Só existe duas maneiras de viver a vida: A primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse um milagre”

Albert Einstein

Chovia muito naquela noite fria em Massachusetts. Na rodovia 35 a oeste, havia um motorista prestes a seguir seu caminho, quando, por um instante, sua vida tomou um rumo completamente inesperado. Duas meninas, correndo despreocupadamente, foram quase atropeladas por ele. E mal sabia Stanley que aquele encontro do destino transformaria a vida de todos os envolvidos de maneira extraordinária.

Meia hora antes…

Stanley trabalhava como motorista de um caminhão e estava retornando para casa onde sua linda e amável esposa o aguardava como sempre fazia quando ele estava prestes a chegar de mais uma viagem. Ele encontrava-se em uma extensa jornada e ansiava por rever Sarah. O casamento de Stanley e Sarah já completava quase uma década, e ele mal percebera como os anos haviam passado rapidamente. Tudo na vida deles era magnífico, exceto pela ausência de filhos, o que ofuscava a felicidade do jovem casal. Eles haviam realizado todos os exames necessários, mas os médicos haviam se mostrado incapazes de encontrar uma solução. Antes de partir em sua viagem, eles concordaram que, ao retornar, iniciariam o processo de adoção.

Existiam inúmeras crianças nos orfanatos sonhando com um lar, uma família e pais. Ao observarem as fotografias do banco de dados, seus corações se entristeciam. Enquanto Stanley dirigia na escuridão da noite, sua mente estava voltada apenas para esse assunto. De repente, ele avistou alguém na estrada. Stanley levou um baita susto, e rapidamente acionou os freios e buzinou freneticamente. Após descer do caminhão, deparou-se com duas pequenas figuras iluminadas pelos faróis, a poucos metros de distância. Ao se aproximar, ficou surpreso ao constatar que eram duas garotinhas. A escuridão já havia caído e elas tremiam ligeiramente devido a chuva e ao frio.

As meninas olharam para o homem, com uma mistura de medo e esperança, e interrompendo uma à outra, explicaram que sua avó não estava bem e precisava de ajuda imediata. Stanley acolheu as meninas no caminhão, serviu-lhes um pouco de chá de uma garrafa térmica e pediu que indicassem o caminho. Durante a viagem, as meninas relataram que viviam com a avó e que não tinham pais. Apesar de um gentil vizinho ter se dirigido à cidade para buscar auxílio, elas receavam solicitar ajuda a pessoas desconhecidas e mal-intencionadas. Mas por fim, decidiram se arriscar, o que as levou a estarem na estrada, na esperança de que algum motorista as ajudasse.

Nesse momento, Stanley chegou a uma vila discreta, situada cerca de um quilômetro e meio da rodovia, e estacionou próximo a uma casa em ruínas. As meninas saltaram do caminhão, seguidas por Stanley. A residência estava extremamente fria e os móveis eram antigos. Uma senhora idosa repousava em um colchão. Stanley aproximou-se e percebeu que ela mal emitia gemidos. Ao tocar sua testa, notou que a idosa estava com febre alta. Não havia remédios na casa, então Stanley ligou para uma ambulância.

Enquanto esperavam, Stanley cuidou da mulher, utilizando uma toalha úmida para esfriar sua temperatura. Quando os paramédicos chegaram e examinaram a idosa, eles repreenderam Stanley, afirmando que ele havia negligenciado os cuidados com a idosa, que com pneumonia, deveria ter sido levada ao hospital o mais rápido possível e não permanecido em casa. Temendo que as meninas fossem enviadas para um orfanato enquanto a avó estava no hospital, Stanley apresentou-se como sobrinho da idosa. Logo em seguida, a ambulância partiu, levando a avó, e Stanley sentou-se em uma cadeira, refletindo sobre o que deveria fazer em seguida.

Após hesitar por alguns segundos, ele instruiu as meninas a arrumarem suas malas, pois as levaria para sua casa, onde encontrariam comidas deliciosas, um teto sobre suas cabeças e sua gentil esposa. Ele prometeu as meninas que iriam juntos ao hospital para verificar o estado da avó assim que ela melhorasse. As meninas abriram o armário, colocaram algumas coisas em uma bolsa e informaram que estavam prontas.

