Capítulo 13

Passando-se alguns meses, Jin percebeu que não tinha como mais manter seus funcionários. Era chegada a hora de dispensá-los.

― Eu não posso mais os pagar. Estão todos dispensados. O governo não está mandando mais verbas suficientes para nosso orfanato e desconfio que sua intenção é de fechar o prédio a qualquer momento. ― dizia enquanto sua voz era carregada de profunda tristeza e desespero. As lágrimas insistiam em escorrer, ela tentava segurar a todo custo, porém, era vencida pelo o seu próprio corpo.

― Como assim, Jin-san?! É ele, não é?! ― Tohori perguntou com voz alterada.

― Não! Ele é só um capacho do governador! Ele ficará aqui até tudo acabar. Até nosso orfanato for profanado pelo o governo Masuzoe!

― Então ele tem culpa disto! Ele acabou com nossos empregos!

― O senhor Danilo não acabou com o emprego de ninguém. Soube de uma informação agora que foi me passada, que os senhores foram transferidos para o orfanato mais próximo daqui que fica a uns dez quilômetros para o interior de Tóquio. Eu não fui transferida e nem tive minha aposentadoria de invalidez pelo o meu filho sequer aprovado pelo a desgraça do governo Masuzoe! E quanto ao senhor Danilo, ele ficará pouco tempo aqui entre nós. Breve ele voltará ao esgoto do seu país metido.

― E quanto a mim, senhor Jinoyama? ― Hiro perguntou acerca dela e de Saki também.

― As duas vão trabalhar junto deles no mesmo orfanato. São ordens do governo e elas devem ser cumpridas.

― Não! Não podemos aceitar isso de mãos veladas! ― Saki gritou já com lágrimas escorrendo por seu rosto.

― Fazer o quê, Saki?! Eu não posso mais pagá-los, o governo vai fechar este prédio…. ― gaguejou em sua resposta trêmula. ―…. eu não tenho para onde ir! Nem tenho para onde ficar com o meu filho deficiente! Vocês têm o emprego garantido, eu não. Não sei o que vou fazer daqui há dois meses… ― Jin começou a chorar copiosamente, Hiro e Saki foram consolá-la.

Ali começava a queda de uma mulher e o começo de uma aposta terrível, já encerrada e esquecida por ambas as partes, surgindo tomando conta de tudo.

― O governo deu dois dias para vocês recolherem todos os seus pertences daqui e levarem ao outro edifício…. ― falou ainda com a voz embargada, porém sendo acalentada pelas as duas mulheres.

― Eu ficarei aqui. ― Saki a respondeu logo em seguida interrompendo sua fala.

― Vá. Não desobedeça às ordens do governo. Ficarei aqui até quando dar. Darei meu jeito de sobreviver.

― Mas como?! A senhora não é funcionária pública igual a nós?! ― Tohori a perguntou perplexo.

― Infelizmente não. Sou uma civil vinda de um sítio grávida, que perdeu sua filha quando estavam em trabalho de parto. Não sou ninguém aos olhos daquele homem, meus caros funcionários. Sou apenas uma mulher abjeta diante dele e de vocês.

*****

Quarto de Rômulo

 

― Como assim não podem me ajudar a advogar nesta causa?! E os ministros? Não vão pautar isto?! ― Rômulo perguntava alto ao telefone com uma autoridade judiciária no Brasil.

― A OAB os proibiu e os ministros querem tudo esclarecido antes de se posicionarem para trabalhar a favor de Pedro. Eles são desconfiados e querem tudo claro aos seus olhos. Os homens dão uma de honestos, mas uma hora terão que pedir para darem logo as explicações, documentos e saberem da história antes do pessoal da PF e o ministro da Relações exteriores.

― Pois então… vou enviar um pedido em sigilo aos magistrados do supremo para eles analisarem a situação do Pedro e pedir sua extradição ao governo japonês imediatamente. Isso é o que posso fazer para você neste exato momento.

― Pois faça. Será de grande valia isto que me fará.

― Sim, farei tudo o possível. Entrarei em contato ainda hoje com o embaixador do Japão aqui no Brasil para tomarmos as devidas providências.

― Sim. Se possível for, conseguir que tudo seja mantido em sigilo, longe do foco da mídia jornalística e o embaixador manter em segredo a extradição de Pedro, faça.

― Ok. Agora irei desligar.

