Cegueira invisível
Com um engate, Jesus puxou a mulher para dentro, descabelando-a por completo.
– Me deixa pelo menos ser bonita, nessas horas!
Dalila se irritou.
– Faça mil favor! Né Paula? O governo do meu irmão desmoronando e você parece que não se importa! A senhora vai perder muitos privilégios, não vai mais haver poupança gorda todo fim de mês na América Central!
Paula se explicou.- Se eu realmente não me importasse, minha querida, não teria vindo aqui dar o recado! Essa situação realmente é lamentável, mas procuro não me desesperar muito. É como eu te disse, Jesus, terá que renunciar ou aquele maluco do Orlando vai bombardear o país inteiro!
Jesus balança a cabeça negativamente.
– Jamais renunciarei!
E pegando seu casaco de frio, chamou Paula que zarpou. Dalila se virou para Sam e Elton e percebeu que eles estavam transando no meio de sua sala de estar. Quase explodiu, encarou-os friamente e ignorou, saindo para o quarto. Sam virou-se para Elton ainda de quatro.
– Sabe como é o nome disso, bofe? Mal amada!
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Denise chega ofegante a central sindical dos trabalhadores urbanos e exige uma reunião de urgência com todos os membros associados, inclusive do campo. Greve generalizada! Laila e Rogério a acompanham.
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MAIS TARDE…
O Procurador Geral da República responsável pelas denúncias na Caça às Bruxas, Henrique da Costa e Silva denunciou abertamente Jesus Van Gogh por corrupção passiva e organização criminosa, dizendo que o pedido da abertura de investigação foi mandado ao STF (Supremo Tribunal Federal), ao vivo, numa transmissão da Novilingua. Assim que desligou o próprio Lindemberg o entregou um malote cheio de dinheiro
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Jesus Van Gogh chega ao Palácio do Planalto acompanhado de Paula Venezianni e descobre que houve um racha nos aliados. Alguns violentos o abordam e exijam sua renúncia imediata, mas ele nega pedindo licença para seu gabinete. Na escada, Fátima, repórter famosa da Novilingua impede sua passagem.
– Uma palavra, senhor Presidente! Como o senhor explica essa pouca vergonha com o dinheiro do povo! O senhor é realmente o chefe dessa quadrilha?
Jesus perde a paciência e a joga degraus abaixo.
– Quanta petulância. Saia da minha frente, sua hidrófoba.
Subindo na presença de Paula. Inconformada, Fátima gera uma comoção com as câmeras, associando-o a misoginia. Fora Jesus!
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Débora chega a um latifúndio acompanhada de Saulo e sargentos. Um jatinho particular a espera para levar até uma ilha no Pacífico Sul, mas uma notícia invade o celular do comandante e ele diz estar preocupado com os rumos do país agora que se revelou que Jesus é um ladrão. Débora que estava de olho numa brecha, dispara, surpreendendo todos.
– Se vocês quiserem, eu os ajudo a tomar o poder! Contanto que me deixem ficar aqui!
Closet nos olhos surpresos de Saulo.
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A câmara dos deputados aprova uma emenda constitucional que autoriza a instalação de um sistema nacional de informação ( SNI) com dialogo direto com Orlando Carrasco, presidente dos Estados Unidos, recorrendo a medidas da Ditadura Militar de 1964. Assim Orlando temporariamente suspende o bombardeio.
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Saulo não entende.
– Não está querendo nos pregar uma peça, não é? Ficou presa durante um ano em uma masmorra! Da próxima vez será bem pior, já ouviu falar em cadeira elétrica?
Débora o ludibria
– Eu não sei por que todo esse medo, Capitão Saulo?! Não estou pretendendo voltar ao poder e continuar a minha revolução. Só não quero que aquele rato imundo do Jesus continue, ele arrancou a cadeira que deveria ser minha, traiu-me e agora eu quero vingança!
Saulo troca olhares com os outros e sem muitas opções, concorda.
– Está bem, terás uma única chance! Mas apenas uma chance. E então o que é a gente faz?
Um sorriso cresce no sorriso da mocinha. Instrumental explosivo.