De volta ao caminhão, as meninas adormeceram quase imediatamente. A esposa de Stanley, Sarah, estava extremamente preocupada, pois ele deveria ter retornado há duas horas. Assim que avistou o caminhão familiar pela janela da aconchegante sala, ela correu para encontrar o marido. Ao sair do veículo, Stanley foi recebido por um abraço emocionado de Sarah.

“Tudo bem, querida, está tudo bem. Algo aconteceu na estrada. Eu vou te contar tudo em casa. Agora precisamos colocar as meninas na cama” – disse Stanley, abrindo a porta do caminhão. Sarah viu as duas meninas adormecidas pacificamente nos assentos.

Stanley pegou uma delas nos braços, e Sarah sem entender nada segurou a outra, levando-as para dentro de casa. Após colocá-las para dormir, Stanley saiu do quarto, enquanto Sarah tirava suas jaquetas e sapatos, cobria-as com um cobertor, para em seguida se juntar a ele em torno da lareira, onde ele se aqueceu por alguns minutos.

Durante o jantar, Stanley compartilhou todos os acontecimentos com Sarah. Ela compreendeu que eles não poderiam deixar as meninas sozinhas naquela situação. No entanto, estava preocupada com a possibilidade de serem acusados de seqüestrar as filhas de outra pessoa.

No dia seguinte, Stanley partiu de manhã cedo diretamente para o hospital onde a idosa havia sido levada. Enquanto isso, Sarah ocupava-se na cozinha, preparando o café da manhã para as crianças. De repente, duas faces tímidas de meninas apareceram na porta.

Sarah recebeu as meninas com um largo sorriso e as convidou para entrar. Ela se apresentou às meninas e perguntou seus nomes. Charlotte e Sophie eram os nomes das garotas. Sarah sorriu novamente e as orientou a lavarem seus rostos antes do café da manhã. Ela lhes deu escovas novas e mostrou como abrir a torneira com água quente. Stanley havia explicado a Sarah sobre as condições precárias da casa onde as meninas viviam, e ela compreendeu que até mesmo ter água quente em casa era um luxo para elas.

Após lavarem o rosto, as meninas começaram a vestir as roupas que haviam trazido de casa. “Deixe-me lavar tudo isso por enquanto. E vocês podem usar minhas camisetas, que ficarão como vestidos, e vocês ficarão muito bonitas” – sugeriu Sarah, observando as roupas sujas e desgastadas das meninas. E assim elas fizeram.

Depois do café da manhã, Sarah ligou a televisão com desenhos animados, deixando as meninas surpresas com o tamanho da tela. Enquanto as meninas se encantavam com os desenhos, Sarah as observava com admiração. – No hospital, Stanley entrou na sala da enfermaria onde estava a avó das meninas. Seu nome era Senhora Brooks, e ela estava se sentindo muito melhor. A Senhora Brooks havia perguntado repetidamente às enfermeiras sobre suas netas, mas elas disseram que estavam com o seu sobrinho. No entanto, ela sabia que não tinha nenhum sobrinho, e seu coração estava aflito. Ela já estava reunindo forças para denunciar à polícia o desaparecimento das netas, quando Stanley entrou no quarto.

Stanley se apresentou e contou o que havia acontecido no dia anterior, explicando que suas netas estavam bem. Ao terminar sua história, a Senhora Brooks enxugou as lágrimas e não parava de agradecê-lo. “Não tenha medo, Senhora Brooks. Enquanto você estiver no hospital, as meninas ficarão conosco. Ninguém irá machucá-las. Assim que puder, eu as trarei para vê-la, e você poderá constatar isso. Mas onde estão os pais delas?” – perguntou Stanley.

A idosa suspirou e compartilhou sua história. Ela tinha uma filha, porém não era uma boa mãe. Ela deu à luz as meninas e as deixou com ela, uma de cada vez. Em seguida, a filha partiu para a cidade grande. A Senhora Brooks desejava privá-la de seus direitos parentais e tomar a custódia das meninas, mas sabia que essa idéia não teria êxito, principalmente por sua idade já avançada.

Ela não possuía recursos financeiros e, nesse caso, suas netas seriam encaminhadas para um orfanato. Agora, ela ficara doente e esperava que isso passasse rapidamente, mas infelizmente não foi o caso. – “Não se preocupe. Tudo vai dar certo. Enquanto isso, as meninas ficarão conosco. Na verdade, eu sou seu sobrinho. Não tente recusar. Você é a única família que as meninas têm, e só precisa se recuperar agora” – disse Stanley tranqüilizando a senhora.

