HERÓI DA VIDA REAL
Por Ana Carolina Tavares
Eu Tive O Tempo Da Minha Vida
– (I’ve Had) The Time Of My Life –
Era uma noite do pijama da escolinha. Quando ele me levou lá, eu nem imaginei como seria. Acho que gostei, não me recordo ao certo. Só que eu dormi no chão entre várias crianças: uma era minha amiga e a outra pessoa nem sei quem era. Pula a cena. Na saída teve Nescau. Hummm. Porque eu deveria me recordar disso, não sei. Foram muitas novidades, mas nem me lembro direito e isso me entristece.
Talvez seja a minha primeira memória dele. Eu já não sei. Estou absorta em minhas memórias, elas estão no fundo de um baú bem fechado, talvez a sete chaves, quem sabe. A briga para recuperá-las é grande. Só eu sei o quanto eu tento, toda noite antes de dormir, reviver algum momento. Talvez seja por isso que não gosto de dormir à noite. Ter que ficar pensando já me gera ansiedade.
Mas relembrar onde morei, por exemplo, é interessante. Reviver as casas que passei, eu já gosto, só não há avanços. O progresso não acontece. Eu esperava ativar as memórias, porém o que vejo são apenas os cômodos vazios.
Tire meu fôlego
– Take My Breath Away –
Havia um tempo em que desfrutávamos da natureza na chácara e eu me recordo de alguns espaços. Lembro-me também do tucano, das araras e do Astor. Um rottweiler que chegou mansinho, mansinho. Na escadaria que dava para o balanço, ofereceu-me a ração para que desse ao cachorro. E o medo? Só eu tinha né, afinal o herói não sente medo algum.
Era um filhote e ele dizia que tudo bem. Coitado daquele cachorro, acabou virando um perigoso animal devido a vida que teve. Mas nunca foi culpa do nosso herói. Não. Ele jamais faria mal para uma abelha. Só que por infortúnio da vida, ele não teve todo o amor residindo ali, pois o herói não vivia ali.
O filhote amoroso se tornou então um animal grande e perverso. Astor foi um dos cachorros que passaram por sua vida. Esse cara gostava de uma raça intensa. O herói teve outros dois dessa raça, acredita? O Matosão, cuidava de seu ambiente de trabalho. E ainda um membro na família: a Elka. É, ele gostava muito de animais… Pena não poder conhecer os próximos que chegariam em nossas vidas após os anos 2000.
Luz das Estrelas
– Theme From Xanadu –
No chuveiro, a água escorre por minha face. Era um dia estranho e muito ruim. Dia péssimo, na verdade. Sentindo-me muito sozinha, o choro brota facilmente.
Que venha a noite: mais um dia e tudo ficará bem.
Ao amanhecer daquele final de semana, tudo corria normalmente. Eis que lá pela tarde de sábado, estávamos (eu e algumas meninas) na cozinha espaçosa da pensão. Uma de minhas colegas de casa me lança a pergunta mais direta e improvável:
– Seu avô tinha bigode?
Oi? Acho que todas ficaram atônitas. Estava eu e mais uma ou duas, não me recordo.
MAS O QUÊ? Foi um questionamento tão assim… DO NADA.
É, pois é. Ainda não caiu a ficha pra você? Imagina pra mim. Eu respondo que sim. Detalhe que ela nunca tinha conhecido ele, que falecera em 1999 – estávamos no ano de 2013 –, como também nunca mencionei nada sobre ele ou sua aparência. Fica claro pra você o que acabara de ocorrer? Pra mim fez muito sentido…
Para sempre e esta noite
– Forever And Tonight –
No escritório havia um quadro de gato azul. E eu acredito que as minhas memórias já se foram há um tempo. Os sonhos estão sendo seus substitutos, e esse gato já apareceu muitas vezes.
O que há de complexo no mundo dos sonhos a gente nem tem o que discutir. Enquanto estou a escrever aqui, tem alguém sonhando; enquanto eu estiver sonhando, terá alguém lendo isso aqui.
Contudo, o que sei a respeito do complexo universo do sonhar é que nos permite revisitar nossas memórias. Só não sei o que é real, o que é memória, o que é sonho. Tudo se mistura, tudo está interligado. Se é ruim, não cabe a mim dizer. Em minha defesa, isso me aproxima muito mais daquilo que busco alcançar. Se um dia há de chegar o momento, cuja epifania me revele tudo que quero, já não posso afirmar com certeza.
