CENA 1. CASTELO. ESCRITÓRIO DO REI. DIA
Continuação imediata da cena do capítulo anterior, com Armando declarando guerra a metade da Europa.
O mensageiro se assusta e resolve “aconselhar” o rei, mesmo com muita cautela.
MENSAGEIRO – Er… Vossa Majestade não acha mais prudente conversar com mais alguém antes de tomar uma decisão tão importante?
ARMANDO – Eu sou o rei soberano de Veseli. Não preciso do conselho de ninguém. Muito menos de um mensageiro como você. Agora vai fazer o que eu ordenei!
CENA 2. CONSELHO DOS ANCIÃOS. INT. DIA
O mensageiro resolveu desobedecer a ordem de Armando. Ele foi direto ao Conselho contar os planos do rei. Leopoldo ficou estarrecido.
LEOPOLDO – Armando está completamente louco! Como ele declara guerra à Inglaterra e metade da Europa de uma só vez? Vamos ser aniquilados.
MENSAGEIRO – Estou descumprindo ordens diretas do rei. Mas me senti no dever de informar os senhores sobre o que está acontecendo. Só espero não perder a cabeça na guilhotina.
LEOPOLDO – Fique despreocupado, mensageiro. Você fez um bem e serviu à nação veselina com a sua insubordinação. Vamos tomar as providências cabíveis.
CENA 3. CASA DE RAMIRO. DIA
Ramiro e Maria continuavam trocando carícias. Carícias cada vez mais intensas. As roupas iam caindo uma a uma. A notícia que Maria ouvira antes, de que Alexandre era filho de Alice, aumentara vertiginosamente sua libido. Ramiro estava gostando daquele jeito de Maria. Nunca a vira com tanto apetite. Mas algo os interrompe, naquele momento momento alguém bate à porta.
MARIA – Ai meu Deus! (gritando) Quem é?
LUIZ – Padre Luiz!
MARIA – Virgem Santíssima! O que faremos?
CENA 4. CONSELHO DOS ANCIÃOS. DIA
Príncipe Rogério chega para conversar com os conselheiros.
ROGÉRIO – É de impressionar que Armando não mandou trancar esse Conselho.
LEOPOLDO – Ele não é louco de fazer isso.
ROGÉRIO – Ah ele é sim. Expulsou todos os moradores do castelo. Trancou a princesa e o rei de Veseli nas masmorras. Ele é capaz de tudo.
LEOPOLDO – Resistiremos até o fim contra esse tirano. E é por isso que chamamos Vossa Alteza para conversarmos.
ROGÉRIO – Estou à disposição.
LEOPOLDO – Ficamos sabendo que está montando uma liga com os camponeses para derrubar Armando do poder.
ROGÉRIO – As notícias correm por aqui, não é?
LEPOLDO – Meu caro, Veseli é considerada a capital da fofoca na Europa. O fato é que essa liga tem que ficar o mais camuflada possível.
ROGÉRIO – Estou de pleno acordo. Mas os senhores, aristocráticos que são, irão lutar com armas contra o tirano de Veseli?
LEOPOLDO – Iremos dar apoio institucional à sua causa, príncipe.
ROGÉRIO – Foi o que eu imaginei.
LEOPOLDO – Tem mais uma coisa que precisa saber que é fundamental para montarmos nossa estratégia: Armando quer declarar guerra a metade da Europa.
ROGÉRIO – O quê? Ele não está pensando em declarar guerra contra a…
LEOPOLDO – Inglaterra? Exatamente.
ROGÉRIO – Ele é louco mesmo. Ele não tem conhecimento do poder da marinha inglesa?
LEOPOLDO – Obviamente não. Aquele tirano não sabe nem quantos vestidos a sua esposa tem.
ROGÉRIO – Ah mas isso é quase impossível saber. Quantos vestidos tem uma mulher? Nem o mais sábio dos homens sabe.
LEOPOLDO – Isso aqui não é brincadeira, príncipe.
ROGÉRIO – Desculpe-me. (baixinho) É isso que dá ter um monte de velhos dirigindo um Conselho. Não sabe nem brincar.
LEOPOLDO – O que disse?
ROGÉRIO – Nada de interessante. O que importa é que nosso exército é imbatível por terra. Se juntar com o poderio da marinha inglesa com certeza venceremos fácil. Vou falar com mamãe.
LEOPOLDO – Muito bem. Estamos acertados então. (eles apertam as mãos)
ROGÉRIO – Agora me dê licença que tenho uma donzela para salvar das forças do mal… brincadeira, oras. Não me leve tão a sério!
CENA 5. CASTELO. MASMORRAS. DIA
Desde que o príncipe Rogério foi expulso do castelo, Daniela e Augusto comeram apenas mais uma vez. Eles estavam visivelmente mais magros e abatidos.
AUGUSTO – Aquele príncipe só alimentou falsas esperanças em nós.
DANIELA – Não me fale de alimentação. Me dá mais fome.
AUGUSTO – Será que ninguém virá aqui para nos resgatar? Quando a sanidade voltará a pairar na cabeça de Armando?
DANIELA – Não se pode voltar algo que nunca se teve, pai. Armando nunca nos tirará daqui.
Neste momento, um corvo irrompe o corredor de celas da masmorra.
DANIELA – Mas o que…
A princesa percebe que o pássaro traz um pedaço de papel no bico.
AUGUSTO – Como esse corvo entrou aqui? Corvos geralmente não trazem boas notícias.
O corvo pousa nas grades da cela dos monarcas.
AUGUSTO – Ele tem um papel no bico? Eu já ouvi falar de pombo-correio, mas corvo é a primeira vez.
Daniela retira o papel do bico do pássaro, que lhe dá uma bicada. No bilhete, a já conhecida caligrafia de Rogério.
DANIELA – “Olá para a princesa mais linda de Veseli…”, como se houvesse outra, “estou enviando esse bilhete por um corvo-correio – um pombo seria muito óbvio – para avisar a Vossa Alteza e Vossa Majestade que o príncipe mais corajoso da Europa Ocidental, o descendente mais legítimo dos bravos cavaleiros medievais irá resgatar os senhores dessa prisão horrível, que definitivamente não é um lugar adequado para a donzela mais linda do reino de Veseli. Fiquem atentos que príncipe Rogério, o maioral, irá acabar com todas as suas angústias”. É um babaca mesmo.
AUGUSTO – Não podemos negar que ele escreve muito bem. Poderia até escrever um romance.
DANIELA – Mas o que importa é que sairemos daqui esta noite. Graças a Deus.
AUGUSTO – Vamos rezar para que tudo corra bem.
Foco nas expressões apreensivas dos dois.