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Mais tarde…
Jesus inicia uma reunião de urgência com seus ministros, base aliada e o presidente da câmara dos deputados a fim de ganhar tempo antes que a oposição protocole a admissibilidade da denúncia e a necessidade de uma CCJ ( Comissão de Constituição e Justiça) para apurar o caso. Um jantar no Palácio do Jaburu é marcado para o oferecimento de cargos em troca da manutenção do seu governo.
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SEMANAS MAIS TARDES…
Fábio Boa Vista está estampado na capa de muitas revistas como sinônimo de herói nacional. Em detrimento da popularidade de Jesus que cai para 3%. A fim de se manter no poder, desesperado, o presidente toma medidas impensadas como entregar uma reserva indígena na Amazônia para mineradores estrangeiras, sobretudo norte americanas para angariar solidariedade de Orlando, mas a comunidade internacional do meio ambiente cai em cima e dado a proporção do escândalo, ele recua.
Manifestações de operários e setores populares pela democracia se embatem com manifestações neoliberais e conservadoras de médio e alto poder aquisitivo, eclodindo massacres de ambas as partes, em plenas capitais nacionais.
A CCJ revela um resultado assustador para a manutenção política do governo golpista, dos 66 deputados, 53 foram favoráveis ao prosseguimento da denúncia. Insensato, Jesus abriu a leilão a Embrapa para empresas privadas e privatizou alguns aeroportos.
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Mulheres de fardas marcham alinhadas com o cabelo preso rumo a um pátio central de um grande quartel. O hino nacional se inicia em alto e bom tom, dentre as sargentas, encontra-se Débora repaginada.
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Paula Venezianni cria um blog para denunciar a farsa inventada por Fábio apoiado da inteligência norte americana e consegue grande visibilidade. Lindemberg encontra-se com Fábio e eles decidem que o melhor a se fazer é cortar o mal pela raiz, convocando-a para uma entrevista.
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Uma semana mais tarde…
Inicia-se a votação no plenário para o sim ou não do arquivamento da denúncia. Em sua suíte presidencial na casa Branca, Orlando Carrasco liga o notebook e acompanha no site TV Câmara Brasil a abertura da sessão em tempo real.
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Num meio de um comício, Denise clama por diretas já.
– A casa caiu Jesus! A conta do golpe chegou! Ponto final para suas reformas contra os trabalhadores! Rato imundo, fim da linha! Eleições já!
Um garotinho de rua puxa suas vestes
– Tia! Tia!
Nesse momento e a desconcentra. Antes de ser pego, ele deixa um papel em suas mãos, em que se lê:
– Estou viva. Sou braço direito de Capitão Saulo. Estou voltando, queridos. Débora.
Denise não se agüenta de emoção e se escora nas cortinas. Era bom demais para ser verdade!
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Paula Venezianni chega a Novilingua para gravar entrevista. Ao chegar ao estúdio, incomoda-se ao ver Fátima, a repórter bafônica a esperando.
– Demorou, querida! O que houve? Foi o trânsito caótico da cidade ou te foi à cólica menstrual mesmo?
Closet no rosto irritado de Venezianni.
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Dalila chega em casa e se horroriza ao ver confete e serpentina espalhada pelo chão de seu apartamento. Ele segue o rastro até o seu quarto e vê dançando na boquinha da garrafa para homens bombados e Elton.
– Mas que palhaçada é essa no meu quarto? Saiam da minha cama, seus imundos!
Ela tenta agredir Sam, mas ele a contém e torce seu braço.
– Quem é você para falar de imundície? Quer que o mundo inteiro saiba que você é uma zoofila!
Dalila se desespera, como ele havia descoberto seu segredo!
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MAIS TARDE…
A votação chega ao fim. Por uma pequena margem, Jesus consegue se safar e o processo é arquivado.
Nas ruas, a população ameaça invadir a câmara dos deputados, mas a escolta militar impede. Uma mãe com as mãos calejadas e com os filhos subnutridos berra completamente estarrecida.
– Não é possível! Que país é esse? Fizeram-nos acreditar que Débora era corrupta, mas no fim é essa merda de sistema inteiro que está corrompido! Ai! Tem que matar todos eles! Tem que limpar esse país!