O eixo acima dos ombros
– Axel F. –
Quando sonho com os lugares que morei, são memórias reais ou fruto apenas desses sonhos? Como saberei se meus sonhos não se tornaram minhas mais novas memórias? Qual o limite de sonho e memória?
Revivo os espaços pelos sonhos, é o único jeito de acessar memórias tão enraizadas no mais íntimo do meu ser. Mesmo que não recorde deles, é uma opção de sentir algo, uma emoção que seja.
As luzes vivas do dia
– The Living Daylights –
Lá na chácara tinha uma piscina. Com uma bóia de tartaruga a diversão estava garantida. Se eu ficasse ali, de boa, apenas curtindo… Mas não. Minha mãe teve que furar a bóia. Não, na verdade nem furou, só tinha murchado. Só que eu não tive paciência de esperar para saber.
Ah, a impaciência… me acompanhando desde sempre com a fiscalização geral. Fui contar para nosso herói o ocorrido e nem deu tempo se quer de abrir a boca. Ao subir a longa escadaria que daria para os aposentos, escorreguei de um jeito que por pouco não morro ali mesmo. E nem sequer fiquei com sequelas – não que eu saiba.
A queda da escada foi tão absurda que eu consegui bater a cabeça na quina, foi um acidente quase que mortal. Poderia realmente ser fatal. Nunca duvidei disso. Eu juro que não sei como eu sobrevivi sem maiores danos.
Eu me lembro de sentir um forte enjôo. Fui levada ao hospital e o enjôo me acompanhou. Lembro da sensação de estar enjoada e também de cheiro de sabonete. Foi por Deus que nada de ruim aconteceu. Por isso, cuidado, muito cuidado quando quiserem fofocar algo para alguém assim que sair da piscina; ou quando simplesmente você saiu dela com o intuito de fofocar, o que é pior.
Deuses do Luar
– Theme From Moonlightning –
Aviões. Esse era outro ponto de conexão. Não sei se ele gostava de verdade ou o fazia por mim. Mas que hoje em dia é importante, ah, é sim. Eu tinha dois aviõezinhos em miniatura, mais ou menos do tamanho das minhas mãos hoje. Vivo questionando minha mãe do por que se desfazer disso.
Eu queria muito meus aviões! Eram réplicas miniaturas da Lufthansa. Queria também meus carrinhos. Sim, eu tinha vários carrinhos de brinquedo. E não eram esses hot wheels aí não. Eram bem diferentes uns dos outros: tinha ambulância, tinha o verde com branco, tinha um tantão que infelizmente não me recordo.
Acho que o fato de ser uma órfã de irmã gêmea me possibilitou muita coisa e eu recebi em dobro. Não só o que era de menina, mas de menino também. Pois naquela época era mais dividido entre gêneros. Até hoje ainda tem “as coisas de meninos” e “as coisas de meninas”. Mas cá pra nós, uma criança não se importa com nada disso. Ela só quer saber de brincar. Ela só quer se divertir muito na sua brincadeira. Os simbolismos ela deixa pra quando crescer.
Eu já freqüentei o aeroporto na infância para vislumbrar os aviões chegando e partindo. Mas recentemente, quando pude estar próxima da pista do aeroporto que eu tive a oportunidade de vê-lo aterrissando em cima da minha cabeça… foi nesse exato momento que eu pude ouvir a turbina daquele gigante dos céus…! Cara.. Que emoção! Mas talvez seja só pra mim essa sensação, assim como pode ter sido para ele um dia.
Aviões são gigantes criados pelo homem para atravessarem os mares e oceanos, encurtando distâncias como deuses do ar.
Doce liberdade
– Sweet Freedom –
Teve o episódio da bicicleta, sabe. Afinal, quer mais liberdade que o vento soprando nos cabelos enquanto se pedala sem rumo?
Cabelos ao vento ou não, um rumo eu tinha: sentar na minha cadeirinha cinza com detalhes verdes com a única condição de que o herói me guiasse aonde quer que ele fosse.
Todavia, se não fosse por um detalhe infeliz, aquele dia poderia ter sido esquecido: meu pé ficou preso quando eu estava na cadeirinha. Ainda não entendo bem o que aconteceu. Só sei que quando enrosquei meu pé ele fez massagem com suas mãos fortes.
