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A história de Francisco e Carolina

Francisco era um menino de cabelos escuros e encaracolados, bem magrinho e de estatura mediana. Simpático, sempre buscava ajudar os outros e evitava conflitos. Frequentava a escola do seu vilarejo com muita dedicação – apesar de ser um pouco distraído, ia bem em todas as matérias – mas seu forte era a arte. Ele era arteiro literalmente: amante das artes, adorava música e desenho. Sua paixão: desenhar.

Seus desenhos eram aclamados por todos. E todos queriam uma arte de sua autoria. Ele, porém, não acreditava em seu potencial e dizia que logo providenciaria algo. Esse dia nunca chegaria.

Francisco gostava de caminhar no bosque perto de sua casa. Ali ele sentia a brisa calmante e adocicada, cujo frescor oferecia proteção genuína e acolhedora. Bastava um som para dedilhar no ar sua bateria imaginária.

Mas ele não gostava só do bosque. Ele também gostava de ir à escola. Muito inteligente, não precisava de muito esforço para realizar suas tarefas. E foi naquele espaço, a sua tão amada escola, que notou o quão sua visão havia se alterado e não mais como antes, necessitava, portanto, de óculos: seu atual acessório indispensável.

Um belo dia, Francisco – ou Chico, como gostava de ser chamado – resolveu passear na floresta que era situada atrás do seu bosque predileto. Nessas andanças e idas e vindas, Chico achou que seria como qualquer dia, apenas mais um passeio agradável em meio aos seus devaneios. Foi então que a avistou.

Ela era de uma beleza peculiar. Exótica, com um ar enigmático. De traços delicados e semblante sereno. Estava de costas, o cabelo levemente ondulado. Castanho escuro como os olhos, mas o seu olhar ainda não tinha ido de encontro ao seu.

Vestia um conjunto preto, roupas de verão; mas o que mais lhe chamou a atenção além dos cabelos esvoaçantes era o calçado: um tênis vermelho.

Ela era realmente uma dama de vermelho!

Como não se apaixonar? Um tênis vermelho podia ser um mero detalhe, mas para nosso Francisco a simplicidade é fundamental. Foi então que a garota se virou e seus olhares se cruzaram.

Francisco não sabia o que dizer. Mas não foi necessário nenhum tipo de palavra. Eles haviam se encontrado e isso já bastava.

A conexão que sentiram um pelo outro foi imediata, e o prazer na companhia um do outro foi sendo revelado com o passar dos dias. Seus encontros repletos de devaneios, risadas e sentimentos borbulhando. Muitas emoções a cada diálogo, repleto de sorrisos – e que sorriso! Carolina, essa maravilhosa dama de vermelho que fez Francisco se arrebatar de amores tinha o sorriso mais lindo que ele já vira.

 

Mas Carolina também se encantou. Francisco era doce. E gostava de ouvir Carolina. Contudo, mais que ouvi-la, ele buscava compreendê-la. E eles foram se conhecendo, se identificando com os erros e acertos da vida, esta tão recente, tão no início. Dois jovens buscando uma completude que bastasse e tivesse significado. Até então não fora possível sentir-se completo. Todavia estavam no caminho.

Ele ansiava por mudanças. Ela também. Origens tão distintas e caminhos tão paralelos. Uma sintonia sem precedentes. Quando um não estava bem, o outro sentia. E experimentavam a obrigação de auxiliar o outro. Até que ficassem bem, em paz e felizes novamente.

Tinham conflitos? Claro que tinham! Relacionamentos passam por dificuldades e as barreiras que os tornam mais sólidos. Não bastava se esquecer do problema, deixá-lo camuflado. Você tem que querer a mudança e a resolução do conflito. E para isso eles tinham um recurso: o diálogo. Foi o que os uniu e foi também o que gerou desentendimentos. Quem está com a razão? Por que isso e não aquilo? Muitas indagações surgiram nos diálogos. Entretanto, foram cruciais também para que minimizassem atritos e resolvessem tantos outros probleminhas relacionais.

Equivocado, porém, pensar que relacionamento é só feito de altos. Os baixos também completam esse conjunto e o contraponto é justamente buscar o equilíbrio. Não somos iguais e nem queremos isso. A diversidade faz jus a sua magnitude, sejamos belos! Sejamos únicos. E o outro que venha para somar. Aprendendo com o outro e evoluindo simultaneamente, cada qual no seu progresso individual.

Chico tinha sonhos. Tantos sonhos. E compartilhava com Carolina. Ela idem. Eles se olhavam entre as lentes refletindo raios de sol e riam. Dividiam confidências e arquitetavam planos.

Oh, quantos sonhos! Quantos desejos…

A vida é feita disso. A pureza e a inocência devem existir, cuja felicidade genuína possa transparecer em sensações agradáveis, paz de espírito e alívio; crendo na plenitude do Ser que divaga, reflete, aspira e acima de tudo, vive. Não apenas sobrevive.

Quando nos deparamos com uma realidade sintomática que visa lucros potenciais e nem vislumbra o ser humano tal qual ele é, nos frustramos. E despejamos no outro nossas frustrações. Projetamos o que queremos e nem sempre é real. Com Chico e Carolina não podia ser diferente. E nesse ínterim os conflitos surgiam. Não que isso fosse um problema. Pelo contrário, era enriquecedor refletir sobre tudo.

Além das reflexões que emergiam dos conflitos, eles gostavam de aprender mais e mais sobre tudo e refletir acerca da vida. Suas vidas tinham pontos em comum, como a paixão pelas artes e cada qual com seu talento buscava algo. Talentos à parte, Carolina não se sentia com potencial. Cabia a Chico incentivá-la da melhor forma que ele pudesse encontrar. E ele fazia isso de uma forma surpreendentemente bela: gostava de incluir aspectos práticos e situações reais.

A sua história de vida sempre deixou Carolina reflexiva. Ela não compreendia como o mundo podia ser injusto às vezes. E eles passaram a estudar isso também. E incluíam assuntos diversos em suas pautas diárias. Enquanto que a arte sempre estava por perto, permeando seus momentos, ela presenteava um ao outro com detalhes tão significativos que eles estavam certos de que era amor!

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