Era uma vez, um jovem rapaz chamado Mesek, Príncipe do planeta Liturno. Mesek era o filho mais novo de seis irmãos guerreiros, cada um deles era responsável por proteger uma Constelação da galáxia. O Astro Sol, seu pai, sabia que ele era diferente, então lhe dera a Lua para proteger, pois exigia menos trabalho, embora, houvesse um sacrifício: para habitar o local ele precisava abrir mão de sua gravidade para unificar-se à ela.

Desta forma, Mesek passou grande parte da sua vida na Lua, dedicado à sua missão. Certo dia, seu pai o visitara trazendo notícias ruins. Um meteorito estava indo em direção a Lua e a mataria muito em breve. Mesek culpou-se, perguntou seu pai se havia algo que ele poderia fazer para deter o meteorito. 

A única chance de salvar a Lua é cobrindo-a com pó de estrela-cadente. — Avisou.

Mesek ficou triste ao ouvir a solução, ele não poderia cumpri-la. Estrelas-cadentes habitavam a anos luz da Lua, próximas a última Constelação. Para conseguir o desejo de uma, ele teria que buscá-la, mas havia aberto mão de sua gravidade em prol de proteger a Lua. Dessa forma, o Astro Sol se despediu de seu filho com lágrimas e agradeceu pelo seu tempo em sua família, o deixando sozinho após dizer que o amava. Ele estava sentenciado.

Mesek passou noites e noites andando pela Lua, observando a vasta solidão que habitava o céu. Às vezes recebia a visita de seu pai, mas, ele era muito ocupado tomando conta de toda a Via-Láctea. Até que um dia, tropeçou em um pedaço de um anel de Liturno e caiu. Os anéis de Liturno se regeneravam quando atingidos, mas, suas partes voavam galáxia à fora. Quando virou-se para  levantar, viu um jovem rapaz à sua frente e não conseguiu entender como. 

Olá! Eu me chamo Horraf. Sou um espírito estelar e fiquei preso ao atingir acidentalmente o planeta Liturno após atravessar um buraco de minhoca, agora minha luz está presa em outra realidade. — o rapaz se apresentou.

O príncipe de Liturno ouviu a história de Horraf e lamentou. Horraf questionou a sua. Mesek revelou que estava preso na Lua, sentenciado à morte, pois precisava chegar à sexta Constelação para desejar que a Lua não morresse. Horraf o incentivou a fazer a jornada para a sexta Constelação, mas ele revelou que estava preso devido a gravidade.

O espírito estelar pediu que Mesek pegasse o pedaço do anel que ele havia tropeçado, e, assim que o fez, seus pés saíram do chão. Ele começou a flutuar. Horraf revelou que parte de ser uma estrela-cadente, além de atribuir desejos, era viajar o infinito. Não havia gravidade para ele. 

Há quanto tempo eu não sei o que é ter os pés no chão, Horraf! — Ele dizia esbaldando um sorriso no rosto.

Mesek achou encantador. Ele e seu novo amigo Horraf passaram horas apenas flutuando ao redor da Lua. Assim, Mesek o agradeceu e perguntou o que poderia fazer para ajudá-lo. Horraf disse que a única forma de libertá-lo dessa outra realidade era levando-o à sexta Constelação, perto dos buracos de minhoca.

Horraf prometeu que se Mesek o fizesse, ele lhe concederia um desejo. Mesek sorriu. Era tudo que ele precisava para proteger a Lua e provar ao seu pai e à sua família que ele era tão forte quanto seus irmãos. Mas havia um porém, Mesek precisava segurar o objeto por todo o trajeto, pois era a única forma dele flutuar.

Haviam seis Constelações, e, em cada uma delas era protegida por um dos irmãos de Mesek. A primeira Constelação era a Melancolia, protegida pelo seu irmão mais velho Rabuk. Os dois voaram em direção a Melancolia.

Enquanto voavam, passeando pelas estrelas e planetas, Mesek perguntou para Horraf como ele era capaz de ver seu espírito. 

Eu sou uma estrela cadente, Mesek. Você não tem como ver meu espírito. — Ele falou.

Mas eu te vejo… Assim como eu, um príncipe de cavalaria, não? — Mesek indagou.

Os espíritos estelares são vistos de acordo com a forma de amar que cada um possui, Mesek. — Disse Horraf, de forma que as bochechas de Mesek ficaram avermelhadas. Um silêncio tomou conta.