Se fosse mais um belo e bom dia já teria sido apagado da mente. Por que só guardamos as coisas ruins? É sempre o lado ruim da coisa, as tristezas e dores, sempre o negativo. A mente prega peças e sabemos. Também sabemos que não vivemos só de belas memórias, mas então se temos as boas memórias, porque elas quase sempre são ofuscadas pelas quais queremos esquecer?
Ode ao Amadeus
– Ode to Amadeus –
Vamos fazer uma ode ao Amadeus. Esse é o momento: aqui e agora, para desfrutar do não desfrutado. Amadeus é aquele que ama a Deus, então vamos amar mais, criar, desenhar, pintar, dançar, cantar, tocar, enfim, fazer arte.
Na casa grande havia um piano e um órgão. O piano permaneceu por um longo tempo em posse da matriarca da família. Já o órgão, não teve o igual (feliz) destino. Ele foi vendido bem antes.
Apesar disso, tenho resquícios um tanto quanto vagos – mas que acredito serem reais – do tal órgão. Pena não ter utilizado tanto. Não que o piano eu tenha utilizado muito, tá. Mas eu sei tocar o “bife” (a música do danoninho). Não é muita coisa, mas eu tocava em quatro mãos – aí já soa mais chique né –, e nada mais era que tocá-lo enquanto minha mãe ou avó tocavam a melodia em conjunto. É tão bonito de se ouvir.
Há algum tempo tentei aprender no piano elétrico algumas coisinhas, mas depois que me mudei nunca mais tive oportunidade. Quem sabe o gene de família não esteja adormecido e por fim, desperte, tão lindamente quanto à ode ao Amadeus deve ser.
Mas pensa só naquele tempo bom de muito piano e órgão: quanta arte foi feita ali, não? Mil e uma melodias, com partituras extensas e dificílimas. Quanto tocar para ser bom o bastante? Quanto treino e quanta prática foram necessários para que estivesse perfeito? A perfeição era para si ou para alguém? Será que houve aproveitamento real de toda aquela imersão musical?
A ode ainda está de pé? Podemos compô-la quando quisermos ou deveríamos ter a inspiração como a essencial fagulha?
Tó Cosby ou Bill Show?
– Theme From The Bill Cosby Show –
Se o nosso herói era fã do Bill Cosby eu não sei, mas ele poderia ter seu próprio show. Não foi possível, no entanto, criar um para ele. Justamente por isso que temos essas breves passagens, a fim de que sua vida não seja em vão e ele seja lembrado.
Todos nós merecemos ao menos uma singela homenagem. De preferência em vida, mas se não for possível, após sua partida. Da onde quer que esteja, nosso herói será sempre lembrado.
Em direção às Estrelas
– Theme From E.T. –
Um jipe. Daqueles motorizados. Cabia tanta gente: dois “serumaninhos”. Mas atrás tinha um local específico para levar coisas. Incluía a opção “ré”, como também uma velocidade superior! Além de ir e vir, o motorista do brinquedo poderia ir em alta velocidade. O final da década de 90 poderia ser bem alucinante.
Realmente o final da década de 90 poderia ser bem interessante. Eu já tinha um automóvel! Mesmo que de brinquedo. Naquele tamanho, para um pingo de gente poderia ser qualquer coisa maior que eu. E na minha imaginação era um transporte de verdade. Quando meu irmão herdou a moto, eu tinha o jipe. A moto veio depois, ele já estava grandinho. Eram os anos 2000.
No entanto, em se tratando do último ano antes dos anos 2000, nem somente de coisas boas poderíamos nos recordar daquela época. O final da década de 90 poderia ser bem emocionante e feliz, mas o que conseguimos foi um 1999 bem triste.
Quando as coisas ficam difíceis
– When The Going Gets Tough –
Tudo que sou hoje devo a ele, porque o que possuo foi graças a ele. Eu tinha 7 anos quando partiu. Sua partida mexeu com muitos, cada um de um jeito. A maioria não se importou verdadeiramente. Parecia uma cena… sabe aquelas cenas de filme que o herói não é reconhecido até sua morte?
Foi assim com nosso herói. O sofrimento veio e foi brutal. Família sentiu. Os mais chegados então, claro que sim. Porque alguns eram pura falsidade. Mas nosso herói já havia partido e não tinha mais o que pensar. Acabou. Só não poderíamos prever tal fatalidade, então se não foi previsto, o choque foi grande. Intenso. Devastador.
