CENA 01. ALBUQUERQUE DRINK’S DISTRIBUTOR. FACHADA. EXT. MANHÃ.

Cecília, Valentina e Joyce chegam juntas, a pé, para tirar satisfação sobre as notícias falsas que andam espalhando. Marina e Bárbara começam a encarar as três, com raiva. Lorenzo, para evitar confusão, se afasta e entra no meio da multidão.

 

MARINA – Vocês ainda têm coragem de vir aqui? Vão matar quem mais agora?

 

CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO ANTERIOR.

 

CECÍLIA – Larga de ser cínica, Marina. Nós não matamos ninguém, não!

JOYCE – E nem teríamos coragem de sujar nossas mãos com pessoas da sua família!

VALENTINA – Exatamente. Mas se vocês estão pensando que vão jogar a culpa pra cima da gente, estão muito enganados!

MARINA – Vocês falaram, falaram, falaram e só me fizeram à conclusão de que foram vocês mesmas que mataram ele. Mas eu não estou falando de vocês que estavam no vídeo não, e sim de vocês três que estão aqui agora, na minha frente!

JOYCE – Marina, para de ser idiota. Para de ser fingida. Para de falar o que tu não sabe, pelo amor de Deus!

 

Vicente se aproxima das quatro.

 

VICENTE – Marina e Bárbara, podem ir, que com elas eu me resolvo.

 

Marina e Bárbara se afastam sem dizer nada, se sentido vencedoras. Vicente encara Cecília, Valentina e Joyce.

 

VICENTE – Vocês três e todos os outros que participaram daquele vídeo difamando a família Albuquerque precisarão comparecer à delegacia.

CECÍLIA – Mas isso é uma injustiça! A gente não matou ninguém!

VICENTE – Isso é o que vocês terão que provar para a polícia!

VALENTINA – Vamos, sim, porque nós temos a consciência limpa! Eu espero que o senhor esteja sabendo que a sua filha, a Larissa, também fez parte do vídeo com a gente. Depois pergunta pra ela quem está certo e quem está errado nessa história. Vamos, meninas!

 

Valentina, Cecília e Joyce saem juntas. Vicente fica pensativo.

 

VICENTE – É, Larissa… Agora você achou sarna pra se coçar…

 

CENA 02. CASA DE CRISTINA E ELIAS. SALA. INT. MANHÃ.

Elias está sentado no sofá, pensativo. Cristina vem da cozinha e se senta ao lado do esposo, preocupada.

 

CRISTINA – Ficou sabendo do Murilo?

ELIAS – Fiquei. Eu estava assistindo sobre isso no jornal agora mesmo.

CRISTINA – Pois é, mas tem uma coisa que eu acho que você ainda não sabe.

ELIAS – O quê?

CRISTINA – A Cecília, Elias. Por causa daquele vídeo que ela e aquelas amigas dela gravaram, elas terão que depor. E a nossa menina pode ser acusada de assassinato mais uma vez, injustamente.

ELIAS – Eu não tô acreditando nisso, Cristina. Mas a gente sabe que ela é inocente e dessa vez nós não vamos permitir que levem ela, não vamos.

CRISTINA – O máximo que a gente pode fazer é orar! Por que se você enfrentar a polícia, só vai resultar em dois nossos presos, só isso.

ELIAS – Eu sei… Mas Deus é bom e não vai permitir que nada de ruim aconteça com a gente.

CRISTINA – Amém… Que ele te ouça.

 

Cristina beija Elias e logo após o abraça. Ele continua pensativo, e ela começa a chorar, mas logo enxuga as lágrimas sem que ele veja.

 

CENA 03. ALBUQUERQUE DRINK’S DISTRIBUTOR. FACHADA. EXT. MANHÃ.

Alberto está saindo de dentro da empresa. Um repórter, sua assistente e um câmera se aproximam dele, em busca de uma entrevista.

 

REPÓRTER – Alberto, Alberto! O senhor pode nos dar uma entrevista sobre a morte do seu irmão?

