CENA 1. MASMORRAS DO CASTELO. DIA

Continuação da cena do capítulo anterior, com uma explosão no castelo, acima das masmorras.

AUGUSTO – Cuidado, Daniela!

Augusto empurra a filha no momento em que uma pedra iria atingi-la em cheio.

DANIELA – A masmorra está desabando!

Eles se protegem o máximo que podem. Realmente a masmorra estava desabando, pedras não paravam de cair em suas cabeças. E agora, o que fariam para se salvarem?

 

CENA 2. CASTELO. ANOITECER

O pânico estava tomando conta do castelo. Uma correria de empregados, guardas e aliados de Armando se formou. Todos tentando entender o que estava ocorrendo.

ARMANDO – Guardas! Salvem-me! O que estão esperando? A minha vida vale muito mais que as suas!

Mas não havia o que fazer. Os guardas também estavam aturdidos.

Na torre do castelo os vigilantes descobriram o que causara estrago. Um grupo de rebeldes estava bombardeando o castelo, mas em vez de mirar na torre, quase todos os explosivos foram jogados na base da estrutura da construção. Isso intrigou os soldados, que avisaram os guardas internos do castelo.

Armando logo desfez o mistério.

ARMANDO – Estão tentando libertar Augusto e Daniela! Guardas! Vão correndo ver se os prisioneiros fugiram!

Augusto e Daniela surgem triunfalmente no castelo.

AUGUSTO – Fugimos, sim! Estamos aqui e vamos acabar com essa loucura. Vamos te derrubar, Augusto, e tomar o nosso reino de volta.

ARMANDO – Jamais!

E parte para cima de Augusto. Os dois começam a lutar, murros, socos e chutes. Daniela não sabe o que fazer.

AUGUSTO – Corre, Daniela! Salve-se!

DANIELA – Não vou deixá-lo sozinho com esse monstro.

AUGUSTO – Eu sei o que fazer, não se preocupe! Corra!

ARMANDO – Não vou deixar vocês escaparem tão facilmente. Guardas! Peguem eles!

Os guardas não fazem nada.

ARMANDO – Mas o que é isso? Que insubordinação é essa?! Eu ordeno que prendam essa princesa!

Os guardas não saem do lugar.

ARMANDO – Estão me desafiando?

GUARDA – Acabou, senhor. O senhor está totalmente isolado. Tomaram o castelo.

ARMANDO – O quê?

Nesse momento Augusto atinge Armando com um golpe forte de um pedaço de madeira. Armando desmaia.

Daniela amarra e imobiliza Armando. E agora, o que fazer?

DANIELA – Para onde iremos?

AUGUSTO – Não sei, minha filha, não sei. (abraça a filha)

 

CENA 3. CASA DE ODETE. NOITE

É hora do jantar na tumultuada casa de Odete. Totalmente desajeitada, Alice cortava os legumes. Alfredo não conseguia conter a felicidade de ver a mulher que sempre o humilhou cortando vegetais no povoado do reino.

ODETE – Isso não está bom. Alexandre gosta dos vegetais cortados menores.

ALICE – Não me importo com… (após ser fuzilada com o olhar por Odete, muda o tom) mas como estou muito grata pela senhora me receber de tão bom grado na sua casa, vou fazer a vontade de Alexandre.

ODETE – Muito bem.

ALICE – E o imprestável do Alfredo, não vai fazer nada?

ALFREDO – Eu vou sim, vou julgar suas habilidades culinárias.

ALICE – Olha aqui, seu insolente!

ALFREDO – Olha aqui você! Ainda não percebeu que você acabou? Eu não tenho que servi-la e não vou fazer isso nunca mais, você está me entendendo?

ALICE – Eu devo te lembrar de uma coisinha, seu petulante! Lembra que…

Nesse momento Alexandre surge na cozinha, estranhando o barulho.

ALEXANDRE – Que gritaria é essa?

ODETE – (nervosa) Filho! O que você ouviu… quer dizer, o que está fazendo em pé? Você está se recuperando!

ALEXANDRE – Estou ótimo, mãe! Patrício até veio me visitar mais cedo e me atualizar dos planos da Liga Camponesa.

ODETE – Você não vai a lugar nenhum até se recuperar totalmente!

ALEXANDRE – Não posso deixar Patrício e os camponeses sozinhos combatendo Armando.

ODETE – Se não se recuperar não vai conseguir ajudar da melhor maneira, meu filho, entenda isso.

ALEXANDRE – Eu não me importo com isso! Estou bem e já recuperado. Não vou abandonar meus amigos em um momento tão crítico.

Batem à porta.

ODETE – Ainda não terminamos essa conversa.

Odete abre a porta. Padre Luiz estava visitando-os.

ODETE – Padre. O que faz aqui tão tarde?

LUIZ – Vim visitar Alexandre. A senhorita Maria disse que o senhor Alexandre ainda precisa de cuidados.

ALEXANDRE – Eu já estou ótimo.