Se soubéssemos de todas as respostas, saberíamos que mais coisas terríveis estariam por vir. Mas como não sabíamos… só nos restava aguardar. E as coisas pioram e pioram, até quase não ter saída. Sua memória estava sempre presente, queriam entender o que você pensava, o que você sentiu, o que você fez.
Passada a tormenta, os problemas foram cessando. Mas sua memória sempre presente. Após mais de vinte anos, muita coisa aconteceu. Com certeza esse baque fortaleceu a todos nós, de uma forma ou de outra, tivemos que amadurecer. Esse crescimento não foi natural. Foi de longe a coisa mais difícil para algumas pessoas queridas. Totalmente inesperado, eu ainda era criança e a gente não percebe certas coisas.
Sinceramente, eu bloqueei praticamente toda a minha infância. Bloqueei tudo relativo aos meus anos iniciais. Esse esforço que faço nessas linhas é para me confortar, relembrar e mostrar ao mundo quem você foi. Mesmo que incompletas, minhas memórias existiram algum dia e elas apenas estão adormecidas – espero. Quem sabe até o fim dessas linhas, não consigo uma epifania?
Tivemos bons momentos, só vale lembrar que por apenas sete anos. Querendo ou não, foi bem pouco. Pouco tempo para te conhecer, para te amar. Tivemos um tempo curto juntos nessa vida, mas sabemos que não rompeu-se ali.
Perene
– Evergreen –
Sabia que eu tenho um livro? Um livro que vai meu nome. Sou quase que a protagonista, ajudando a Bela com a Fera. Pois é. Por coincidência de um primo, o meu amigo na história tem o nome do meu irmão. A terceira criança tem o nome de uma amiga minha da época – que eu não sei se lembro, mas minha mãe disse que foi assim.
Posso não escrever livros e sem uma escritora, mas tenho um livro. Uma grata lembrança, uma homenagem. Da capa laranja, a história se repete. A Bela precisa de ajuda e sou eu a salvadora. Quanta honra!
Tema da visão para matar
– Theme A View to A Kill –
Dançando ao som de Duran Duran, quem diria. Alguns anos depois ouviria muito e sem saber. Até 20 anos depois, encontrar a fita cassete que mudaria tudo. Se não fossem as fitas cassetes, não teriam tantas lembranças. E eu não conseguiria encontrar a resposta mais esperada de todas: London.
Por mais que a visão para matar seja um tanto agressivo, saiba que é apenas uma música para nós. É o Bond que vai realizar toda a ação. Sabe aquele James. Isso é com ele. E foi o Duran Duran que embalou o longa e o London trouxe sua versão em uma perfeita execução.
Foi exatamente essa canção que tocou quando a criança estava doente e você embalou esse bebê. O registro está em uma fita cassete rara, sob minha posse, em minha humilde residência. E o bebê sou eu.
Orquestra da Luz das Estrelas
– Into the Groove –
Desde os meus 11 anos que eu tenho uma conexão com um CD que nunca fez muito sentido. Entretanto, em uma fita cassete eu tive minha resposta. Achei que não a teria em vida. Se tive em sonho já não sei. Mas está claro que algo aconteceu. E esse algo pode ter sido uma influência sua lá na minha infância. Que doido isso. Será que uma ou várias músicas me acompanharam desde sempre? Eu achando que era na pré-adolescência que tive o primeiro contato, e agora, após quase duas décadas descubro que pode ter sido com um acréscimo de dez anos.
Quão profundo é o seu amor
– How Deep Is Your Love –
Sabe que até feira o herói fazia. Ele era gente como a gente. Eu ganhei tanta coisa! Vários presentes, lembrancinhas, roupas, mimos, comidinhas e até um vestido de espanhola. Tudo proveniente de sua função como herói. Os luxos que ele teria eram destinados à família e eu fui muito beneficiada. Ele foi a presença paterna que não tive.
Um dos melhores presentes que guardo até hoje é a família de bonecas. São umas bonequinhas de pano, a coisa mais fofa. Eu as guardo com muito carinho, pois são muito especiais.
