CENA 1. SAPATARIA DE VESELI. DIA

Guilhermina foi à sapataria saber o resultado do plano de Maria.

GUILHERMINA  – Deu certo?

MARIA  – (radiante) Deu! O Alexandre foi obrigado a se casar comigo.

GUILHERMINA  – Ai que ótimo! Então podemos casar juntas. O Ramiro vai fazer o pedido, eu tenho certeza.

MARIA  – Você tem certeza?

GUILHERMINA  – É claro! Ele me convidou para jantar no restaurante mais caro do reino!

MARIA  – Ah… Mas eu não quero um casamento comunitário. O meu casamento será histórico! A decoração mais luxuosa, a melhor comida. Uma cerimônia de fazer inveja à família real veselina…

GUILHERMINA  – E vai acontecer tudo isso com o pé rapado do Alexandre como marido? Posso saber como um camponês vai dar conta de tudo isso?

Maria demora a responder.

MARIA  – Sonhar não custa nada, não é mesmo? Mas Guilhermina, você pode ficar aqui na sapataria um pouco pra mim? Eu preciso resolver um problema.

GUILHERMINA  – O que foi?

MARIA  – Não te interessa! … desculpa, é que tenho que… pegar um pouco de… açúcar para fazer uns doces para Alexandre.

 

CENA 2. CASTELO DE VESELI. INT. DIA

O padre Luiz veio tomar um chá da tarde no palácio. Ele estava querendo recursos para reformar a igreja.

LUIZ  – Essas bombas de chocolate estão magníficas, majestade.

ALFREDO  – Eu mesmo fiz, senhor padre, é…

ALICE  – Quer calar essa boca, Alfredo. E vá buscar mais chá que esse já esfriou.

AUGUSTO  – Mas hein… o padre disse que quer reformar a igreja.

LUIZ  – Sim. O telhado está um horror. Qualquer dia vai cair em nossas cabeças.

AUGUSTO  – Seria mesmo uma temeridade se isso acontecesse. Pode deixar, o palácio vai custear a reforma. Afinal quem sabe uma princesa se case em breve.

LUIZ  – Seria uma bênção! Daniela já tem algum pretendente?

ALICE  – Se ela domar o gênio dela, né. Ela parece uma camponesa mal educada.

AUGUSTO  – Amor! Não fale assim da minha filha, nem do povo camponês, que é um povo maravilhoso.

Alice revira os olhos.

LUIZ  – Por falar na princesa, onde está ela?

AUGUSTO  – Foi só eu falar em casamento que ela ficou uma fera. Pegou o cavalo e saiu reino adentro.

 

CENA 3. CASA DE RAMIRO. DIA

Maria toca a campainha da casa de Ramiro.

RAMIRO  – O que você quer, Maria?

MARIA  – Fiquei sabendo que vai pedir a mão de Guilhermina.

RAMIRO  – O quê? Você ficou maluca? De onde tirou essa ideia insana?

MARIA  – Ela me confidenciou hoje na sapataria. Ela me disse que você a convidou para jantar no melhor restaurante.

RAMIRO  – E é verdade. Mas eu a convidei justamente para dizer que não a amo mais. Eu tenho outros planos e você sabe muito bem disso.

MARIA  – Pois acho que você deve pedir a mão dela.

RAMIRO  – Tem certeza?

MARIA  – Absoluta. Nada melhor que um casamento para disfarçar as reais intenções, não é mesmo? (pisca para ele)

 

CENA 4. RUA DO POVOADO DE VESELI. EXT. DIA

Odete e Madalena, respectivas mães de Alexandre e Maria, são amigas há mais de 30 anos. Mas como são mães, seus filhos estão acima de tudo. Depois do ocorrido na noite anterior, elas viraram piores inimigas.

Odete estava estendendo as roupas no varal quando Madalena chega.

MADALENA  – Estendendo as roupas do safado do seu filho?

ODETE  – Eu tenho certeza que meu filho não fez nada com sua filha.

MADALENA  – Eu peguei ele em flagrante, para sua informação.

ODETE  – (irônica) Ah, claro. Sua filha santinha não sabia o que estava fazendo, né?

MADALENA  – O que você está insinuando?

ODETE  – Não estou insinuando nada. Todo o reino de Veseli sabe que Maria é mais rodada que o relógio da igreja.

MADALENA  – (transtornada) Repete isso se tiver coragem!

ODETE  – É isso mesmo que você ouviu.

Madalena parte pra cima de Odete e as duas rolam no chão, brigando. Padre Luiz, que estava voltando do palácio na carruagem real, desce para apartar a briga.

LUIZ  – Mas o que é isso? Meu Deus! Duas mães de família brigando no meio da rua! Onde já se viu?!

Odete e Madalena começam a falar ao mesmo tempo, tentando explicar a situação para o padre.

LUIZ  – Ok… tá bom… eu não estou entendendo nada… SILÊNCIO!!

As duas se calam.

LUIZ  – Melhor assim. Que tal eu ouvir a situação de cada uma? Uma me convida para almoçar e a outra para um chá da tarde e me explica o que aconteceu.

ODETE  – Eu convido para o almoço!

LUIZ  – Tudo bem. A sua costelinha de porco é uma coisa maravilhosa. (vai andando com Odete até a casa dela) Depois eu vou à sua casa, Madalena.

Odete mostra a língua para Madalena.

 

CENA 5. RIACHO. DIA

Daniela ainda estava em suas andanças pelo reino. Como o dia estava quente, resolveu ir para o riacho para se refrescar.

DANIELA  – E você deve estar com sede, não é, Maximus.

O cavalo relinchou e botou a língua para fora em resposta.

A região do rio estava deserta. Daniela tirou os sapatos e colocou os pés no rio. Suas aulas de etiqueta não deixariam ela entrar no rio em nenhuma circunstância.

DANIELA  – Ah! Eu faço o que eu quero!

E mergulhou no rio. De roupa e tudo.

 

CENA 6. EM ALGUM LUGAR DE VESELI. DIA

Alexandre ainda estava intrigado com aquele anel. Será que a moça que trombou com ele era uma ladra?

ALEXANDRE  – Seria um disfarce perfeito! Eu desconfiaria de um troglodita como o Robin, mas quem ficaria alerta com mãos delicadas como as daquela moça?

Ele seguiria adiante com seus pensamentos, se Godofredo não tivesse empacado.

ALEXANDRE  – O que foi, amigão?

Godofredo faz uma cara de coitado e põe a língua para fora.

ALEXANDRE  – Está cansado, né? Vamos, vamos ao riacho pra você beber um pouco de água.

Godofredo desempaca na hora e vai correndo até o riacho.

Chegando lá, Alexandre pega o anel de esmeraldas de suas coisas e o observa. Mas uma coisa o para. Godofredo estava louco, até pisou no seu pé.

ALEXANDRE  – O que foi? Por que está fazendo isso?

Godofredo o fez olhar para o rio.

ALEXANDRE  – Minha nossa!

No meio do rio, estava Daniela. Mas ela não estava nada bem. Uma planta se enrolou em seu pé e ela estava afogando.

DANIELA  – Socorro! Socorro! Alguém me ajuda! Socorro!

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