Capítulo escrito por: Charlotte Marx

Classificação indicativa: 

 

Lucas é levado pelos policiais até a viatura.

– Deve estar havendo algum engano, eu sou inocente!

O delegado gargalha.

– É o que todos dizem quando vão para delegacia! Lá ninguém é culpado!

Os outros policiais riem com a ironia do chefe. O homem continua.

– Não adianta negar, nós já descobrimos sua falsificação de identidade, o banco de dados de digitais nos revelou tudo. Recebemos hoje de manhã a conclusão de um primeiro laudo do IML de Vitória capital e descobrimos que suas impressões estavam na corda cerrada que culminou na morte de Fernanda Van Gogh.

O mocinho protesta.

– Mas isso é um absurdo, eu jamais faria coisa dessas! Armaram para mim e só conheço uma pessoa no mundo capaz de ser tão baixa o suficiente: Sam Van Gogh, o filho da…

O delegado o esmurrou.

– Não fale assim dele! É um dos poucos que sabem dar prazer para um homem nos dias atuais.

O cardiologista ficou boquiaberto com aquela revelação, mas não conseguiu se defender foi jogado dentro da viatura e levado por outros policiais.

Passado alguns minutos, as três viaturas que foram buscar o jovem estacionam em frente à delegacia, na qual, dezenas de repórteres aguardam ansiosamente por uma palavra de Lucas Carvalho. O mocinho tenta pedir ajuda a eles, dizendo ser inocente, mas o delegado o impede de prestar declarações o levando para dentro do prédio, o qual em um das salas Cristiano faz sua primeira defesa na cidade justificando o motivo de uma mãe de família ter roubado leite no supermercado para sustentar seus filhos. Ao escutar o tumulto dos repórteres, precipita-se para o corredor e embranquece ao ver Lucas vivo. Os dois agora estavam frente a frente.

***

Elvira está terminando sua massagem oriental em sua sauna quando Ruth entra correndo avisando que seu advogado Rapozzo queria confessá-la algo urgente. A empresária se assusta com a reação de sua empregada e resolve atendê-lo, ficando chocada ao ligar a televisão de seu quarto, acordando seu marido aos berros, com a reportagem feita pela emissora Novilíngua de que seu filho forjara a própria morte.

***

Lucas não consegue encarar Cristiano nos olhos, vira o rosto para o lado.

– Por favor, me levem logo para cela!

Cristiano, no entanto, os impede.

– Eu não estou acreditando no que eu estou vendo! Você teve a audácia de forjar a própria morte? De enganar todo mundo com aquele velório? Sem se importar com o sentimento das pessoas que te amavam? Do que você é feito? De gelo?

Lucas não responde, começa a chorar. Berra para os policiais.

– O que estão esperando, caralho! Não querem me prender, pois então me levem logo!

Os policiais abrem caminho e empurram o advogado para o lado, o qual sofre ao constatar que se apaixonara por um monstro.

***

Débora está vasculhando a cômoda de seu quarto, quando encontra seu vestido Lilás, então seus pais realmente haviam achado a roupa que seu irmão mais novo lhe dera no aniversário de 20 anos, juntando sua mesada! Lucas realmente era uma pessoa incrível, ainda mais na sua sede de querer fazer o bem, abrir os olhos dos manipulados, de continuar o legado de seu pai. Emocionou-se ao lembrar-se do irmão e torceu para que seus planos tivessem êxito em breve. Foi quando a porta de seu quarto se escancarou e Jesus e Laila entraram apressados. A bailarina se desesperou.

– O que foi gente? Que cara são essas?

Laila disparou.

– O plano de Lucas foi descoberto, ele foi preso por falsidade ideológica e acusado de matar uma mulher.

A ex-leucêmica de vinte oito anos gelou.