ALBERTO – Ah, pelo amor de Deus… Outra entrevista? Só pode ser brincadeira, né? Se vocês querem saber sobre o defunto, vão entrevistar a alma dele e me deixam em paz!

 

Alberto sai irritado. O repórter e a assistente se olham, sem entender nada.

 

REPÓRTER – Por que ele ficou desse jeito? Parece até que se irritou porque a gente falou do irmão dele…

ASSISTENTE – Pelo visto ele não gostava do irmão.

 

Um clima de suspense fica no ar.

 

CENA 04. RIO DE JANEIRO. PLANOS GERAIS. EXT. MEIO DIA.

CAM AÉREA mostra a Praia de Leblon; em seguida corta para alguns prédios e logo depois mostra a fachada da casa de Cristina e Elias.

 

CENA 05. CASA DE CRISTINA E ELIAS. SALA. INT. MEIO DIA.

Cecília está sentada no sofá, pensativa. A moça demonstra preocupação. Cristina vem da cozinha, também preocupada, e se senta ao lado da filha. Cristina pega nas mãos de Cecília e começa a encarar a filha.

 

CRISTINA – Ô, filha… O que você fez pra merecer estar passando por essa situação de novo?

CECÍLIA – Nem eu sei, mãe.

CRISTINA – Escuta, Cecília. Quando você for depor, presta atenção no que você fala, filha. Você sabe que os Albuquerque te odeiam e que por qualquer deslize, qualquer coisa que você falar, eles vão distorcer tudo e vão usar como prova contra você. Eles te odeiam, filha, e os que eles mais querem é te ver na prisão.

CECÍLIA – Eu sei, mãe. Mas eu não vou dar, esse gostinho para eles não. Deus vai me ajudar a provar a minha inocência e de todas as minhas amigas também. E a senhora não precisa se preocupar, eu não vou falar nenhuma besteira. Dessa vez a justiça vai ser feita. Não sei como, mas vai!

 

Cecília abraça Cristina. As duas começam a chorar ao se lembrarem dos cinco anos que Cecília passou na prisão.

 

CENA 05. APARTAMENTO DE VALENTINA. SALA DE JANTAR. INT. MEIO DIA.

Otávio e Valentina estão sentados à mesa, almoçando. Valentina demonstra nervosismo, e o homem parece um pouco preocupado, indeciso. Depois de alguns segundos de silêncio, Otávio decide falar algo.

 

OTÁVIO – Eu preciso falar com você.

VALENTINA – Sobre o quê?

OTÁVIO – É… Não, deixa pra lá. Depois eu falo. Você vai depor hoje?

VALENTINA – Vou sim, agora à tarde. As meninas vão comigo também.

OTÁVIO – Escuta, Valentina. Nós acabamos de nos casar, e eu não quero que nada de ruim aconteça com você. Se afasta dessas suas amigas. É melhor pra você, é melhor pra nós.

VALENTINA – Bom, eu não sei qual é o problema que você tem com elas. Mas eu entrei nessa do vídeo com elas e não vou deixar elas sozinhas agora não. Inclusive a ideia do vídeo foi minha. Não tem como fugir.

OTÁVIO – Disso eu sei. Agora não dá pra errar e continuar insistindo no erro! Se afasta delas, amor. Assim você fica longe de problemas.

VALENTINA – Eu não sei qual a parte que você não entendeu do não vou abandonar elas! Não vou e pronto!

 

Otávio se levanta da mesa, com raiva, e começa a encarar Valentina.

 

OTÁVIO – Eu tô te avisando! Isso é bom não é pra mim, não! É pra você! Vê se me escuta pelo menos uma vez e faz a escolha certa, por favor!

 

Otávio sai irritado. Valentina fica preocupada ao deduzir que o esposo não mudou nada e que continua o mesmo “bruto” que era antes do casamento.

 

CENA 06. RIO DE JANEIRO. PLANOS GERAIS. EXT. TARDE.

CAM AÉREA mostra uma avenida lotada de carros, e em seguida corta para a fachada de uma delegacia.

 

CENA 07. DELEGACIA. INT. TARDE.

