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O vazio que Habita em mim – Capitulo 4: Família

O tempo passou, e a amizade entre eles se estreitou e com ele cada vez mais presente lá em casa eu comecei a me apegar a ele, a amizade virou um algo mais e Álvaro começou a namorar minha mãe, depois de três meses mais ou menos ele entrava de vez em nossas vidas.

Eu não esperava por aquilo, mas um belo dia Álvaro me fez o famoso pedido.

Eles tinham uma relação de cumplicidade, como eu nunca tinha visto com o meu pai de verdade. Em nossas conversas e brincadeiras eu sempre dizia que queria que ele fosse meu pai, mas ele nunca me respondia nada.

Apenas sorria…

Me lembro como se fosse ontem, era um domingo à tarde, mamãe estava na cozinha terminando de lavar a louça enquanto Álvaro e eu assistíamos a um filme na TV largados no sofá da sala.

— Ei Mick eu posso vir morar aqui? — Perguntou-me ele de supetão.

— Como assim?

— Morar aqui, com você e com a sua mãe. Eu posso?

— Pergunta para a mamãe.

— Você é o homem da casa. — ele me disse sério — tenho que pedir a sua permissão para isso.

— Deixa eu pensar… — Respondi fazendo cena — Então eu vou ter que te chamar de pai?

— Se você quiser…, então, eu posso morar aqui?

— Então tá, você pode. — Respondi inocente.

— Agora você tem que me ajudar a fazer o pedido para a sua mãe.

— Tá!

Nos planejamos tudo para o dia seguinte, ele com­prou uma pizza e eu colhi algumas flores meio murchas quando vinha do caminho da escola. Mamãe sempre se admirava de uma roseira que tinha por traz da escola. En­tão eu colhi algumas para dar a ela.

Cheguei em casa, e como de costume ela estava de saída para o trabalho, assim que ela saiu, Amanda chegou trazendo com ela uma toalha e um vazo bonito para ornamentar a casa.

Nós dois fizemos tudo, varremos a casa, arrumamos os quartos, eu lavei a louça e ela passou o pano no chão, deixando tudo brilhando.

Eu até tomei banho e me arrumei sem reclamar.

Eram por volta das 19:00 horas quando Álvaro che­gou com a pizza na mão e uma garrafa de refrigerante na ou­tra. Ele estava bem arrumado, para uma pizza com refri­gerante.

Uma camisa social de botão, calça jeans e sinto além dos sapatos devidamente alinhado nos pés, assim como ele eu também me arrumei, mas de uma forma menos elegante.

Pus um short jeans e uma das minhas camisas de gola das quais mamãe adorava (e eu odiava) e penteei o cabelo.

— Nossa como ele tá bonito, vai casar é? — Mamãe brincou sorrindo. – E o que foi que fizeram com você?

Ela me olhava como se não me conhecesse. Eu estava arrumado demais para uma ocasião como aquela.

— A culpa é dele … — Respondi sorrindo.

— Tá. — Mamãe disse por fim voltando sua atenção para Álvaro. — Qual a ocasião.

— Depende… — Aquela era a deixa que ensaiamos. Corri até o meu quarto, peguei as flores e voltei para a sala às pressas. Ficamos os dois de joelhos e então ele disse: — Você quer se casar comigo?

— Isso é sério? — Perguntou ela com os olhos em lágrimas.

Ela quase caiu.

— Você quer casar comigo? — Ele repetiu pondo-se de pé.

— Casa mamãe? — Perguntei entregando as flores.

— Sim! – Ela respondeu pegando o buque da minha mão.

Álvaro a abraçou puxando o corpo dela para junto do dele, ti­rando-á do chão e os dois se beijaram felizes en­quanto eu pulava de alegria.

Naquela noite, comemos aquela pizza como se fosse um verda­deiro banquete, mamãe e Álvaro faziam planos para o futuro em meio a risos.

Mamãe parecia estar realmente feliz. Uma semana de­pois Álvaro trouxe as coisas dele para a nossa casa e pas­samos a viver como uma família. Mamãe deixou de traba­lhar a noite e passou a ficar mais em casa cuidando de mim e do Álvaro. Ele era um homem muito bom, sem­pre carinhoso, ajudava nas tarefas domesticas, me levava e me buscava na escola, brincava comigo sempre que po­dia.

Ele era um paizão.

Estávamos sempre saindo, nos divertindo, rindo, sendo felizes. E o mais importante, Ele não era como o meu antigo pai, ele não batia nela. Mas um dia, as coisas mudaram. Elas sempre mudam!  Dessa vez foi para pior.

 

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