Capítulo escrito por: Charlotte Marx

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Elisabeth fechou a porta desesperada.

– O que você quer para me deixar em paz? Fala qual é o seu preço, garoto! Sua liberdade? A da sua irmã também? Dinheiro é isso, você quer dinheiro!

Lucas debocha.

-Realmente você não me conhece mesmo. Anda logo o que está esperando para pegar a porra desse telefone e chamar o seu inspetor favorito, aquele que sabe dos teus podres, anda logo, chama ele.

Elisabeth pega o telefone da mão do menino totalmente dominada. Lucas elogia.

– Isso mesmo! Bonitinha! Chama ele, mas fala para ele vir sozinho, temos muito a tratar!

A mulher assustada engole seco e disca para o departamento do homem.

***

Joaquina ajoelha na igreja do hospital para onde levou Débora e intercede junto aos seus santos para que tudo ocorra bem, uma adolescente de treze anos não merecia aquilo, definitivamente Malva saíra de si, era um monstro. Mas o que podia esperar de uma megera que a separara de seu filho por mais de vinte anos? Sua irmã não tinha escrúpulos e agora a pobre jovem teria que enfrentar um mundo tão seletivo as aparências sabendo que perderia muitas oportunidades, até mesmo de ser feliz, por causa dessa tragédia que destruíra seu sorriso. Joaquina estava farta das injustiças do mundo, só Deus para salvar aquelas pessoas, lágrimas transcorreram pelas suas marcas de sofrimento, como queria que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, fazer aquilo com uma criança? Não podia acreditar que saíra do mesmo útero que Malva. Alguém tocou-lhe o ombro, era Letícia trazendo consigo o quarteto. A freira abraçou seus filhos, chorando, eles perceberam que o caso de Débora era grave e juntos ajoelharam de mãos dadas, a força de sua fé iria fazer a menina sobreviver.

***

Marcio guerra chegou à sala de Elisabeth e se irritou ao perceber da presença do menino.

– Fez muito bem em me chamar Elisabeth, esse pilantrinha precisa aprender quem manda no jogo!

Mas Lucas não deixou tocá-lo.

– Diz para ele, Elisabeth, diz para ele o que eu descobri!

A mulher totalmente assustada entregou a pasta com as fotos, Marcio Guerra se enfureceu.

– Mas o que significa isso? Ele está te chantageando? Pois eu vou acabar com essa palhaçada agorinha mesmo!

Elisabeth o impediu de agir.

– Eu já consegui o seu cargo como meu assessor, já consegui te calar, mas se for lá contar a Malva terá que contar a história inteira e vai trair o que eu confiei em você! Ele me pegou Marcio, não há como escapar!

Lucas bateu palmas.

– Muito bem, Elisabeth, agora sim, você está se saindo como uma pessoa sensata! Eu só te chamei aqui Marcinho querido para anunciar que você não é o único que sabe dos segredos dessa pobre freira e também exigir algumas mudanças que passaram a valer sobre mim e as crianças no reformatório desde agora!

Marcio não acreditou no que estava ouvindo.

– Eu não acredito, que você, A dama de Ferro desse colégio, vai permitir que um fraldado te dite as normas! Não vai existir mudança nenhuma, saia daqui moleque antes que eu te dê uma bela surra!

Lucas rebate.

– Fraudada é a senhora sua mãe! E vai existir mudança sim, eu to dizendo que vai existir, então ponto final. E você fica de olho por que o próximo a ser pego em algum segredinho é você!

Ele agarra o menino pelos braços, Elisabeth grita para soltá-lo, ela explica.

– Ele não está sozinho nessa, isso aí é só uma cópia, se fizermos alguma coisa fora do que ele está nos pedindo, eu estou ferrada. Você me deve isso, Marcio, deve sigilo absoluto.

Marcio explode.

– Não vê que esse pirralho tá blefando? Ele quer te enrolar para que ceda as suas intenções!

Lucas disparou.

-Querem pagar para ver? Chamo agora os meus parceiros do colégio dos sonhos e revelo tudo, acho até bom, assim você é mandada embora logo daqui e boa parte dos nossos problemas terminam.

Ele se precipita para sair, mas ela o implora para voltar. A freira se ajoelha aos seus pés.

– Me perdoa, me diz, por favor.

Marcio olha incrédulo para a cena.

– Não acredito que está se sujeitando a esse ponto? Elisabeth!

Lucas pisa nas mãos da beata friamente.

– Você acha que me convence com esse seu teatrinho barato? A minha irmã está entre a vida e a morte num hospital por culpa desse maldito colégio, inclusive de você, eu nunca vou perdoar pelo que vocês nos fizeram.

Ela se recompõe.

– Então fala logo o que quer! Fala!

Lucas fecha a porta.