Quando Stanley retornou para casa, compartilhou toda a situação com Sarah, e ela apoiou plenamente seu marido. Alguns dias depois, Stanley levou as meninas para visitar a avó. Elas estavam vestidas com lindos vestidos e tranças elegantes. A avó sorriu ao vê-las. “Sarah, posso falar com você um minuto?” – sussurrou ela quando as meninas saíram do ambiente. Sarah assentiu e se aproximou da cama. “Minha querida, muito obrigada. Eu vejo como você olha para as minhas netas. Você tem um coração bondoso e um marido maravilhoso. Por favor, tenha paciência um pouco mais e perdoe-nos por todos os problemas que lhe causamos.” – “Qualquer pessoa faria o mesmo em nossa situação. Além disso, acredito que nos encontramos por algum motivo, e que há um propósito divino nisso tudo” – respondeu Sarah, desejando à Senhora Brooks uma rápida recuperação antes de sair do quarto.

As meninas ficaram encantadas com a viagem à cidade. Elas visitaram a avó, passearam no parque e foram a um café. Quando as meninas adormeceram, Stanley e Sarah tiveram uma conversa séria. “Stanley, a Senhora Brooks receberá alta em breve. Temos uma casa espaçosa. Já nos acostumamos com as meninas. Talvez possamos trazê-la para morar conosco quando sair do hospital. Temos espaço de sobra. Nossa casa ganhou vida com elas” – sugeriu Sarah. Stanley sorriu. Ele também tinha pensado nisso, mas não teve coragem de mencionar. Uma semana depois, ele buscou a avó das meninas no hospital e a trouxe também para a sua casa. As meninas e Sarah prepararam muitas guloseimas para recebê-la. Depois do jantar, as irmãs foram brincar, e os adultos ficaram na cozinha. Stanley quebrou o silêncio. “Senhora Brooks, você pode ficar com as meninas aqui conosco. Veja bem, sua casa está em péssimo estado e é perigoso viver lá. Além disso, não há escola ou centro médico em sua vila. Nós vivemos em uma cidade maior. As meninas gostam daqui e temos espaço suficiente em nossa casa para todos” – explicou ele carinhosamente.

A idosa não sabia o que dizer. Ela também havia se apegado ao casal e fazia muito tempo desde que ela não se sentia tão confortável. Lágrimas de gratidão rolaram em seu rosto, e ela apenas concordou com a cabeça. Sarah e Stanley a abraçaram, e a casa pareceu ainda mais acolhedora. Os próximos passos não foram fáceis para todos. Com o apoio das autoridades de assistência à infância e da Senhora Brooks, Stanley e Sarah privaram a mãe das meninas de seus direitos parentais e, em seguida, eles próprios as adotaram.

O verão já estava na metade. As meninas corriam pelo quintal, enquanto a Senhora Brooks estava ocupada na cozinha. Sarah e Stanley entraram na sala e colocaram os documentos sobre a mesa. “Bem, é oficial. Agora somos uma família de verdade. E ninguém poderá nos impedir de sermos felizes” – anunciou Sarah com alegria. Pouco tempo depois, toda a família se reuniu no terraço para celebrar aquele dia tão importante. Stanley estava prestes a fazer um discurso, mas Sarah o interrompeu: “Me desculpa querido, mas eu posso falar?” Todos assentiram, e Sarah continuou: “Querida família, amado marido, filhas e minha nova mãe. Estou tão feliz por estarmos todos juntos. Amo cada um de vocês, mas tenho guardado um segredo há algumas semanas. E É chegada à hora de compartilhá-lo. Nossa família irá crescer ainda mais. Meninas, vocês terão um irmão ou uma irmã.” – completou emocionada.

As meninas soltaram um grito de alegria, expressando suas preferências. Stanley olhou para sua esposa com olhos arregalados e não conseguiu dizer uma palavra. “Filho, por que está paralisado ou será que a surpresa foi tão grande que você não entendeu?” As palavras da Senhora Brooks fizeram com que Stanley despertasse. Ele deu um salto, pegou Sarah nos braços e a girou. Ele estava radiante. Feliz por ter notado as meninas naquela noite, feliz por ser pai novamente, ou melhor, pai mais uma vez, porque Charlotte e Sophie já haviam se tornado sua família, após aquela noite chuvosa na estrada onde um milagre inesperado aconteceu e mudou a vida de todos eles… E assim, todos juntos foram felizes para sempre…

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