Quando chegaram na Constelação Melancolia, estava acontecendo uma chuva de granizo, Mesek viu seu irmão mais velho tentando proteger a Constelação com uma espada. Ele voava de um lugar para o outro com ela em mãos, cortando os pedaços de gelo antes que eles atingissem o chão. Mesek observou, disse que o seu irmão era determinado, mas Horraf não concordou. Horraf alegou que Rubik estava enxugando gelo. Era impossível conter toda a tempestade de granizo apenas cortando-o. Mesek disse que essa era a missão dele. 

Mesek olhava para o irmão, se deslocando rapidamente de um lado para o outro. Ele não tinha sossego, pois, assim que terminava de partir um granizo, o outro estava próximo a cair. Por um momento, ele entendeu o que Horraf havia dito. Ele ficaria naquilo eternamente. Mesek se aproximou do irmão e ofereceu ajuda, mas ele o negou. Estava tão cego em cortar os granizos que nem deu atenção para Mesek e Horraf. Os dois então, partiram.

O próximo caminho era em direção à segunda Constelação: a Ira. E logo Mesek avistou seu irmão favorito: Casak, que logo o abraçou quando o viu. Casak revelou sua preocupação quando soube de seu pai que a Lua seria atingida, mas com um sorriso no rosto, Mesek disse que agora havia uma chance graças a Horraf. Entretanto, Casak não enxergava Horraf. Mesek contou a história dele para Casak, 

Eu não consigo ver o seu amigo da mesma forma que você vê, Mesek. Mas fico feliz por você ter encontrado alguém e não estar mais sozinho. — Casak falou com um sorriso em seu rosto.

Horraf revelou que apenas quem tocasse no pedaço de anel que poderia enxergá-lo. Quando Mesek quase entregara o objeto para o irmão, ele se afastou. A segunda Constelação, por ser seca demais, era inundada de tempestades de areia. Casak pediu para que seu irmão fosse embora para as Constelações Gêmeas, pois as tempestades de areia ali eram extremamente perigosas. Mas ele se negou.

Casak não tinha tempo para discutir com o irmão. Ao invés disso, pediu par que ele segurasse firme no chão. A única forma de parar uma tempestade de areia era estando dentro dela. Então, Casak impulsionou seu corpo e se jogou dentro do rodamoinho que se formava. Ele era super veloz e inteligente, e rapidamente juntava cada grão de areia um ao outro, fazendo com que a velocidade da tempestade diminuísse. Era como montar um cubo mágico.

Mesek ficara surpreendido e disse que Casak era muito bom no que fazia. Casak pediu para que ele voltasse para a sua missão, pois as tempestades de areia não costumavam cessar rápido, e logo, ele precisaria unificá-las novamente. Eles se despediram.

Entretanto, Mesek não notou que Horraf não falava mais uma palavra. O clima no caminho para as Constelações Gêmeas era de puro silêncio. Mesek perguntara o que havia feito de errado. Horraf falava que Mesek havia sido estúpido em querer fazer seu irmão tocar o anel. Ele falava que não era possível que dois flutuassem ao mesmo tempo, e isso atrapalharia toda a missão.

Vá terminar sua missão, Mesek! — ele gritou sem olhar para o príncipe — Eu não ligo mais de chegar na minha Constelação. Ainda te concederei um desejo, mas não quero você por perto. — Ele exclamou. Mesek não entendeu a sua atitude.

Mesek continuou flutuando até as Constelações Gêmeas, mas não estava feliz quanto no começo da viagem. A Constelação Luto e a Constelação Esperança são Constelações Gêmeas e opostas. Ali estavam seus dois irmãos: Kurau e Kunoro. As duas Constelações funcionavam com um Ying Yang, estavam coladas uma na outra, mas não apenas coladas, elas se movimentavam. Dessa forma, a todo momento um eclipse acontecia.

Kuaru e Kunoro eram os irmãos mais brincalhões e patetas da família, e ali não seria diferente. Eles estavam sempre apostando qual dos dois era o melhor. Kuaru montava na Ursa Maior e Kunoro na Ursa Menor. Havia uma hierarquia entre os dois irmãos, pois Kunoro reverenciava o gêmeo mais velho. Ele o via como um ídolo. Enquanto Kuaru abusava da visão que o irmão tinha, sempre tentando provar ser melhor que ele.

Desta maneira, eles usavam as ursas para brincar, de forma que Kuaru sempre terminava vencendo. Se Kunoro corresse longe o suficiente para Kuaru não alcancá-lo, ele se arrependia e desacelerava o passo para dar a vitória ao gêmeo, se Kuaru não conseguia encontrá-lo escondido atrás de uma estrela, ele colocava a ponta do pé para fora, para mostrar que estava ali. E dessa forma, o eclipse acontecia. 