No palácio do Jaburu, Jesus e seus ministros comemoram o resultado.
– Posto essa turbulência, continuemos com os pacotes das reformas!
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Orlando chuta o notebook enfurecido.
– Malditos! Ratos imundos! Não quiseram fechar comigo! Pois agora eles vão conhecer quem é Carrasco de verdade! Ai, ai Fábio, você me foi muito útil pelas vias brancas, sinto muito por isso, nem sempre escolhemos o futuro que queremos, estou fazendo isso pela sua memória e sei que daria a vida para entregar o poder do Brasil a mim. Vai deixar saudades, meu caro.
Pegou o celular e mandou chamar seu ministro de relações exteriores.
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Paula está no meio da reportagem quando percebe que o semblante de Fátima muda completamente com o recebimento de uma mensagem. Nem um pouco desinformada, pois sabia que a votação de Jesus estava correndo a vapores no plenário, toma a força o celular das mãos da repórter e esboça um sorriso ao saber que Jesus fora absolvido.
NO OUTRO DIA…
Jesus chega ao apartamento da irmã lhe trazendo flores de felicidade acompanhado de seus guarda-costas, quando a encontra em estado de choque, com o cabelo despenteado e Sam de avental saindo do fogão com uma torta de framboesa.
– Maninho, se eu soubesse que vinha, teria feito o doce de coco que sei que tanto ama!
Jesus estranha a reação da irmã.
– Você nunca deixou que tocassem na sua cozinha, o que está acontecendo?
Dalila o abraça forte.
– Eu estou perdida, ele descobriu tudo.
Sam solta um grito escandalizado.
– Jura que o lagarto do nosso irmão sabe da sua condição inóspita! Mas esse país ta perdido! Um presidente da república conivente com a prática da zoofilia!
Os guarda-costas estranham. Um deles solta.
– Ela transa com gado?
Sam completa.
– Gado, porco, galinha, coelho. Uma vergonha nacional e para família Van Gogh. Sempre achei estranho ela nunca ter arrumado um partido. Mas também com essa cara de taquara, quem iria querer.
Dalila perde a paciência e o ameaça com uma faca, a qual estava no faqueiro.
– Cala boca, sua bicha loka! Quem é você para apontar meus defeitos e vícios, olha só para você! Uma pessoa que só sabe fazer maldades para os outros, que vive tripudiando, se vai terminar sua vida sozinho, ouviu, sozinho. Já teve o rosto transfigurado pela queimadura durante a ditadura de Otto, agora quando esse corpo mais ou menos cair, meu querido, não vai sobrar um que vai te querer.
Jesus a convence a baixar a faca. Sam começa a chorar.
– Papa-léguas ambulante! Fedelha imunda! Hipócrita! Ativista de merda! Reclama de uma exposição num banco nacional, só por que havia pinturas que retratavam a homossexualidade, distorcendo tudo, dizendo que incitava sexo com animais e para quê? Diga-me, pra quê? Para no final deitar e rolar nessa lama de vida! Olha pro teu rabo antes!
Dalila se descontrola.
– Ordinário! Patife! Fora da minha casa! Fora.
Sam confirma.
– Vou sair sim! Vou ceder sua vontade sim! Mas antes eu vou postar um vídeo internacional para falar da sua safadeza! Que eu só descobri pela minha brilhante intuição quando encontrei sua calcinha no balaio de roupas e estava infestada de pelo de cachorro. Mandei Elton te seguir e descobri a farsa! Por isso a campanha de defesa de animais de rua, você vai nessas ONGs para ter um alívio da sua vidinha medíocre!
Dalila perde a paciência e se joga em cima dele, esmurrando com toda sua força.
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Denise mostra o bilhete que recebera de um garotinho de rua a Rogério e Laila.
– Que cara são essas? Vocês acham que pode ser uma mentira?
Rogério dá de ombros.
– Não sei. Mas é questionável! Por que justamente agora, num clima de instabilidade política, entregam-te esse bilhete. A mim parece uma brincadeira de mau gosto.