***

Denise está tomando café na padaria-hotel, famosíssima na cidade, em frente à mansão dos Van Gogh quando mira a pequena televisão no teto e engasga com o pedaço de pão ao descobrir que seu amigo fora preso. Ela pede rapidamente um copo de água e enquanto se recupera avista do outro lado da rua, Robson e Sam abraçados, descobrindo que eles reataram e mais: que o flautista traíra seu próprio amor de infância.

***

Paçoca espera o intervalo das crianças terminar e resolve dar uma caminhada pela horta do Colégio dos Sonhos a fim de diluir um pouco sua dor ao presenciar aquele beijo. Um coelho serelepe sai de uma das tocas e rodeia as pernas do ex-traficante querendo brincar e Bruno admira o doce acaso perante seu martírio. Ele esfrega a barriga cinzenta do bichinho e o pega no colo deixando afofar pelas patinhas na camiseta do rapaz o carinho recebido pelo humano. Passado isso, alguns minutos mais tardes, agora sozinho, o antigo rei das ruas de Santa Helena encontra um velho pneu amarrado em um galho de uma antiga árvore e permite-se sentar, balançando pelos ares, quando mãos maternas param o brinquedo, ele se volta: Era Joaquina.

 

Chamou-o para conversar em um banco afastado aos fundos da propriedade e o aconselhou.

– Por favor, meu filho, volta para São Paulo, não desista de lutar pelo amor de Débora!

Ele hesitou.

– Como? Mãe Joaquina? Como posso falar de amor, se não é recíproco, se ela pensa que eu a traí com aquela enfermeira!

A freira opinou.

– Quando me referi a lutar, não é necessariamente para implorar pelo amor dela, mesmo por que, é também um homem digno de ser amado, não quero que rasteje atrás dela, o que quero do fundo do meu coração, é que vá atrás, também, daquela maldita enfermeira e descubra quem está por trás disso, meu filho. Você não pode entregar os pontos assim, de mão beijada para o inimigo. Precisa lutar contra ele, por que uma hora, com a graça de Deus, você vai conseguir vencê-lo.

 

Paçoca enxugou as lágrimas.

– A senhora tem razão, não posso entregar o jogo para quem não me quer perto dela. Eu preciso provar minha inocência e reconquistá-la, custe o que custar.

Joaquina o abraçou.

– É assim é que se fala!

***

Lucas, o qual está numa solitária em frente às outras celas é ridicularizado pelos outros presos que o ameaçam agredi-lo por matar uma mãe de família. O sangue ferveu ainda mais nas suas artérias, naquele momento, como a mídia barata e golpista montava o circo para destituí-lo de chance de vingar a morte de seu pai, àquela hora, devia estar espalhada como manchetes dos principais jornais do país uma foto de seu pai, uma distorção de sua pessoa para que o povo não lutasse contra o status quo, contra o lobby generalizado, mas se eles pensavam que a história estaria terminar assim, estavam muito enganados. Ele iria se vingar, inclusive de Sam. No entanto, outra parte de si, estava preocupada com o desaparecimento repentino de seu amor, mas essa pergunta, logo foi respondida com o anuncia do carcereiro que uma visita o aguardava. Ele abriu a saleta e percebeu que se tratava de Denise Sampaio, a vereadora marxista da cidade, correu para abraçá-la.

– Que saudades, amiga. Que bom que está aqui! Desde que cheguei, sinto-me tão aflito com tudo isso! Preciso muito que me ajude a encontrar Robson, ele não dormiu em casa, sumiu logo de…

Ela não o deixou terminar frase, cortou-lhe com uma bomba:

– Ele reatou com Sam.

O mocinho ficou em silêncio. Ouvira direito o que ela falara?

– O que você está dizendo, Denise?

Ela prosseguiu.

– Eu tenho quase certeza, Lucas, Robson nos traiu, entregou sua cabeça para a polícia, forjando sua participação no crime. Eu o vi, eu o vi na rua, abraçado carinhosamente com o Sam.

Lucas não agüentou o baque, sentou-se passando mal.