Mesek observava como o irmão era subordinado ao outro e se revoltou a ponto de entrar na brincadeira dos dois. No momento que Kuaru se escondia, chamava Kunoru para conversar.

Eu sei que Kuaru me usa para massagear seu ego, mas o que ele não sabe é que é proposital. Eu só quero que ele pense que é o melhor, pois, fomos comparados a vida toda. Não quero que ele se magoe. — disse o irmão. — Ele é tudo que tenho. — concluiu.

Desse ponto de vista, ele estava certo. Eles eram os únicos irmãos que não haviam sido separados. Mesek desistiu de mudar a cabeça de Kunoru e foi conversar com Kuaru. 

Eu não estou desprezando Kunoru. Mas ele precisa acreditar que eu sou mais forte pois…. se algo acontecer nas Constelações, eu não quero que ele se sacrifique.

Mesek ficou surpreso. Foi então que ele entendeu do que as Constelações se tratavam. Elas não eram opostas, eram complementares. Sentiu um aperto em seu peito e flutuou de volta ao caminho, em busca de Horraf. Ao encontrá-lo chorando em cima de uma estrela, Mesek pediu desculpas e disse que era difícil enxergar as coisas como ele, mas que não havia feito por mal.

Eu sei que eu exagerei, Mesek. Mas… eu não quero perdê-lo. — Horraf falou, de forma que os dois ficaram um tempo se olhando.

O que significa me perder, Horraf? É por você que meus pés não tocam mais o chão. Você me faz flutuar. Dessa forma, nunca o deixarei só.

Mesek disse que estar na Lua era um castigo, era como viver em uma prisão e Horraf o havia libertado daquilo. Ele sequer acreditava que estava dizendo aquilo em voz alta, mas falava que ninguém deveria viver uma vida solitária. Horraf concordou. Ainda reafirmou, disse que ser uma estrela-cadente era perder o tempo todo. Era ir para um novo lugar o tempo todo sem saber se seria bem recebido. Era fugir sem ter um destino, um local para voltar. Os dois ficaram ali, por um tempo conversando sobre o sentido de suas existências e decidiram que pelo menos por agora, iriam parar a jornada e descansar uma noite.

Harrof acordou com a cabeça no ombro de Mesek, e logo, o fez despertar. Eles sorriram um ao outro, mas lembraram-se que precisavam terminar a missão. Mesek não falou, mas, não sentia que precisava voltar para a Lua mais. Ainda assim, queria libertar Harrof de estar preso naquele objeto.

Os dois seguiram em direção para a quinta Constelação, a Harmonia. A, Harmonia era a Constelação mais perigosa, pois era a que ficava mais próxima do Astro Sol. O lugar era conhecido por suas inúmeras explosões solares que deixavam o irmão de Mesek perdido. 

Cuidado, Mesek! — falou Tanko, seu irmão, quando uma bola de fogo passou por perto dele. Mesek levou um susto. Ele não reconhecera o irmão, estava completamente diferente, com a pele escura, cheia de escamas e bolhas. Ele parecia um carvão vivo.

Para proteger Harmonia das explosões solares, Tanko usava o próprio corpo de escudo. Se o fogo queimasse o solo, ele havia falhado em sua missão. Mesek olhava para aquilo e não conseguia suportar ao ver o irmão gritar de dor ao ser queimado. Ele fugira, e logo, Harrof ia atrás perguntando o que havia de errado.

Mesek disse que achava que seu pai esse tempo todo estava castigando apenas ele à solidão, mas na verdade, estava castigando a todos. Se questionava como um pai poderia ser tão perverso ao ponto de fazer seus filhos vivenciarem os piores destinos que a galáxia já vira. Horraf pegou sua mão, tentando fazê-lo se acalmar, mas ele caiu em prantos.

Quando terminou de chorar, Mesek e Horraf seguiram para a última Constelação, a do Amor. Lá estava Tyruk, o último irmão de Mesek, e assim como os demais, vivendo uma tortura. Sua missão era pegar a cauda de um cometa que sempre fugia. Horraf abriu um sorriso quando viu os cometas voando pela Constelação do Amor. Logo, impulsionou seu espírito estelar para um dos buracos de minhoca e ultrapassou as realidades, começou a sentir seu corpo se desprendendo e voou livremente.

Obrigado, Horraf! — dizia sorrindo. Mesek estava feliz apenas por Horraf, pois tudo que vira naquela viagem havia o entristecido. Horraf disse que agora ele poderia desejar que a Lua não morresse. Mas era o que ele queria? Ou era o que seu pai queria?