O herói tem a função de proteger e isso ele cumpriu com maestria! Nosso herói fazia de tudo por todos. Não só se preocupava em dar bens materiais, como também afetivos. Pois é, bens emocionais, espirituais e morais. Ele ia além, como todo verdadeiro herói.
Indo pra casa
– Going Home –
Foi um vencedor, um batalhador. Sofreu bastante só, pois não queria levar problemas para a família. Ao contrário do que se pensa, não aproveitou como deveria. Aliás, se alguém aproveitou, devo dizer que foram não um, mas quase todos, a grande maioria – exceto ele mesmo.
Sua casa era seu trabalho. Seu lar era pouco desfrutado. Não que deixava a desejar, ao contrário, fazia o possível e o impossível pelos seus. Quem dera tivesse explorado seu lar como desejava. Perdeu muitos momentos importantes, sacrificou muita coisa em prol da família e infelizmente para pessoas que não deram o devido valor. Mas que fique com a consciência tranquila, pois o seu erro foi ter feito demais pelos outros e não receber nada em troca já mostra o quão generoso você foi.
Picadas & Chororôs
– Theme From Bladerunner –
A picada do marimbondo foi cruel. Chorei horrores. Onde estava o herói a me consolar?
Que nem um furacão, eis que surge o herói da vida real: a postos para resolver qualquer problema. O problema ainda era a picada, apenas isso. O que mais tinha ali era realidade e a dose de dor recebida foi intensa. Entretanto, ele soube me acalmar e consolar, para depois ir atrás do tal bicho voador.
Só que tinha um porém: era praticamente impossível encontrar o dito cujo, pois ali perto era a região da piscina, com muitos bichos voadores rodeando a água. Entretanto, ele sempre foi amante dos animais. Logo, o nosso herói jamais machucaria um bicho indefeso. Até porque, o marimbondo nessa história nem teve culpa. Eu que esmaguei ele super sem querer. Eu fui pegar mais melancia e encostei no fogão. Quando senti uma dor estranha e olhei, lá estava ele na minha camiseta. Caíram lágrimas, eu estava assustada e o resto você já sabe.
Acabei de ligar para dizer que te amo
– I Just Called To Say I Love You –
Quando estava presente ou até mesmo ausente, ele jamais se esqueceu dos seus, fazendo tudo que estava em seu alcance para manter o equilíbrio pessoal e profissional. Tantas vezes não conseguiu se quer focar no pessoal. Era só profissional, profissional, profissional. Mas não por simplesmente querer isso. Também queria permanecer com a família. Ele só queria que todos tivessem boas condições. O fez com maestria, não deixando ninguém desamparado.
Não nos faltou absolutamente nada, quer dizer, apenas sua presença. Esse seria nosso desejo: queríamos você de volta, para todo o sempre. Pois para nós foi um sacrifício enorme deixar você partir. Será que o pouco tempo foi suficiente para ele?
Você sempre permaneceu e permanecerá conosco, como memória viva.
História Sem Fim
– Theme from Never Ending Story –
Um flash que tenho é “amanhã a gente se vê” e esse amanhã nunca chegou.
Uma promessa que não se cumpriu com certeza deve ter marcado de alguma forma. Lembro que fui ao quarto do meu irmão ainda bebê e disse ‘que será que aconteceu?’. Era como se ele soubesse, atento, que algo não estava certo. Mas era apenas um bebê. Correto. Mas um bebê esperto. Às vezes penso que isso não existiu. Será que é um surto pessoal?
E as míseras memórias que me restam são reais ou frutos de algum sonho? E se eu não souber responder aos questionamentos, o que posso afirmar com absoluta certeza de que não estou falando besteira, é referente ao amor do herói pela sua família. O amor perdurou e isso alivia de certa forma nossos corações. Vive até hoje, atravessando gerações.
É uma história sem fim.
In Memorian ao meu herói: o meu avô.


Excelente. De uma sensibilidade incrível. Tocante demais. Parabéns para a autora.
Uau, que lindo! Amei a forma como escreveu, cheio de detalhes. Parabéns!
Obrigada !! ♡ Nem pareceu que sou tão Dory né kkkkk
Excelente. De uma sensibilidade incrível. Tocante demais. Parabéns para a autora.
Uau, que lindo! Amei a forma como escreveu, cheio de detalhes. Parabéns!
Obrigada !! ♡ Nem pareceu que sou tão Dory né kkkkk