e em seguida tira um folheto de sua bolsa.

— Olha, quando eu estava vindo pra cá, estavam distribuindo esses folhetos de uma espécie de versão do X-Factor aqui em Londres. Você deveria se inscrever, Lisa.

— Não, não, eu não posso fazer isso.

— Lisa, por favor! Já faz mais de um ano… Está na hora de você seguir em frente de uma vez por todas. E outra… Esse era o teu sonho desde o começo. Você sempre quis ser uma cantora, lembra? Era o teu sonho antes mesmo de tudo isso aqui acontecer. Antes da infecção, antes da ilha… Você sempre teve esse sonho enraizado em você. Por favor, Lisa… Não despreze essa oportunidade. Vá!

Após muita insistência, eu fui.

Cheguei no dia das audições. Foi em um teatro.

Quando cheguei no palco, estava lá três jurados na plateia. Estava extremamente nervosa quando cheguei ali.

— Boa tarde!

— Boa tarde.

— Lisa Ishihida, certo?

— Sim.

— Lisa, por que quer participar da nossa competição?

Eu respirei fundo e os respondi:

— Porque eu quero me encontrar.

As audições foram um sucesso e eu passei de fase, comecei a cantar e cantar, me esforçar cada vez mais. Chegamos na grande final do programa e eu era uma das 3 finalistas.

Acostumada a sempre perder, esperei apenas o momento de entregarem o meu terceiro lugar, até o apresentador citar:

— E quem venceu o Music in London deste ano foi… LISA ISHIHIDA!

Só podia ser um sonho, certamente eu estava sonhando e precisava que alguém me beliscasse. O programa consistia em um prêmio de 100 mil dólares e um contrato com uma gravadora de prestígio.

Fui conquistando essas coisas, mas… Ainda faltava algo, eu sempre sentia que estava incompleta. Certo dia eu cheguei em casa e simplesmente apaguei. Quando percebi, estava dentro de um sonho.

Em um campo verdejante e florido. Já estava ali na esperança de encontrar a minha mãe novamente como aconteceu na falsa simulação. Vi de fato alguém se aproximando de mim naquele sonho e já virei o rosto para trás, sorrindo e dizendo:

— Mamã…

Mas não era a minha mãe.

— Oi, Lisa. Tudo bem?

— Cristhian! Cristhian, o que você tá fazendo aqui?

— Eu não achei justo você continuar, por mais não sei quantos anos, sofrendo desse jeito por minha causa.

— Eu… Eu…

— Eu entendo que a tua maior dor, Lisa. Foi não ter conseguido se despedir de mim como se despediu do teu pai, da tua mãe e dos nossos amigos. Por isso que talvez foi um pouco mais fácil para os outros do que pra você.

Lisa com os olhos cheios de lágrimas.

— Cristhian…

— Você ainda está usando a aliança?

— Sim… Nunca tirei desde então.

— Não precisa mais disso.

— Mas…

— Se você quiser seguir em frente na vida… Terá que se desprender definitivamente de mim. Eu quero que você seja feliz, Lisa. Que você encontre um homem que te ame da maneira que você merece. Que limpe essas feridas como um bálsamo e faça você esquecer toda a dor que você sentiu. O tempo de chorar já passou da hora de acabar, Lisa. Está na hora de se despedir e dizer adeus para sempre… À sua dor.

Lisa abraça Cristhian forte.

— Eu queria poder ter ficado mais tempo contigo, ter dito que te amo mais vezes. Mas agora eu tenho total certeza que eu te amo. E pode passar céus e terra, meu coração sempre vai chamar o teu nome.

Cristhian segura delicadamente o seu queixo, e a beija com ternura.

— Bem… Está na hora de partir. Agora você é livre, Lisa! Livre pra amar, ser amada… E ser feliz. Eu te amo!

— Adeus, Cristhian!

— Adeus, Lisa!

Cristhian desaparece em um clarão.

No quarto, vemos Lisa dormindo e ela dá um sorriso enquanto escorre uma lágrima.

Alguns dias depois, Lisa está no quarto se preparando para sair. Emily a chama no corredor.

— Mana, vamos!

— Já vou, Emily!

Lisa termina de se arrumar, ela percebe a aliança em seu dedo. Se lembra das palavras de Cristhian naquele sonho. Então ela tira a aliança e coloca novamente na caixinha e a deixa guardada dentro da gaveta.

Uma hora depois, Lisa e Emily estão no parque. O cabelo de Lisa está grande novamente e está usando um corta-vento preto a deixando muito mais elegante. É início de primavera, a grama está verdinha, está sol, mas ainda sim há um pouco daquele ventinho do inverno.

As duas estão ali admirando o ambiente.

— Ai, o dia tá lindo, não é, mana?

— Está sim, Emily. Está lindo!

Três garotas se aproximam de Lisa.