– Isso não pode ser possível, Denise. Você deve ter confundido, foi ele que me salvou, ele que chamou a ambulância para me resgatar quando eu estava inalando VX no apartamento. Não faz sentido algum, ele ter se bandeado pelo outro lado.

Denise se emociona com o estado do rapaz.

– Eu nunca afirmaria uma coisa dessas para você, meu amigo, se eu não tivesse tanta certeza disso! Ele estava lá sim, em frente à mansão, entrando no carro com o cara que tentou te matar, no maior grude. Ele nos enganou, Lucas, enganou-nos todo esse tempo.

Lucas gritou.

– Não pode ser! Não pode ser! Nãooooooooo!

Soluçava descompassado com aquela revelação. Toda sua história na infância, o quanto Robson sofreu com sua partida, aquela invasão surpresa em seu apartamento, o banho juntos, a guerrinha de sabão, as declarações eram todas falsas, tudo era uma mentira deslavada, da pior espécie. Esmurrou a mesa descontrolado, atordoado, como desejou que dois se ferrassem, que os dois morressem de uma maneira lenta e cruel como o certo canto do conto machadiano A Causa Secreta.

– Ele vai me pagar, Denise! Ele vai pagar caro por ter feito isso comigo! Eu vou destruir a vida dele! Ele vai se arrepender de ter me procurado aqui em Doce Recanto, você pode grifar isso que estou dizendo! Os dias dele estão contados!

A justiceira social senta-se no chão e o abraça forte, pondo-o em seu colo.

***

Sam estaciona seu conversível rosa – veneno em frente à faculdade e Robson desce, abrindo a porta para o vilão sair, este arruma o topete e ambos de preto e óculos escuros enfrentam a equipe de entrevistadores. Uma repórter tenta colher informações.

– Como vocês podem verificar os rumores de rompimento do namoro não passavam de boatos, o casal acaba de chegar e… Por favor, Sam Van Gogh, nos dê uma palavrinha sobre a prisão de Lucas Carvalho, filho de George Carvalho, o professor marxista que morreu assassinado nessa faculdade. Qual é sua expectativa sobre a prisão do possível assassino de sua mãe?

Sam pronunciou dissimulado, enquanto Robson abraçado a ele protegia-o semelhante a um guarda-costas.

– Eu espero, sinceramente, que a justiça mantenha essa decisão até o final, lugar de bandido é na cadeia, apodrecendo até morrer e esse infeliz tem que pagar caro pelo que ele fez! Agora com licença!

Eles afastam os repórteres e finalmente conseguem se adentrar na faculdade avistam no fim do corredor Sofia os observando que desata a correr para biblioteca quando percebe que foi descoberta. Os dois correm até ela e Sam a empurra contra uma prateleira, livros e mais livros desatam sobre sua cabeça. Robson puxa-lhe pela gola e Sam a estapeia.

– Escuta aqui, sua naja! Se você dar uma de boque-rota e confessar que nos ajudou entregando as digitais da faca para aquele nosso amiguinho legista! No mesmo dia, a gente despacha você para o inferno, ouviu bem? Então pare de nos observar! Por que já foi muito bem remunerada por isso!

A diretora chega nesse instante.

– O que está acontecendo aqui?

Sam muda sua expressão, fingindo-se estar ajudando a bibliotecária se levantar.

– Ela tropeçou, coitadinha! Foi pegar um livro para mim!

A diretora o abraçou.

– Ai, meu querido! Como você é bom! Nem sei como Sofia pode estar te amolando num momento como esse de luto para você! Perdoem nosso comportamento!

Pelo ombro da Maria tonelada, ele troca olhares de tédio com o namorado. Robson ri. Assim que a diretora ajuda a mulher a se levantar e sai dando-lhe uma bronca. Sam comemora a virada com Robson, trocando um amasso selvagem entre as prateleiras.