ODETE – Não está.

LUIZ – Posso entrar para conversarmos melhor? Vejo que cheguei em boa hora. Adoraria jantar com vocês… Espere, aquela ali é a rainha Alice?

 

CENA 4. CASTELO. NOITE

Augusto e Daniela estão perdidos. Conseguiram se livrar das masmorras, mas e agora? Quais os próximos passos?

AUGUSTO – O que precisamos fazer com urgência é cancelar essa guerra.

DANIELA – Será que dará tempo? Armando declarou guerra contra toda a Europa, praticamente.

AUGUSTO – Deus… como pode ser tão irresponsável?

DANIELA – Temos que nos reunir com quem nos apoia no Parlamento, para evitar a guerra.

AUGUSTO – Sim, mas vamos fazer isso amanhã. Preciso descansar agora. Não estou me sentindo muito bem.

DANIELA – O que foi, papai?

AUGUSTO – Não sei. Deve ser o acúmulo de todas essas situações. Talvez uma boa noite de sono ajude a me recuperar.

DANIELA – Tudo bem. Vá dormir, então.

Augusto sobe para o seu quarto. Daniela chama um guarda.

DANIELA – Preciso que marque uma reunião com o Parlamento na primeira hora amanhã. Vá à casa de todos avisar isso.

 

CENA 5. CASA DE ODETE. NOITE

A pequena cozinha da casa de Odete quase não cabia todos os presentes para o jantar naquela noite. Alexandre, Odete, Alfredo, Alice e Padre Luiz se espremiam na pequena mesa de jantar.

LUIZ – Muita gentileza sua me convidar para jantar, Dona Odete. Mas o que me surpreendeu mais foi ver a rainha Alice aqui. Estavam comentando no povoado que Vossa Majestade estava no riacho lavando roupas. Eu odeio fofocas, sabe, por isso não acreditei que era verdade.

ODETE – Pois é, padre. Desde que foi escorraçada do castelo e ficou sem moradia, eu a acolhi em minha casa.

LUIZ – E desde quando as senhoras se conhecem?

ALEXANDRE – Também estranhei, padre. Por que a rainha viria morar em uma humilde casa no povoado?

Alice e Odete ficam com feições tensas. Odete tenta consertar a situação.

ODETE – Foi uma forma de agradecer a acolhida que meu filho teve no castelo, quando foi ferido por aquele bandido. Alice o hospedou com um coração enorme, não é mesmo?

ALICE – (falsa) Claro. Sempre que posso ajudo quem quer que seja.

Um silêncio constrangedor se instala no jantar. Padre Luiz insere um novo assunto à mesa para quebrar o momento awkward.

LUIZ – Alexandre, meu filho, temos que marcar logo a data do seu casamento com Maria. A moça está desonrada. É preciso resolver isso.

ALEXANDRE – Não sei se ainda quero me casar com ela, padre. (Nesse momento ele se lembra de Daniela, do amor que sente por ela, dos beijos…)

LUIZ – Está me ouvindo? Alexandre?

ALEXANDRE – Desculpe, estava com a cabeça longe.

LUIZ – Pois é, eu dizia que não é uma questão de escolha. O senhor tem um compromisso com a senhorita Maria. Ela está falada no povoado por sua culpa.

ODETE – Por culpa de Alexandre e de metade dos rapazes do povoado. Aquela Maria não é uma santa como pensas, padre.

LUIZ – Isso que a senhora está falando é muito grave, dona Odete. Maria é uma moça com uma reputação ilibada… a não ser por um aproveitador que está sentado à mesa conosco.

ODETE – (ficando irritada) Não é possível que o senhor não percebeu que Maria é mais falsa que a generosidade de Alice. Pergunte a qualquer rapaz do povoado se eles já tiveram algum momento a sós com Maria. Desde beijos até… não quero nem pensar.

LUIZ – É melhor a senhora parar por/

ODETE – (corta) Veja o comportamento daquela vagabunda com o senhor Ramiro. O senhor não acha estranha a aproximação dos dois?

Padre Luiz fica sem respostas. Ele já estava desconfiando da estranha amizade de Maria e Ramiro. Precisava investigar isso.

ALEXANDRE – Só digo uma coisa: o noivado está desfeito.

 

CENA 6. EM ALGUM LUGAR NO INTERIOR DA HUNGRIA. NOITE

As tropas estavam avançando. O destino: Veseli. Centena de milhares de guerreiros em seus cavalos marcham para o pequeno reino. Eles seriam destruídos. Se arrependeriam de ter declarado guerra ao poderoso exército húngaro. E não era só o exército húngaro que fora ultrajado por Armando. As tropas inglesas, polonesas e russas estavam em contato para fazer o cerco a Veseli e deixá-los sem saída. O general do exército húngaro, Ferko Polányi, chamava um soldado para enviar uma mensagem para o general inglês.

FERKO – Mande essa mensagem o mais rápido que puder! Vamos exterminar esse reino chamado Veseli!

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