“Foi só o tempo que errou.” Renato Russo
1º Ato
Lembras? Tu dizias: “é para sempre!” e com diligência toma minha mão, guiando-me por sendas maravilhosas. “Venhas comigo!” ordenaste, e eu fui, seu sorriso era meu “Farol de Alexandria“. Tua confiança me cegou a prudência. Não resisti.
Lembras? Tu dizias “voe” eu acordei, “sonhe” eu amei, “vivas” eu sorri, “volte” me perdi.
Por muito tempo tuas nuances desenharam o meu mundo. Em tuas promessas repousei meu destino, tu me velaste e em teus abraços adormeci.
Vivi cada ontem e amanhã como testemunhas e a eternidade como um brinquedo. Tua força dobrava-me à vontade e a vontade era alternativa. Tu me reconheces mesmo em um retrato infiel e teimava em me negar a tua ausência. Não importa quanto tempo restava, tuas permissões eram minhas leis, cujas letras tu cravaste em meu coração.
2º Ato
Tu sempre foste meu certo mundo de incertezas. Dentre roupas e armários, no sonho colorido com estrelas e fantoches a espera dos anjos que nos foram confiados.
Foram ventos e tempestades que nos abalaram. Tu, em palavras, me magoaste. Tantas foram que se revezaram em feridas, que o tempo nunca apagou.
Do relógio que dispara, quando estamos em febris festins que gozávamos, tanto quanto ele pára nas dores provocadas por escolhas malfadadas.
Sofrimentos e alegrias, angústias e fantasias, tu me calas e falava, perambulando entre dias, meses e anos. E o tempo passando, como um moleque que dispara, por tuas mãos que não se rende nem a tua solidão, nem ao meu coração.
3º Ato
A fonte se revela em prata e cinza, um caminho que percorreste comigo e todos nós que quisemos ir contigo. Tu fizeste sim, o melhor de mim que pude ser, embora não fosse meu maior desejo. Posto tudo que eu queria eras tu.
Tu sabias e assim fazias. Quantas lições aprendi contigo? Incontáveis, eu sei. Parece que, mesmo agora, ouço tua voz a me orientar.
“Aonde está você agora, além de aqui, dentro de mim?” É a pergunta que me faço.
A grama fofa e fresca que piso nessa manhã, o odor refrescante que o vento me traz, Amor, olhe só o que encontro: a coreografia de beija-flores. É o nosso jardim.
O “nosso” jardim. Não ousaria negar-lhe esse título. Pois nele vejo o teu sorriso em cada pétala, em cada semente, em cada abelha, em cada pássaro.
Tu sorris enquanto remexe a terra, sente prazer no tempo que escorre pelos dedos. Agacha-se com desenvoltura entre as flores e ordena o desfile de cores. Implicante, te sigo até o chão. Tu, rebelde, me dizes não. Eu te nego o obséquio, todos partimos esses momentos eternos.
Tu sorrirás eternamente nesse nosso jardim.
Marcelo Oliveira
Realmente, um conto muito lindo. Obrigado por compartilhar com a gente, Marcelo!
Obrigado pela atenção Gilberto.
Realmente, um conto muito lindo. Obrigado por compartilhar com a gente, Marcelo!
Obrigado pela atenção Gilberto.