A chamada encerrou-se e Rômulo foi logo tratando de desenrolar as conversas entre a justiça japonesa, logo depois estudando como faria para recuperar os documentos de seu cliente.

*****

Apartamento de Satoshi

 

― Eu não posso mais, Procurador Takeo. Só lhe peço para que continue com a denúncia e o ajudarei a ser um dos ministros-juízes daqui de Tóquio. Só peço para que encerremos o que houve entre nós durante estes meses que se passaram. 

― Não podemos parar com o nosso amor, querido Satoshi-chan.

― Não me chame de modo carinhoso. Eu quero e vou encerrar nossos encontros sexuais. Acabou. O senhor vai continuar com esta denúncia….

― Ou…?

― Vazarei imagens de todas as nossas relações sexuais que tivemos ao longo destes meses para toda a mídia japonesa.

― Como…? Como assim? Você nos gravou enquanto nós nos relacionávamos?!

― Sim. Eu sabia que ia chegar este dia e eu teria uma garantia para que tudo acabasse entre nós dois. Faça esta denúncia andar o mais rápido que puder. Não quero lhe deixar constrangido com o vídeo rolando solto pela a internet.

― Você está me ameaçando de expor um vídeo íntimo meu?!

― Nosso. ― complementou. ― Acaba por aqui os nossos encontros. As denúncias estão devidamente encaminhadas. Agora eu vou cuidar da minha vida.

― Nós vamos continuar nossos encontros sim.

― Não vamos. Chega.

― Posso incriminá-lo por receptar provas ilegais contra o governador Masuzoe e você sair preso daqui.

― Faça isto, Takeo. Todos irão adorá-lo ouvir e vê-lo debaixo de mim. Será um escândalo épico. Não duvide de minha capacidade, Takeo. Ou acaba por aqui nosso joguinho de encontros eróticos, ou isso acabará quando o senhor for afastado de suas funções, sua família ter vergonha de um homossexual travestido de heterossexual que teve um caso extraconjugal com o filho homossexual do governador de Tóquio. Sua imagem ser queimada de várias maneiras, seus negócios irem por água abaixo enquanto você tudo desmoronar sem fazer nada, porque não aceita um Não como resposta. Por favor, senhor Procurador-geral Takeo, faça o que eu digo e não me obrigue a fazê-lo passar por isso. Mesmo não merecendo, tenho dó de seus filhos junto de sua esposa. Eles não merecem você como “homem da família”. Então, pegue suas coisas e vá embora. Ao passar daquela porta, tenha em mente em continuar nosso plano e esquecer-me. ― foi firme em suas palavras mantendo um silêncio aterrador no ar segundos depois de fechar a boca.

Takeo levantou-se, juntou suas coisas, arrumou-se e foi embora.

Satoshi rapidamente se levanta, tranca a porta e logo cai em prantos. Finalmente conseguiu tudo o que queria. Agora faltava uma coisa: Rômulo em sua vida.

Não pode negar que aquele homem o marcou intensamente. Sua pele sabia muito disto. Sentou-se no sofá, abraçou-se as pernas, chorando por longas horas até cansar-se e dormir no móvel.

Depois de acordar, viu que estava anoitecendo, tratou de levantar-se, ir se banhar, depois vestiu-se, pegou um malote e foi enviá-lo a esposa de Takeo. Endereçou, pagou e enviou.

Parecia pressentir o que ia acontecer, porque foi logo deixando alguns procuradores de dentro do prédio onde Takeo trabalhava, para soltarem anonimamente os vídeos do encontro dos dois na internet se caso ele fosse preso a mando do Procurador.

Apressou em chegar logo em casa.

Sua cabeça e seu coração dizia para ele pegar suas coisas e fugir para fora do país. E também dizia para avisar a Rômulo que o esperaria no Brasil até ele voltar com Pedro.

Esqueceu da parte de Pedro. Mas seria preciso fazer isso. Sua vida estava em risco. Era interesses escusos de seu pai e de todas as autoridades do executivo o poder e influência da capital Tóquio.

Chegou logo em seu apartamento, entrou correndo e foi logo ao seu quarto fazer suas malas. Precisava sair dali. Não podia confiar em Takeo que ia deixar barato o abandono de Satoshi dos encontros extraconjugais no apartamento no filho do governador. Arrumou suas malas, pegou-as e foi saindo apressado do apartamento, o trancando e quando foi ao elevador, viu que ele abriu suas portas de metais e congelou ao ver quem estavam presentes no local.