Joyce, Valentina, Cecília, Larissa, Juliana e Bryan estão sentados, esperando para depor. O delegado Vicente sai de dentro da sala de depoimento e se aproxima deles.

 

VICENTE – Quem vai ser o primeiro?

JOYCE – Eu vou, Vicente.

VICENTE – Me acompanhe.

 

Joyce se levanta e acompanha Vicente. Os outros ficam apreensivos. CAM foca no rosto de Cecília, que está muito preocupada, prestes a chorar.

 

CENA 08. DELEGACIA. SALA DE DEPOIMENTO. INT. TARDE.

INSTRUMENTAL: Suspense.

Na sala estão presentes Vicente, Joyce e o escrivão, que digita no computador tudo o que Joyce fala. A mulher já está pela metade de seu depoimento.

 

JOYCE – A gente não tem nada a ver com a morte do Murilo. Eu me separei do Alberto esses dias, mas o Murilo sempre foi uma pessoa gentil comigo. Eu sempre gostei muito dele.

 

Joyce continua depondo em FADE. O delegado Vicente analisa bem o que é dito pela mulher.

 

CENA 09. PARQUE. EXT. TARDE.

INSTRUMENTAL OFF.

Cristina e Pamela estão andando pelo parque. As duas demonstram estar preocupadas. Após acharem um banco embaixo da sombra de uma árvore, elas se sentam e começam a conversar.

 

CRISTINA – Estou tão preocupada com as nossas filhas, Pamela.

PAMELA – Nem me fala, Cris. Por que elas foram inventar de fazer aquela porcaria de vídeo?

CRISTINA – Pois é. Mas agora não dá para fazer mais nada. O que nos resta é orar para que dê tudo certo.

 

INSTRUMENTAL: Triste.

Cristina e Pamela pegam as mãos, fecham os olhos e começam a orar em silêncio.

 

CENA 10. DELEGACIA. SALA DE DEPOIMENTO. INT. TARDE.

INSTRUMENTAL CONTÍNUO.

Cecília, Vicente e outro funcionário estão dentro da sala. Ela é a última a depor. Enquanto depõe, Cecília começa a chorar.

 

CECÍLIA – Eu fui acusada de matar o Henrique, pai do Murilo. Por esse crime que eu não cometi, eu passei cinco anos na prisão. Foram os piores cinco anos da minha vida. Até hoje eu não entendo por que eles resolveram me acusar, mas me acusaram. Mas eu não vou passar por isso novamente. Eu não matei o Murilo. Eu sou humana, uma pessoa do bem. Eu não tenho coragem de matar ninguém, não.

 

Cecília continua depondo em FADE.

 

CENA 11. RIO DE JANEIRO. PLANOS GERAIS. EXT. NOITE.

INSTRUMENTAL OFF.

CAM AÉREA mostra a Praia da Barra. Em seguida corta para a fachada da Mansão Albuquerque.

 

CENA 12. MANSÃO ALBUQUERQUE. SALA. INT. NOITE.

INSTRUMENTAL: Velório.

Apenas Marina, Lorenzo, Bárbara e Alberto estão presentes na sala. Está acontecendo o velório de Murilo. Marina, Lorenzo e Bárbara estão próximos do caixão, todos tristes e chorando. Alberto está sentado no sofá, fingindo estar triste, mas, no fundo, está feliz com a morte do irmão.

INSTRUMENTAL OFF.

 

CENA 13. CASA DE CRISTINA E ELIAS. SALA. INT. NOITE.

Cecília está sentada no sofá, pensativa. Cristina sai do quarto e se senta ao lado de Cecília.

 

CRISTINA – Eu nem vi você chegando…

CECÍLIA – É, já faz um tempinho mesmo.

CRISTINA – E como foi na delegacia?

CECÍLIA – Foi horrível, mãe. Eu tenho muito medo de ser presa novamente.

CRISTINA – Isso não vai acontecer, filha. Deus é bom e justo. Ele não vai deixar que essa injustiça aconteça novamente, não vai.

 

Cristina abraça Cecília, que começa a chorar desesperadamente.