Laila o apóia.
– E nem é de próprio punho, é digitalizado. Não dá para saber se é verdade ou não. Eu ainda tenho esperanças de que ela está viva, presa em algum lugar. Mas não sei se conseguiria tão fácil retomar a liberdade a ponto disso.
Denise pensa um pouco e concorda, jogando o bilhete na lata de lixo.
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Capitão Saulo se encontra com Edgar Grimm, ministro de relações exteriores norte-americano, num restaurante pouco freqüentado em Brasília e proclama.
– Orlando não gostou nada do resultado de ontem. Quer uma intervenção militar imediata! Mas é preciso ter apoio de grande contingente populacional, então teremos que numa manobra midiática, executar Fábio Boa Vista! Para que a culpa caia sobre Jesus e sua cambada! Ah sim, conseguimos derrubá-lo de vez, sem levantar tantas bandeiras.
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Uma semana mais tarde…
Fábio telefona para Orlando e acerta detalhes da sua passeata. Assim que desliga puxa o zíper de sua jaqueta de couro e cumprimenta com um aperto no ombro sua assessora.
– Vamos!
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Débora termina a série de flexões e avisa as outras sargentas que vai se adiantar com o material do acampamento, quando entra no prédio principal, estranha ao ver Capitão Saulo se reunindo com outros homens numa sala no fim do corredor. Ela se precipita para ouvir por trás da porta e se choca ao descobrir que se trata da execução de Fábio a mando de Orlando.
Ela sai correndo pelo pátio e para sua sorte avista o meninho de rua assistindo ao preparo dos cavalos, manda-o esperar um pouco e corre para secretária, pede um papel rápido e escreve um bilhete, mentindo para o militar de que se tratava de uma ordem ao desembargador, tanto que o homem não convencido a espreita e a flagra entregando o recado ao garotinho e alguns trocados, interfonando aos próximos de Saulo.
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Jesus por meio de um decreto via ministério consegue propor uma mudança desestrutural ao ensino médio, um currículo que o ensino de ciências sociais não fosse obrigatório, a fim de alienar ainda mais a massa para que esta não questionasse a ordem. Ao sair, foi informado por Paula Venezianni, agora ministra do trabalho, que uma passeata com mais de cinqüenta milhões de pessoa estava acontecendo rumo à praça dos três poderes, com a finalidade de fazer pressão para ele renunciar. Jesus gargalhou.
– Deixem fazer barulho, uma hora se cansam! Com se reunir com os aliados, vamos tentar na calada da noite, conseguir na câmara aprovar algumas privatizações. Vamos destruir esse país de merda!
E saiu sorridente. Paula o acompanhou.
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O garotinho tenta entrar no prédio de Denise, mas o porteiro o barra.
– Que isso tio? Eu só quero entregar esse bilhete a vereadora Denise Sampaio.
Laila que chegava com Rogério.
– Eu ouvi bem! Quer falar com a Denise?
O porteiro tenta intervir.
– Não vê que um marginalzinho ! Se o deixar subir, dona Laila, ele vai assaltar a casa inteira para comprar droga!
O menino rebate.
– Eu sou muito honesto! Viajou na maionese, tio?
Laila repreende o porteiro.
– É isso mesmo! Silveira! Não devemos julgar o caráter das pessoas pela sua situação socioeconômica. Se fosse assim então aquela cambada de deputados e senadores não estaria envolvida até o pescoço em escândalos de corrupção. Ele vai subir sim! Vem amiguinho, já tomou café por hoje?
Ele balançou a cabeça negativamente meio sem graça.
Denise serviu-lhe mais café pelo bule.
– Come mais, meu anjinho. Tá tão magrelinho!
Ele aceitou com a boca cheia de bolo de fubá. Rogério estava eufórico.
– Então Débora, realmente está viva! E infiltrada no exército de Saulo! Mas que notícia maravilhosa!
Laila se preocupa.
– Nós temos que conseguir tirar ela de lá. Eles são espertos, se descobrir que ela está enviando bilhetinhos vão pegá-la. Nós precisamos intervir, já!
Denise concorda.