Eram os policiais do governo.

Eles saíram, pegou seus braços e o seu voz de prisão.

********

Procuradoria-geral do governo federal de Tóquio.

— Aquele moleque desgraçado irá pagar por me ameaçar! — Takeo socou fortemente a mesa, quando, de repente, a porta de sua sala é aberta. Ele deixa entrar e uma mulher com um tablet na mão estava com uma expressão de medo e nervosismo. Ela estava mais pálida e constrangida com o que sabe. — Vai ficar aí assustada ou vai falar logo o que é?!

Com suas mãos tremendo, ela entrega o trabalho nas mãos e a visão do homem logo foca na tela do tablet e vê o vídeo dele nu com Satoshi em cima de uma cama. Ele dá o play e vê que o jovem não mentia de ter gravado um vídeo íntimo dos dois. 

Satoshi realmente cumpriu com sua palavra de colocar nas redes sociais o vídeo íntimo dos dois. Em sua mente veio logo sua esposa e filhos. Certeza que ela já sabia do vídeo.

Então, veio logo em sua cabeça a imaturidade e decisões apressadas, sem pensar duas vezes ou mais. Decisões precipitadas é o certo a se dizer.

Passou o dia todo trancado em sua sala e não recebeu ninguém. Ao final de seu turno recebeu a carta oficial da família imperial, o governo de Tóquio relatando do afastamento de seu cargo e da imediata substituição por um procurador do mesmo local onde Takeo trabalhava.

Seu mundo despedaçou. Quebrou.

Uma imagem queimada. Sem emprego. Sua verdadeira orientação sexual revelada ao mundo todo. Por fim, antes de ir embora, escolheu um procurador para substituir ele. Porém, o homem logo foi afastado de suas funções não sabia que seu sucessor foi o responsável pelo o vazamento do vídeo íntimo.

Saiu pelas as portas dos fundos do prédio evitando os jornalistas, pegou o carro e foi na floresta do suicídio. Parou o carro em frente a floresta, pegou a corda que estava guardada em seu veículo, saiu, deixou o veículo aberto e foi adentrando a floresta.

Escolheu uma das Árvores, amarrou a corda num galho alto e fez a forca.

Pôs sua cabeça dentro da forca, logo veio as imagens em sua mente das noites quentes com Satoshi, de sua família, de seus filhos, de seus negócios, de seus desejos eróticos mais profanos.

E então se jogou…. O corpo foi se debatendo…. O oxigênio faltando.

Depois de minutos de extrema agonia, enfim, Takeo morre.

Covarde, escolheu a morte para fugir de sua completa humilhação.

Quando a notícia se espalhou de que o filho do governador Masuzoe teve um caso extraconjugal com o procuradoria-geral Takeo, sobrou até para o pai do jovem. O homem veio pessoalmente na prisão preventiva temporária no prédio da justiça federal de Tóquio para ver seu filho e o xingar, amaldiçoar por ser um “Danificado”.

— Está feliz, Shika (01)!? — o homem berrava enquanto o jovem estava encolhido ao canto de sua cela longe da figura paterna envolto de uma orda de ódio.

— Muito mais que o senhor imagina.

— Eu tenho Vergonha de um dia eu ter sido seu pai biológico, de você ter saído de sua mãe.

— Eu que deveria ter vergonha de você, Masuzoe.

— Está me ameaçando?

— Como assim? Só estou avisando que eu deveria ter vergonha de você e não de ser quem sou. Prefiro mil vezes estar aqui dentro, do que estar próximo a ti e ser uma pessoa idiota, desprezível e rançosa. Eu queria e quero muito de ter o grande prazer de sua ausência, por favor. — deu às costas a seu pai e logo ouviu as reclamações.

— Por você fez aquilo?! O certo é homem e mulher! Não dois homens! Eu não criei meu filho macho para ser uma menininha de outro homem na cama!

— Prefiro um homem que me satisfaça, do que viver realmente escondido e aproveitar a vida adoidado escondido. Tudo que está coberto, será descoberto, pai….

— O que você quis dizer com isto, Shika?!

— Em breve saberá e entenderá. — lhe respondeu virando-se para o outro lado e abraçando-se a si mesma respirando fundo e controlando-se para não chorar.

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