 

CENA 14. APARTAMENTO DE VALENTINA. SUÍTE DE VALENTINA E OTÁVIO. INT. NOITE.

Otávio está sentado na cama, pensativo. Valentina sai do banheiro, apenas de camisola, e se senta na cama. Os dois estão virados de costas um para o outro.

 

VALENTINA – A gente pode conversar?

OTÁVIO – Não, Valentina. Não! Eu não tenho motivo pra conversar com você agora! Boa noite!

 

Otávio se deita e se cobre com o cobertor. Em seguida Valentina também se deita. Os dois continuam virados de costas um para o outro. Ambos pensativos, sem conseguir dormir. Valentina começa a chorar silenciosamente. Otávio começa a lembrar da cena que presenciou.

 

CENA 14. CASA DE THAMIRES. SALA. INT. NOITE.

Thamires está sentada no sofá, preocupada. Clarisse entra em casa. Ao ver a mãe, se senta ao lado dela.

 

THAMIRES – Finalmente, Clarisse! Eu pensei que você não fosse vir me dá informações!

CLARISSE – Já estou aqui, mãe. Pode ficar tranquila!

THAMIRES – Como que eu vou ficar tranquila com você se envolvendo naquela porcaria de vídeo?

CLARISSE – Mãe, não se preocupa. Vai dar tudo certo. A justiça vai ser feita.

 

Clarisse abraça Thamires, que está nervosa.

 

CENA 15. CEMITÉRIO. EXT. NOITE.

SONOPLASTIA: Vento.

Murilo acaba de ser enterrado. Marina, Lorenzo, Bárbara e Alberto estão próximos do caixão. Está ventando muito. Sem que os outros percebam, Alberto sai das proximidades do caixão e começa a andar rumo a saída do cemitério. Ele segue caminhando, e quando está quase saindo, para. Alberto sente um frio na barriga, um nervosismo. O homem se recupera e sai do cemitério. A CAM aproxima-se lentamente de um túmulo, revelado o nome e a foto de Henrique Albuquerque.

SONOPLASTIA OFF.

 

CENA 16. CASA DE EMANUEL. SALA. INT. NOITE.

Emanuel e Sandra estão sentados no sofá, assistindo televisão. Juliana chega em casa. Emanuel e Sandra se levantam, apreensivos.

 

SANDRA – Como foi lá, minha filha?

JULIANA – Foi bem chato, mãe. Eu nunca tinha ido numa delegacia pra algo assim. Foi horrível.

EMANUEL – Conta logo tudo pra gente, Juliana.

 

Os três se sentam, e Juliana começa a contar como foi na delegacia, em FADE.

 

CENA 17. RIO DE JANEIRO. PLANOS GERAIS. EXT. MANHÃ.

Amanhece. Logo após mostrar uma rua de bairro simples, a CAM corta para a fachada da casa de Cristina e Elias.

 

CENA 18. CASA DE CRISTINA E ELIAS. SALA. INT. MANHÃ.

Cecília está sentada no sofá, mexendo em seu celular. A campainha toca, e a moça se levanta para atender. Cristina aparece ao fundo, perto da cozinha. Cecília abre a porta, e um policial entra.

 

POLICIAL – Cecília?

CECÍLIA (nervosa) – Sim, sou eu mesma.

POLICIAL – A senhora pode me acompanhar até a delegacia?

CECÍLIA – Pra quê?

POLICIAL – O delegado quer ouvir a senhorita novamente.

CECÍLIA – Tá bom, eu vou sim.

 

Cristina acompanha o policial, fecha a porta. CAM aproxima-se de Cristina, ao fundo. Ela está encostada na parede, angustiada.

 

CENA 19. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. MANHÃ.

Vicente está sentado em sua mesa. A frente dele estão duas pessoas, um homem e uma mulher, que não revelam a identidade. Um policial entra na sala, acompanhado de Cecília. As duas pessoas se viram na direção de Cecília, revelando a identidade: são Marina e Alberto. Os dois encaram Cecília profundamente.

Imagem congela na personagem Cecília.

 

FIM DO CAPÍTULO.

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