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Débora termina de colocar o último saco de dormir no bagageiro da caminhonete, quando Borca, a tenente responsável pela ala feminina a puxa pelo cabelo.
– Onde você pensa que vai!
– Me solta! Que isso, tenente Borca, para quê essa violência?
– Cê vai explicar direitinho o que tinha naquele bilhete do garoto da rua!
Ela é jogada numa sala de tortura. Suas mãos são amarradas numa cadeira elétrica.
– Socorro!
Eles a encharcam com urina e ligam o aparelho. Ela começa a ser eletrocutada.
***
Lindemberg cobre a passeata de Fábio, o qual de pé numa conversível com as cores da bandeira acena para multidão que o ovaciona fervorosa. Pesquisas em todo país indicam uma popularidade altíssima, de 88%, com certeza, ele seria o candidato eleito.
– Nós vamos derrubar esse traidor da nação! Eu prometo para vocês, povo brasileiro, a corrupção aqui não terá mais lugar, derrubamos uma canalha e seu governo autoritário, agora é a vez dessa quadrilha imunda cair também. E eu não vou desistir até isso acontecer.
Dentre pais de família, sob a sístole e diástole de corações, um fuzil negro toma a cena e faz de Fábio Boa Vista sua mira. Atira!
As pessoas vão ao terror quando percebem que o corpo do herói está sujo de sangue e cambaleante, caindo para fora do carro ainda em movimento. Gritos de desespero são ouvidos, uma correria assustada e choros de ódio aproximam-se do que restara do sujeito: o seu cadáver. A cena se apaga.
***
Débora tem seus seios retorcidos por um aparelho de tortura, porém, ela se mantém firme e não confessa o que fez. Eles a jogam de ponta cabeça num barril cheio de fezes e ela se afoga. É trancafiada num caixote apertado e suas articulações latejam de dor, mas resiste. Seriam apenas cinco minutos. Depois apenas mais cinco. Pedaços de sua pele eram cortados e expostos, ardia, latejava, mas ela não podia entregar seus pontos, era pela sua nação. Tinha que fazer jus aos ideais de seu pai e de seu maninho Lucas.
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A população ainda de luto por Fábio, junto com o exército de Saulo, invade o palácio do planalto, as câmeras, o supremo tribunal federal e destroem tudo, provocando uma verdadeira chacina. Paula Venezianni e Jesus Van Gogh são executados a metralhadoras como assassinos da nação e seus corpos entregue a populares para serem linchados pelas ruas de Brasília.
Os movimentos sindicais são contidos. Decreto proíbe greve e são criados campos de extermínio para lideranças de oposição. Denise, Rogério e Laila são exemplos.
Débora não resiste aos choques elétricos diários e falece. Na prisão, Bruno Paçoca se envolve em uma confusão e é espancado por policiais até ficar inconsciente, seqüelas são deixadas, perde boa parte da memória e sua capacidade cognitiva.
Dalila recebe uma proposta para deixar o país e recomeça sua vida em Israel, como mãe de família. Sam e Elton vão para campos de trabalho forçado e morrem de inanição meses depois.
A ditadura de Orlando Carrasco finalmente se consolida no imaginário popular do mundo. A oposição não existia mais. Todos viviam felizes, viam as cores do mundo, caso o desânimo, a angústia batesse a porta, bastava tomar uma cápsula da felicidade e tudo se resolvia. Os grandes laboratórios tornaram-se junto à internet e a novilíngua agora renomeada Plim Plim os principais auxiliadores do governo totalitário global. Para quê pensar? Para quê questionar? Isso é cair na armadilha do coletivismo, o ser humano é um homem mal por natureza, competitivo, bastamos aceitar essa condição e lutar contra todas as formas de opressão para começar pela família, pelas amizades duradouras, pelos relacionamentos sérios, tudo é uma grande ilusão, invista em você mesmo, cultive a liquidez das relações, não se apegue, desapegue! Foquemos no nosso trabalho, ócio é para os fracos, afinal somos um grande corpo que precisa que todos façam a sua parte! De gravetos, fazemos a nossa suástica! Religião é para fracos! Consumo está conosco! Tsc Tsc.
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