– Ufa! Agora que todo mundo entendeu a situação, podemos conversar civilizadamente.

***

Joaquina e as crianças estão aguardando notícias, quando o médico anuncia.

– O caso dela é muito sério, a bactéria que provocou a infecção é super resistente, nem mesmo nossos antibióticos de amplo espectro estão reagindo. Nossa última tentativa de salvá-la vai ser drenando a inflamação e tentando terapia com radiação nas células locais, mas nada é garantido, a infecção já invadiu a traquéia para chegar aos pulmões é um pulo, eu sinto muito.

A freira se desespera, as crianças a abraçam em lágrimas.

– Podemos vê-la, Doutor? – A mulher questiona.

Eles chegam em volta de sua cama e ela abre os olhos apática, percebendo o estado de todos. Ela vira para Joaquina e a mulher pega em suas mãos, apertando para conter as lágrimas, mas não consegue, quando Débora observa os outros, eles estão na mesma situação, consente a mensagem e se assusta, um vagido lhe toma e em silêncio, ela se chora. Eles a abraçam quando percebem.  Imagina saber que não vai durar, que vai morrer em poucos dias ou talvez horas. Todos os seus planos terminando naquela cama de hospital, naquela UTI, nada mais lhe parecia tão cruel, quanto a própria realidade.

 

Mais tarde…

 

Lucas termina de tocar um piano, em um salão, no colégio dos sonhos, quando Robson chega do hospital e o observa em silêncio dedilhar e se entregar a melodia. Ao final, o outro percebe sua presença.

– Robson?

Ele se levanta.

– Já voltaram do hospital?

O rapaz não consegue conter as lágrimas e corre para abraçá-lo.

– Ela não tem muito tempo, meu amigo!

O menino se desmonta.

– Como é?

O flautista o abraça forte. Lucas se desespera e começa a chorar também.

– Quanto tempo, Robson, quanto tempo ela tem?

O rapaz o encara nos olhos.

– Eu não sei talvez algumas horas.

Lucas cambaleia.

– Horas?

O outro volta a abraçá-lo. Lucas desabafa.

– A minha irmã via morrer, ela vai nos deixar em poucas horas, não dá para aceitar uma coisa dessas, a gente precisa fazer alguma coisa, precisamos.

Robson explica.

– O médico já fez de tudo, a última esperança é uma cirurgia. Eu sinto muito, cara.

Lucas grita de temor e estreita o gesto, Robson o envolve amparando-o.

 

AMANHECE…

 

Marcio traz seus pertences para sua nova mesa que fica em frente da pertencente à Elisabeth e ainda a repreende pela ação de ontem.

– Não sei se foi uma boa escolha aceitar essas exigências daquele pentelho! Começa com a liberdade dele e da irmã, com a extinção dos castigos físicos, depois vai passar para o controle dessa instituição, você verá!

Elisabeth o ridiculariza.

– Não diz besteira, quem controla essa instituição é a Malva, não tem como ele nos pedir isso, não está em nosso alcance e olha só eu achei bem pouco para uma chantagem, o seu cargo me custou muito mais.

Marcio a agradeceu.

– E eu tenho certeza que não vai se arrepender! Vou provar a minha competência.

Nesse instante, Joaquina invade a sala.

– Onde está aquela demônia da Malva? Eu vou partir a cara daquela cachorra assassina! Fala, onde está aquela mulher?

E começa a bater em sua porta, Malva abre e com um pontapé Joaquina a derruba ao chão. Elisabeth e Marcio ficam chocados com a brutalidade.

– Sua sanguinária desgraçada! Está satisfeita com o que fez? Você pôs uma menina no corredor da morte, você matou uma criança, como pode ser tão ordinária? Diz-me, sua carniceira medonha!

Malva manda os dois se retirarem e se levanta. Joaquina a impede a devolvendo com um tapa ao chão.

– Seu lugar é no chão, sua criminosa! A pobre da menina vai passar por uma cirurgia incerta, contraiu uma bactéria resistente e tudo por sua culpa que ordenou para arrancarem os dentes dela com um martelo nojento, velho, enferrujado. Como você teve coragem? Você não tem alma, não tem coração, é oca, oca por dentro! Um monstro!

Malva se emociona, sentindo remorso pelo que fez e a encara no fundo dos olhos.

– Não! Joaquina! Você está enganada! Eu estou deixando de ser esse monstro todo! E a maior prova está aqui. Pode sair do meu arquivo, meu sobrinho!

Um homem de quase quarenta anos, revela-se surgindo do apagado do depósito, sua face esboça emoção.

– Mãe! Há quanto tempo!

Joaquina não acredita no que seus olhos lhe exibem. Seu filho, depois de vinte anos desaparecido, ali na sua frente.

 

CONTINUA…-” ”>-‘.’ ”>

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