— Ai, meu Deus! Você é a Lisa Ishihida, né? A vencedora do Music in London?

— É… Sim.

As três gritam histéricas:

— Aaaaaaaaaaaaaahahhhh!!

— Ai, meu Deus, eu sou muito a tua fã.

— Você pode nos dar um autógrafo?

— Ai, gente! Quero uma selfie com ela, pelo amor.

Lisa dá autógrafos e tira fotos com as moças.

— Prontinho, meninas.

— Ai, que tudo! E o cd? Quando será lançado?

— No próximo mês. Quero vocês sendo as primeiras a adquirirem, hein?

— Ai, com certeza! Muito obrigada! Vamos, meninas?

As três se retiram, mas continuam a conversar.

— Ai, gente! Vocês viram? Ela é muito mais linda pessoalmente.

— Sim, uma diva!

— Louca pro lançamento do cd ela. Irei em todos os shows.

Emily sorri e diz:

— Olha… Minha irmã está famosa.

— Não começa, Emily. Por favor.

Um jovem rapaz loiro e belo passa por ali e oferece uma rosa vermelha à Lisa.

— Com licença, senhorita. Aceita essa rosa?

Lisa fica a princípio hesitante.

— Não se preocupe, é de graça.

Lisa apanha a rosa da mão do rapaz.

— Obrigada!

— E essa mocinha linda aqui? Você também quer uma rosa?

— Ah obrigada!

— Ela é sua filha?

— Ai, não! Por favor, ela é minha irmã, não sou tão velha assim.

— Desculpe, é que realmente vocês são muito parecidas. Perdão pela moléstia, eu acabei de me mudar pra Londres, sou escocês. Vou trabalhar vendendo rosas por enquanto até conseguir uma coisa fixa. Como vocês foram as primeiras de hoje, quis fazer por conta da casa. Bem, até logo!

Quando o rapaz está se retirando, Lisa o chama.

— Escuta! Você não tinha interesse em trabalhar em uma floricultura?

— Espera, sério?

— Sim, espera um momento. Este aqui é o meu cartão, tem aí o meu telefone, o endereço da floricultura, me ligue amanhã para agendarmos pra você ir lá fazer uma visita, o que acha?

— Nossa! Muito obrigado, senhorita! Muito obrigado de verdade. A propósito, me chamo Brad, Brad Dorson.

— Prazer em conhecê-lo, Brad. Eu me chamo Lisa e essa é a minha irmã Emily.

— Muito prazer em conhecê-las. Até logo!

Brad se retira. Lisa e Emily ficam observando.

— Ele é bonitão, mana!

— Por favor, Emily!

— Sabe… Acho que o Cristhian iria ficar feliz… Ao te ver feliz.

Lisa olha pra ela impressionada com suas palavras.

— Você acha isso?

— Sim… Sorria, mana! Volte a ser feliz!

 

Emily e eu olhamos para o céu e vimos aquelas nuvens brancas e o céu limpo. Eu passei um ano e meio sentindo tanta dor, tanto sofrimento, com feridas incuráveis e patamares inalcançáveis. Mas a fé que eu tinha, ainda que pequena, ressurgiu.

Eu sou grata por tudo, sou grata por ter vivido tudo isso. Grata a todos que estiveram comigo e me acompanharam durante toda a minha jornada. O meu adeus não será a vocês!

Será à velha Lisa.

A velha Lisa morreu,

Para que outra viesse ao seu lugar… Para dizer adeus à toda dor.

Meu coração bate forte, clama por amor, clama por paz… E mal sabia eu que a paz que eu tanto lutei para encontrar, estava aqui dentro de mim.

A todos, mais uma vez… Obrigada! E Deus abençoe vocês!


 

                                 FIM


 

 

 

 

 

 

 

Obrigado por esses 6 anos de jornada, família!

Serei eternamente grato a vocês. Forte abraço!

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  • Eu só tive um tempinho pra ler agora, mas eu só queria dizer: Melqui, obrigadaa por essa obra incrível. Com certeza voltarei para rever as temporadas.

    Sobre esse final, eu não esperava menos do que foi: tão eletrizante e tocante. Tão profundo, capaz de tocar a alma de quem lê. Eu chorei tanto, e a Lisa se tornou uma inspiração para a vida.

    Mais uma vez, obrigada por Vale Dícere. Ela sempre vai estar guardada no meu coração com uma das minhas histórias favoritas da vida e não só como uma história, mas como uma experiência incrível.

    Desejo a você todo o sucesso com suas próximas obras, Melqui. E que elas continuem smepre tocando a gente.
    Um abraço ​​

    • Ahhh Shay, essa tua mensagem aqueceu o meu coração, fico muito feliz por saber que a série não apenas te marcou narrativamente falando, como também fez parte de alguma forma da tua vida.

      Agradeço muito pelo carinho e nos vemos nas próximas histórias se Deus quiser. ☺️

  • Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

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