 

MAIS TARDE…

 

Joaquina está em seu quarto tirando seu cochilo da tarde, quando recebe uma notificação em seu celular, a velhaca percebe que se trata de Débora e se desespera ao descobrir que Lucas foi preso, ainda mais por um crime hediondo que tinha certeza que seu filho jamais havia cometido. Ela grita.

– Minha Nossa Senhora de Fátima!

Paçoca e Irmã Cassandra invadem o quarto da diretora, preocupados.

– Olha só, meu filho, o que Débora acabou de me contar.

 

Ele lê a mensagem no visor e choca-se ao descobrir que armaram para Lucas.

***

Marília abre os olhos de supetão, levanta- se na cama, como seus membros estavam dormentes, seus olhos exigiam por mais sono, avistou a cômoda da cabeceira e percebeu que havia pelo menos uns cinco frascos vazios de remédios psiquiátricos para insônia tarja preta. Recordou-se da discussão que tivera com seu filho adotivo, teria sido dias atrás? Ele a dopara, mas por quê? Ao chegar ao final do corredor, na sala, o motivo clareou: ela ameaçara denunciar o sumiço de Luana! E fora impedida!

***

A campainha do quarto de Cristiano ressoa e ele atende. Era ninguém menos que sua mãe: Gumercinda!

– Mãe! Como eu estava com saudades de você!

E a abraça forte. Ela emociona-se com o gesto do filho e revela que trouxe nhoque, seu prato predileto.

Depois de prepará-lo no fogão embutido do local, ela o serve, em cima da pequena mesa circular, próximo a porta.

– Suponho que dizer que eu estava certa, só vai piorar as coisas, pois então me conte filho, não guarde nada para você, bote esse mágoa para fora, liberte-se finalmente dessa maldição!

E pegou suas mãos, ele beijou as dela.

 

ANOITECE…

 

Lucas chega pela segunda vez, no último horário para visitas e se amedronta ao rever seus pais adotivos: Elvira e Pedro o fitavam com certa amência e ao mesmo tempo feridos na alma. A empresária quebrou o silêncio, permitindo sua voz ressoar pela saleta.

– Nos diz só uma coisa, de que esse teatro te adiantou?

Closet no rosto do mocinho encurralado.

 

***

Denise e Ezequiel aguardam, do outro lado da rua, ansiosos o tocar do último sinal, anunciando o término das aulas. Sam e Robson não demoram a sair. O bandido se enfurece.

– Enquanto meu amigo está pagando por um crime que não cometeu, esses dois estão aí no bem bom. Eu vou quebrar a cara desses dois, desgraçados!

Denise o segura pela blusa.

– Você ficou maluco? Se fizer isso, vai botar tudo isso a perder! Vamos, ligue o carro, precisamos vigiar esses dois, minha intuição me diz que essa traição de Robson já estava sendo planejado há muito tempo, a mim eles queriam tirar o Lucas de circulação para interromper as investigações da morte de George, mas se for isso, eles estão enganados! Pelo meu amigo, eu vou até o fim dessa história, nem que me custe à vida!

Eles partiram assim que o conversível zarpou para a portaria. Não demorou mais de vinte minutos quando descobriram o destino: a antiga estação de tratamento de água. Denise deixou escapar.

– Bingo!

***

Um forte temporal assola a região de Manaus, naquela noite, quando Joaquina está preparando a programação do próximo feriado para as crianças. É nesse instante que a campainha ressoa, ela aguarda um instante, mas seu segurança não aparece, então resolve descer as escadas, ao ouvir a campainha tocar novamente, acende a luz do pátio central e se encaminha para o portão, quando se apavora ao ver o portão escancarado e o profissional morto enforcado no alto. Uma voz surge em suas costas.

– Esse homem que você arrumou, não está com nada, irmã?

A outra se vira, chocando-se ao ver que Malva estava viva e de posse de um gigolô.

CONTINUA…

 

 

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