Horraf sobrevoava cantarolando, rodopiando, correndo tão rápido que poderia contornar a sexta Constelação em questão de segundos, mas sua felicidade foi interrompida quando viu que Mesek não desejou nada. Ele parou e perguntou o que estava acontecendo.

Mesek pegou em uma de suas mãos. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. 

Estou feliz que tenha sua vida de volta, mas não voltarei à Lua. Agora, eu estou livre, e isso só foi possível porque esbarrei em um pequeno pedaço de anel que se chocou com uma estrela cadente. — Eles riam e choravam ao mesmo tempo.

Mesek agradeceu a Horraf porque graças a ele, havia pela primeira vez, vivido. Ele pegou o anel e soltou, desprendendo seu corpo da gravidade.

Horraf se assustou ao vê-lo cair em uma velocidade fora do normal. Ele estava tão surpreso que ficou parado pelos primeiros segundos até ter voltar-se a consciência e correr para pegá-lo. Horraf voou anos luz para buscar Mesek e o segurou em seu colo, mas, ele não despertava. Horraf fez de tudo para que ele acordasse, sem sucesso. Então, o segurando em seu colo, voou o mais rápido que pode até a Lua, onde colocou o corpo de Mesek.

Acorda, Mesek! — implorava

Mesek despertou. Horraf estava tão emocionado em vê-lo acordar que o beijou instintivamente, mas Mesek o empurrou na mesma hora.

O que está fazendo? Por que estou aqui? — ele disse sentindo seu corpo preso à Lua novamente — Não, Horraf! Você não pode ser egoísta, era pra ter me deixado ir!

Horraf disse que Mesek ainda possuía um desejo e Mesek negou, dizendo que nunca foi sobre desejo. Logo pai seu apareceu novamente. O Astro Sol bateu palmas para Mesek e disse que ele havia completado a missão, e que agora, só faltava matar a estrela-cadente. 

Matar a estrela cadente? — Horraf questionou.

Quando nós brigamos, voltei para perguntar meu irmão sobre a sexta Constelação, foi quando… eu errei, Horraf. Para proteger a Lua, eu não precisava ter um desejo realizado, eu precisava cobri-la com pó de estrela cadente. — Ele disse se lamentando — Por isso eu desisti!

Horraf se posicionou à frente dele e pediu que o matasse. Ele preferia morrer do que saber que ele ficaria preso na Lua para sempre.

O Astro Sol ordenou que ele matasse Horraf e Mesek se recusou.

Mate-o, Mesek. É a única chance de voltar para casa. Todos sentem sua falta, meu filho! — ele dizia em lágrimas, chorando.

Casa? — Ele indagou.

Por favor, Mesek. É hora de parar de fugir, tanto eu, quanto você. — Horraf continuou insistindo.

Você ficará preso na Lua para sempre, Mesek. — seu pai o lembrava em prantos.

Não, eu não vou. — ele falou confiante.

Como? — Horraf indagou.

Enquanto eu visitava meus irmãos, percebi o sofrimento deles. Daí eu notei que o meteorito nunca iria atingir a Lua. Porque não tem meteorito. Meu pai queria que eu passasse a eternidade esperando uma morte que nunca viria. — o Astro Sol riu.

O Astro Sol, em tom de deboche, imitou as suas palavras e disse que mesmo que não haja meteorito, ele abriu mão de sua gravidade e está sentenciado a solidão na Lua. Então, se retirou rindo.

Harrof o abraçou. 

Está tudo bem, Harrof. Eu já sei o desejo que eu quero fazer.

E qual é?

A partir de agora, eu nunca mais estarei sozinho, pois graças a você, eu tive coragem de sair da Lua.

Eles sorriram um para o outro.

Eu desejo me tornar uma estrela cadente. — Ele beijou Harrof e teve seu pedido atendido.

Dessa forma, Mesek nunca mais esteve sozinho, ele tinha a companhia de Harrof. Harrof por sua vez, nunca mais precisou fugir pelas galáxias. Mesek e Harrof habitavam em volta da Lua, refletindo seu brilho para que ela brilhasse também, impedindo que qualquer outro príncipe ficasse preso novamente.

Agora, Mesek e Harrof corriam pelo céu, na imensidão do infinito. Corriam tão rápido que quem visse por telescópio, mal notara que eram duas estrelas cadentes. Haviam se tornado uma só, por toda a eternidade.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Publicidade

Inscreva-se no WIDCYBER+

O novo canal da Widcyber no Youtube traz conteúdos exclusivos da plataforma em vídeo!

Inscreva-se já, e garanta acesso a nossas promocionais, trailers, aberturas e contos narrados.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo