CENA 01. POVOADO DE VESELI. EXT. DIA

Está acontecendo a festa da primavera no povoado do reino de Veseli. Todo ano, na chegada da primavera, o povoado faz festa para agradecer pelo fim do inverno, muito rigoroso na região, e pedir pela safra de flores, principal mote da economia do reino.

A família real está prestigiando o evento. Augusto, o rei, muito entusiasmado. Alice, a rainha, nem tanto.

ALICE  – (se abanando) Que calor infernal! Odeio essa época do ano. Prefiro muito mais o inverno.

AUGUSTO  – Desmancha essa cara amarrada, meu amor! Olha. A festa está linda!

Alice revira os olhos.

AUGUSTO  – Mas veja quem está ali. Padre Luiz!

Padre Luiz, que está se esbaldando nas guloseimas da festa, chega perto do rei, falando de boca cheia.

LUIZ  – Como vai, vossa majestade! Esse ano as camponesas se superaram! Essas quitandas estão realmente divinas.

Augusto e padre Luiz saem andando para conversar, deixando Alice sozinha.

ALICE  – Não aguento mais essa pobreza. Vou voltar para o palácio agora mesmo. Não me casei com um rei para ficar frequentando esses lugares. Alfredo!!!

Alfredo é o mordomo do palácio, ou seja, cachorrinho de luxo de Alice. Ao ver que a rainha gritava seu nome, cospe o conhaque que estava bebendo e vai correndo ao seu encontro.

ALFREDO  – Chamou, ó bela rainha?

ALICE  – (irônica) Não, estava somente testando minha voz chamando esse seu nome horrendo! (sente o cheiro de conhaque) Você está bebendo em serviço? É isso mesmo?

ALFREDO  – É… É… (se ajoelha aos pés de Alice) Perdão, minha rainha! Eu só experimentei um pouquinho de conhaque que me ofereceram…

ALICE  – (ergue Alfredo pela orelhas) Levanta, seu traste! E vamos agora para o palácio. Eu não aguento mais ficar nesse lugar. Você vai me preparar um banho de sais. Vamos. Agora!

 

CENA 2. EM OUTRO LUGAR DO POVOADO. DIA

Daniela Crawsky é a princesa de Veseli. Mas quem olha pela primeira vez pode até pensar que é brincadeira. Ela era uma das que estavam mais sujas. Daniela se jogou tanto na festa que parecia uma mendiga do povoado. Mas estava feliz. Há muito tempo não se divertia tanto. A vida no castelo era um tédio só, dizia ela.

Maria era uma das moradoras do povoado. Apesar de gostar da festa da primavera, tinha mais ambições na vida.

MARIA  – Um dia eu quero estar nas festas dos salões de Paris. E um dia eu vou estar lá.

Guilhermina, sua melhor amiga, sempre achou isso uma bobagem.

GUILHERMINA  – Você sonha muito, Maria. Acho que voltar à realidade vai fazer bem a você.

MARIA  – Então você acha que vou passar a minha vida toda consertando sapatos? E ainda nem ter condições de ter aqueles sapatos lindos que eu conserto? Não. Eu vou fazer parte da realeza, como ela. Isso é mulher de classe. Não é igual essas sem modos que temos aqui no povoado.

Nesse momento a rainha Alice estava passando por elas, com seu olhar superior.

GUILHERMINA  – Mas e o Alexandre? O que quer com ele então?

MARIA  – Eu sou apaixonada pelo Alexandre.

GUILHERMINA  – (sorri) E ele sabe disso?

MARIA  – Esta noite ele vai ficar sabendo. Amanhã eu estarei noiva, Guilhermina. Escreva isso.

 

CENA 3. BAR DE VESELI. ANOITECENDO

Alexandre e seus amigos estavam bebendo no bar do reino. Patrício, seu melhor amigo, já tinha percebido o olhar de Maria do outro lado da rua.

PATRÍCIO  – Meu amigo, aquela Maria não consegue tirar os olhos de você.

ALEXANDRE  – Besteira!

PATRÍCIO  – O quê? Olha só! Ela é derretida por você desde criança. Não é possível que não percebeu até hoje.

ALEXANDRE  – Bah. Hoje você tirou o dia para me importunar. Eu quero é beber. Hoje é primavera! (bate na mesa) Júlio! Mais cerveja aqui!

ROBIN  – Parece que a festa da primavera desse ano bombou né! (dá um tiro pra cima)

Robin era líder de um bando de ladrões. Mas, diferente de Robin Hood, não roubava para distribuir, roubava para ele mesmo. Todo ano Robin aparecia na festa da primavera para roubar tudo o que o povoado tinha conseguido de dinheiro. E ninguém fazia nada. Robin era poderoso, tinha armamento pesado. Ninguém era páreo para ele.

ALEXANDRE  – (grita) Não! Esse ano não! Você, seu desgraçado, não vai roubar tudo da gente de novo. ESSE ANO NÃO! CHEGA!

PATRÍCIO  – (baixinho, ao seu ouvido) Você ficou maluco, Alexandre?

ALEXANDRE  – Não. Só estou cansado de todo ano esse bando do Robin vir roubar tudo que a gente conseguiu durante o ano todo.

ROBIN  – E é você que vai me impedir? Boboca.

Alexandre parte pra cima dele, mas Robin aponta a arma para sua cabeça.

ROBIN  – Isso aqui não é brincadeira! Ninguém pode me enfrentar. Eu sou Robin, o Terrível. Trago o terror a esse povoado há mais de 20 anos. E ninguém me enfrentou. Vai ser um homenzinho como você que vai fazer isso?

ALEXANDRE  – Sim! Eu desafio você para um duelo. Quem vencer dá as ordens. Se você vencer, poderá ficar com tudo. Se eu vencer, você vai embora e não rouba mais nada nesse povoado.

ROBIN  – (se divertindo) Olha, mas que proposta interessante. Vou adorar estourar essa sua cara.

ALEXANDRE  – Eu não tenho arma de fogo. E vejo que ainda anda com sua espada. Vamos duelas ao modo medieval. Com nossas espadas. Aceitas?

 

CENA 4. POVOADO DE VESELI. NOITE

O rei Augusto, depois de uma prosa grande com padre Luiz, se deu conta de que Alice não estava mais na festa.

AUGUSTO  – Onde está Alice?

LUIZ  – Creio que já se recolheu ao castelo, majestade.

AUGUSTO  – Mas já? Nem aproveitou a festa.

LUIZ  – Se não estiver enganado, acho que ela não estava gostando muito da festa. Estava com uma cara de zangada.

AUGUSTO  – Não. Ela adora o povo. Afinal é uma plebeia, não é mesmo.

O padre não estava muito convencido do apreço da rainha Alice pelo povão.

LUIZ  – É. Vai ver ela estava com uma dor de barriga daquelas né.

E caem na gargalhada.

 

CENA 5. BAR DE VESELI. INT. NOITE

ALEXANDRE  – Então, Robin. Aceita ou não?

ROBIN  – (desembaiando a espada) Eu vou acabar com você.

ALEXANDRE  – (desembaiando sua espada também) É o que veremos.

E começa o duelo. Ambos eram muito bons. Cada investida de Alexandre levava uma cortada de Robin, assim como cada tentativa de golpe de Robin era parada com a habilidade de Alexandre com a espada.

PATRÍCIO  – Esse duelo vai entrar pra história do reino.

JÚLIO  – E está acontecendo no meu bar! O movimento vai aumentar muito com a repercussão dessa história… Ai… agora parece que Alexandre perdeu.

Robin conseguira derrubar Alexandre.

ROBIN  – Foi bom lutar com você, amigo.

ALEXANDRE  – (se desvencilhando) Ainda não perdi. (dá um golpe e desarma Robin) E nem vou perder. Agora saia daqui! Agora!

ROBIN  – (com muita raiva) Eu vou voltar! Vocês não esqueçam o meu rosto. Eu vou voltar!

Quando Robin sai, o bar inteiro explode em aplausos e vivas para Alexandre.

JÚLIO  – Nem acredito que meu rico dinheirinho não vai ser roubado esse ano. E graças a você, Alexandre! Uma rodada de cerveja por conta da casa!

 

CENA 6. PORTA DA CASA DE MARIA. EXT. NOITE

MARIA  – Você entendeu tudo?

GUILHERMINA  – Tem certeza que vai fazer isso mesmo?

MARIA  – Não vou ficar encalhada. E amo o Alexandre. Essa noite eu termino noiva dele.

Maria estava vigiando Alexandre o tempo todo. Agora que ele estava saindo do bar, era hora de colocar o plano em ação.

Alexandre estava cambaleando de bêbado.

MARIA  – Hoje você exagerou na bebida hein, Alexandre.

ALEXANDRE  – Hã… o que…

MARIA – Acho que dona Odete não vai gostar nada de ver você desse jeito. É melhor entrar um pouco aqui. Eu preparo um café e você melhora um pouco essa cara.

ALEXANDRE  – Tá bom.

Maria ajuda Alexandre a entrar em casa. Quando ia entrando, faz o sinal para Guilhermina, que morava em frente. Os pais de Maria estavam na casa dela.

Lá dentro.

ALEXANDRE  – E aí? Esse café sai ou não sai?

Maria agarra Alexandre e começa a beijá-lo.

ALEXANDRE  – Mas o que é isso? Você ficou louca?

MARIA  – Fiquei não. Eu sempre fui louca por você.

Maria tira a camisa de Alexandre. Nesse momento os pais dela chegam.

FELICIANO  – O que está acontecendo aqui?!

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